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terça-feira, março 08, 2022

Bombardeios contra civis continuam no 11º dia da guerra




Militares russos mantêm ataques em diversas cidades, inclusive Kiev, e ucranianos resistem. Número de refugiados supera 1,5 milhão. Putin reafirma exigências e reprime protestos, com mais de 4 mil presos neste domingo.

O décimo primeiro dia da invasão russa em território ucraniano, neste domingo (06/03), foi marcado pelo prosseguimento de bombardeios pelas forças armadas russas contra cidades ucranianas, incluindo áreas residenciais e a população civil

Oleksiy Arestovic, assessor do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou à agência de notícias AP que houve intensificação dos ataques nas periferias de Kiev e nas cidades de Chernihiv, no norte do país, e Mykolaiv, no sul.

Kharkiv, no nordeste, a segunda maior cidade ucraniana, também foi novamente bombardeada. Os explosivos atingiram áreas residenciais e uma torre de televisão, segundo Arestovic. Não foi possível confirmar o relato de forma independente. 

De acordo com a agência de notícias Reuters, houve pesados ataques de artilharia em Irpin, a 20 quilômetros de Kiev, que atingiram civis. Homens, mulheres e crianças fugindo dos violentos combates na região tentaram se esconder, e imagens feitas pelo jornal The New York Times mostram o exato momento em que um grupo de pessoas em fuga é atingido por uma explosão. Uma mulher, seu filho adolescente, a filha criança e um amigo da família morreram.

Um relatório do serviço de inteligência do Reino Unido divulgado no domingo também relatou que os russos estavam atacando áreas residenciais, como uma possível reação à resistência dos ucranianos.

Segundo a inteligência britânica, bombardear áreas habitadas é uma tática que já havia sido utilizada pela Rússia na Tchetchênia em 1999 e na Síria em 2016: "A escala e a força da resistência ucraniana continua a surpreender a Rússia, (...) [que] respondeu atacando áreas habitadas em diversos locais, incluindo Kharkiv, Chernihiv e Mariupol." O relatório afirma que "a Rússia usou antes táticas similares na Tchetchênia em 1999 e na Síria em 2016, usando tanto ataques aéreos como por terra". 

Além de prédios residenciais, também foram atacados diversos hospitais e postos de saúde na Ucrânia desde o início da guerra, confirmou a Organização Mundial de Saúde. "Ataques contra estabelecimentos ou profissionais de saúde desrespeitam a neutralidade médica e são violações ao direito internacional humanitário", afirmou o diretor da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

'Polônia é o país que mais recebeu refugiados da Ucrânia'

O prosseguimento dos ataques serve de estímulo para o aumento do número de refugiados da Ucrânia, que neste domingo superou os 1,5 milhão desde o início da guerra, segundo a Organização das Nações Unidas. Apenas a Polônia já recebeu mais de um milhão de refugiados, segundo a guarda fronteiriça do país. Muitos, porém, seguem viagem para outros países da União Europeia.

Evacuação fracassa pela segunda vez

O plano de estabelecer um corredor humanitário para evacuar cerca de 200 mil pessoas da cidade de Mariupol, no sul do país, que está cercada por militares da Rússia, falhou pelo segundo dia seguido.

A criação dos corredores humanitários para retirar moradores e permitir a entrada de medicamentos e comida em cidades cercadas havia sido combinada em uma reunião entre representantes ucranianos e russos na quinta-feira, em Belarus. Mariupol está sem energia elétrica, mantimentos, água e gás, em uma situação humanitária definida como "catastrófica" pela organização Médicos Sem Fronteiras.

A prefeitura de Mariupol chegou a informar que ônibus tinham deixado Zaporíjia rumo à cidade para buscar os civis que quisessem sair no domingo, e que a tentativa de evacuação se realizaria entre 12h e 18h (07h a 13h em Brasília). Mas novamente ataques das forças russas teriam interrompido os planos de evacuação. 

"A segunda tentativa de um corredor humanitário para civis em Mariupol terminou novamente com bombardeios pelos russos", afirmou o assessor do Ministério do Interior do país, Anton Gershchenko. Já o presidente russo, Vladimir Putin, culpou Kiev pelo fracasso da operação humanitária.

Uma nova rodada de conversas entre representantes dos dois países deve ocorrer na segunda-feira.

Zelenski pede mais apoio

Zelenski, afirmou no domingo, em um discurso em vídeo, que as sanções atualmente impostas por diversos países à Rússia não são suficientes. "A audácia do agressor é um claro sinal para o Ocidente que as sanções impostas contra a Rússia não são suficientes", afirmou. "Não ouço um único líder mundial reagir a isso."

A declaração foi feita depois de a Rússia ter anunciado que iria atacar um complexo militar e industrial da Ucrânia e pedir aos funcionários de indústrias militares que abandonassem seus postos de trabalho.

Mais cedo, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, confirmou que os Estados Unidos estão negociando com a Polônia o possível envio de caças para a Ucrânia. 

A proposta em discussão seria a Polônia enviar para os ucranianos alguns de seus caças russos MiG29 e Su-25, para os quais os pilotos da aeronáutica da Ucrânia já têm treinamento. Em troca, os EUA enviariam aos poloneses jatos americanos F-16. "Não posso me reportar a um cronograma, mas estamos examinando a questão muito, muito ativamente", afirmou Blinken.

