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quarta-feira, março 02, 2011

Justiça melhorou nos últimos cinco anos, diz pesquisa

O Judiciário melhorou nos últimos cinco anos, de acordo com metade das 1.570 pessoas entrevistadas em sete estados para uma pesquisa da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Somente 13% acreditam no contrário. E para 43%, a instituição vai melhorar um pouco ou muito mais nos próximos cinco anos. Apenas 19% afirmam que o Poder Judiciário ficará na mesma situação. Os dados são do Índice de Confiança da Justiça - ICJBrasil, da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas.

A pesquisa ouviu 1.570 pessoas, entre outubro e dezembro de 2010, em sete estados. No Distrito Federal, 58% disseram já ter ajuizado uma ação na Justiça, seguido pelo Rio Grande do Sul (55%) e pelo Rio de Janeiro (54%). Pernambuco (34%), Bahia (40%) e Minas Gerais (40%) são os estados em que o Judiciário é menos acionado, de acordo com os dados.

A pesquisa, apesar de apontar que os entrevistados acreditam que a Justiça melhorou e vai melhorar, mostra que para 64% das pessoas, ela é pouco ou nada honesta. E para 59%, o Judiciário recebe influência da política ou dos outros poderes do Estado. Quanto aos estados, a Justiça do Rio Grande do Sul é a mais confiável, seguida pela mineira e a fluminense. O Judiciário de Pernambuco é o menos confiável.

Apesar de no último trimestre do ano passado 46% dos entrevistados terem declarado que já ajuizaram alguma ação na Justiça, para 53%, o Judiciário não tem competência ou é pouco competente para resolver conflitos. Para 78%, o custo disso é muito ou pouco caro. E para 90%, a Justiça resolve os casos de forma lenta ou muito lenta. Tantas reclamações não têm sido motivo para os cidadãos tentarem meios alternativos como a conciliação e a mediação, já que somente 30% dos entrevistados as usariam. Dos 46% que já entraram com uma ação, 74% contrataram um advogado particular e 26% foram representados pela Defensoria Pública.

Segundo a coordenadora do ICJBrasil, Luciana Gross Cunha, “é possível observar uma clara relação da utilização do Judiciário com a escolaridade, a renda e o local de residência da população. Assim, quanto maior a escolaridade de renda, maior a utilização do Judiciário. Da mesma forma, moradores dos grandes centros urbanos também utilizam mais o Judiciário se comparados aos moradores de cidades do interior”.

Sobre a idade, os entrevistados com mais de 60 anos são os que mais confiam na Justiça (4,4 pontos), enquanto que aqueles com idade entre 35 e 59 anos apresentaram o menor índice de confiança, 4,1 pontos. Os mais jovens, entre 18 e 34 anos ficaram no meio, com 4,3 pontos. Com informações da Assessoria de Imprensa da Fundação Getulio Vargas.


Compensação de débito em precatório é absurda

A Fazenda Nacional passou a se opor à expedição de precatório/RPV (Requisição de Pequenos Valores) invocando o parágrafo 9º do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009, o qual determina a compensação entre os créditos a serem levantados por precatórios com os débitos inscritos ou não em dívida ativa que o titular dos precatórios tenha perante a Fazenda Pública.

O referido parágrafo 9º incluído pela Emenda 62/2009 possui a seguinte redação:

§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.

No entanto, não existe uma razão plausível para que o direito ao legítimo crédito do titular do precatório não seja liberado, pois a Emenda Constitucional 62/2009, ao introduzir o parágrafo 9º do artigo 100 da Constituição Federal, afronta cláusulas pétreas da Constituição, as quais são dispositivos que representam a essência de nossa Constituição, considerados como direitos e garantias indisponíveis, que não podem ser alterados, sob pena de ruptura da ordem Constitucional vigente.

Nossa Constituição Federal é rígida, ou seja, somente pode ser alterada pelo Poder Constituinte Derivado, qual seja, aquele que modifica a Constituição já criada por meio de Emendas Constitucionais que visam mantê-la sempre vigente e em perfeita sintonia com as mudanças ocorridas pelo decurso do tempo no mundo fenomênico.

Todavia, o Poder Constituinte Derivado, seja acrescentando ou suprimindo dispositivos, é limitado pelo Poder Constituinte Originário de duas formas, quais sejam, a primeira tornando o processo legislativo necessário para elaboração de Emenda Constitucional mais complexo que o processo legislativo ordinário, e a segunda, por meio das cláusulas pétreas que são dispositivos que não podem ser suprimidos. É o caso, por exemplo, da criação de nova hipótese de pena de morte, uma limitação imposta ao Poder Constituinte Derivado pelo Poder Constituinte Originário.

