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segunda-feira, abril 29, 2019

Detração penal e semiaberto imediato para Lula

Stuckert
Por Tânia Oliveira e Carol Proner – Membras da Coordenação Executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
Após o julgamento do Recurso Especial nº 1765139, ajuizado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perante a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça – STJ, no último dia 23 de abril de 2019, que teve como resultado a redução do tempo da pena para 8 anos, 10 meses e 20 dias, o campo jurídico passou a debater a respeito do regime de cumprimento. Tanto a imprensa como pessoas da área do direito passaram a fazer cálculos de contagem do tempo para progressão do regime fechado para o semiaberto, contando a quantidade de meses para se chegar ao sexto da pena e aventando formas de remissão para uma saída abreviada. No contexto dado, uma palavra acendeu os debates: detração.
Pouco conhecida de quem não lida com processo de execução, a detração é o desconto do tempo de prisão provisória ou internação para fins de fixação do regime inicial de cumprimento de pena. Significa dizer que não estamos falando de progressão de regime, mas sim de qual é o regime inicial. Dito de forma simples, uma vez determinado o total da pena a ser cumprido, desconta-se o tempo de prisão provisória para se definir a situação do acusado.
Prevista originalmente no art. 66, III, "c", da Lei de Execuções Penais, a detração era utilizada pelo juiz da execução após o trânsito em julgado da sentença condenatória para a determinação do cumprimento do restante da pena. O tempo de prisão provisória era computado na pena final, nos termos do art. 42 do Código Penal. Estando presentes apenas nesses dois institutos, questionava-se a possibilidade de aplicação da detração durante o processo penal.
A Lei 12.736, de 30 de novembro de 2012, afastou a dúvida ao conferir nova redação ao art. 387 do Código de Processo Penal, incluindo novo parágrafo com o seguinte teor:
"Art. 387 (...)
"§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade."
A partir da nova lei, o juiz passou a considerar o tempo de prisão provisória (e administrativa e de internação) também para efeitos de fixação do regime inicial de cumprimento da pena. Passou-se a antecipar na sentença, e não apenas na execução penal, o momento da aplicação da detração. Desnecessário dizer que continua cabível a detração da pena também na execução penal.
Dessa forma, atualmente há dois momentos para que a detração penal seja apreciada: na execução penal e na sentença, sendo que, neste segundo caso, o regime inicial de cumprimento é decidido considerando o tempo em que o paciente esteve em prisão provisória quando estiver, por evidente, cumprindo pena pelo mesmo crime de que trata a nova condenação.
Como é sabido, a regra geral e preliminar do cumprimento da pena obedece a uma tabela simples: até 4 anos, regime aberto; de 4 a 8 anos, regime semiaberto; acima de 8 anos, regime fechado. Tendo a pena do ex- presidente sido fixada em 8 anos, 10 meses e 20 dias e tendo ele cumprido antecipadamente (ao trânsito em julgado) cerca de 13 meses, depreende-se que se trata, desde já, de situação de regime semiaberto, haja vista a norma de determinação do regime inicial.
Entendemos que a 5ª Turma do STJ, cuja jurisprudência é, aliás, pacífica a esse respeito, equivocou-se ao não ter fixado o novo regime de cumprimento nos votos consignados. Em não o fazendo, oportuniza à defesa pugnar para que o faça, sendo essa garantia um direito fundamental e irrenunciável do acusado.

Espanha tem ‘vitória socialista’ e ‘derrota histórica’ da direita, dizem os jornais


