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sexta-feira, dezembro 31, 2021

Ministros ligam para Bolsonaro para falar sobre ajuda para a Bahia e levam bronca

 

"Tem que saber que eu tô em live, tá certo?!", disse o presidente enquanto falava algo sobre o MST para os espectadores. O chanceler brasileiro Carlos França foi avisado que precisaria esperar

Jéssica Gotlib
postado em 30/12/2021 22:51
Depois de quatro tentativas dos ministros, presidente se desculpou e falou sobre o assunto na vídeoconferência que fazia para seguidores -  (crédito: Evaristo Sá/AFP)
Depois de quatro tentativas dos ministros, presidente se desculpou e falou sobre o assunto na vídeoconferência que fazia para seguidores - (crédito: Evaristo Sá/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) deu uma bronca no ministro da Educação, Milton Ribeiro, e no chanceler brasileiro, Carlos França, durante a live desta quinta-feira (30/12). França tentava se comunicar com o mandatário do Brasil para dizer que o governo da Argentina não negociaria auxílio humanitário diretamente com o estado da Bahia, apenas com o governo federal.

Mas Bolsonaro, que já está sendo criticado pelas férias em Santa Catarina no momento de calamidade no estado nordestino, não quis escutar o chanceler e disparou: “Desliga aí, desliga aí. Ó, quem tá ligando para o meu celular, faça o favor de não ligar, eu peço para não ligar. Tem o nome do cara para divulgar aqui, não?! Quem é, sabe quem é?!”, ao que um assessor responde “É o chanceler”.

Em seguida, o presidente continua a repreender o membro do corpo diplomático brasileiro. “Está ligando 19h para mim quinta-feira, pô, tem que saber que eu estou em live”, disse. O político seguiu a transmissão ao vivo para apoiadores comentando sobre os posicionamentos do Movimento Sem Terra (MST) durante os últimos anos, quando França tentou novo contato telefônico.

“Alguém liga para o França aí, por favor, para não ligar para mim”, emendou. Pouco mais de três minutos depois, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, também tentou se comunicar com o presidente. Ele falava sobre o jogo ao qual foi convidado pelos cantores Bruno e Marrone e também não atendeu à ligação.

Mais de dez minutos após a primeira tentativa, a mensagem do chanceler Carlos França chegou ao presidente Jair Bolsonaro por um assessor dele. “O ministro França estava ligando para mim, até pedir desculpa aqui para o ministro França, ele acabou de falar com o chanceler Santiago Cafiero e ele garantiu que qualquer ajuda da Argentina será prestada pelo governo Federal”, explicou.

Críticas por resposta ao desastre

A informação de que a Bahia poderia receber diretamente a ajuda humanitária da Argentina veio depois que o presidente do Brasil recusou a oferta de auxílio feita pelos vizinhos. Segundo Bolsonaro, seriam dez pessoas para fazer o que os “cabeças brancas” brasileiros já estão fazendo na região afetada pelas chuvas.

Entretanto, o governador do estado, Rui Costa, tem outra opinião. Ainda nesta quinta-feira (30/12), ele disse que aceitará “diretamente qualquer ajuda neste momento”. A bancada do estado no Congresso Nacional vem fazendo coro com o governador para dizer que os recursos enviados pela União são insuficientes. Bolsonaro também é criticado por tirar férias enquanto milhares de pessoas estão desabrigadas pela tragédia ambiental no Brasil. O presidente está em Santa Catarina e, inclusive, fez uma visita a um parque temático nesta quinta.

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O Cafezinho

 


Bolsonaro volta a provocar aglomerações em pizzaria e praia de SC

 




O presidente Jair Bolsonaro voltou a publicar em suas redes sociais registros de encontro que teve com apoiadores durante sua passagem em São Francisco do Sul (SC). A mais recentes foram em uma pizzaria, onde posou para fotos e cumprimentou apoiadores e na cidade praiana catarinense, em um passeio de moto aquática. Há três dias no Estado, Bolsonaro tem dividido as publicações de suas redes com respostas às críticas que vem recebendo por não marcar presença nas cidades baianas atingidas pelas fortes chuvas, e registros de seus encontros com apoiadores em praias, passeios, bares e restaurantes.

