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segunda-feira, abril 13, 2020

“Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é”, assinala médica do InCor


Médica foi uma das que avaliou saúde de Bolsonaro pós facada
Cláudia Collucci
Folha
A cardiologista e intensivista Ludhmila Abrahão Hajjar, 42, diretora de ciência e tecnologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia, diz que está havendo um otimismo exagerado em relação à cloroquina, que há riscos cardíacos no uso da droga e que jamais a adotaria para casos leves.
“Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é. Mas se você fala isso, já começa a apanhar porque virou uma questão nacional de pressão. Mas a realidade científica é essa, não tem evidência”, diz a médica e professora do InCor (Instituto do Coração).
FALTA DE EVIDÊNCIA – Ela fez parte de comissão de especialistas que se reuniu com presidente Jair Bolsonaro há duas semanas para discutir a cloroquina. Bolsonaro ouviu deles sobre a falta de evidência da droga, porém, seguiu defendendo o seu uso.
Hajjar também integra um grupo de pesquisadores que tem estudado a eficácia e a segurança da cloroquina. Dados preliminares de uma pesquisa em Manaus (AM) apontaram que altas doses da substância aumentam a taxa de letalidade em pacientes graves internados.
Segundo a médica, o principal gargalo da pandemia tem sido a falta de estrutura das UTIs brasileiras. “Não é só ter respirador. Quando eu intubo um doente, ele fica 15 dias na UTI. Vai precisar de fisioterapeuta 24 horas, antibiótico. Muitas vezes, morre de infecção, maus tratos, não tem gente para cuidar, não tem profissional, não tem material”, afirma.
Há otimismo exagerado em relação à cloroquina?
Muito. Isso reflete o que a gente está vivendo, milhares de pessoas infectadas, mortes e vidas em risco. E, ao mesmo tempo, o impacto socioeconômico e certos países buscando soluções rápidas. Mas, infelizmente, não temos.
Os ensaios in vitro demonstram um potencial da cloroquina de inibir a replicação do vírus e a entrada dele na célula. Porém, em estudos clínicos há uma escassez de dados e muita controvérsia. Boa parte do otimismo vem de um único grupo de pesquisa da França, mas os dados são cientificamente fracos.
De lá pra cá, alguns outros estudos, também não confirmatórios, apontam que há resultados diferentes, contraditórios. Não temos que ter expectativa grande e nenhum achismo em relação ao uso da cloroquina até que se tenha dados comprovados.
O uso da cloroquina pode trazer riscos à saúde? 
Os efeitos adversos não são desprezíveis. Muita gente argumenta ao contrário: ‘ah, é uma droga segura, usada há anos na malária, na artrite reumatoide, no lúpus, as pessoas usam em casa’. Mas a hipótese é que um dos principais efeitos colaterais dessa medicação seja no coração, a arritmia cardíaca.
Quando a pessoa está com o coração normal é mais difícil que a arritmia aconteça. Mas a gente tem que lembrar que até 40% dos pacientes infectados pela Covid-19 têm algum tipo de injúria ao sistema cardiovascular. É possível que no meio da infecção o sistema vascular fique exposto, fique mais suscetível ao efeito colateral dessa medicação.
Nós temos visto isso aqui em São Paulo, os franceses relataram mais de 30 casos de pessoas que tiveram problemas graves com essas drogas, e as autoridades de lá reforçaram a condição de ela ser usada apenas em ambiente hospitalar. Tanto a cloroquina como a azitromicina podem induzir essa arritmia. A associação das duas torna-se isso ainda mais possível.
E por que essa pressão em torno do uso? 
Surgiram pessoas que foram acumulando experiências e não evidências científicas, por exemplo, a Nise [Yamaguchi] com os casos da Prevent Senior. Eu já disse: ‘Nise, isso não dá para ser replicado enquanto não tiver estudo comparativo, com grupo controle e que tenha a mesma gravidade da doença, as mesmas comorbidades. Eu não posso pegar isso e começar a pressionar o Brasil’.
Eu jamais adotaria hoje a cloroquina na forma leve, de forma preventiva, sem ter evidência cientifica. Eu não mudaria a prática clínica baseada só em experiência. Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é.
Quais são as outras opções terapêuticas estudadas hoje para a Covid-19?
Uma é com medicação com efeito antiviral e a outra, com ação anti-inflamatória. Vários estudos estão acontecendo no mundo, por exemplo, com os antivirais lopinavir e o ritonavir, que são medicações para o HIV. Tem o remdesivir, o mundo tem uma grande expectativa sobre essa droga. Ela foi eficaz no ebola, um antiviral de amplo espectro, coisa que não existia até recentemente.
