Da Redação
O sufrágio no Brasil é universal. Na urna, a opção do magnata vale o mesmo que a do mais pobretão que se dignifica a depositar seu voto. Mas a democracia, em seu sentido mais pleno, não vai muito além desse ponto. As informações não têm tanta capilaridade no corpo social.
Nosso sistema eleitoral é confuso. Pouca gente sabe como funciona o quociente eleitoral, conhece as causas por trás de cada partido (se é que os próprios correligionários têm clareza sobre elas) ou se encontra diante de tantas legendas partidárias.
A sopa de letrinhas já não cai bem, e a legislação ainda piora o tempero. Ninguém é santo ou sábio o bastante para criticar um eleitor que não entende como um partido tem a liberdade de se aliar com alhos na disputa à Presidência e com bugalhos nos Estados. A Justiça permite, mas qual é a lógica por trás disso?
A da conveniência. Compreende-se que a cúpula nacional de uma sigla não guarde as mesmas características dos colegas dos diretórios regionais. Mas, em certas combinações de matizes, a cor resultante fica esquisita, para não dizer feia.
Em 2006, o Tribunal Superior Eleitoral cogitou a obrigatoriedade da verticalização. Ou seja, independentemente de um partido ter ou não candidato a presidente, as alianças que firmasse para as eleições nacionais deveriam ser as mesmas nos Estados. A chiadeira foi tanta que a Corte recuou. A tese, ainda nem erguida, caiu.
Os caciques reclamaram que a norma engessaria as articulações. Mas, que diferença há entre lei e camisa-de-força? E, no oposto, entre autonomia democrática e brecha para safadeza? Em política, é a distância entre a cara e a coroa. Por essas e outras que é se clama por uma reforma nessa edificação. Algo que, de fato, mereça o termo.
Fonte: O Tempo (MG)
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