Sem máscara, Bolsonaro continua a provocar aglomerações no Estado. Os casos ocorrem após o presidente se encontrar com o deputado Coronel Armando (PSL-SC), que relatou em suas redes sociais ter testado positivo para covid-19 e informando Bolsonaro

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, inclusive, diminuiu a questão. Na quarta-feira, (29, em entrevista na saída da sede do Ministério da Saúde, Queiroga afirmou que Bolsonaro "está ótimo" e minimizou o risco do encontro entre o presidente e o parlamentar. "O presidente está ótimo. Aliás, contato com pessoas que têm covid todos nós temos e, muitas vezes, a gente nem sabe, porque boa parte é assintomática" disse o ministro

Nesta terça-feira (28) a hashtag "BolsonaroVagabundo" esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter. As postagens faziam críticas à postura do presidente por não ter ido pessoalmente acompanhar os trabalhos realizados para socorrer o povo baiano. Bolsonaro chegou a ir ao Estado em 12 de dezembro e sobrevoou as regiões afetadas, mas não retornou ao local desde as chuvas mais recentes.

Estadão / Dinheiro Rural

Aliado de Bolsonaro, presidente do STJ nega pedido para autorizar criança de 7 anos a se vacinar




Ministro Humberto Martins, presidente do STJ

O ministro - aventado a ser indicdo para uma vaga no STF - concluiu dizendo que não haveria riscos irreparáveis à saúde da criança

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, negou nessa quarta-feira (29) pedido de liminar apresentado por um pai que desejava obter o direito de imunizar antecipadamente sua filha de 7 anos contra a covid-19. O responsável argumentou no mandado de segurança que o governo federal, sob justificativas e “empecilhos meramente ideológicos'', coloca em risco a saúde das crianças ao adiar o início da campanha de imunização na faixa etária menor de 11 anos.

O pai da criança também exigiu a imediata vacinação da filha, assim como a impossibilidade de a União exigir recomendação médica para a imunização. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a criticar a decisão do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) de não exigir prescrição médica para vacinação de crianças contra a covid-19.

No último dia 16, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, em caráter emergencial, a inclusão de menores de 11 anos na campanha nacional de imunização contra o Coronavírus. O Ministério da Saúde, porém, tem colocado em xeque a segurança das vacinas neste público e informou que os imunizantes só devem começar a ser administrados a partir do dia 5 de janeiro.

Ao analisar o pedido de autorização para vacinar a criança antes do início da campanha, o presidente do STJ afirmou que o Poder Judiciário não pode invadir a competência do Executivo sem que haja claro desvio de finalidade nas ações do governo. Martins ainda explicou que deve ser mantida a presunção de legitimidade dos atos do Ministério da Saúde, a menos que existam provas concretas de dano irreparável, o que não teria sido comprovado pelo pai da criança no pedido encaminhado à Corte.

"O Judiciário não pode atuar sob a premissa de que os atos administrativos são realizados em desconformidade com a legislação, sendo presumivelmente ilegítimos. Tal conclusão configuraria uma subversão do regime jurídico do direito administrativo, das competências concedidas ao Poder Executivo e do papel do Judiciário", enfatizou o ministro.

Martins ainda destacou no despacho que o tema da vacinação infantil contra a covid-19 já é alvo de ação no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro concluiu que o mérito da ação deve ser analisado pelo colegiado do STJ, em vez de ter a liminar concedida, pois não haveria riscos irreparáveis à saúde da criança.

Por Weslley Galzo

Estadão / Jornal do Brasil

O presidente sem compaixão




Age como tirano o governante que persiste em se divertir em vez de compadecer e cuidar de seus governados que sofrem

Por Cláudio Gonçalves Couto* (foto)

Nos últimos dias causa perplexidade a indiferença com que o presidente da República lida com o desastre das inundações no sul da Bahia e norte de Minas. Enquanto seus governados padecem sob as águas, Jair Bolsonaro farreia sobre elas, no Guarujá ou em Santa Catarina.

A catástrofe ambiental que flagela milhares, destruindo casas e bens, ceifando vidas e arruinando a já precária infraestrutura local, é insuficiente para comover o presidente, que frui de aprazível folga à beira-mar como se nada de grave acontecesse no país que ele pretensamente governa. Questionado por um adulador sobre sua permanência até o fim de semana do Ano Novo, retorquiu reveladoramente: “Espero que não tenha que retornar antes”.

Tal declaração suscita outra pergunta: o que ainda precisaria acontecer para que Bolsonaro atinasse quanto à inadequação do momento para folguedos nas águas verdes do litoral catarinense? Seu comportamento agora, bem como sua conduta pregressa, sugere não haver nada que possa sensibilizar o presidente quanto àquilo que momentos como este requerem: recato e empatia.