Antibióticos a gente dá para todos os pacientes graves porque há muita pneumonia bacteriana associada. Também há estudos sobre terapia anti-inflamatória, como corticoides, anticorpo monoclonal, e com anticoagulante. Muitos hospitais têm usado esse arsenal todo, mas, de novo, nada baseado em evidências.
Ou seja, não existe ainda um tratamento padrão? 
Não existe. Mas se você fala isso, já começa a apanhar porque a cloroquina virou uma questão nacional de pressão. Mas a realidade científica é essa.
Isso foi falado no encontro com o presidente Jair Bolsonaro. Mas parece que ele não se convenceu, certo? 
Ele estava ali mais para ouvir, estava zero combativo. Ele disse: ‘tenho dois problemas: o vírus de um lado e o impacto na mortalidade, e do outro o impacto socioeconômico dessa doença. Então, queria ouvir de vocês o que tem estudo, de resultado preliminar’. Aí as pessoas envolvidas em estudos como eu falaram isso, os estudos estão acontecendo e não temos nada.
Só que ai também haviam pessoas que foram contar experiências pessoais, que são sempre cheias de emoção: ‘ah! eu evitei a internação do meu doente, o meu doente ficou muito bem!’. Não dá. Assim não consigo falar de algo tão sério. Aí cabem todas as interpretações. Ele ouviu e não emitiu opinião.
E sobre o isolamento, o que os cientistas recomendaram? 
O isolamento surgiu na conversa porque a gente acabou entrando no assunto. O tema central foi a cloroquina. Alguns de nós, nos posicionamos que a melhor estratégia para evitar transmissão era intensificar as medidas de isolamento, não tem nada melhor que isso, infelizmente.
Qual tem sido o impacto da Covid-19 nas UTIs do país? 
Gigante. Quando eu entubo um doente, ele fica 15 dias na UTI. Lá, vai precisar de fisioterapeuta 24 horas, a UTI tem que ter todas as normativas de segurança em termos de infecção.
Muitas vezes, esse doente vai morrer de infecção secundária, maus tratos, não tem gente para cuidar, não tem profissional, não tem material. Essa questão da estrutura das UTIs é central nessa situação atual, é o nosso principal gargalo.
Municípios e regiões que sequer têm UTIs, quando têm, não há estrutura. Eu vejo o número de internações aumentando progressivamente a cada dia, o Brasil batendo mais de cem mortes em 24 horas e as UTIs não estruturadas para receber esses doentes. Uma coisa é Einstein, Sírio, Oswaldo Cruz, Samaritano, outra coisa é a realidade Brasil que não é essa.
E UTI não é feita só de respirador… 
Exatamente, não é só respirador. Como se eu carregasse o meu respirador debaixo do braço. O respirador dá oxigênio, ponto. Tem que ter alguém cuidando do respirador, aspirando o doente, tem que ter antibiótico, protocolo, tem quer a hora do desmame.
Antes de começar os casos em São Paulo, eu falei com os italianos e eles me deram várias dicas: ‘Ludmila, não se anima, não extube o paciente antes de três dias, cinco dias. O doente está inflamado, é uma anestesia prolongada’, existem muitas pecularidades no tratamento dessa doença.
É uma pneumonia de longa duração. Esse doente ficará 15 dias em média na UTI, de sete a dez dias intubado. Precisando de cuidados de fisioterapia 24 horas, de respirador bom, de antibióticos, de nutrição, de profilaxia de trombose, de prescrição adequada. O desafio é gigantesco.
É preciso um esforço sobre-humano para capacitar rapidamente fisioterapeutas e enfermeiras das enfermarias para atuar na UTI, tem usar telemedicina. Individualmente, eu tenho tentado, não paro de atender telefonemas, ajudando colegas do Brasil todo.
Eles dizem: ‘eu entubei, olha esse raio-X, o que eu faço?’ Eu falo: ‘faz isso’. ‘Ah, mas eu não tenho isso’, ‘então vamos fazer assim’. A gente tem feito aulas diárias, lives, contando a experiência de São Paulo, da Itália, da China. Estamos diante de uma guerra, os doentes da UTI podem ter taxa de mortalidade de até 80%.
Como conseguir motivar os profissionais nesse momento de tanto medo, estresse e falta de proteção?
Os profissionais de saúde estão muito inseguros com as mortes de colegas, muita gente pedindo demissão. Está superdifícil contratar gente no interior do Brasil. Os governadores têm perguntado como fazer para motivar os profissionais de saúde. É hora de as lideranças assumirem o seu papel e manterem as equipes motivadas e seguras.
A questão financeira também é fundamental. Não basta só chamar para a guerra no sentido motivacional. É preciso buscar formas de remunerar melhor, arranjar um fundo, um adicional insalubridade por tudo o que os profissionais da linha de frente estão vivendo. É guerra, e a gente precisa desses soldados.