Putin mantém exigências

A depender das sinalizações enviadas por Putin, a possibilidade de um cessar-fogo ainda está distante. Em conversa telefônica neste domingo com o presidente da França, Emmanuel Macron, o russo disse não ter intenção de renunciar a nenhum dos quatro objetivos que estabeleceu para o que denomina como "operação militar especial".

As quatro reivindicações russas são a "desnazificação" da Ucrânia, a desmilitarização do país vizinho, a renúncia de entrada na Otan e de manter um Exército e o reconhecimento da independência da Crimeia e da região do Donbas.

Outro líder que conversou por telefone com Putin neste domingo foi o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Ele pediu um "cessar-fogo imediato" na Ucrânia e se ofereceu para buscar soluções para o conflito. "Vamos abrir o caminho para a paz juntos", afirmou o mandatário turco. Putin teria dito a Erdogan que está disposto a dialogar, com a condição de que a Ucrânia aceite as demandas russas.

Rússia prende mais de 4 mil manifestantes

O governo russo continua a reprimir fortemente os protestos de cidadãos contra a guerra na Ucrânia. Neste domingo, foram detidas pelo menos 4.640 pessoas em 65 cidades da Rússia, segundo dados do projeto de mídia russo OVD-Info, que monitora detenções em protestos oposicionistas. Desde o início da guerra, foram mais de 13 mil detenções em passeatas consideradas ilegais pelo governo.

Vídeos postados em redes sociais por opositores do regime do Kremlin e blogueiros mostram milhares de ativistas entoando "Não à guerra!" e "Tenham vergonha!". Vê-se também a polícia de Ecaterimburgo, no distrito dos Urais, espancando um manifestante caído no chão. Um mural protagonizado pelo presidente russo, Vladimir Putin, foi pichado.

"Os parafusos estão sendo apertados até o fim; essencialmente estamos testemunhando censura militar", afirmou a porta-voz da OVD-Info, Maria Kuznetsovam. "Estamos vendo protestos bastante grandes hoje, mesmo em cidades siberianas onde só raramente há tais números de detenções", completou.

Na quarta-feira, o crítico do Kremlin, Alexei Navalny, que está preso, conclamou seus compatriotas a se manifestarem diariamente contra a guerra de agressão, sem medo de encarceramento, frisando que a Rússia não podia ser uma "nação de covardes assustados" e tachando Putin de "czar insano". Na sexta-feira, o chefe do Kremlin assinou uma lei prevendo penas de prisão de até 15 anos para quem publique "notícias falsas" sobre as forças armadas russas.

Mais empresas decidem sair da Rússia

Outras companhias anunciaram neste domingo que irão desativar suas operações na Rússia, juntando-se a uma vasta lista de empresas que fizeram o mesmo nos últimos dias, como Apple, Microsoft, Visa e Mastercard.

A Netflix afirmou que irá suspender todas as suas operações no país. A empresa lançou o serviço local em russo há pouco mais de um ano e tem mais de um milhão de assinantes na Rússia, assim como quatro projetos originais em língua russa em preparação.

A operadora de cartões American Express também suspendeu suas operações na Rússia e em Belarus. "Os cartões American Express emitidos globalmente não funcionarão mais em comércios ou caixas eletrônicos na Rússia. Além disso, cartões emitidos localmente na Rússia por bancos russos não funcionarão mais fora do país", disse a empresa em comunicado.

Duas grandes empresas de auditoria e consultoria, a KPMG e a PricewaterhouseCoopers, também anunciaram que iriam encerrar suas operações na Rússia. A KPMG também afirmou que fará o mesmo com Belarus. A empresa tem 4,5 mil empregados nos dois países e disse que que o fechamento das duas sucursais será "incrivelmente difícil". 

A PricewaterhouseCoopers tem 3,7 mil empregados na Rússia e estava trabalhando para uma "transição organizada" para encerrar sua operação no país. As duas empresas pertencem às chamadas Big Four, as quatro maiores companhias de auditoria do mundo. 

Deutsche Welle

Cinco pontos importantes para acompanhar melhor a guerra que apenas começou




De guerra nuclear a petróleo a 185 dólares, as ameaças reais ou projetadas vão ficando cada vez mais pesadas e o mundo um lugar mais perigoso. 

Por Vilma Gryzinski

Vladimir Putin está deixando de ser um ator racional? Diante da enormidade da invasão da Ucrânia, a pergunta se torna inevitável.

A resposta continua a ser não. Mas ao queimar todas as pontes com o mundo ocidental, Putin colocou o planeta numa espécie de realidade aumentada, ao mesmo tempo em que empurra seu antagonista, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, também para posições mais desesperadas.

Alguns fatos e projeções sobre a guerra, hoje no décimo segundo dia:

1- Quem estava pensando em guerra nuclear há apenas dez dias, fora os apocalípticos de praxe?

Agora, não é difícil encontrar cidadãos comuns, principalmente na Europa, cogitando de uma Terceira Guerra Mundial – que será “nuclear a destrutiva”, nas palavras brutais de Sergei Lavrov, o outrora admirado chanceler russo convocado para o mais sujo de todos os papéis, o de chantagear o mundo.

O próprio Putin está empurrando o nível das ameaças para um nível quase insuportável.

Obviamente, faz parte da tática propagandística para levar a opinião pública de países ocidentais, tão maciçamente chocada pela invasão russa, a reconsiderar suas posições e pensar se vale a pena correr o risco de uma guerra de extermínio mútuo em escala planetária por causa de um país como a Ucrânia.