Desde que a situação se agravou com as fortes chuvas, na segunda semana de dezembro, o presidente encontrou tempo para ir até o local da tragédia num único momento, dia 12, quando sobrevoou áreas atingidas. Em todo o período, manifestou-se sobre o que ocorria ali apenas três vezes, com declarações e aparições reproduzidas no Twitter dele e no da Secretaria de Comunicação da Presidência. As providências palpáveis, deixou para alguns de seus ministros, governos estaduais e municipais. Como noutros momentos, Bolsonaro delegou a terceiros a responsabilidade pelo encaminhamento de ações que a ele caberia liderar.

Enquanto alguns trabalhavam, o presidente folgava. Não à toa o tópico #BolsonaroVagabundo figurou entre os mais postados nas redes sociais nesses dias.

Todavia, sobrevoos e declarações não solucionam problemas concretos de flagelados; são apenas demonstrações (necessárias) de alguma preocupação e empatia. Mais efetivo, por certo, é trabalhar - algo complicado de se fazer durante a folga. Nem seria de se esperar que o presidente fosse seguidas vezes à região ou mudasse a sede do governo temporariamente para lá - embora, costumeiramente em governos normais, coisas assim sejam feitas. Entretanto, diante das incumbências do cargo, um governante sensato interromperia o descanso, deixando-o para momentos menos trágicos.

O problema é que Bolsonaro está muito longe de ser esse governante sensato. Por um lado, é provável que o desdém para com o problema o desgaste ainda mais. Por outro, a incapacidade para notar a gravidade de sua postura decorre de uma espantosa e profunda ausência de compaixão.

O filósofo Renato Janine Ribeiro aborda a importância desse sentimento para a vida em sociedade em seu último livro, “Duas ideias filosóficas e a pandemia”. Busca em Jean-Jacques Rousseau a noção de pitié no original em francês, que literalmente poderia ser traduzida como “pena” ou “dó”, mas que ele prefere verter como “compaixão”, pois o termo denota um sentimento mais igualitário e, portanto, respeitoso. Janine Ribeiro aponta que para Rousseau “o que nos caracteriza [como seres humanos] é a capacidade de compartilhar o sofrimento de qualquer outro ser vivo. Observamos outros viventes sofrerem - e então sofremos juntos.”

Pois bem, Bolsonaro já demonstrou repetidas vezes a incapacidade para compadecer de outras pessoas. Ora faz o culto à tortura e a torturadores, escarnecendo das vítimas; ora faz troça da dificuldade para respirar dos acometidos pela Covid; ora faz pouco caso dos mortos pela doença: “E daí, quer que eu faça o quê?”. Há pouco tempo, em setembro último, disse sobre pessoas que morreram: “Muitas tinham alguma comorbidade, então a Covid apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas”. Para Bolsonaro, que com seu negacionismo contribuiu para disseminar a doença, ela apenas acelerou um iminente descarte de seres humanos menos aptos a viver por mais tempo. Se isso não for falta de compaixão, o que mais seria?

Ironicamente, o próprio Bolsonaro teve em seu benefício, durante a disputa que o levou à Presidência, a compaixão de muitos de seus concidadãos. A facada que poderia lhe ter ceifado a vida em Juiz de Fora despertou a imediata solidariedade de muita gente - inclusive de adversários, que condenaram o atentado e compadeceram dele. Da mesma forma, muitos eleitores foram tocados pelo seu sofrimento, amplamente divulgado por vídeos, passando a vê-lo com mais simpatia, talvez ao ponto de votar nele.

Aliás, esse é um aspecto importante, em que se podem confundir causa e consequência. Quem compadece de outro ser, nele vê algo valoroso, mas não é a compaixão que gera a valorização do outro - e sim o contrário. Compadecemos daqueles aos quais damos valor, seja porque os vemos como dignos, amamos ou os temos como iguais a nós.

É mais difícil ter compaixão por algo ou alguém que se despreza, odeia ou repugna. Eis porque não se costuma ter pena de ratos e baratas ao exterminá-los e porque o discurso de ódio costuma equiparar inimigos a seres repulsivos, tais como ratos ou baratas, justificando violências que se praticam contra eles e até mesmo sua eliminação.

Apesar do dever de governar seus concidadãos, ao não compadecer de seu sofrimento, optando por se divertir em vez de trabalhar por seu bem, o presidente Bolsonaro explicita a indiferença, o pouco apreço ou mesmo o desprezo que nutre por eles. Mas como bem governar ao acalentar tais sentimentos por seus governados, isto é, por aqueles que merecem seus cuidados?