Vilas-Boas: Seguindo projeção atual, pico de casos na Bahia acontecerá entre junho e julho

Segunda, 13 de Abril de 2020 - 18:29


por Rebeca Menezes
Vilas-Boas: Seguindo projeção atual, pico de casos na Bahia acontecerá entre junho e julho
Foto: Divulgação
"A pergunta de um milhão de dólares". É assim que o secretário de Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, classifica a definição de quando acontecerá o pico de contágio do novo coronavírus no estado. Em entrevista ao vivo no perfil da plataforma BP Money, o gestor disse que, caso siga dentro da projeção atual, a expectativa é que o pico aconteça entre meados de junho e meados de julho.

Vilas-Boas explicou que graças às medidas de isolamento social implantadas no estado, o crescimento de casos confirmados deixou de ser exponencial e passou a ser quase linear. "As medidas de contenção foram adotadas muito precocemente, tanto a nível estadual quanto nos municípios, na capital e no interior. Nós chegamos a ter um crescimento de 60% dos casos, mas reduzimos pra 20%, 15%, até 9%", explicou.

O secretário disse ainda que o governo do estado projeta criar mil novos leitos clínicos e de UTI distribuídos na capital e no interior. "Nós fizemos um planejamento de atendimento hospitalar que deverá abrir até o final do próximo mês quase mil novos leitos clínicos e de UTI em todo o estado da Bahia. Isso inclui o Hospital Couto Maia, a abertura nesta semana do Hospital Espanhol, que vai abrir com 140 leitos de UTI, o Hospital Ernesto Simões está totalmente dedicado ao combate ao coronavírus, o Hospital do Subúrbio...", detalhou, citando ainda novas vagas no Hospital do Cacau, Hospital do Oeste, e em unidades de Juazeiro e Porto Seguro.

O secretário disse ainda que a taxa de progressão hoje é inferior a 10%. "Se me perguntasse na semana passada, seria outro número. Depende de uma série de fatores", apontou, alertando sobre o que tem sido visto principalmente em bairros periféricos de Salvador. "Nós temos visto aí muita gente na rua, as pessoas de saco cheio, querendo beber, confraternizar... isso é muito ruim".

Vilas-Boas ainda frisou que nem mesmo quem tem condições de mander uma assistência privada terá garantia de vagas caso haja uma sobrecarga no sistema de saúde. "Não achem que por pagar plano de saúde você vai ter uma vaga de UTI. Não vai ter respirador pra você, pra seu irmão, pro seu filho, e as pessoas vão morrer. A gente corre o risco de seguir nesse caminho, mas está nas nossas mãos definir nosso futuro".

Marco Aurélio sobre chance de STF acatar parecer de Aras: ‘Impensável’


Marco Aurélio sobre chance de STF acatar parecer de Aras: ‘Impensável’Foto: Carlos Moura/STF

O ministro lembra que o mérito das Adins que estão sob sua relatoria será discutido em plenário nesta semana na primeira sessão remota realizada pelo STF.