Existe até a especulação de que o bombardeio da usina nuclear de Zaporizhzhia, que provocou um incêndio numa área não crítica, fez parte desse grande plano de intimidação.

Qual o risco real de que a dinâmica de uma guerra localizada extrapole para a hecatombe? Paul Ingram, pesquisador do assustadoramente chamado Centro de Estudos de Riscos Existenciais, de Cambridge, disse ao Telegraph que existe uma chance em 80 de um conflito nuclear. Mas acrescentou: “Temos que desempoeirar alguns planos do passado”.

Os planos são os do auge da Guerra Fria, quando Estados Unidos e países aliados tinham preparados grandes esquemas de contingência para garantir, em condições de infraestrutura devastada, a sobrevivência das populações que escapassem de bombardeios atômicos e da chuva radiativa.

Os filmes-catástrofe sobre o tema colocaram no vocabulário expressões como “inverno nuclear”, o fenômeno mencionado por Ingram como o problema fundamental num mundo pós-hecatombe, onde a luz solar seria bloqueada durante alguns anos por gigantescas nuvens de fumaça e fuligem, impedindo o cultivo da maioria dos alimentos. Batatas e algas seriam algumas das alternativas.

Infundir esse tipo de terror é exatamente o que Putin e seus asseclas querem.

Embora hoje existam muito menos artefatos nucleares, com cargas menos potentes, do que nos anos oitenta, o terror está entranhado na psique humana e é fácil acioná-lo.

2- Vamos continuar a assistir de braços cruzados um país inocente ser destruído bem diante de nossos olhos?

A verdade é que sim, pelo motivo mencionado acima. Para tirar qualquer dúvida, Putin aproveitou um encontro com elegantes comissárias de bordo da Aeroflot – a empresa estatal que simplesmente cancelou todos os voos por causa das sanções internacionais – e fez novas ameaças diante dos apelos de Zelensky para que seja declarado o bloqueio do espaço aéreo da Ucrânia.

“Qualquer movimento nessa direção será considerado participação num conflito armado”, ameaçou (presencialmente, ou numa montagem, como corre pelas redes). As consequências para a Europa e para o mundo seriam “colossais e catastróficas”.

Nesse ponto, está certo: “fechar o céu”, como pede Zelensky, implica, para começar, em destruir as defesas antiaéreas do adversário. Ou seja, americanos e aliados atacariam posições russas, um ato de guerra.

3- Por que Zelensky insiste em pedir o bloqueio do espaço aéreo, sabendo que isso equivaleria a uma declaração de guerra dos países ocidentais contra a Rússia?

A triste realidade é que ele está ficando cada vez mais sem saída e os apelos vão ficando cada vez mais desesperados. O último foi nesses termos:

“Nós dizemos todos os dias: fechem o céu da Ucrânia. Fechem para todos os mísseis russos, para os aviões de combate russos, para todos os terroristas deles”.

“Se não fizerem isso, se pelo menos não nos derem aviões para que possamos nos proteger, só podemos chegar a uma conclusão: vocês querem nos ver sendo mortos lentamente”.

Provavelmente, o pedido de aviões de combate seja o objetivo final. Mesmo uma operação assim implicaria em alto risco. Os aviões teriam que ser transferidos da Polônia (ou tirados da Força Aérea polonesa, uma opção que o país, o que mais teme o expansionismo russo, já disse ser aceitável) e depois conduzidos por ucranianos.

A quantidade de coisas que podem dar errado numa operação desse tipo é fenomenal. Grandes quantidades de armamentos enviados por países europeus já estão atravessando a fronteira desse modo. Para evitar “erros de cálculo, incidentes e escalada”, o Pentágono abriu uma nova linha de comunicação entre o quartel-general das forças americanas na Europa e o Ministério da Defesa da Rússia.

4- O que vai acontecer com Zelensky?

O cerco de Kiev ainda está sendo armado, enquanto outras cidades ucranianas vão sendo tomadas, com a tática de bombardeios em massa, uma especialidade russa.

Não é impossível que o presidente, com sua aura heroica (um Tom Cruise quinze anos mais moço seria perfeito para interpretá-lo), acabe sendo convencido de que é mais importante vivo, comandando um governo no exílio provavelmente na Polônia), do que epicamente morto.

Segundo um jornal confiável como o Times de Londres, Zelensky já escapou de três planos para assassiná-lo. Um deles do Grupo Wagner, não uma instituição de terceirização de operações militares, como a dissolvida Blackwater de Eric Prince, mas uma obscura rede de mercenários interconectada com os serviços secretos russos.

Do ponto de vista da propaganda russa, seria mais conveniente prender Zelensky, submetendo-o a julgamento com todos os subterfúgios desse tipo de armação, com o objetivo de desmoralizá-lo?

A resposta pode levar algum tempo para ser dada.

No psicodrama real que se desenrola diante de nossos olhos, é possível que o cerco de Kiev, com suas consequências, ainda demore vários dias para começar para valer.

5- E o petróleo?

Depois da China e dos Estados Unidos, a Rússia é a mais produtora de energia e a maior exportadora de petróleo do mundo e qualquer coisa que a afete mexe violentamente nos preços.

Segundo a previsão mais pessimista, do JP Morgan, o petróleo pode chegar a 185 dólares no fim do ano se o abastecimento russo continuar a ter resistência no mercado. Países como a Suécia e a Finlândia, por exemplo, não estão comprando petróleo russo. Está ficando cada vez mais provável que os Estados Unidos façam o mesmo boicote inverso e deixem de comprar quatro milhões de barris por dia da Rússia, o que só aumentaria a pressão nos preços.