Agindo assim, o presidente demonstra que a tirania (má forma de governo a cargo de um indivíduo, que se beneficia em prejuízo da sociedade) não corresponde só a jeitos autocráticos de gerir o Estado, mas também a maneiras propositalmente indiferentes, displicentes e danosas para com os cidadãos. Tiranos são governantes sem compaixão. Bolsonaro não a tem.

*Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP

Valor Econômico

Até aliados criticam Bolsonaro por tirar férias durante tragédia na Bahia

 




A postura do presidente Jair Bolsonaro de manter as férias em Santa Catarina, enquanto milhares de pessoas sofrem com inundações na Bahia, tem sido alvo de críticas generalizadas, que incluem até aliados do governo. A hashtag “#BolsonaroVagabundo” está nos trending topics do Twitter desde terça-feira.

A avaliação de apoiadores do presidente é de que ele deveria agir o mais rapidamente possível para diminuir os impactos da tragédia e que a presença dele nas áreas atingidas seria um alento para as vítimas, além de uma demonstração de empatia.

A atitude de Bolsonaro deu ainda mais munição a opositores do governo. O líder da minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), apontou falta de “compaixão” em Bolsonaro. “Não é só omissão e irresponsabilidade, é falta de compaixão e de amor ao próximo. Quase 500 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas na Bahia, 20 brasileiros morreram e 77 mil estão desabrigados ou desalojados de suas casas. E onde está o presidente da República?”, questionou.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que “o problema do Brasil não é ideologia, mas, sim, honestidade e competência”. “Bolsonaro me obriga a incluir outro problema: a absoluta falta de respeito e empatia. Só nas ditaduras mais escrotas se viu um governante curtindo férias em meio a uma tragédia nacional”, disparou nas redes sociais.

Do outro lado, integrantes do governo saíram em defesa do presidente e tentaram diminuir o impacto negativo das críticas. Ministros como Fabio Faria (Comunicações), Gilson Machado (Turismo), Marcelo Queiroga (Saúde), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Anderson Torres (Justiça) e João Roma (Cidadania) enalteceram ações do governo federal nas áreas atingidas. O Ministério da Defesa publicou vídeos em que as Forças Armadas ajudam no resgate de pessoas e na doação de mantimentos para os desabrigados.

Natural da Bahia, Roma agradeceu ao chefe do Executivo e a Queiroga por reforços na saúde pública. “Por determinação do presidente Jair Bolsonaro estamos reforçando as ações do governo nas áreas atingidas pelas chuvas. Sobretudo, é importante redobrar a atenção na questão da saúde pública. Agradeço, portanto, ao ministro Marcelo Queiroga pelo empenho”, destacou.

Quatro ministros estão nos municípios impactados pelas chuvas: além de Roma e Queiroga, Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). Em entrevista coletiva, Marinho também defendeu o chefe.

“O presidente foi à Bahia e foi criticado. O presidente mandou os ministros e foi criticado. Acho que, se o presidente descobrir a cura do câncer, vai ser criticado”, ironizou. Ele fez referência a uma visita de Bolsonaro ao estado cerca de duas semanas atrás, na primeira sequência de temporais, que também devastou municípios.

Na última terça-feira, o chefe do Planalto assinou uma medida provisória destinando R$ 200 milhões para as áreas atingidas. No entanto, o documento prevê R$ 80 milhões do montante a estados do Nordeste, o que é insuficiente, segundo o governador da Bahia, Rui Costa (PT). O petista está no sul do estado para atender vítimas da catástrofe e alfinetou o presidente da República. “Governar é cuidar de gente e não há como fazer isso longe das pessoas”, frisou.

Impacto na eleição

Segundo especialistas, as imagens de Bolsonaro aproveitando as férias, a despeito da tragédia das inundações, serão munição política contra ele. “É claro que a oposição vai utilizar todas essas imagens e, principalmente, a frase do presidente, quando ele diz: ‘Espero não ter de retornar ao trabalho antes'”, ressaltou o cientista político Valdir Pucci. “Ou seja, o presidente passa a imagem de não estar se importando com nada no país, com nada que vem acontecendo, como crises econômica, social e política, além desta agora, a humanitária, pela qual passa o estado da Bahia. Não existe opositor maior ao governo Bolsonaro do que o próprio presidente.”

André César, sócio da Hold Assessoria Legislativa, lembrou que o desastre natural torna ainda mais catastrófica a crise social vivida no país, agravada pela fome e pela inflação. O especialista destacou que, nas eleições de 1998, a disputa entre Eduardo Azeredo e o ex-presidente Itamar Franco pelo governo de Minas Gerais teve como fator determinante a diferença nas ações após um temporal no estado.