No presente caso, a citada Emenda Constitucional afronta diversos princípios constitucionais, quais sejam, princípio da segurança jurídica (coisa julgada); princípio da separação dos poderes; princípio do devido processo legal, princípio da paridade das partes, da liberdade, da propriedade, dentre outros.

A Fazenda Nacional, ao se utilizar da Emenda Constitucional 62/09, ofende a coisa julgada e desrespeita a separação dos poderes, pois tenta restringir a expedição de precatório de valor já devidamente definido pelo magistrado competente em decisão proferida anteriormente à publicação da supracitada Emenda e mais, desrespeita a separação dos poderes, pois o legislativo por meio da norma citada restringe a r. decisão proferida pelo judiciário.

Ademais, se a Fazenda Nacional pode compensar de maneira unilateral e sem qualquer procedimento judicial para cobrar ou apurar efetivamente o seu crédito, o contribuinte também deveria ter o mesmo direito em respeito ao princípio da paridade das partes.

Ocorre ainda ofensa ao princípio do não-confisco, conforme disposto no inciso IV do artigo 150 da Constituição Federal e, ainda, ofensa indireta aos princípios da liberdade e da propriedade previstos nos artigos 5º, caput e 5º, inciso XXII, da Constituição Federal.

No entanto, o pior é a ofensa ao princípio do devido processo legal, previsto no artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, onde estão previstos os princípios do contraditório e da ampla defesa, ambos previstos no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, uma vez que pela sistemática prevista na Emenda Constitucional o Fisco consegue cobrar suas dívidas sem se utilizar das vias judiciais próprias e sem que exista o direito do contribuinte discuti-las.

Já está ocorrendo a prática da Fazenda Pública utilizar-se do previsto no parágrafo 9º do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional 62/2009, impedindo que o contribuinte levante os valores a que faz jus relativos à expedição de precatórios, e muitos dos créditos tributários foram irregularmente constituídos ou ainda são objeto de discussão e mais, estão com a sua exigibilidade suspensa por parcelamentos, o que acarreta flagrante desrespeito ao devido processo legal e por via indireta, desrespeito ao supraprincípio da dignidade da pessoa humana, pois retira do cidadão/contribuinte toda a possibilidade de apresentar defesa.

A Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages) ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.372 visando a declaração de inconstitucionalidade da Emenda Constitucional 62/2009, principalmente com relação à introdução dos parágrafos 9º e 10º do artigo 100 da Constituição Federal:

4.4 – VIOLAÇÃO A CLÁUSULA PÉTREA – ART. 5º, CAPUT, PRINCÍPIO DA LIBERDADE E ART. 5º, II, DIREITO DE PROPRIEDADE

Os parágrafos 9º e 10º do art. 100 da Constituição da República inseridos pela Emenda Constitucional nº 62/09, tratam da compensação obrigatória entre os créditos a serem recebidos em virtude de precatórios com os débitos para com a Fazenda Pública. Dispõe as referidas normas:

Art. 100 (...)

§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.

§ 10º Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Os parágrafos acima mencionados prevêem a obrigatoriedade de compensação entre o montante do precatório a ser recebido com débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora.

Percebe-se, pela leitura do dispositivo, que essa obrigatoriedade de compensação não leva em consideração a vontade do titular do crédito, em desrespeito ao princípio da autonomia da vontade. Institui-se, a bem da verdade, meio coercitivo para o pagamento de débitos tributários sem permitir que o cidadão possa manifestar seu interesse na compensação.

Cria-se, dessa forma, modalidade abertamente confiscatória, em afronta aos princípios da liberdade (art. 5º, caput, da Constituição Federal) e da propriedade (art. 5º, XXII, da Constituição Federal).

Não se pode esquecer que o crédito tributário cobrado pela Fazenda Pública pode estar prescrito ou pode ter sido irregularmente constituído, o que, dada a obrigatoriedade da imposição da compensação e tendo em vista a ausência de manifestação do titular do crédito contra o Estado, fará com que se instaurem incidentes processuais para obstar o interesse compensatório da administração.

É de se observar também que a aplicação cogente da compensação do crédito tributário com o valor dos precatórios retira do administrado a possibilidade de se defender em processo administrativo de constituição do crédito tributário ou em eventual processo de execução, o que ofende aos princípios da ampla defesa e do contraditório (art. 5º LV e LIV da CR/88).

Diante de todos os argumentos supracitados, principalmente em razão da ofensa a diversos princípios constitucionais, os precatórios devem continuar sendo expedidos sem que o judiciário os submeta à compensação prevista no parágrafo 9º do artigo 100 da Constituição Federal, introduzida pela Emenda Constitucional nº 62/2009.