Outros prognósticos são menos extremos.

Mas o fator imprevisibilidade que Putin introduziu no mundo com a invasão da Ucrânia mexe com as previsões.

E se ele acionar o botão da autodestruição, como já demonstrou que pode fazer com uma guerra completamente desnecessária, que exclui a Rússia, por muitos anos, de todos os espaços do mundo civilizado?

Se os russos podem viver sem Iphones, Facebook, bolsas Louis Vuitton e roupas da Zara, a Europa não pode ficar sem o gás russo. Um país como a Alemanha depende da Rússia para 55% do seu abastecimento.

Pela lógica, seria autodestrutivo regular ou cortar o fornecimento de gás, pois isso também privaria a Rússia de uma fonte de ingressos importante – e que continua a a funcionar, não tendo sido afetada pelo corte do sistema Swift.

Mas dono da torneira está empurrando os limites da racionalidade

Revista Veja

Querida China: de que lado você está?


 

A guerra teria um fim rápido com uma ação de Pequim, que deve sua bonança a décadas de paz. E então, Xi? 

Por Thomas L. Friedman, NYT

A cada dia que passa, a guerra na Ucrânia se torna não apenas uma tragédia cada vez maior para o povo ucraniano, mas também uma ameaça maior para o futuro da Europa e do mundo como um todo. Existe apenas um país que pode ser capaz de impedir a guerra agora – e não são os Estados Unidos. É a China.

Se a China anunciasse que, em vez permanecer neutra, está se juntando ao boicote econômico à Rússia – ou até mesmo apenas condenando com firmeza sua invasão não provocada contra a Ucrânia e exigindo que os russos se retirassem do país – isso poderia abalar Vladimir Putin o suficiente para que ele pare. No mínimo, o faria parar para pensar, porque ele não tem no mundo nenhum outro aliado significativo, além da Índia.

Por que motivo o presidente chinês, Xi Jinping, assumiria tal posição, que aparentemente pareceria minar seu sonho de tomar Taiwan da mesma maneira que Putin está tentando tomar a Ucrânia? A resposta curta é que as últimas oito décadas de relativa paz entre as grandes potências levaram a um mundo em rápida globalização, que foi crucial para a veloz ascensão econômica da China e a retirada da pobreza de aproximadamente 800 milhões de pessoas desde 1980. A paz tem sido muito boa para a China. O crescimento contínuo da China depende de sua capacidade de exportar e aprender lições de um mundo que se integra constantemente e moderniza livres-mercados.

Simbiose

Toda a barganha faustiana entre o Partido Comunista Chinês e os cidadãos chineses – de que o PCC continuará governando enquanto a situação econômica do povo continuar melhorando – depende de um significativo grau de estabilidade da economia do mundo e do sistema de comércio global.

Para qualquer estrategista chinês aferrado ao pensamento antigo – de que qualquer guerra que enfraqueça os dois principais rivais da China, EUA e Rússia, tem de ser uma coisa boa – eu diria o seguinte: toda guerra traz consigo inovações (novas maneiras de combater, vencer e sobreviver), e a guerra na Ucrânia não é nenhuma exceção.

Já vimos três “armas” acionadas de maneiras que jamais havíamos visto ou que não víamos havia muito tempo, e seria prudente para a China estudá-las. Porque se a China não ajudar a impedir a Rússia agora, essas armas ou subjugarão Putin definitivamente – indicando que elas poderiam ser usadas também contra a China algum dia, caso Pequim tome Taiwan – ou danificarão com tanta intensidade a economia russa que os efeitos irradiariam em todas as direções. Essas armas podem até fazer com que Putin faça o impensável com suas armas nucleares, o que poderia desestabilizar e até destruir as fundações globais sobre as quais o futuro da China se escora.

Bomba econômica

A inovação mais importante desta guerra é o uso do equivalente econômico a uma bomba nuclear, simultaneamente acionada por uma superpotência e pessoas superempoderadas. Os EUA, juntamente com a União Europeia e o Reino Unido, impuseram sanções sobre a Rússia que estão incapacitando sua economia, ameaçando criticamente empresas do país e despedaçando as economias de milhões de russos a uma velocidade e um escopo sem precedentes, o que traz à mente uma explosão nuclear.

Putin já entendeu isso tudo – e falou isso explicitamente no sábado: EUA – e UE – aplicaram sanções “que equivalem a uma declaração de guerra” (Vladimir, você ainda não sentiu nem metade dessa dor).

Em segundo lugar, pelo mundo ser atualmente tão conectado, indivíduos superempoderados, empresas e grupos de ativismo social são capazes de aplicar suas próprias sanções e boicotes, sem nenhuma ordem de governos, amplificando o isolamento e o estrangulamento da economia da Rússia para além dos níveis que os Estados-nação tendem a alcançar. Esses novos atores – um tipo de movimento global específico pró-resistência na Ucrânia – estão cancelando coletivamente Putin e a Rússia. Raras vezes, talvez nunca, um país tão grande e poderoso foi cancelado politicamente e incapacitado economicamente com tanta rapidez.

A terceira arma é tanto nova quanto antiga, uma arma espiritual e emocional: o Ocidente redescobriu sua voz. Diante do ataque cruel e primitivo da Rússia contra uma democracia falha, mas inspiradora, como a Ucrânia, o mundo livre foi despertado. Os EUA e as sociedades liberais em geral podem com frequência parecer divididas e agindo de maneira estúpida – até que não. Pergunte a Adolf Hitler.