Estadão Conteúdo - 13/04/2020 - 13:42:11
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo
 Tribunal Federal, disse nesta segunda-feira
 ao BR Político ser “impensável” que o
 parecer do procurador-geral da República,
 Augusto Aras, segundo o qual o presidente
 Jair Bolsonaro possui prerrogativas
 para relaxar regras de distanciamento
 social estabelecidas pelos Estados, prevaleça
 no plenário da Corte.
“Vivemos em uma Federação. Os Estados
 têm certa autonomia e a legitimação para
 atos voltados à saúde é comum a
 todos, incluídos os municípios. Seria um
 ato despropositado sob o ângulo constitucional.
 Além disso, embora não o faça no campo da
 saúde, o presidente está isolado”, afirmou o
 ministro, que concedeu liminar no dia 24 de
 março atendendo a várias ações diretas de
 inconstitucionalidade contra item da Medida
Provisória 926 segundo o qual apenas
agências federais poderiam impor restrições
 à circulação.
O ministro lembra que o mérito das Adins
 que estão sob sua relatoria será discutido
 em plenário nesta semana na primeira
 sessão remota realizada pelo STF. Ele
 prevê unanimidade em torno da
 inconstitucionalidade da MP que dá ao
 governo federal a exclusividade para decidir
 medidas de isolamento social.
Outros dois ministros ouvidos pelo BRP nesta
 segunda, depois do parecer de Aras, vão na
 mesma linha de Marco Aurélio. “Zero chance”,
 me respondeu um deles, a respeito da possibilidade
 de o PGR contar com maioria dos votos do pleno.
Um quarto ministro foi o único dos consultados
 por mim a considerar “imprevisível” o comportamento
 dos 11 ministros a respeito do tema.

Barroso diz que risco de aglomeração em convenções e testes das urnas dificultam eleições de outubro