“Houve uma situação parecida com a que acontece, hoje, na Bahia, antes das eleições. O governador de Minas Gerais na época, Eduardo Azeredo, estava de férias e ia disputar a reeleição contra Itamar Franco. O ex-presidente sobrevoou as áreas atingidas, conversou com a população, e isso foi usado na campanha”, comentou. “Pegou muito mal para Azeredo e foi considerado uma das causas da derrota dele para o Itamar naquela eleição. Então, possui valor simbólico, e isso pode ser usado contra o Bolsonaro no próximo pleito.”

Correio Braziliense / Daynews

Depois da Heineken, o Bradesco tenta lacrar e sofre lacração reversa.




Bradesco, repita comigo: segunda-feira é dia de as pessoas comerem o que quiserem! 

Por Luciano Trigo (foto)

Elas ficaram conhecidas como as “Lacradoras do Bradesco”: três moças vestidas de branco, falando em um tom didático-tatibitate e trazendo no rosto aquela expressão feliz e confiante de quem se sabe “do bem” e se sente moralmente superior aos mortais comuns.

Em um comercial do banco, cancelado às pressas diante da repercussão negativa, as moças sugerem que as pessoas... deixem de comer carne uma vez por semana, para reduzirem suas “pegadas de Carbono” – já que os bois, vejam só, seriam os grandes responsáveis pelo efeito estufa.

Como escrevi em um artigo recente, “Cerveja, churrasco e uma história real de lacração reversa”, a cervejaria Heineken fez exatamente a mesma coisa e se deu mal. E, exatamente como no episódio da Heineken, diversas entidades ligadas ao agronegócio reagiram de forma enfurecida ao comercial, exigindo uma retratação por parte do banco. Nas redes sociais, vídeos foram postados convocando os pecuaristas a boicotar o Bradesco. E milhares de clientes comuns ameaçaram cancelar suas contas no Bradesco e trocar de banco.

Por medo de perder clientes, o banco voltou atrás, por meio da longa nota reproduzida abaixo, assinada pelo diretor-presidente e três vice-presidentes da instituição. Mas, em vez de assumir sua responsabilidade pelo equívoco, o Bradesco preferiu jogar a culpa nas costas das três jovens lacradoras, classificando sua mensagem como “descabida” e prometendo realizar “ações administrativas internas severas”.


'É algo como colocar a culpa no estagiário. Não ficou bonito, mas, de qualquer forma, a nota foi um sinal claro de que o banco sentiu o golpe'.

Deixa eu ver se entendi: o vídeo traz a logo do Bradesco e recomenda o uso do App lançado pelo Bradesco para medir a emissão de carbono, mas a nota sugere que o banco não teve nada a ver com o comercial. Quer dizer que as três jovens fizeram publicidade gratuita e usavam a logo do Bradesco sem autorização? Se não foi o Bradesco, alguém as patrocinou? Quem?

Ou seja, ou o comercial foi divulgado à revelia do Bradesco, o que seria grave, ou fica parecendo que o banco não assume a responsabilidade pelos seus próprios comerciais, preferindo atirar às feras três jovens influenciadoras boazinhas, que só estavam preocupadas (ou não) com a sustentabilidade.

A proposta da “segunda sem carne” é apenas mais um exemplo da ditadura das minorias que, ostentando virtude, tentam decretar o que as maiorias devem fazer. Mas a verdade é que, exceção feita às minorias barulhentas às quais é dirigido o marketing de lacração, as pessoas comuns, que constituem a imensa maioria da população, não suportam mais essa atmosfera doentia de patrulha e lacração em que estamos vivendo.

Até porque fica cada vez mais claro que, por trás das aparentes boas intenções do discurso ambiental, escondem-se poderosos interesses econômicos e uma agenda ideológica oportunista, que ataca de forma cada vez mais desavergonhada as liberdades individuais – aí incluída a liberdade de cada um comer o que quiser, no dia que quiser.

Bradesco, repita comigo: segunda-feira é dia de as pessoas comerem o que quiserem!

Mas isso se puderem, claro. Porque, se depender dos grupos que apoiam esse tipo de campanha lacradora, em breve muita gente só vai conseguir comer o que catar no lixo, como já acontece na vizinha Venezuela, onde 94,5% da população vivem abaixo da linha da pobreza e não sabem o que é um bife há muitos anos.