Essas três armas deveriam ser suficientes para chamar a atenção da China. Então vejamos mais de perto como elas operam na prática. O governo de Joe Biden, num esforço para dissuadir Putin, formulou um poderoso pacote de sanções econômicas profundas e abrangentes e avisou o líder russo que, se ele invadisse a Ucrânia, estaria arriscando tudo – a viabilidade econômica de seu país e seu regime.

Bolsa

O mercado de ações com base no rublo foi fechado desde que as maiores instituições financeiras russas foram ou colocadas sob sanções ou extirpadas do sistema da Sociedade para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (Swift), noticiou a Barron’s, mas “as empresas russas denominadas em dólar na bolsa de Londres ainda estão negociando. A destruição do valor de mercado é estarrecedora”. A revista acrescentou que o valor das ações do Sberbank, o maior banco da Rússia, “despencou mais de 99% desde meados de fevereiro, quando eram negociadas a US$ 14”. Na última quarta-feira, notou a Barron’s, “seu valor tinha despencado para US$ 0,01”.

Desde que Putin enfrentou sanções em 2014 por anexar a Crimeia e fomentar a rebelião no leste da Ucrânia, ele reuniu reservas em moeda estrangeira e ouro – algo em torno de US$ 630 bilhões – para tentar blindar a Rússia de mais sanções globais dando ao Banco Central do país toda a munição que a instituição precisaria para proteger o valor do rublo. Mas a coisa não foi conforme ele planejou. “Ocorre que a estratégia de reservas estrangeiras da Rússia tem uma grande falha: aproximadamente a metade desse dinheiro é mantida no exterior, em bancos estrangeiros – e agora a Rússia não consegue acessá-lo” por causa das sanções. Então, as economias em rublo dos cidadãos russos estão sendo dizimadas.

Criatividade

Agora adicione as sanções, os boicotes e os pontos de pressão vindos de atores não estatais superempoderados. Meu favorito é Jack Sweeney, um estudante de 19 anos que frequenta a Universidade da Flórida Central e criou um perfil de Twitter – @RUOligarchJets, ou Jatos de Oligarcas Russos – que rastreia o movimento e a posição de aviões particulares de bilionários russos próximos a Putin. “Ainda que o rapaz de 19 anos não seja a única pessoa a oferecer tais serviços”, notou a Bloomberg, o que diferencia sua página é o “fácil acesso e a cativante visão” que oferece sobre as vidas dos comparsas de Putin. O perfil acumulou 53 mil seguidores em poucos dias e agora tem mais de 400 mil. Individualmente, Sweeney está dificultando para os amigos de Putin esconder sua riqueza ilícita.

É a globalização do ultraje moral: vai desde assistir um curto vídeo online que mostra soldados russos disparando contra uma usina nuclear ucraniana até o funcionário que posta esse vídeo em sua página de Facebook num grupo de colegas ou manda o vídeo por e-mail para seu chefe ou envia pelo aplicativo de mensagens Slack – e não para pedir aos diretores-executivos que façam algo a respeito, mas para lhes dizer que eles têm de fazer alguma coisa, senão perderão funcionários e clientes.

A BP, por conta própria, afirmou que estava abandonando suas operações na Rússia, após cerca de 30 anos trabalhando com uma petroleira do país. Para a Rússia, perder o talento da engenharia na indústria do petróleo da BP é um golpe pesado.

A Rússia e os russos estão sendo cancelados em todas as direções – de bailarinas a times de futebol, a orquestras. E quando o frenesi de cancelamento torna-se global, age de forma impiedosa. Como o New York Times noticiou na semana passada, “Um dia depois dos organizadores dos Jogos Paralímpicos de Inverno anunciarem que permitiriam a participação de atletas russos e belarussos na competição, a direção do evento reverteu sua posição de maneira impressionante e barrou atletas de ambos os países na véspera da cerimônia de abertura”.

Essas inovações engendram, porém, dois grandes perigos. Se a bomba nuclear econômica que os EUA e seus aliados acabaram de detonar na Rússia arrasar sua economia tão rapidamente e profundamente como eu suspeito que arrasará, há o perigo, apesar de remoto, de que Putin chegue a extremos maiores, até mesmo extremos impensáveis, como lançar uma arma nuclear real.

Irreversível

O segundo perigo – e a China, em particular, deveria manter isso em mente – é que quando os Estados-nação escolherem suspender as sanções, em algum ponto, por razões essencialmente de realpolitik, os atores não estatais poderão não seguir a toada. Essas organizações são altamente descentralizadas.

O Anonymous, o consórcio global de hackers, anunciou que estava tentando derrubar websites russos, mas sem atender ordem de nenhum governo. Para quem a Rússia deve telefonar se quiser propor um cessar-fogo para o Anonymous?

Putin foi um total ignorante a respeito do mundo em que vive, e assim ele apostou todas as suas fichas no cassino global da globalização do século 21, onde, no fim, a casa sempre ganha – ou não sobrevive.

Há sinais de que a China reconhece algumas dessas nova realidades – que nenhum país é grande demais para que não possa ser cancelado. Mas seu instinto inicial parece ser tentar se isolar dessa realidade, em vez de se apresentar para ajudar a reverter a agressão de Putin. Ao que respondo: boa sorte com isso. A China não pode ser conectada e desconectada ao mesmo tempo.