Na matriz USA, a entrevista de Lula na filial Brazil teve destaque
Nelson de SáFolha
Os madrilenhos El País e El Mundo e o catalão La Vanguardia manchetaram o triunfo do PSOE de Pedro Sánchez, à esquerda, e a “derrota histórica” ou “debacle” do PP, à direita. No título do editorial do El País, “Vitória socialista”. Ressaltaram que o primeiro-ministro precisa de “pactos para governar”, mas poderá “escolher seus sócios”, talvez até “sem os separatistas” da Catalunha. Com menos atenção, noticiaram o retorno da extrema direita no parlamento.
Fora da Espanha, as manchetes dos ingleses Financial Times e Guardian, do francês Le Monde, do alemão Süddeutsche Zeitung, do russo RBC e do argentino Clarín, entre muitos outros, foram na linha “Socialistas vencem”.
NOS STATES – Também nos EUA os enunciados apontaram vitória dos “socialistas”, expressão que Donald Trump vem tentando estigmatizar e que divide o próprio Partido Democrata — com crescente resistência do establishment aos presidenciáveis “socialistas”. New York Times, Wall Street Journal e Washington Post evitaram levar à manchete.
O WSJ, em análise, destacou que, “para retornar, a centro-esquerda europeia está se inclinando mais… para a esquerda”. E que o movimento “pagou dividendos na Espanha, onde os socialistas trucidaram os rivais conservadores”.
NÃO ASSUSTA… – Na chamada do Drudge Report para reportagem da agência Associated Press, “Alerta do Partido Republicano sobre socialismo não está ressoando com muitos eleitores”, tomando o Colorado como exemplo.
O Partido Democrata, que acaba de vencer as eleições locais, diz que “o número crescente de residentes jovens, urbanos e hispânicos está tornando o Estado firmemente mais liberal”.
LULA LÁ – No domingo de eleição na Espanha, o ex-presidente brasileiro dividiu a capa do El País (acima). A entrevista ocupou o alto da home page de jornais como Guardian e latino-americanos, mas NYT e WP se limitaram ao despacho da AP, com a declaração de que o Brasil é governado por “maluco”:
E o presidente chinês, Xi Jinping, encerrou a cúpula com quase 40 chefes de estado e de governo, em Pequim, com um “aviso ao mundo”, na manchete do South China Morning Post: “Não deixem que nos transformemos em Game of Thrones”. Mais precisamente:
“Todos devemos assegurar que o mundo em que vivemos não decaia para os sete reinos caóticos de Westeros.”
AMÉRICA LATINA – No site do CGTN, o canal chinês de notícias, o economista Alessandro Teixeira, ex-governo Lula e hoje professor da Universidade Tsinghua, em Pequim, escreve sob o título “América Latina é o próximo campo de batalha entre EUA e China?”.
Relata como a região “está sob pressão para reduzir seus laços com a China”, mas avalia que “é tarde para empurrar o país para fora do continente”. Diz que Washington “vai eventualmente perceber, mas até lá a tensão na região vai crescer”.
‘FIVE EYES’ – O londrino Telegraph noticiou a vitória inesperada da China, com a aceitação da gigante Huawei pelo Reino Unido para a implantação da rede 5G. É um dos ‘Cinco Olhos’, destacou com surpresa a mídia chinesa, referindo-se ao grupo dos aliados mais próximos dos EUA, de países de língua inglesa.
A Economist até elogiou, mas a pressão americana prossegue, via Times e o próprio Telegraph.