Barroso assume a presidência do TSE a partir de 26 de maio
Leandro Colon e Matheus Teixeira
Folha
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirma que a aglomeração das convenções partidárias e a fase de testes das urnas eletrônicas são os principais obstáculos à realização das eleições municipais de outubro em meio à pandemia do novo coronavírus.
Barroso assume a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a partir de 26 de maio, no lugar de Rosa Weber. O primeiro turno do pleito está marcado para 4 de outubro e o segundo, para o dia 25.
PRORROGAÇÃO DE MANDATOS – Em entrevista à Folha, o ministro defendeu que um possível adiamento das eleições seja por poucas semanas e se disse contrário à prorrogação do mandato de prefeitos e vereadores para depois de 1º de janeiro de 2021. A entrevista foi feita na quinta-feira, dia 9, por videoconferência, por causa do isolamento social.
O ministro se mostrou favorável às decisões do STF impondo limites ao governo de Jair Bolsonaro na crise do coronavírus e rebateu as acusações do presidente sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas.
As eleições municipais vão ocorrer em outubro?  
A minha bola de cristal está um pouco embaçada para responder com certeza. Essa decisão não precisa ser tomada agora, mas a gente não deve fechar os olhos à realidade. Se chegarmos em junho sem um decréscimo substancial da pandemia, é possível ter que fazer esse adiamento, que não deve ser por um período mais prolongado do que o absolutamente necessário para fazerem eleições com segurança. Gostaria de trabalhar com a ideia de que não seja necessário adiar e que, se necessário, que estejamos falando de algumas semanas e nada mais do que isso.
Qual problema pode atrapalhar as eleições devido à pandemia?  
Há questões políticas e operacionais. As políticas são as datas das convenções partidárias, que têm limite até 5 de agosto e envolvem aglomeração. Além do próprio início da campanha, em 15 de agosto. Portanto, se houver risco de aglomerações em agosto, temos um problema.
Além disso, o sistema de urnas eletrônicas funciona primorosamente bem, mas depende de testes de segurança ao longo do período. Temos como marco junho para fazermos os testes e correções. Já temos o número de urnas suficiente para fazermos as eleições. A despeito disso, periodicamente se substitui uma parte das urnas que vão ficando antigas. Se isso não for possível, apenas teremos que aumentar o número de eleitores por urna.
A eventual destinação do fundo eleitoral para o enfrentamento do coronavírus poderia atrapalhar as eleições?
Esse é outro debate, sobre conveniência ou não desse fundo. As instituições vão ter que se adaptar à nova realidade dessa pandemia. Se o Congresso deliberar destinar parte do fundo ao coronavírus, a consequência será ter que fazer campanhas mais baratas.
Como o senhor vê, num possível adiamento das eleições, a possibilidade de prorrogar o mandato dos atuais prefeitos?
A prorrogação de mandato deve ser evitada até o limite do possível. Se ocorrer, que seja pelo mínimo tempo possível. Sou totalmente contrário à ideia de se fazer coincidir com as eleições em 2022, por questão de respeito ao princípio democrático, pois os prefeitos e vereadores foram eleitos por quatro anos e não têm mandato popular para ir além. Acho que não mudar as regras do jogo é um valor importante a ser preservado.
O senhor é a favor do voto obrigatório, qual sua opinião a respeito?
Eu ainda acho bom o voto obrigatório. Há um conceito que eles usam nos Estados Unidos chamado ‘nudge’, que é: umas coisas na vida precisam ainda de um empurrãozinho. Embora ache que a democracia brasileira tenha evoluído bem, que nós tenhamos percorrido muitos ciclos do atraso em uma única geração, que criamos uma democracia estável, ainda sim acho que ela precisa desse empurrãozinho do voto obrigatório.
Nesse momento da vida brasileira não correria o risco da deslegitimação da política pelo baixo comparecimento do eleitorado. Portanto acho que o voto é um direito fundamental e acho que ainda deve por mais algum tempo ser uma obrigação. No mundo ideal, acho que deveria ser facultativo. Na vida brasileira desse momento, eu ainda acho que ele deve ser obrigatório para evitar as deslegitimação da política.
O senhor falou que a bola de cristal está um pouco embaçada, mas qual é seu sentimento sobre esse período de quarentena?
As minhas preocupações são institucionais e com o bem do país. Há um varejo político, um varejo econômico e um médico, em que não sou o melhor interlocutor. Estou acompanhando as notícias que vêm da OMS, do Ministério da Saúde e das associações médicas. Estou me guiando por elas e, inclusive, em isolamento social. De modo que acho que precisamos de uma agenda pensada desde agora para o pós-pandemia.
Qual sua agenda?  
Selecionei seis itens: solidariedade, igualdade, competência, educação básica, ciência e tecnologia. Integridade é premissa de tudo, precede ideologias e escolhas políticas. Solidariedade significa não ser indiferente à dor alheia e ter disposição para ajudar a superá-la. Quem puder ajudar o outro, desde pagando antecipadamente serviços futuros, seja do cabeleireiro, do garçom, estou estimulando. Há uma reserva mínima de justiça que o país precisa ter. Nos desencontramos disso e a pandemia jogou luz sobre a igualdade abissal que existe.
O Brasil tem sido o país do nepotismo, do compadrio. Precisamos revalorizar o mérito e a virtude. Nós só universalizamos o ensino básico cem anos depois dos Estados Unidos. Estamos precisando de um choque de iluminismo em muitas áreas. Em toda parte do mundo pesquisa depende de apoio governamental, e olha que quem está falando isso é uma pessoa que defende a diminuição do Estado econômico brasileiro, não a diminuição do estado social.
O STF tem tomado decisões nas últimas semanas tentando impor limites ao governo quando não levar em conta a ciência. O senhor concorda?
O STF produziu até agora três linhas de decisões: liberação de recursos, liberou estados do pagamento da dívida com a União e uma decisão em favor da federação, ou seja, reconhecendo a competência de governos estaduais e municipais.
Acho que há um discurso sério e consistente pelo isolamento social vindo das autoridades sanitárias. É a valorização da ciência, que foi minha própria decisão contra a campanha [do governo], que já tinha entrado na internet, “O Brasil não pode parar”, que defendia volta ao trabalho.
Há recomendação do CNJ para que juízes evitem tomar decisão no sentido de estimular o uso da cloroquina enquanto não houver a comprovação científica devida.
Não tenho dificuldade de falar porque votei em um caso parecido, que foi a da fosfoetanolamina, em que se procurou distribuir a famosa pílula do câncer, que não tinha teste clínico nem registro na Anvisa. Evidentemente, votei contra. Quando você está lidando com a vida e a saúde de terceiros, não pode lidar com especulações, superstições.
Se a cloroquina funciona ou não, não sou a pessoa certa para dizer. Para ser sincero, acho que nem o presidente da República é a pessoa certa para dizer. Há autoridades sanitárias competentes, de modo que, se disserem que é bom, acho que tem que fazer; se disserem que é ruim, não deve fazer.
O que fazer, do ponto de vista jurídico, com quem desrespeitar as recomendações e seguir fazendo aglomerações nas ruas?
A primeira coisa é a conscientização e a segunda é a intervenção para impedir as pessoas de adotarem comportamentos de risco. Eu apostaria mesmo é na conscientização. Se pessoas não cumprirem leis espontaneamente, não há polícia nem Exército que dê conta.
Outro ponto que chamaria a atenção [é] que a imprensa voltou a ter uma centralidade muito importante na vida brasileira. A imprensa perdeu espaço para as redes sociais, para o streaming e para a circulação de notícias via rede social. Isso já era um problema porque a imprensa tem papel vital de filtro da informações. A internet se tornou um espaço, infelizmente, de fake news, que são as campanhas de desinformação, de ódio.
A imprensa tem o papel decisivo neste momento, que é ajudar a fazer o filtro do que é verdade e do que não é. A pandemia fez renascer essa vitalidade da imprensa. Está todo mundo em busca de notícia de qualidade, confiável. Acho que isso pode significar um certo renascimento da imprensa tradicional com a sua credibilidade.
Como assegurar à população que as urnas são confiáveis quando o próprio presidente da República coloca em xeque essa questão?
Trabalho com o direito à luz das evidências. Até hoje, e as urnas estão aí desde 1996, não se demonstrou a ocorrência de fraude. Nunca houve notícia de fraude, ao tempo que na votação em papel os episódios de fraude eram incontáveis desde a República Velha. Acabar com a urna eletrônica e voltar para o papel é um pouco como cancelar assinatura da Netflix ou Globoplay e abrir uma locadora.
Agora, qualquer pessoa que me traga um elemento concreto e objetivo de algum problema, acho que a Justiça Eleitoral deve ser a primeira a querer apurar. Meu compromisso é com eleições limpas.