Então, espero não apenas que os líderes chineses não arrisquem tudo numa conquista rápida de Taiwan. Espero que Pequim, em vez disso, se junte ao Ocidente e a quase todo o restante do mundo em oposição a Putin. A China poderia emergir como um verdadeiro líder global se o fizer. Mas se escolher, em vez disso, alinhar-se com os foras da lei, o mundo ficará menos estável e menos próspero até onde a vista puder alcançar – especialmente para a China.

Qual vai ser, então, Xi?

O Estado de São Paulo

PAUTA PARA A 5ª SESSÃO POR MEIO ELETRÔNICO – HORÁRIO: 14:00H ÀS 17:00H - Julgamento do suposto faturamento dos peixes da Semana Santa

 

Além de superfaturamento ainda servindo de autopromação para o Prefeito e seu vice


Relator - Cons. JOSÉ ALFREDO ROCHA DIAS

Processo nº20385e21 - Representação referente à Prefeitura Municipal de JEREMOABO. Denunciado: Sr. Derisvaldo José dos Santos. Denunciantes: Sr. Carlos Henrique Dantas de Oliveira, Sr. Benedito Oliveira dos Santos, Sr. Antônio Chaves e Sr. Manoel José Souza Gama. Procurador: Sr. Allan Oliveira Lima – OAB/BA nº 30276.

Nota da redação deste Blog - Essa denúncia e correspondente ao suposto superfaturamento com aquisição de Peixes que foram distribuidos na Semana Santa para o povo carente.

È uma vergonha usam até o cidadão carente para praticarem improbidades.

Aliás, desde o ano passado(2021), já existem denúncias da ONG e de Vereadores,  no MPF e no Ministério Público Estadual (Jeremoabo) a respeito dessa covardia, se aproveitar da Semana Santa, para supostamente desviarem o dinheiro do povo.

Lamenta-se a leniência da Justiça, isso porque no ano de 2021 já é o segundo superfaturamento, já que o primeiro corresponde ao ano de 2020; não tomem por surpresa se a hist´ria se repetir agora em 2022.

"Isso é uma vergonha".


Sitio do Quinto: Professores entram em greve por tempo indeterminado

Falta de dinheiro para campanha fez Otto desistir da candidatura, diz colunista

Falta de dinheiro para campanha fez Otto desistir da candidatura, diz colunista
Foto: Bahia Notícias

Apesar de publicamente sempre ter negado que seria candidato ao Governo da Bahia, o senador Otto Alencar (PSD) não teria topado a disputa por falta de dinheiro para organizar uma pré-campanha.

 

Aliados do senador ouvidos pela coluna de Guilherme Amado, do portal Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, confirmaram que o orçamento curto para preparar a candidatura foi o que provocou a desistência.

 

Otto teria de fazer uma agenda intensa de viagens pela Bahia para marcar posição e se tornar um nome competitivo frente a ACM Neto. Ainda de acordo com a publicação, o senador vinha alertando políticos do PT e de outros partidos sobre a incapacidade de levantar fundos para a pré-campanha.

 

O presidente do PSD, Gilberto Kassab não pretende fazer grandes investimentos nas candidaturas de governadores e chegou a afirmar que uma candidatura de Otto ao Palácio de Ondina seria uma punição ao pessedista baiano (veja aqui).

 

Em entrevista para a rádio Metrópole na manhã da segunda-feira (7), o senador Jaques Wagner (PT) revelou que Rui Costa vai seguir no governo do estado e que Otto Alencar vai buscar a reeleição ao Senado (saiba mais aqui).

Bahia Notícias

Governo muda discurso e avalia segurar reajuste de preços da Petrobras


por Idiana Tomazelli, Marianna Holanda, Alexa Salomão e Julia Chaib | Folhapress

Governo muda discurso e avalia segurar reajuste de preços da Petrobras
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

A disparada nos preços do petróleo na esteira do conflito entre Rússia e Ucrânia levou o governo Jair Bolsonaro (PL) a discutir internamente e com o Congresso Nacional a possibilidade de segurar temporariamente os reajustes de preços da Petrobras.
 

Após um lucro recorde de R$ 106,6 bilhões registrado pela companhia em 2021, a avaliação no governo é de que é possível haver uma "colaboração dos acionistas" para minimizar os efeitos da cotação do petróleo sobre o preço nas bombas.
 

O cálculo também é político. Pré-candidatos ao Planalto, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), têm defendido abertamente um maior controle sobre os preços praticados pela estatal.
 

Nesse contexto, interlocutores do presidente afirmam que uma contenção temporária de preços agora seria preferível a um tabelamento posterior mais duradouro, caso algum dos adversários de Bolsonaro vença as eleições.
 

A leitura de auxiliares do chefe do Executivo é que a manutenção da política de paridade internacional de preços da Petrobras fortaleceria candidatos de oposição, ao obrigar a companhia a promover reajustes superiores a 20% nos combustíveis.
 

Integrantes do governo também admitem a possibilidade de acionar o botão de calamidade se daqui a três meses o conflito não houver cessado —o período é considerado uma janela razoável para se ter uma ideia do rumo da guerra, se terá fim ou uma escalada.
 

Em caso de acionamento dessa cláusula, o governo teria mais liberdade para ampliar gastos, inclusive por meio de créditos extraordinários (fora do teto), ao mesmo tempo em que ficariam proibidas as concessões de reajustes ao funcionalismo.
 