Ala “olavista” do Planalto tenta diminuir os poderes do ministro Santos Cruz


O ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Alberto dos Santos Cruz, que dá expediente no Planalto: interferência em propaganda do Banco do Brasil e instrução para análise prévia de estatais provocou saia-justa Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
O problema de Santos Cruz é que ele não gosta de fanatismos
Jussara SoaresO Globo
O episódio envolvendo a campanha publicitária do Banco do Brasil aumentou a pressão sobre o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo (Segov), alvo de críticas da ala ideológica do Palácio do Planalto. Na última sexta-feira, o ministro irritou o grupo ao dizer que a Secretaria de Comunicação (Secom), subordinada a ele, errou ao enviar e-mail determinando que as propagandas mercadológicas das estatais sejam aprovadas pelo governo, contrariando legislação vigente.
A nova disputa que se desenha no Planalto ocorre após Bolsonaro ordenar que um comercial do BB fosse retirado do ar. A propaganda, que explora o tema da diversidade, era estrelada por atores e atrizes brancos e negros, jovens tatuados usando anéis e cabelos compridos.
RESPEITO À FAMÍLIA – O presidente Bolsonaro afirmou, mesmo após Santos Cruz dizer que intervenções eram indevidas, que não quer “dinheiro público usado dessa maneira” e argumentou que “a massa quer respeito à família.”
Para auxiliares do presidente que disputam o poder de influência no governo com os militares, Santos Cruz se intromete em muitas áreas do Executivo e não se alinha às pautas mais conservadoras, bandeiras de campanha de Bolsonaro.
Embora a disputa entre essas duas alas seja equilibrada, também passou a pesar contra o ministro o fato de ser o mais alinhado ao vice-presidente Hamilton Mourão. Durante a crise envolvendo o vereador do Rio Carlos Bolsonaro e Mourão, na última semana, ele teria saído em defesa do vice e buscado conciliação.
PRESSÃO DO FILHO – O grupo, do qual o filho do presidente faz parte, já pede abertamente para que Bolsonaro diminua o poder de Santos Cruz, que já vinha sendo considerado tão influente quanto o ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Uma manobra proposta pela ala ligada ao ideólogo de direita Olavo de Carvalho defende a redistribuição de atribuições que atualmente estão na Secretaria de Governo, como o Programa de Parceria de Investimento (PPI) e a Secom, área de interesse particular de Carlos Bolsonaro.
Foi cogitado inclusive que a Comunicação, incluindo o relacionamento com a imprensa e o departamento responsável pelas propagandas institucionais, ficasse ligada diretamente à Presidência. Entretanto, assessores de Bolsonaro o alertaram que não era sensato ter uma execução orçamentária tão próxima dele.
Nova disputa – Não é a primeira vez que o destino da Secom é alvo de disputa no governo. Ainda na transição, a área foi transferida para Segov pela rixa entre Carlos e Gustavo Bebianno, indicado ministro da Secretaria-Geral da Presidência e então responsável pela Comunicação.
Atualmente, a Secom é comandada por Fábio Wajngarten, que substituiu Floriano Barbosa, há duas semanas. Os dois têm em comum o fato de serem próximos a Carlos. A nomeação de Wajngarten foi comemorada pelo grupo da ala ideológica como uma derrota de Santos Cruz, que gostaria de indicar um militar de confiança para a função.
A desconfiança em relação a Santos Cruz começou a ganhar força ainda no início do governo. Ele teria atuado pessoalmente para impedir que Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio e primo dos filhos do presidente, fosse nomeado no Planalto. Ele atuaria no governo como um homem de confiança de Carlos. Léo, por fim, foi contratado na semana passada para o gabinete do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo no Senado. O salário é de cerca de R$ 17,5 mil.
FANATISMO – Em entrevista ao Globo , Santos Cruz disse, na sexta-feira à noite, que a decisão da Secom de interferir na publicidade de estatais “não tem validade”, porque fere normas do próprio governo. O ministro revelou ainda ter cobrado informações do funcionário da Secom responsável pelo comunicado às estatais. O e-mail foi assinado pelo publicitário Glen Valente, que assumiu nesta semana o cargo de secretário de Publicidade e Promoção da Secom, e é uma indicação de Wajngarten.
No último sábado, ao ser questionado como vai controlar esse tipo de conteúdo das propagandas, Bolsonaro disse que seus ministros devem seguir “a regra do jogo”. Mais tarde, no entanto, ele negou que estivesse falando de Santos Cruz, a quem chamou de irmão. “Não tem nada a ver. Tem um novo chefe da Secom (Fábio Wajngarten), tem uma semana, estamos ajustando ainda” — justificou.
Na entrevista ao Globo, semana passada, Santos Cruz afirmou desconhecer que era alvo de críticas de integrantes da ala ideológica, mas disse que o fanatismo pode atrapalhar o governo ao tentar influir de maneira radical. “Acho que o fanatismo atrapalha. Seja de direita ou de esquerda, acaba atrapalhando” — disse Santos Cruz.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Os “olavetes” não têm jeito, mesmo. Enquanto não destruírem o governo, eles não sossegam. Chamá-los de “ala ideológica” significa esculhambar as ideologias. (C.N.)