Cobrança de Mandetta em entrevista sobre “fala única” é vista como provocação pelo Planalto


Mandetta marcou posição e mostrou que não vai ceder
Deu no O Tempo
A entrevista do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta ao Fantástico, da Rede Globo, na noite deste domingo, dia 12, foi encarada por interlocutores e integrantes do Palácio do Planalto como uma provocação ao presidente Jair Bolsonaro, com quem trava uma guerra pública sobre medidas de enfrentamento ao novo coronavírus.  
Na avaliação inicial deles, Mandetta não apenas voltou a contrariar as opiniões do presidente, mas a fala à emissora que Bolsonaro costuma classificar como “inimiga” também foi vista como uma afronta. Outro ponto que não passou despercebido foi o fato de a entrevista ter sido gravada no Palácio das Esmeraldas, na sede do governo de Goiás.
EX-APOIADOR – O governador Ronaldo Caiado (DEM) rompeu no mês passado com o presidente, após Bolsonaro se referir à covid-19 como uma “gripezinha” e ter incentivado as pessoas voltarem à “normalidade” para evitar um colapso econômico.
No sábado, dia 12, Mandetta e Caiado condenaram a atitude de Bolsonaro, que após visitar ao lado deles a construção de um hospital de campanha em Águas Lindas (GO), foi a encontro de apoiadores, cumprimentou pessoas e tirou a máscara, que usava inicialmente. Depois que Bolsonaro voltou para Brasília, o ministro e o governador seguiram juntos para Goiânia.
DESDOBRAMENTOS – Os desdobramentos sobre a entrevista de Mandetta são esperados para o início da manhã desta segunda-feira. Um integrante do alto escalão do governo, que acompanha de perto o desentendimento, considerou a entrevista “menos grave” do que se esperava. Ponderou, no entanto, que é preciso aguardar a reação de Bolsonaro.
Na crise do novo coronavírus, o presidente tem se aconselhado com os três filhos mais velhos. Principalmente, com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que viajou com o presidente a Águas Lindas.
RECADO –  Na avaliação de políticos, Mandetta usou a entrevista para marcar posição e mandar recado que não vai ceder. O ministro cobrou uma unificação do discurso para orientar a população.
“Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e que a gente possa ter uma fala única, uma fala unificada. Isso leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro da Saúde, o presidente, quem é que ele escuta”, disse Mandetta.
Mandetta também criticou o comportamento de pessoas que têm furado o isolamento social. Citou como exemplo uma ida a padaria, exatamente como o presidente fez na semana passada,  acompanhado do ministro da Infraestrutra, Tarcísio de Freitas, e o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
EQUÍVOCO –  “Quando você vê as pessoas entrando em padaria, supermercado, fazendo fila, piquenique isso é claramente uma coisa equivocada”, avaliou o ministro.
O ministro da Saúde ainda citou as notícias falsas que circulam na internet, dizendo que o coronavírus é uma invenção. Em grupos de WhatsApp de bolsonaristas e em perfis nas redes sociais de apoio ao presidente, as teorias negando o vírus e minimizando a doença são populares.
“Tem muita gente que gosta da internet. Que vê que é fake news dizendo que é invenção de países para ganhar vantagem econômica ou vê complô mundial.” Os dados atualizados até este domingo apontam 1.223 mortes no País em decorrência da covid-19. No mundo, o total de vítimas já ultrapassou 114 mil.
“INDO EMBORA” – Em outro contraponto ao presidente, Mandetta alertou que o período mais preocupante da crise da covid-19 ainda não chegou. Neste domingo, em uma live com lideranças religiosas, Bolsonaro disse que “o coronavírus está começando a ir embora”.
“No mês de maio, junho, teremos os dias muito duros. Dias em que seremos tachados. ‘Ah, vocês não fizeram o que tinham de fazer, ‘deviam ser mais duros’, ‘menos duros, porque a economia está assim’. Sempre vai haver os engenheiros de obra pronta. Serão dois, três meses de muitos questionamentos das práticas”, disse Mandetta.
QUEBRA DE PROTOCOLOS – Bolsonaro defende um isolamento seletivo, restrito para idosos e pessoas dos grupos de risco, como forma de reduzir o impacto da pandemia sobre a economia. O presidente tem 65 anos, mas não tem respeitado o distanciamento social recomendado pelas autoridades sanitárias.
A entrevista à Globo foi uma decisão individual de Mandetta. No final de março, o Planalto resolveu unificar a comunicação sobre a crise do coronavírus. Com isso, as entrevistas de todos os ministros passaram a ser concedidas na sede do Executivo.
Na semana passada, diante de rumores de uma demissão e após uma reunião tensa com o presidente, Mandetta também decidiu dar uma entrevista no Ministério da Saúde sem o conhecimento do Planalto.
PAZ – Na ocasião, admitiu que seus auxiliares na pasta chegaram a limpar suas gavetas. Em um pronunciamento à imprensa, Mandetta pediu “paz” para trabalhar e reclamou de  críticas que, em sua visão, criam dificuldades para o seu trabalho.
A interlocutores, no entanto, o ministro tem confidenciado que gostaria que Bolsonaro o demitisse, mas mantém a posição de não tomar a iniciativa de deixar o governo com receio de ficar com o ônus de ter abandonado “o barco” no momento de crise.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ainda não se sabe se Bolsonaro, leia-se Carluxo, partirá mais uma vez para o revide. Mas, logo cedo, ao ser questionado sobre a entrevista de Mandetta, Bolsonaro se limitou  a dizer que não assiste a Globo, encerrando a conversa com seu tradicional “tá ok?”. Infantil e escorregadio, como sempre faz. (Marcelo Copelli)