Fernando Giacon Ciscato é advogado, sócio do Ronaldo Martins & Advogados, especialista em Direito Tributário e em Direito Constitucional, e mestre em Direitos Difusos e Coletivos.

terça-feira, março 01, 2011

Golpe da lista telefônica assusta brasileiros em vários estados



Vítima no Rio chegou a pagar mais de R$ 10 mil para quadrilha.
TeleListas identificou 30 empresas suspeitas de aplicar a fraude no país.


"Célebre" há alguns anos, o golpe da lista telefônica perdeu um pouco da "mídia" que tinha, mas continua a fazer vítimas no país. O G1 reuniu casos de vítimas do golpe no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Paraná, onde, inclusive, haverá na próxima sexta-feira (25) uma audiência na sede do Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon) para decidir sobre o caso de Elaine Costa, que recorreu após receber em sua conta telefônica a cobrança de 12 parcelas de R$ 290 pelo serviço de divulgação de sua empresa na lista telefônica que não havia solicitado.

Elaine conta que uma funcionária de sua empresa recebeu uma ligação em outubro de 2010 supostamente da NetLista oferecendo gratuitamente a divulgação no site da empresa. Os golpistas argumentaram que por se tratar de um serviço sem custo, a funcionária poderia autorizar.

Foi mandado via fax um suposto contrato que “não mencionava nenhum valor a pagar”, diz a empresária. Os golpistas disseram para a funcionária carimbar o documento com a assinatura da empresa e dar um visto. Em janeiro deste ano veio na conta de telefone a primeira dentre 12 parcelas de R$ 290 pelo serviço da NetLista.

Elaine recorreu ao Procon. “Eu não devo nada, porque não assinei”, relatou. Dias depois, a empresa enviou por email um contrato com o valor a ser pago. “Um contrato diferente do que mandaram via fax e que constava novos valores", denuncia.

Só no Paraná, o Procon recebeu mais de 300 denúncias de fraudes relacionadas a lista telefônica no ano passado.

No Rio, gerente de loja paga R$ 10 mil a quadrilha

No Rio de Janeiro, a gerente de uma loja está há mais de dois meses em pânico. Segundo a advogada Maria Carmem Mello, que cuida do caso, a vítima já depositou R$ 10.375 para a quadrilha com medo de contar à empresa que trabalha que foi vítima da fraude e perder o emprego. Ele também atendeu a um telefonema supostamente da TeleListas pedindo confirmação de dados para divulgação gratuita de um anúncio da empresa.

“Ela estava pagando tudo do bolso dela, 13º salário, férias, gratificação, tudo com medo de envolverem o nome da empresa na Justiça. Fizeram um terror psicológico, ela não come, não dorme, está trêmula”, afirmou a advogada.

Maria Carmem diz que o fato da cliente ter assinado um documento sem ler permite que os suspeitos - de posse da assinatura e do CPF da vítima em nome da empresa onde trabalha - entrem na Justiça contra a loja. Não há como provar que eles se identificaram, na primeira ligação, como funcionários da TeleListas.

Atualização cadastral é armadilha

O empresário de telecomunicações Júlio Bernadinetti Júnior caiu em um golpe semelhante. A Ativa Publicações Ltda entrou em contato com sua empresa, em Curitiba, solicitando uma atualização cadastral e uma funcionária passou os dados solicitados. Dois meses depois, chegou um boleto para pagamento do serviço. “Do jeito que fizeram comigo, devem fazer com 10 a 20 pessoas por dia”, acusa Júlio.

Júlio diz ter sido ameaçado ao entrar em contato com a Ativa para reclamar que não havia solicitado o serviço. “Eles falaram que iam protestar na Justiça”, relatou. A fraude para ele está no suposto formulário que seria para confirmar dados. “O que dá para entender é que a atualização é um contrato”, disse.

Outra vítima do mesmo golpe é o analista de sistemas Jonas Ernesto Poli, de 31 anos, de Araraquara, no interior de São Paulo. Ele também recebeu uma ligação para confirmar informações pedidas por outra empresa, a BrasilListas. “Eu confirmei os dados. Depois, ofereceram um anúncio na lista telefônica, num total de R$ 180 já com todas as parcelas. Eu fiquei interessado, mas não aceitei”, relatou.

Dois dias depois, os golpistas voltaram a ligar. Desta vez, Poli aceitou o anúncio. “Eles eram bem convincentes. Aí, me mandaram um fax para assinar e colocar carimbo da minha empresa e devolver”, explica.

“Meses depois, apareceu na minha conta de telefone um valor de R$ 180. Eu não entendi. Achei que tivesse vindo errado e que já tivesse descontado o valor total (do anúncio)”, afirma. Após receber diversas as cobranças, Poli ligou para a anunciante. “Disseram que eu tinha aceito um contrato de 12 parcelas de R$ 180, o que daria quase R$ 2 mil pelo anúncio”, afirma.