Nunca é demais lembrar o pensamento de um gênio como Oscar Niemeyer

Agenda internacional mostra que Eduardo Bolsonaro atua como chanceler paralelo


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Eduardo está acompanhando o pai em todas as viagens ao exterior
Felipe FrazãoEstadão
Articulador de viagens presidenciais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) virou uma espécie de chanceler paralelo. O filho “zero três” do presidente Jair Bolsonaro faz visitas precursoras a países alinhados e divide informalmente com o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a guinada da política externa para o eixo de nações governadas pela direita. Nas últimas semanas, ele visitou expoentes do conservadorismo europeu, como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e o vice-primeiro ministro da Itália, Matteo Salvini.
Depois de um primeiro mandato na Câmara marcado pela defesa da liberação de armas e declarações consideradas polêmicas sobre o Judiciário e o Ministério Público, Eduardo diversificou sua atuação. Hoje, tem uma rotina intensa de encontros com embaixadores estrangeiros no Brasil, mas garante que o jogo é combinado com Araújo, embora cada um defina livremente sua agenda.
PARCERIA – “É um papel complementar. Quem toma a decisão é ele”, disse o deputado ao Estado. “Eu sou próximo do embaixador. Se tem alguma coisa referente ao Executivo, passo para ele”, emendou.
Eduardo ainda conta com um aliado que despacha próximo ao presidente Bolsonaro, no Palácio do Planalto. O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, compõe com o deputado e o chanceler um triunvirato da diplomacia que segue o pensamento do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo.
A função do deputado, porém, não se limita a de um representante do pai no exterior. Ele preside as comissões de Relações Exteriores e também a de Controle das Atividades de Inteligência no Congresso. Esta última fiscaliza as atividades de inteligência e contrainteligência desenvolvidas no Brasil e no exterior. É a única comissão do Legislativo a ter reuniões secretas, por abordar questões que podem colocar em risco a soberania nacional.
INTERLOCUÇÃO – Convites de governos estrangeiros não param de chegar ao gabinete da Comissão de Relações Exteriores. Lá, simpatizantes bolsonaristas dividem espaço com diplomatas em busca de interlocução com o Planalto, por meio de Eduardo.
Diante de incertezas sobre os ganhos comerciais com países como Hungria, cuja balança comercial é negativa para o Brasil, Eduardo atende parceiros tradicionais. Nos próximos dias, por exemplo, receberá embaixadores de países árabes preocupados com a aproximação de Bolsonaro com Israel. Na semana passada, ele se reuniu com os embaixadores da Argentina, do Peru e da China.
SEM IDEOLOGIA? – No encontro com o chinês Yang Wamming, o deputado amenizou o discurso ideológica que tem dado o tom do governo. “Citei a máxima do imperador Vespasiano: ‘O dinheiro não tem cheiro’. Deixamos claro que questões ideológicas ficam à parte. Falei para eles que, se porventura houver alguma notícia veiculada dando como entendido que Jair Bolsonaro tem restrição à China, não seria verdadeiro”, disse. “O tratamento que vamos dar para a China é o mesmo dado a outros países.”
As palavras destoam do tom expressado por ele ao excursionar na Europa, onde apregoou uma “luta contra o socialismo”. O deputado diz ter preocupação em mostrar uma boa imagem do País e do governo do pai. “Fora do Brasil, a gente é brasileiro. Qualquer lugar que você vai, mijou, respingou na privada, limpa. É a imagem do Brasil que está lá fora.”
POLÍTICA EXTERNA – Eduardo admite que ganhou destaque na política externa, assunto que não dominava, por ser filho de Bolsonaro. “Como filho do presidente, o holofote fica em cima. Para o bem e para o mal.”
O “zero três” de Bolsonaro não vê problemas em interceder para destravar negócios no Executivo, quando solicitado por estrangeiros.
“Às vezes, tem um problema bem específico, é uma portaria que está atrapalhando a importação da rebimboca da parafuseta. ‘Pô, Eduardo, tem como dar um toque em alguém no Ministério da Economia?’ Se eu tiver algum contato lá dentro, posso falar com a pessoa, passo a portaria.”
NOS STATES – O próximo destino deve ser os EUA, onde o pai recebe homenagem em maio. Confirmada, a viagem será a segunda de Bolsonaro ao país que virou o foco da política externa bolsonarista. Donald Trump já classificou o trabalho de Eduardo como “fantástico”.
O momento político do deputado contrasta com a situação vivida por dois irmãos. O senador Flávio Bolsonaro (PSL) submergiu ao virar alvo de investigação sobre movimentações financeiras atípicas de um ex-assessor na Assembleia Legislativa do Rio. Já o vereador no Rio Carlos Bolsonaro (PSC) trava uma guerra com o núcleo militar do Planalto.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– É óbvio que o deputado Eduardo Bolsonaro é o verdadeiro ministro, enquanto o suposto chanceler Ernesto Araújo fica cuidando da burocracia no Itamaraty. E o deputado, ao confessar que não sabia nada de política externa, na verdade continua sem saber. Apenas pensa (?) que sabe. (C.N.)