Reunião de Prefeitos do Consórcio Paulo Afonso, 13.04.2020



Prefeitos de Jeremoabo, Santa Brígida, Glória, Rodelas Macururé, e mais o Secretário de Saúde de Paulo Afonso..



Cata-treco: serviço estará no bairro Mosqueiro nesta segunda-feira


(Foto: AAN)


A Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) dá continuidade às ações do programa “Cata Treco” e, nesta segunda-feira, 13, estará no Mosqueiro, com ponto inicial na UBS Santa Terezinha. O objetivo é recolher materiais que não têm mais serventia, ocupam espaço, acumulam sujeira nos quintais dos cidadãos, e que, muitas vezes, são descartados irregularmente nas ruas, avenidas e terrenos baldios da cidade.
Os moradores interessados em utilizar o serviço devem deixar seus objetos na porta das suas residências, a partir das 8h, quando as equipes da Empresa Municipal iniciam a coleta. Para que a comunidade acione esse serviço, basta ligar para o telefone (79) 3021-9914.
Confira a programação da semana:

13 de abril de 2020 (segunda-feira)
Bairro: Mosqueiro
Ponto Inicial: Unidade de Básica de Saúde Santa Terezinha
Horário: 8h às 12h e 13h às 17h
Percurso: Todas as ruas.
14 de abril de 2020 (terça-feira)
Bairro: Mosqueiro 
Ponto Inicial: Avenida João José de Santana c/ Rodovia dos Náufragos 
Horário: 8h às 12h e 13h às 17h
Percurso: Todas as ruas.
16 de abril de 2020 (quinta-feira)
Bairro: Santo Antônio
Ponto Inicial: Unidade Básica de Saúde Cândida Alves – Rua São João
Horário: 8h às 12h e 13h às 17h
Percurso: Todas as ruas.
17 de abril de 2020 (sexta-feira)
Bairro: Soledade
Ponto Inicial: Unidade Básica de Saúde Carlos Hardmam Côrtes – Avenida Carlos Marques, s/n
Horário: 8h às 12h e 13h às 17h
Percurso: Todas as ruas.

