Wesley e Joesley estão preocupados com a situação de Duran
Carlos Newton
Comandadas pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, da JBS, empresas e empreiteiras envolvidas na Lava Jato montaram um forte lobby para evitar o pagamento de cerca de R$ 18 bilhões que estão devendo à Petrobras e a União, em função dos acordos de leniência que firmaram na Justiça se oferecendo para devolver os recursos obtidos com corrupção e outras irregularidades.
A dívida era de aproximadamente R$ 25 bilhões, dos quais já foram pagos R$ 6,7 bilhões, e jamais houve reclamações, No entanto, após a libertação de Lula da Silva e outras decisões do Supremo que praticamente inviabilizaram a Lava Jato, as empresas resolveram reagir e o lobby foi montado pela JBS, que será a maior beneficiária, pois se comprometeu a pagar R$ 10,3 bilhões mas até agora só devolveu R$ 580 milhões.
ATÉ O ADVOGADO – Além de comandar o Lobby da Corrupção, a JBS disponibilizou um de seus principais advogados, Walfrido Warde, que já escreveu três livros defendendo as empresas envolvidas na Laja Jato.
Warde então entrou no Supremo com uma ação para revogar os acordos de leniência, apresentada por três partidos que antes alegavam combater a corrupção, mas agora estão abertamente a favor — PSol, PCdoB e Solidariedade.
Tudo ia bem, já até se comemorava o fim do “punitivismo” da Lava Jato e a “descondenação” das empresas, porque o juiz federal Eduardo Appio, novo responsável pela Lava Jato no Paraná, havia revogado os mandados de prisão preventiva expedidos contra o doleiro Rodrigo Tacla Duran, que há anos está foragido na Espanha e voltaria nesta sexta-feira, dia 14. Mas a festa teve de ser cancelada. Na última terça-feira, dia 11, tudo se complicou novamente, porque Tacla Duran teve a prisão preventiva restabelecida pelo desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Duran é garoto-propaganda da Máfia da Corrupção
ERRO DO JUIZ – Ao restabelecer a prisão do doleiro, o desembargador Malucelli considerou que o juiz Appio não poderia ter revogado as ordens contra ele, porque o processo havia sido apenas suspenso por ordem do então ministro do STF, Ricardo Lewandowski. E suspender não significa extinguir o processo.
Detalhe: em março, o magistrado do TRF-4 já havia se posicionado contra um pedido de Tacla Duran para que Moro fosse declarado suspeito em relação a ele nos processos da Lava Jato.
A Máfia da Corrupção entrou em desespero, porque até preparara uma estrondosa entrevista coletiva para Tacla Duran no aeroporto, quando desembarcasse hoje em São Paulo, vindo da Espanha, onde está foragido.
A MÁFIA REAGE – Como seria de ser esperar, os lobistas reagiram e desde quarta-feira estão a distribuir informações visando a manchar a imagem do desembargador federal.
A Máfia da Corrupção alega que Malucelli vem a ser pai do advogado João Eduardo Barreto Malucelli, 28 anos, que aparece como sócio do senador Sergio Moro (União-PR) e da deputada federal Rosângela Moro (União-SP) no escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados, sediado em Curitiba.
As fofocas vão além e dizem que o filho do desembargador, além de sócio no escritório de advocacia, tem um relacionamento com Julia Wolf, filha mais velha de Rosângela e Moro.
É FÁCIL RECONHECER – Essa atuação da Máfia da Corrupção, que tem Tacla Duran como uma espécie de garoto-propaganda, é facilmente identificável.
Nos processos a que responde, ele é “réu confesso”, porque prestou depoimento à Justiça Espanhola e admitiu que atuava como doleiro para as empreiteiras Odebrecht e UBC, entre outras, e criara duas empresas de fachada, uma na Espanha e a outra em Cingapura, para emitir notas frias e justificar os depósitos nas contas de paraísos discais
Mesmo assim, as matérias plantadas pelos lobistas sempre apresentam o doleiro como “advogado da Odebrecht”. E ao invés de apontá-lo como réu confesso, essas reportagens identificam Duran como “vítima de extorsão” pelo então juiz Moro e o procurador Deltan Dallagnol.
###
P.S. 1 – Tacla Duran é espertíssimo e está tomando um belo dinheiro das empresas da Lava Jato com estórias do arco da velha, como se dizia antigamente. O fato concreto é que a Lava Jato investigou quase dois mil suspeitos e empresas, cerca de 600 foram denunciados e se tornaram réus, perto de 200 envolvidos foram condenados, mas apenas um, justamente Tacla Duran, teria sofrido extorsão… E ainda há quem acredite nele, como o surpreendente juiz Eduardo Appio, que se declara petista e assinava suas decisões judiciais com a sigla LUL22.
P.S. 2 – Duran alega ter provas da extorsão, periciadas por uma firma particular na Espanha, mas são grosseiramente forjadas, conforme já publicamos aqui na Tribuna, com absoluta exclusividade e sem a menor contestação. Para o doleiro binacional, que tem cidadania brasileira e espanhola, quanto mais a questão durar, melhor, porque ele vai reforçando o caixa 2 com o dinheiro da JBS e das outras empresas assumidamente corruptas. E vida que segue, diria João Saldanha. (C.N.)