Enquanto a ponte não chega, o ferryboat agoniza esperando o socorro que não vem

A população cresce, e o sistema diminui

Levi Vasconcelos


Foto: Reprodução/TV Bahia
Foto: Reprodução/TV Bahia

A melancólica partida dos ferries Ipuaçu e Monte Serrat ontem rumo ao ferro velho (o mesmo destino que o colega Gal Costa já tomou), suscita uma pergunta: até a ponte Salvador-Itaparica acontecer (um mínimo previsto de quatro anos), como fica o ferryboat?
Além dos três acima citados, o Agenor Gordilho, hoje ancorado em Bom Despacho, está prestes a ser naufragado para virar atração turística de mergulhador. Ao lado dele, está o Juracy Magalhães, com o casco arrombado, também a caminho do ferro velho. Ironicamente, os dois são os pioneiros de quando o sistema começou a operar, em 1972.
O Ferry, hoje sob concessão da Internacional Marítima, conta com sete embarcações, sendo que duas sempre têm que parar para a docagem bi-anual, como agora. Ou seja, a população cresce e ele diminui.
Fala Marcus
Com a ressalva de que quatro (Ana Nery, Ivete Sangalo, Zumbi dos Palmares e Doryval Caymmi) foram comprados no segundo governo de Jaques Wagner, na única aquisição de barcos novos feita ao longo da história, ou o sistema recebe socorro ou pifa.
Com a palavra, Marcus Cavalcanti, secretário de Infraestrutura do Estado:
— Estamos avaliando. Comprar outro barco para operar apenas quatro anos é meio exótico. Podemos alugar um ou que alguém fabrique para nos alugar e depois fique.
Em suma, a pergunta fica esperando a resposta.
Levi Vasconcelos
Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

Política: oposição versus situação


Quando falamos, estudamos ou analisamos a política de qualquer país, sempre nos deparamos com as expressões “oposição” e “situação” para caracterizar aqueles políticos que são a favor ou contra o governo. Apesar de muito comuns, poucas pessoas conhecem a importância dessas duas palavras. Posicionar-se é uma ação política.
A principio, faz-se necessário saber que em regime de partido único, não existe oposição externa. Entretanto, este não é o caso do Brasil, que vive um regime multipartidário: com partidos da situação, da oposição e neutros. Não quero aqui criticar a existência de partidos de oposição, ao contrário. Toda oposição, quando bem executada, é benéfica e faz parte do processo democrático. Equivocam-se os analistas que pensam de maneira diferente.
A oposição política realmente é algo central não apenas para o funcionamento dos regimes democráticos, do ponto de vista das cobranças as ações governamentais, mas como também para a própria caracterização do que é um sistema democrático. Não podemos compreender oposição e situação como aquele que está certo e aquele que está errado. Não funciona assim.
Na maioria das vezes o que vemos é a falta de diálogo entre partidos e políticos de oposição e situação. E quando isso acontece, as discussões e vetos de projetos que trariam benefícios para o povo são simplesmente deixados de lado por disputas políticas, colocando em risco o andamento da governança. Deixando que as decisões sobre o andamento do país sejam tomadas por aquela bancada que tem a maioria na Casa Legislativa.
E qual o papel da oposição? Oposição é aquela que delineia, acompanha e cobra a forma de atuação do governo, sem criar bloqueios desnecessários e prejudiciais à governança.Infelizmente, o mal de alguns políticos brasileiros é a preocupação em combater o lado oposto pensando nos partidos e coligações, esquecendo que sua missão na vida pública é representar o povo, apoiando, debatendo, sugerindo e acompanhando estratégias para o bem estar da sociedade.
É bem verdade que os cidadãos estão fartos da ineficiência política e a maior prova disto está nos protestos que se sucedem pelo País. Já dizia o alemão Bertold Brecht: “O pior analfabeto é o analfabeto político, ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo da vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas”.
É preciso que cada um de nós deixe de ser analfabeto político para aprender que temos direitos e deveres. A verdadeira democracia, que governa em prol do povo, é caracterizada pela união de forças de todos. O importante é que oposição e situação caminhem com um único propósito: o de melhorar o país como um todo, representando a população e fazendo valer cada um dos nossos direitos.

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