Poli pediu à empresa de telefonia fixa o cancelamento da fatura, mas afirmaram que a cobrança era de terceiros. Ele reclamou também na internet, em um site de serviços. "Eles queriam que eu retirasse a reclamação, pois entenderam como ameaça, mas eu não retirei”.

Meses depois, um advogado da empresa procurou Poli, dizendo que ele seria ressarcido. O empresário levou quatro meses até conseguir cancelar o contrato totalmente.

Renovação de assinatura

Na Associação dos Amigos da Criança com Câncer de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, os estelionatários ofereceram espaço na lista telefônica em troca da renovação da assinatura. “Eu disse ‘se você quiser colocar nossa instituição no seu produto pode colocar desde que seja cortesia, pois somos uma casa de apoio a crianças com câncer e não temos condições de pagar nada”, diz o consultor financeiro da entidade, Manuel Soares Acuña. ,

Um mês depois chegou um boleto de cobrança de R$ 200. “Quando chegou o boleto eu rasguei, pois sabia que aquilo não tinha fundamento, não tinha nota nem contrato de prestação de serviço. Tem gente que pensa ‘vou pagar logo para me livrar do problema’, tem gente que tem medo de processo e por isso acaba sendo vítima”, afirma.

Ao menos 30 empresas identificadas

Com base em material recebido de clientes dizendo que foram abordados por empresas de listas telefônicas que tentaram enganá-los, a TeleListas identificou pelo menos 30 empresas com práticas suspeitas no país. Algumas das fraudadoras possuem o mesmo CNPJ da TeleListas, mas se apresentam com nomes e endereços diferentes. A maioria delas é de Campinas, em São Paulo, segundo a assessoria de imprensa da TeleListas.

O maior número de casos do golpe, segundo ranking de reclamações do Ministério da Justiça, concentra-se nas regiões Sudeste e Norte do país. A TeleListas recebe, em média, 20 notificações mensais de fraudes aplicados com o nome da empresa.

A delegada Catarina Decena, da delegacia que investiga fraudes e estelionatos do Departamento de Investigações contra o Crime Organizado (Deic), de São Paulo, diz que “as pessoas devem checar a procedência do serviço solicitado antes de assinar qualquer contrato”. "Os anunciantes sempre devem verificar se a empresa existe mesmo, entrar em contato novamente, confirmar os dados e os valores e a veracidade das informações”, diz.

“Empresas idôneas oferecem serviços se identificando, e não pedem dados bancários dos clientes. Também é possível procurar o Procon e a polícia para saber se não existem reclamações anteriores”, afirma a delegada.

Veja três modalidades de fraudes

1. As empresas procura os anunciantes da TeleLista se fazendo passar por um representante da empresa. Eles enviam por fax cópias dos anúncios de edições passadas de nossas listas e oferecem a renovação. Assinando ou não algum tipo de contrato, quatro ou cinco dias depois esses comerciantes recebem uma série de boletos de cobrança da empresa golpista. Eles são então pressionados a efetuarem os pagamentos, sob a ameaça de serem protestados junto às instituições de proteção ao crédito.
2. Algumas dessas empresas possuem fichas financeiras de clientes inadimplentes da TeleListas. Elas ligam para os clientes com o pretexto de renegociar as dívidas.
3. Outras empresas vendem para comerciantes anúncios que só serão publicados em "listas telefônicas nacionais" ou sites na internet, através de ligações ou por email.

Outras empresas citadas

A Brasillistas informou que seu contrato estabelece de maneira clara que seriam cobrados valores mensais em contraprestação ao serviço de publicidade e que cancelou o contrato da cliente assim que solicitado. A empresa diz que tem tido o seu nome usado inadequadamente por golpistas.

Procurada pela reportagem do G1 no Paraná, a Editora Veneza, que publica a NetLista, informou que oferece seus serviços a possíveis anunciantes e que, através de contrato formal, repassa os valores a serem pagos. A advogada da empresa, Erica de Souza Moraes, disse que a NetLista já foi vítima do "golpe do cartório", em que clientes foram procurados por falsistas que se passavam por agentes que reclamavam o pagamento de débitos e que a polícia foi avisada.

Já a Ativa Publicações Virtuais diz não ter conhecimento de eventuais reclamações. Seus contratos são feitos, diz, após contato telefônicos com os interessados.

A Associação Brasileira de Listas Telefôncias recomenda que anuciantes não confirmem dados por telefone ou paguem pelo que não foi contratado.