Gazeta do Povo (PR)

Renan diz que Bolsonaro é ‘humano desprezível’ após recusa de ajuda à Bahia

 




Após Jair Bolsonaro (PL) negar ajuda humanitária da Argentina à Bahia, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que o presidente é um “ser humano desprezível”. Renan foi relator da CPI da Covid, que investigou ações e omissões do governo federal durante a pandemia e apresentou relatório que denuncia Bolsonaro por supostos crimes contra a humanidade, prevaricação e charlatanismo.

“Bolsonaro é um presidente medíocre, um político deplorável e um ser humano desprezível”, escreveu Renan nas redes sociais.

Ele diz ainda que o presidente “desdenhou” das quase 620 mil pessoas mortas por Covid-19 no Brasil e que agora “vagabundeia” de jet ski enquanto chuvas fortes castigam o centro-sul da Bahia.

Bolsonaro está de folga em Santa Catarina desde 27 de dezembro. Nos últimos dias, ele vem sofrendo críticas por permanecer no estado mesmo após as enchentes na Bahia, que deixaram mais de 37.324 pessoas desabrigadas e 53.934 desalojadas, segundo informações da Sudec (Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia).

Por dois dias, o presidente fez passeios de moto aquática e publicou imagens nas redes sociais. Num deles, ele está com a esposa e a filha na garupa, e cercado de apoiadores. Em vídeo, ele afirmou esperar “não ter que voltar antes” do fim da folga para acompanhar as enchentes na Bahia.

Na quarta, o presidente recusou a ajuda humanitária oferecida pela Argentina às vítimas das chuvas na Bahia.

As chuvas que atingem a Bahia desde o início do mês já deixaram 24 pessoas mortas e 434 feridas.

A previsão do tempo é de mais chuvas na região para os próximos dias.

FolhaPress / Daynews

Como a Argentina reagiu após Bolsonaro rejeitar ajuda para vítimas das enchentes na Bahia




Moradores de Ilhéus, no sul da Bahia, estão há dias embaixo d'água

Por Marcia Carmo,  De Buenos Aires 

O governo argentino do presidente Alberto Fernández ofereceu ajuda humanitária ao governo brasileiro para o socorro às vítimas das enchentes no Estado da Bahia.

A ajuda seria o envio de uma equipe de dez pessoas do organismo chamado Cascos Blancos (Capacetes Brancos), vinculado ao Ministério das Relações Exteriores do país, com especialização e longa trajetória de atuação em situações de tragédias internacionais.

O governo brasileiro dispensou a ajuda, argumentando que já está trabalhando nesta situação e, caso necessário, aceitaria a oferta argentina.

Mais tarde, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou no Twitter que a Argentina ofereceu ajuda diretamente às cidades afetadas, apesar da negativa do governo Bolsonaro. "Me dirijo a todos os países do mundo: a Bahia aceitará diretamente, sem precisar passar pela diplomacia brasileira, qualquer tipo de ajuda neste momento", escreveu o petista.

A dispensa brasileira foi destaque na imprensa do Brasil e da Argentina e noticiada também até em Portugal.

"Bolsonaro rejeitou a ajuda argentina para socorrer os danificados pelas inundações e a oposição o acusa de politizar o desastre natural", publicou, nesta quinta-feira, o jornal argentino La Nación, de Buenos Aires.

A agência portuguesa Lusa também fez eco da negação do presidente brasileiro à oferta do país vizinho, informando que a resposta do Brasil foi a de que "tem recursos suficientes" e que há dois anos apresentou o mesmo argumento "quando rejeitou apoio para combater incêndios na Amazônia".

Após a polêmica gerada, Bolsonaro disse, em suas redes sociais, nesta quinta-feira, que "o fraterno oferecimento" era "muito caro para o Brasil" e "aconteceu quando as Forças Armadas e a Defesa Civil já prestavam assistência local".

Bolsonaro disse ainda que foi informado, através do Itamaraty, que a Chancelaria argentina tinha oferecido a ajuda "para trabalho de almoxarife e seleção de doações, montagem de barracas e assistência psicossocial à população afetada pelas enchentes na Bahia".

Em suas redes sociais, na noite de quarta-feira, o governador da Bahia, Rui Costa, do Partido dos Trabalhadores (PT), chegou a agradecer "aos argentinos" e pediu "celeridade" ao governo federal para a "missão estrangeira".

A ajuda, como Costa detalhou, consistiria no envio de profissionais especializados nas áreas de água e de saneamento, logística e apoio psicossocial para vítimas de desastre. "Isso inclui, por exemplo, a oferta de comprimidos para a potabilização de água", escreveu o governador baiano.