Na ala política, há defensores da decretação imediata de calamidade, uma vez que a cotação do barril de petróleo já ultrapassou os US$ 100 em meio à guerra na Europa. Um grupo de ministros acredita que seria possível editar uma medida provisória para criar um fundo de compensação à alta do combustível. A equipe econômica, porém, avalia não ser o momento de recorrer à calamidade, pois é preciso acompanhar os desdobramentos do conflito.
 

Nesta segunda-feira (7), o presidente chegou a admitir a possibilidade de mudanças na política de preços da Petrobras.
 

"Tem uma legislação errada feita lá atrás que você tem uma paridade com o preço internacional [dos combustíveis]. Ou seja, o petróleo —o que é tirado do petróleo— leva-se em conta o preço fora do Brasil. Isso não pode continuar acontecendo", disse Bolsonaro, durante entrevista a uma rádio de Roraima.
 

O presidente também já defendeu a redução do lucro da companhia para conter a alta nos combustíveis.
 

Auxiliares do chefe do Executivo afirmam que ele é simpático à ideia de segurar temporariamente os reajustes e que, em decorrência disso, é possível que o lucro da Petrobras seja menor este ano.
 

Um dos projetos de lei em tramitação no Senado Federal sob a relatoria do senador Jean Paul Prates (PT-RN) traz algumas diretrizes para a política de preços internos dos combustíveis, incluindo a redução da volatilidade. O governo não deve se opor à aprovação desse trecho, que daria a base para seguir adiante com a trava temporária.
 

Técnicos ressaltam, porém, que o texto não é taxativo, e sua adoção dependeria de aprovação pela Petrobras. Nesse sentido, a indicação de Rodolfo Landim para a presidência do Conselho de Administração da estatal é considerada um ativo para avançar na discussão.
 

Segundo um integrante do governo, a ideia é fazer uma contenção dos preços por alguns meses, para evitar que o excesso de valorização do barril de petróleo —que já passa dos US$ 120— onere demais o bolso dos consumidores. Isso seria razoável porque parte dos custos da estatal se dá em reais, sem impactos das oscilações no mercado internacional.
 

A expectativa é que, ao fim do conflito, os preços não se manterão nessas cotações. Por isso, não há necessidade de repassar todo e qualquer movimento de preços para as bombas. O congelamento dos reajustes seria uma "condição transitória e de guerra", segundo uma fonte do governo.
 

A possibilidade representa uma mudança no discurso do governo. No início de 2021, Bolsonaro chegou a dizer que jamais interferiria na companhia.
 

Em evento no BTG, em 23 de fevereiro, o presidente atrelou a mudança nos preços como algo defendido pelo seu principal adversário político, o ex-presidente Lula (PT).
 

"O que os senhores achariam se essas medidas fossem implementadas: se revogarmos a autonomia do Banco Central, a reforma trabalhista, se volta o imposto sindical, se reestatizarmos as empresas que foram desestatizadas, se o governo começar a interferir nos preços da Petrobras e da energia, se viermos a fortalecer o MST", disse no evento.
 

O governo Dilma Rousseff (PT) chegou a ser acusado de usar a Petrobras como ferramenta macroeconômica para controle da inflação. Durante o período da petista, a estatal não repassava os aumentos provenientes da flutuação do preço no exterior, o que gerou críticas sobre o impacto nas contas da empresa.
 

A intervenção deixou de existir a partir do governo de Michel Temer (MDB), quando o então presidente da Petrobras Pedro Parente implementou a regra de preço atrelado aos valores negociados no exterior.
 

Na prática, a Petrobras já tem segurado o ritmo dos aumentos nos preços dos combustíveis no governo Bolsonaro. Os últimos reajustes nos preços da gasolina e do diesel foram feitos no dia 12 de janeiro, ou seja, os valores praticados já estão defasados. Dentro do governo há quem cite que a contenção não gerou maiores ruídos no mercado financeiro.
 

Nos últimos dias, Bolsonaro foi aconselhado por ministros da ala política a apresentar alguma solução. Segundo fontes do governo, o presidente chegou a discutir o problema dos combustíveis com o ministro da Economia, Paulo Guedes, no fim de semana e também na manhã desta segunda-feira.
 

O chefe da Economia tem evitado falar sobre o assunto, mas não deve ser obstáculo para a proposta de congelar temporariamente os preços praticados pela Petrobras. .
 

Nos bastidores, a equipe de Guedes tem se posicionado contra ideias que que envolvam o uso de dinheiro do Tesouro Nacional na concessão de subsídios ao preço do diesel e da gasolina.
 

Em meio à escalada nas cotações do petróleo, outros ministros do governo voltaram à carga com propostas para a União bancar um subsídio usando receitas de dividendos da Petrobras e royalties de petróleo. A ideia seria usar o dinheiro para ressarcir a companhia e outros importadores pelo não repasse dos reajustes, em modelo semelhante ao adotado no governo Temer em 2018 para contornar a greve dos caminhoneiros.
 

Na avaliação da equipe econômica, a medida poderia gerar uma fatura de R$ 120 bilhões, comprometendo o teto de gastos, a principal âncora fiscal do governo.
 

Interlocutores da equipe econômica afirmam reservadamente que a missão do governo é defender as contas públicas. Além disso, há integrantes do governo que dizem preferir lidar com as consequências de um congelamento temporário nos preços do que os efeitos adversos de um rombo maior.
 