Bibiana Dionísio, Carolina Lauriano e Roberta Steganha Do G1 em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo

Matéria completa no G1

Uma janela se abre para a infidelidade partidária

Uma janela se abre para a infidelidade partidária

Proposta que concede 30 dias para a troca de legenda, a contar do término do prazo de filiação partidária, aguarda votação no plenário da Câmara entra na pauta da comissão especial da reforma política

Mário Coelho

O Congresso discute a possibilidade de abrir uma janela para os candidatos trocarem de partido às vésperas das eleições. Uma proposta pronta para votação na Câmara permite que os políticos mudem de legenda nos 30 dias que antecedem o prazo final para filiação partidária para quem pretende disputar as eleições seguintes. Quem se candidata hoje precisa comprovar que está pelo menos há um ano em determinado partido político. O assunto também deve ser tratado pela comissão especial instalada semana passada no Senado para elaborar uma proposta de reforma política.

Na prática, a mudança estabelece uma quinta condição para que o político que trocou de legenda não perca o mandato, conforme estabeleceu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A resolução permite a mudança em quatro situações: incorporação ou fusão de siglas, criação de nova agremiação, mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário e grave discriminação pessoal. A norma também diz quem pode acionar o infiel na Justiça.

Em 2009, 31 deputados utilizaram a legislação que trata do prazo de filiação partidária como brecha para migrarem de sigla. O tema volta e meia entra nas discussões sobre reforma política e eleitoral. Porém, quase quatro anos depois da resolução passar a valer, os congressistas nada fizeram para corrigir o que eles consideram como uma “invasão” do Judiciário no Legislativo. “O tema deve entrar na reforma. Algumas pessoas, em especial aquelas que estão na oposição e querem ir para a situação, devem levantar a bandeira da janela”, disse o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB).

Para o professor da UnB, a criação dessa “janela” para a infidelidade deve encontrar resistência em setores da sociedade. O cientista político acredita que a discussão pode gerar desgaste político para os deputados que defenderem um período para trocar de partido. A OAB, por exemplo, já tem posição fechada. De acordo com o secretário-geral da Ordem, a entidade deliberou que a fidelidade partidária deve seguir os moldes estabelecidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), previstos na resolução do TSE. “Essa história de janela é uma tentativa de flexibilizar o que está valendo”, disse Marcus Vinícius Furtado Coelho.

Apesar de frisar que é preciso manter o mandato vinculado ao partido e ao eleitor, a presidenta do Instituto de Direito Eleitoral do Distrito Federal defendeu uma janela para troca de partido. “Seria razoável estabelecer um período que ele pudesse trocar de partido. Não existe um vínculo eterno”, explicou. Segundo Maria Cláudia, não é possível ‘tolir o político’ de disputar uma eleição por outro partido se mudanças programáticas acontecem.

Em 27 de março de 2007, os ministros do TSE decidiram, após análise de uma consulta apresentada pelo PFL (hoje DEM), que o mandato pertence ao partido, e não aos eleitos. Apesar da decisão da corte eleitoral, com a publicação de resolução em maio do mesmo ano, o Supremo foi obrigado a dar a última palavra na questão. Em 12 de novembro de 2008, a mais alta corte do país confirmou a constitucionalidade da resolução publicada no ano anterior.

Leia ainda:

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Fonte: Congressoemfoco

Nos jornais: Habitação popular perde quase metade das verbas

O Globo

Habitação popular perde quase metade das verbas

O corte de R$50,087 bilhões nas despesas do Orçamento vai atingir investimentos, a área social e o programa Minha Casa, Minha Vida, uma das estrelas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O orçamento do Minha Casa, Minha Vida cai de R$12,7 bilhões para R$7,6 bilhões, um corte de R$5,1 bilhões, que equivale à contratação de 200 mil unidades em 2011. Com isso, a meta de 500 mil unidades cai para 300 mil.

A justificativa do governo para os cortes no orçamento do programa Minha Casa, Minha Vida é que a segunda fase do programa, incluída em uma medida provisória, ainda não foi aprovada pelo Congresso e a previsão é que isso aconteça só em abril. Assim, a execução das despesas programadas para o ano foi reestimada.

Hoje licença de Belo Monte não sairia

BRASÍLIA. Corregedor do Ibama com larga experiência em direito ambiental, o advogado gaúcho Curt Trennepohl assumiu o comando do Ibama afirmando que hoje não daria a licença de instalação (LI) da bilionária hidrelétrica de Belo Monte no Pará, que permitirá o início das obras. Isso porque, em sua avaliação, as condicionantes ainda não foram cumpridas pelo consórcio Norte Energia.

- As condicionantes não foram cumpridas ainda. A questão indígena não está totalmente resolvida - disse Trennepohl, que acompanha o processo desde o início, como subprocurador.