'Mais de 20 pessoas morreram durante alagamentos e deslizamentos na Bahia'

A resposta do governo federal brasileiro ocorre num contexto de tragédia na Bahia, onde as chuvas que começaram no início do mês, já deixaram 24 pessoas mortas, 434 feridas, 630 mil pessoas afetadas e mais de 37 mil desabrigados, segundo dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia.

Relação conturbada

A dispensa à participação dos especialistas argentinos contribuiu para alimentar o ambiente de distanciamento político entre os dois presidentes.

O presidente Alberto Fernández ratificou sua proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao recebê-lo como convidado especial para o ato público que marcou seus dois anos de gestão, no dia dez de dezembro passado, na Praça de Maio, que fica em frente à Casa Rosada.

Em seu discurso, o ex-presidente brasileiro, principal opositor de Bolsonaro na provável disputa eleitoral de 2022, agradeceu a visita de Fernández em sua prisão em Curitiba, em julho de 2019.

Naquela ocasião, Fernández realizava campanha política à Presidência. "Estou aqui para agradecer de coração a cada homem e mulher da Argentina que me deram sua solidariedade quando fui preso no Brasil. Quero agradecer ao meu companheiro Alberto Fernández", disse Lula diante da multidão.

'Presidente argentino, Alberto Fernández, é próximo de Lula'

À BBC News Brasil, o embaixador da Argentina em Brasília, Daniel Scioli, descartou, porém, nesta quinta-feira, que a rejeição de Bolsonaro possa ter implicações políticas em relação ao seu país.

"Há três dias oferecemos a ajuda humanitária com o envio de dez profissionais da comissão Cascos Blancos, que trabalha dentro da Chancelaria argentina. O Itamaraty respondeu de maneira muito elegante, como sempre ocorre com meu amigo França (Carlos Alberto Franco França), que a ajuda não era necessária no momento, mas que, se necessário, a aceitarão", disse Scioli.

Quando perguntado sobre como a Argentina percebeu a resposta brasileira, o embaixador argentino disse: "Agradecemos e afirmamos que, se necessitarem, estamos à disposição".

De acordo com o Itamaraty, conforme veiculado na imprensa brasileira, a situação "está sendo enfrentada com a mobilização interna de todos os recursos financeiros e de pessoal necessários" e que "na hipótese de agravamento da situação, requerendo-se necessidades suplementares de assistência, o governo brasileiro poderá vir a aceitar a oferta argentina de apoio da Comissão dos Capacetes Brancos, cujos trabalhos são amplamente reconhecidos".

'Muito caro' x 'custo zero'

'Bolsonaro vem sendo criticado por curtir normalmente as férias em Santa Catarina enquanto população da Bahia sofre com as chuvas'

Mas e ao fato de o presidente Bolsonaro ter dito que a ajuda seria "muito cara"?, perguntamos. Ao que Scioli respondeu: "Tenho certeza que quando ele disse 'muito caro' se referia a sentimentos porque estaria muito agradecido e valorizando (a oferta de ajuda) e não se referindo de nenhuma maneira a muito caro porque Cascos Blancos assumem todos os gastos e representariam custo zero para o Brasil". De acordo com o embaixador, o único possível apoio à equipe argentina seria "talvez para alojamento".

Ex-vice-presidente da Argentina, durante a gestão do ex-presidente Nestor Kirchner, entre 2003 e 2007, e ex-governandor da província de Buenos Aires, Scioli é conhecido, entre políticos da situação peronista e da oposição, como político habilidoso e que "trabalha para evitar os enfrentamentos", segundo fontes da Chancelaria argentina.

Seu perfil teria sido decisivo para que fosse nomeado embaixador no Brasil, em meio a troca de farpas entre Bolsonaro e Fernández, na campanha presidencial e no início do governo argentino, e também de distanciamento inédito na história recente entre presidentes dos dois países.

Nas recentes reuniões virtuais do Mercosul e do G20, Bolsonaro e Fernández fizeram declarações sobre a rivalidade no futebol.

"Você ainda não me deu os parabéns", teria dito o argentino ao brasileiro, durante a reunião do G20, depois que a seleção argentina venceu a Copa América, de acordo com a agência de notícias Telám, de Buenos Aires. Logo depois, os dois tiraram fotos juntos e sorridentes no evento.

Mas como em um ziguezague político, o clima teria voltado a ser menos afável, logo após o anúncio da visita de Lula para o ato do dia dez de dezembro, que marcou ainda o Dia da Democracia e dos Direitos Humanos, como informou a imprensa argentina.