Já uma solução estrutural, na avaliação da Economia, depende do aumento da concorrência no mercado de combustíveis (hoje concentrado nas mãos da Petrobras) e da aprovação de um projeto de lei complementar que altera a cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), para mudar a alíquota atual (um porcentual sobre um valor) para uma cobrança fixa sobre o litro.
 

O projeto está em tramitação no Senado Federal e deve ser votado nesta semana. Há uma articulação do governo para incluir, em acerto com o Ministério da Economia, a desoneração de PIS/Cofins sobre o diesel. A medida deve drenar R$ 18 bilhões dos cofres públicos e, segundo cálculos internos, teria um impacto de até R$ 0,50 nas bombas.
 

Para tentar conciliar o texto, o senador Jean Paul Prates enviou uma carta a governadores se colocando à disposição para conversar sobre os projetos.
 

No documento, o relator avalia que o texto que cria um fundo de compensação "é uma boa solução emergencial e estrutural para o atual e futuros momentos de volatilidade no custo internacional do petróleo, mas que não basta".
 

Além disso, ressalta não ver a mesma disposição para o diálogo no que diz respeito ao projeto de lei complementar que muda o cálculo do ICMS.

Bahia Notícias

Otto e Rui foram candidatos sem nunca terem sido e agora PT aposta em mágica


por Fernando Duarte

Otto e Rui foram candidatos sem nunca terem sido e agora PT aposta em mágica
Foto: Jefferson Rudy/ Agência Senado

Otto Alencar foi candidato ao governo da Bahia sem nunca ter sido. Rui Costa foi candidato ao Senado por circunstâncias por ele criadas e deixou de ser. João Leão sentiu a caneta de governador nas mãos e a viu escapar pela falta de habilidade política daqueles que costuram - ou deveriam costurar - os arranjos partidários dentro da base aliada do governo da Bahia. Agora, quando o cenário de terra arrasada se aproxima, surge a utopia de que é viável apostar em Luiz Inácio Lula da Silva como cabo eleitoral para inflar uma candidatura que sequer foi alicerçada com antecedência. Foram dias intensos para quem acompanha a cena baiana.

 

O passo em falso primordial nasce com a sinalização de Jaques Wagner de que poderia não ser candidato ao governo, como se desenhava desde 2021. O ex-governador era um nome de consenso não apenas para o PT, mas para todos os partidos que compõem a base governista. Mas, ao menor sinal de desistência, Rui arvorou para si o legítimo direito de ser candidato a senador. A “aposentadoria” de muitos políticos estaria garantida e Lula endossaria sem sobressaltos, desde que houvesse um arranjo complementar bem orquestrado.

 

Daí surge a primeira aposta, com Otto como candidato a governador. O senador, todavia, disse, repetiu e foi enfático: queria a reeleição. Porém, diante de apelos de aliados, por pouco não aceitou mudar de roupa para as urnas. Experimentado como poucos, Otto fez construir uma condição que acabaria inviabilizando o projeto: o apoio público dos partidos aliados. Não foi ele quem colocou o requisito, mas isso ficou implícito todo o tempo. No fundo, o senador sabia das dificuldades. Mas ninguém apostaria nesse jogo autocentrado do PT em ter candidatura própria a qualquer custo.

 

Sem consenso na base, Otto desistiu de tentar se candidatar ao governo mesmo antes de ter se acostumado com a ideia de ser candidato a governador. O efeito dominó foi que a tentativa de reeleição dele obrigou Rui a desistir da candidatura ao Senado - algo que o próprio rechaçou ao mesmo tempo em que alimentou. Fruto não apenas do desejo autêntico do senador em permanecer no Congresso, mas também pela falta de entendimento dentro do próprio PT quanto a uma candidatura do governador a senador. Todavia, ninguém vai admitir o quadro - da mesma maneira que será negado para quem quiser ouvir.

 

A outra consequência indireta foi o não cumprimento da promessa de que João Leão sentaria na cadeira de governador por 9 meses. Partiu de Rui o sinal de que caberia a Leão a transição e o vice fez todo o possível para viabilizar o acordo. Leão foi um dos únicos a endossar publicamente a candidatura de Otto ao governo. Só não contava que a palavra dada não estava escrita e, ao baixar a poeira, a caneta foi tomada antes mesmo de ser emprestada. Leão está enraivecido, com razão, mas não deixará transparecer isso ainda. Tanto quanto Otto, o vice sabe onde as corujas - e as cobras dormem.

 

Desse caldo difícil de compreender, coube ao petismo fazer surgir uma candidatura própria sem qualquer estruturação prévia e com o único objetivo de representar o grupo político no pleito. Três nomes, Luiz Caetano, Moema Gramacho e Jerônimo Rodrigues foram postos, enquanto ainda há uma corrente que tenta forçar Wagner a ser candidato. Das apostas citadas, não precisa muito esforço para a oposição desconstruir, mas aí é um papel dos adversários e não da imprensa. Nos bastidores, Caetano é quem desponta com certo grau de favoritismo por conseguir transitar nas duas alas criadas a partir desse racha entre os interesses de Wagner e de Rui. Sempre sob a aposta de que Lula será mágico em 2022 tal qual foi em 2006, quando a onda vermelha chegou ao Palácio de Ondina.

 

Os aliados não chegaram ser pegos de surpresa. Antes de Wagner tornar público o posicionamento do grupo, todos foram informados. A maioria deles seguiu incrédula, de que era possível tentar um coelho na cartola a essa altura do campeonato e com as fragorosas derrotas na prefeitura de Salvador em 2016 e 2020. O desastre é iminente. Só não vê quem não quer.

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