O novo presidente do Ibama defende uma mudança na legislação ambiental, para agilizar os procedimentos e diminuir questionamentos judiciais e acusações de decisões políticas do órgão. Considera necessário ainda elevar a fiscalização das encostas na Região Serrana do Rio, apertar o combate a desmatamentos na Amazônia e construir um texto alternativo à proposta de Código Florestal que tramita na Câmara.

Investimento depende de menos impostos

Levantamento feito pelo BNDES nos setores industrial, de infraestrutura e construção civil identificou investimentos de R$1,6 trilhão a serem realizados até 2014, um aumento de 62,5% sobre as inversões feitas nos mesmos setores entre 2006 e 2009.

Como a pesquisa não abrange 100% das atividades, o banco estima uma cifra ainda mais elevada. A totalidade dos projetos chegaria a R$3,3 trilhões, com a elevação, afinal, da anêmica taxa de investimento brasileira dos atuais 19% do PIB - insuficiente para garantir um crescimento sustentado na faixa de 5% ao ano - para 22,4%, daqui a quatro anos. Se o objetivo for alcançado, torna-se factível o sonhado crescimento constante a uma velocidade de cruzeiro razoável, sem pressões inflacionárias e nas contas externas.

Aceno antes da reunião do Copom

BRASÍLIA. Numa tentativa de mostrar ao mercado que o corte de R$50 bilhões no orçamento é para valer, o governo decidiu detalhar a medida ontem, dois dias antes de o Banco Central (BC) decidir o destino das taxas de juros. Os analistas consideram que, quanto menos os gastos impactarem a demanda na economia, mais fácil ficará o trabalho do BC no controle da inflação.

No entanto, interlocutores que atuam na área de orçamento do Congresso ressaltaram que a capacidade da equipe econômica de colocar todo o corte em prática é pequena. Uma das maiores fragilidades está nas despesas obrigatórias, como abono, seguro-desemprego e subsídios. Segundo um aliado, a expectativa de reduzir quase R$12 bilhões nessas áreas é mais um "desejo" que uma realidade.

Cortes atendem ao mercado, mais do que reduzem despesas públicas

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Mais uma resposta à pressão do mercado para assegurar o superávit primário do que uma redução efetiva de despesas. Essa é a avaliação de analistas em finanças públicas sobre o detalhamento do corte de R$50 bilhões do orçamento de 2011 anunciado ontem pelo governo Dilma Rousseff.

Para o estrategista de investimentos para a América Latina do Banco WestLB do Brasil, Roberto Padovani, o corte não representará uma diminuição nominal dos gastos, mas um arrefecimento no ritmo de seu crescimento. Apesar da ponderação, ele considerou positiva a iniciativa.

Declarações de Sader irritam Ana de Hollanda

BRASÍLIA.A ministra Ana de Hollanda reagiu com irritação às críticas do sociólogo Emir Sader, indicado para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa. Numa reunião com auxiliares ontem, a ministra examinou a possibilidade de cobrar explicações, exigir retratação pública ou até mesmo suspender a nomeação do sociólogo. No início da noite, segundo um de seus assessores, a ministra decidiu esperar um pouco mais para decidir de que forma resolverá o problema. Na semana passada, Sader criticou o comportamento supostamente passivo de Ana de Hollanda diante dos cortes no orçamento do ministério.

"Desde março não se repassou nada aos Pontos de Cultura. Teve uma manifestação em Brasília (contra os cortes). Está estourando na mão da Ana porque ela fica quieta, é meio autista", disse Sader, segundo reportagem publicada domingo pela "Folha de S. Paulo". Sader foi indicado pelo PT para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa, mas ainda não tomou posse. A fundação é vinculada ao Ministério da Cultura. Antes da escolha de Ana de Hollanda, Sader era cotado para assumir o comando do ministério.

No rádio, defesa das regras do salário mínimo

BRASÍLIA. Em tom didático, a presidente Dilma Rousseff usou ontem o programa de rádio "Café com a presidenta" para defender a regra de correção do salário mínimo até 2015 e afirmou que a política aprovada pelo Congresso assegura um impulso para o crescimento econômico nos próximos anos. A presidente explicou o passo a passo da nova lei do reajuste do mínimo. Hoje PV, PSDB, DEM e PPS ingressam com Adin no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar a regra de reajuste por decreto a partir de 2012.

No programa, Dilma fez questão de afirmar que, com as novas regras, mesmo em caso de recessão, como ocorreu em 2009, quando a retração da economia determinou apenas a correção da inflação em 2011, o trabalhador não sai perdendo.

Obituário de Sarney vaza

Uma gravação de 21 minutos, feita pela Rádio Senado, vazou ontem e o jornal "O Estado de S. Paulo" teve acesso ao obituário já preparado para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Aos 81 anos, Sarney acaba de assumir o comando da Casa pela quarta vez.