Fonte: Prefeitura de Aracaju  

TJ-BA exonera desembargadora Sandra Inês Rusciolelli de cargo de supervisora

por Cláudia Cardozo

TJ-BA exonera desembargadora Sandra Inês Rusciolelli de cargo de supervisora
Foto: Max Haack / Ag Haack / Bahia Notícias
A desembargadora Sandra Inês Rusciolelli foi exonerada do cargo de coordenadora do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) por ter sido afastada do Tribuna de Justiça da Bahia (TJ-BA), por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A exoneração do cargo de supervisora foi assinada pelo presidente do TJ, desembargador Lourival Trindade.  

A desembargadora foi presa na 5ª fase da Operação Faroeste por suspeita de venda de sentenças. Na denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF), a procuradora da República Lindora Maria Araújo pede a demissão da desembargadora pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, dentre outros, por vender sentenças para favorecer o grupo Bom Jesus Agropecuária, um dos produtores que disputam mais de 300 mil hectares de terras no oeste baiano com o borracheiro José Valter Dias.  

O Nupemec passará a ser supervisionado pelo desembargador João Augusto Pinto por designação de Lourival Trindade.
Bahia Notícias

Bahia tem 4,5 casos de coronavírus a cada 100 mil habitantes, diz Ministério da Saúde


por Ulisses Gama
Bahia tem 4,5 casos de coronavírus a cada 100 mil habitantes, diz Ministério da Saúde
Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias
A Bahia está entre os estados com menor incidência de casos do novo coronavírus. De acordo com dados do Ministério da Saúde atualizados às 18h do último domingo (12), o estado tem 4,5 infectados a cada 100 mil pessoas, sendo o 16º entre 27 estados.

"Graças ao esforço da população e das medidas dos governos estadual e municipais, com o apoio fundamental da imprensa, a Bahia vem se destacando no Brasil no combate ao #coronavirus . Estamos em 16o lugar no país no coeficiente de incidência de #COVID?19", escreveu o secretário Fábio Vilas-Boas ao divulgar os dados nesta segunda-feira (13).

Neste coeficiente, o Amazonas é o líder, com 29,1 casos a cada 100 mil pessoas. Na sequência, aparecem o Amapá e o Distrito Federal, com respectivos 27,2 e 20,4 casos.

De acordo com o último boletim da Secretaria de Saúde, a Bahia tem 674 casos confirmados da doença. Entre estes, 148 pessoas infectadas já estão curadas.

Foto: Reprodução / Twitter

Bahia Notícias

Governo federal deve R$ 700 milhões para obras de saúde em municípios, estima Eures


por Lucas Arraz
Governo federal deve R$ 700 milhões para obras de saúde em municípios, estima Eures
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias
Vice-presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Eures Ribeiro (PSD) estimou nesta segunda-feira (13) que o governo federal não repassou aproximadamente R$ 700 milhões prometido a prefeituras para obras municipais de saúde em 2020. 

Segundo o prefeito de Bom Jesus da Lapa, o valor está incluso em mais de R$ 1,74 bilhão empenhados em obras conveniadas com a União neste ano, que ainda não foram quitadas. 

A CNM dialoga com a presidência da República para que pelo menos o percentual relativo a obras na área de saúde seja pago. “São custeios para reformas e ampliações de hospitais”, disse Eures em entrevista ao programa Isso é Bahia de A Tarde FM (103.9) e Bahia Notícias, com Jefferson Beltrão e Fernando Duarte. 

Em meio a pandemia de coronavírus e as restrições para os comércios, os municípios também devem assistir a uma queda na arrecadação de até 40% por causa da quarentena. Para lidar com o problema, Eures aconselhou cortes. “Muitos cortes. O problema é que estamos em ano eleitoral. Imagina o que será para os prefeitos promover medidas que são vistas como antipáticas pela população. O desafio é trocar o pneu com o carro andando”, questionou. 

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