Causou surpresa, por exemplo, a declaração de Bolsonaro sobre a exigência de quarentena para passageiros desembarcando da Argentina no território brasileiro diante do avanço da variante ômicron do coronavírus. Naquele momento, no fim de novembro, esta cepa ainda não causava preocupação na Argentina, onde o índice de vacinação atinge a mais de 70% com as duas doses, segundo dados do Ministério da Saúde.

De acordo com fontes do governo brasileiro, "a relação bilateral, envolvendo os vários ministérios e administrações corre seu curso normal e de forma fluída, apesar do distanciamento entre os dois presidentes". 

BBC Brasil

Um país conivente com a pobreza - Editorial




PIB per capita levará anos para retomar o nível observado em 2013.

O PIB per capita, que mede o nível de bem-estar médio da população, levará anos para retornar ao nível observado em 2013

O empobrecimento da população, que se observa desde meados da década passada, deve se estender até o fim desta – isso se tudo correr bem. Numa projeção otimista, só em 2028 o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do País – medida que indica qual parcela de tudo o que se produz num ano caberia a cada habitante se a distribuição fosse perfeita – deverá voltar ao nível observado em 2013. Terão sido 15 anos em que o brasileiro ficou mais pobre e lentamente conseguiu se recuperar para então retornar ao ponto de onde havia saído. Em uma década e meia, o nível de bem-estar médio do brasileiro não terá avançado nada.

Não faz muito tempo, as estatísticas econômicas e sociais sugeriam que o Brasil tinha optado por se tornar um país de renda média, situando-se entre as nações mais ricas e as que não conseguiram sair da pobreza e do subdesenvolvimento. Parecia uma opção medíocre para o potencial de que o País dispõe, como disponibilidade de fatores naturais que estimulam o crescimento ambientalmente responsável e densidade populacional que asseguraria um mercado interno invejável, entre outros. Números mostrados recentemente pelo Estado indicam que nem isso estamos conseguindo ser.

Mesmo que, nos próximos anos, a economia retome o crescimento firme e vigoroso – cenário não visível no momento –, a melhora do padrão de vida dos brasileiros será lenta. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que o PIB per capita deve fechar 2021 em R$ 36.661, com alta de 3,8% sobre o de 2020. O aumento expressivo deve ser relativizado, pois em 2020 a economia encolheu fortemente. O resultado de 2021 será cerca de 1% menor do que o de 2019.

Para que até 2028 o PIB per capita alcance o nível observado em 2013, o PIB precisa crescer, em média, 2,1% ao ano entre 2023 e 2028 (o resultado de 2022 deve ser igual ao de 2021), observa a economista do IBRE/FGV Silvia Mattos. Com o aumento estimado para a população, esse ritmo de crescimento propiciaria o aumento anual médio de 1,5% do PIB per capita no período.

É possível que essa evolução seja alcançada. Na década de 2000, o País conseguiu crescer nesse ritmo. Mas esse é um cenário otimista. Uma situação internacional altamente favorável, inflação e contas públicas sob controle e, em alguns momentos, o andamento de reformas sustentaram um ciclo de crescimento que não se observou nos anos posteriores. Desde 2015, quando começou a recessão decorrente do fracasso da política econômica lulopetista, o desempenho tem sido medíocre, com o crescimento mal ultrapassando 1% ao ano.

Talvez a cautela recomende que se projete a recuperação do PIB per capita para 2030 ou ainda mais tarde.

A estagnação do PIB per capita vem acompanhada da piora da distribuição de renda, uma chaga social com que o País aceitou conviver. A crise provocada pela pandemia tornou esse quadro ainda mais sombrio. Passou-se a produzir menos por habitante e o pouco que a economia produz a mais é apropriado por um número menor de pessoas.

O alto desemprego, que a pandemia piorou, deve persistir por alguns anos. Observam-se melhoras nos indicadores do mercado de trabalho, mas elas são lentas. A taxa de desemprego no Brasil estava em torno de 5% nas décadas de 1980 e 1990. Em meados da década de 2010, havia chegado a cerca de 9%; a recessão causada pelo governo Dilma Rousseff a elevou para acima de 10%. A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua mostrou que ela está em 12,6% da força de trabalho. Aos cerca de 13,5 milhões de brasileiros sem ocupação somam-se os que trabalham em condições precárias e os que, por falta de oportunidades, saíram da população economicamente ativa.

Pobreza é assunto de que o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, querem distância, pois não sabem o que fazer com ela. A insensata transformação do Bolsa Família, de êxito reconhecido, em Auxílio Brasil, de frágil sustentação fiscal, mostra quanto falta para o País dispor de políticas sociais condizentes com suas imensas necessidades.

O Estado de São Paulo

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