Publicado em 7 de julho de 2022 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, recorreu a argumentos falsos para tentar justificar a sua posição pelo adiamento dos trabalhos da CPI sobre a corrupção dos pastores do MEC que transacionavam liberação de verbas do FNDE com prefeitos municipais.
A CPI, requerida pelo senador Randolfe Rodrigues, tinha mais assinaturas do que as necessárias para a sua instalação e não cabia a Pacheco fazer juízo de valor. Pacheco disse que a proximidade das eleições prejudicaria os trabalhos e que dificultaria com que depoentes fossem ouvidos e senadores comparecessem. Nada disso é da sua competência.
PARCIALIDADE – O funcionamento da CPI significa na prática e não na suposição. Rodrigo Pacheco agiu com parcialidade propondo que a CPI seja instalada após as eleições de outubro. O fez para salvar o governo do risco dos reflexos que o escândalo provocaria ainda mais junto ao eleitorado do país.
Uma vergonha a decisão que mancha a sua atuação como presidente do Congresso. Ficou mal diante da opinião pública. O episódio revela o medo que o governo tem diante da CPI dos pastores que em nome de Deus praticavam as maiores heresias.
NA CÂMARA, OUTRO ESCÂNDALO – Na Câmara, a atuação do presidente da Casa, Arthur Lira, proporcionou maior velocidade à promulgação da emenda mista dos combustíveis, do Auxílio-Brasil, da isenção de impostos. Tudo misturado em um só propósito, o de refletir a favor do governo. Danilo Forte retirou a emenda que incluía no festival de auxílios, um deles voltado para os motoristas do Uber, além dos caminhoneiros, taxistas e do aumento do vale-gás.
O episódio, tanto no Senado quanto na Câmara, mas sobretudo no Planalto, foi mais um desastre da série que se verifica no país, com etapas se sucedendo, todas não somente inconstitucionais, mas contra a essência da própria Carta Magna do país.
Na edição de terça-feira da Folha de S. Paulo, Hélio Schwartsman analisa o problema e termina o seu artigo lembrando a bomba fiscal que Bolsonaro deixará para o seu sucessor a partir de janeiro de 2023. É preciso também considerar um aspecto ainda pior; pela primeira vez na história do Brasil se aprova uma emenda constitucional com o apoio de todos os deputados e senadores, com exceção de José Serra, com prazo limitado de seis meses.
GOLPES NO PIX – Não bastassem os golpes praticados no mercado financeiro, atingindo pessoas pouco informadas sobre o tema, incluindo o caso das bitcoins, agora também os falsários e ladrões deslocam-se para o Pix. A reportagem excelente é de Natalie Vanz Bettoni, Folha de S. Paulo desta quarta-feira, revela as tramas ilegais e as promessas de lucratividade altíssimas com a transferência de recursos através do sistema Pix de uma conta para a outra.
Estão sendo usados o Instagram e o Twitter, e o Banco Central, mais uma vez, não tomou providência voltada para a segurança das aplicações e dos clientes. O delegado da Divisão de Crimes Cibernéticos de São Paulo, Thiago Chinellato, explica na reportagem os truques usados pelos falsários e a forma de defesa diante de tais investidas.
O sistema inclui lavagem de recursos ilegais e tal manobra pode representar envolvimento criminal das pessoas que aderem a mais esse golpe que se projeta no país.
FOME NO PAÍS – Na noite de terça-feira, no programa Em Pauta, da GloboNews, foi debatido a fome no país, que atinge 33 milhões de brasileiros e brasileiras, daí porque a oposição concordou votar pelo aumento do Auxílio-Brasil. O aumento da fome no país, digo, é uma consequência da política do ministro Paulo Guedes aceita por Bolsonaro.
A fome é uma consequência lógica da calamidade que se pratica. Os preços sobem sem parar. Os salários ou perdem para a inflação ou encontram-se congelados. Como fazer frente às despesas? Agora mesmo, foi aprovado um aumento de 15% dos planos de saúde e uma revisão das mensalidades por faixa etária, que não estava prevista no contrato inicial. O resultado só pode ser um desastre social. A fome é o começo.