Intitulado "Reportagem especial em homenagem ao senador José Sarney", o programa relembra a trajetória do político, sempre com os verbos no passado. Entre os trechos, há passagens sobre o regime militar, a ligação de Sarney com as artes - "Ele era membro da Academia Brasileira de Letras desde 1980" -, a primeira vez que ocupou a presidência do Senado e a crise que atingiu a Casa.

Omelete à moda de Dilma

No dia em que foram divulgados detalhes dos cortes no Orçamento, a presidente Dilma Rousseff deu seu recado na cozinha de Ana Maria Braga: para fazer omelete, é preciso quebrar ovos. Ela gravou ontem, na Central Globo de Produção (Projac), em Jacarepaguá, no Rio, a participação no programa "Mais Você", de Ana Maria Braga. Na entrevista, que irá ao ar hoje, às 8h30m, Dilma preparou omelete de queijo, aprovada pela apresentadora e batizada de "omelete presidencial". Dilma falou ainda sobre a luta contra o câncer e respondeu a uma pergunta da candidata derrotada à Presidência Marina Silva (PV-AC), feita por vídeo.

Foram exibidas ainda fotos dos pais de Dilma e da Bulgária, país onde o pai da presidente nasceu. Ana Maria mostrou imagens dos netos da petista, da posse - no momento em que Dilma apareceu no carro com a filha, Paula Rousseff - e o depoimento do ex-marido Carlos Araújo, que comentou sobre a separação do casal e a boa relação que eles têm atualmente. A TV Globo não confirmou se toda a entrevista irá ao ar após a edição.

Oposição diz que Dilma descumpriu promessas

BRASÍLIA. O avanço dos cortes orçamentários sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com o corte de R$5,1 bilhões nos investimentos destinados ao programa Minha Casa, Minha Vida, provocou críticas duras da oposição no Congresso Nacional. Para os oposicionistas, é mais um prova do "estelionato eleitoral" de Dilma, que prometeu reforçar o programa durante sua campanha presidencial. O corte também pegou de surpresa alguns integrantes da base aliada, mas a maioria dos governistas preferiu dar novo voto de confiança à presidente.

- Dilma descumpre promessas de campanha ao cortar no Minha Casa, Minha Vida. Isso mostra que as promessas feitas durante a campanha eram falsas e irreais. Os cortes afetam áreas essenciais e vitais da administração - disse o líder do DEM na Câmara, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).

Pesquisa mostra que, para 48,7%, ensino melhorou

BRASÍLIA. Pesquisa de opinião divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que 48,7% dos brasileiros veem melhora na educação pública. Já para 24,2%, o ensino piorou. Para os demais 27,2%, a situação continua igual.

O levantamento ouviu 2.773 pessoas em novembro e faz parte do Sistema de Indicadores e Percepção Social do Ipea. Para 12,1%, a educação melhorou bastante. Para 13,1%, piorou bastante. Embora predomine a opinião de que o ensino público avançou, há diferenças nos recortes regionais, de renda e escolaridade.

Resignados, ministérios acatam decisões

BRASÍLIA. Enquadrados pela presidente Dilma, os ministros afetados pelos cortes evitaram reclamar publicamente das medidas. Os ministérios adotaram discurso de que os cortes em suas verbas eram necessários e que não há outra saída a não ser cumprir as restrições. Com um corte de 84,4% na sua verba original, o Ministério do Turismo, o mais afetado pelo corte em termos proporcionais, informou ontem que vai priorizar as ações ligadas à promoção da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

Em nota, o Turismo disse que foi utilizado o mesmo critério para "todas as pastas". Alvo de denúncias em 2009 e 2010 na aplicação das verbas de emendas parlamentares, o Turismo foi o mais afetado justamente porque a maior parte dos cortes virá da redução das emendas parlamentares.

Sete meses após decisão do CNJ, publicada aposentadoria de Medina

BRASÍLIA. Saiu ontem no Diário Oficial da União a aposentadoria do ministro Paulo Medina, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sete meses após a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que determinou a punição. Medina foi condenado em processo administrativo por integrar um esquema de venda de sentenças judiciais em benefício de donos de caça-níqueis e bicheiros. A pena mais grave em um processo por falta disciplinar é a aposentadoria compulsória - ou seja, o magistrado continua recebendo salário, mas não trabalha. Para perder o cargo de forma definitiva, o juiz precisa ser condenado em processo judicial.

Medina já estava afastado de suas atividades e com os privilégios do cargo, como motorista e carro oficial, cortados. Como ele já tem tempo de serviço para se aposentar, seus proventos continuarão com o mesmo valor: R$25.386,97. A diferença é que deixará a folha de pagamentos dos ministros ativos e passará ao grupo dos aposentados.

Um 2011 sem concursos nem aumentos

BRASÍLIA. O governo reiterou ontem que não há previsão de novos concursos em 2011 e nem a concessão de um reajuste linear para o funcionalismo público que engrossou a base eleitoral da presidente Dilma Rousseff no ano passado. Na verdade, a proposta orçamentária enviada ao Congresso já não previa reajuste para o funcionalismo. Mas o governo irá manter o pagamento de aumentos já dados para alguns cargos, como o de presidente da República, parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além disso, terá que pagar a parcela de 2011 relativa ao reajuste dado em etapas, desde 2008, aos servidores do Executivo. A meta de cortar R$3,5 bilhões nas despesas com pessoal, justamente suspendendo contratações e eventuais reajustes, será ambiciosa: isso porque o Anexo V do Orçamento da União - que trata de criação de cargos, provimentos e reajustes - prevê verba de R$3 bilhões em 2011, com impacto anualizado (em 12 meses) de R$5,2 bilhões.

Estado de S. Paulo

Orçamento terá corte de R$ 18,3 bi em investimentos

O governo cortará R$ 50,1 bilhões em despesas do Orçamento de 2011 à custa de combate a fraudes, adiamento do pagamento de sentenças judiciais e reestimattivas. Redução de gastos, mesmos, serão R$ 13,1 bilhões. É o que revelam os dados divulgados ontem pela Fazenda. O Minha Casa, Minha Vida, do PAC, sofreu diminuição de R$ 5,1 bilhões. Ao todo, os investimentos foram reduzidos em R$ 18,3 bilhões.

Aperto fiscal. Para economizar os R$ 50,1 bi anunciados antes, governo inclui no cálculo medidas como combate a fraudes do seguro-desemprego e atraso em pagamento de sentenças judiciais; apesar de promessas, obras de programa habitacional serão contidas


Demanda doméstica será robusta ainda este ano

A marcha da economia durante o segundo mandato de Lula foi liderada pelo incentivo ao consumo, que sustentou a produção industrial e favoreceu um forte aumento das importações. Já no primeiro mês do governo de Dilma Rousseff vieram medidas de contenção do consumo, considerado incompatível com o controle da inflação.

Diante dessas medidas (crédito menos abundante, alta da taxa de juros, redução do prazo das vendas a prestações) alguns economistas estão prevendo um forte recuo da atividade econômica. Mas nos parece que o consumo deverá continuar robusto, porém, não generalizado como antes, e a indústria acompanhará com muita cautela o crescimento da demanda doméstica, o que deverá se traduzir pela manutenção de um crescimento sustentado das importações.

Aliados mostram compreensão, mas com prazo de validade

O PMDB e o PP na Câmara reagiram com compreensão aos cortes no Orçamento. Apesar da boa vontade neste primeiro momento, o líder do PP, Nelson Meurer (PR), alertou para possíveis problemas para a presidente Dilma Rousseff no Congresso se a liberação de recursos não for feita depois de junho. "Vamos dar um prazo para ela (presidente). Se (as liberações) não acontecerem a partir de agosto, ela começará a ter problemas para manter sua base no Congresso", disse o líder do PP.

Ele afirmou ter esperanças de que a receita da União continuará crescendo e a inflação se estabilizará. Com isso, analisa, Dilma terá condições de liberar os recursos das emendas ao Orçamento feitas pelos parlamentares.

Cobrança a deputados de SP é ''injusta'', diz tucano

O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz (PSDB), saiu em defesa dos deputados estaduais e criticou ontem o "enfoque" da reportagem publicada pelo Estado, que revelou a multiplicação em pelo menos duas vezes do patrimônio de 16 parlamentares.

"Tudo bem, isso (o patrimônio) deve ser divulgado, é público e deve ser público. Falo do enfoque. Há, indiscutivelmente, uma intenção de denegrir (os parlamentares)", afirmou Barros Munhoz, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

DEM recorre a tucanos para evitar efeito Kassab

Numa tentativa de minimizar as baixas políticas que a desfiliação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, poderá provocar no DEM, o comando do partido pretende recorrer a tucanos aliados, como os governadores Geraldo Alckmin (SP)e Marconi Perillo (GO), além do senador mineiro Aécio Neves.

"Não haverá debandada no DEM", afirmou um dirigente do partido ao Estado. Em São Paulo, Alckmin não tem interesse no fortalecimento da posição política de Kassab, um adversário em potencial numa eventual campanha pelo governo paulista em 2014. O governador anda bastante insatisfeito com as articulações do prefeito para mudar de partido, principalmente o flerte com o PSB, legenda que compõe a sua base em São Paulo e que tem um secretário, Márcio França (Turismo).

Irã pede que Dilma siga Lula e apoie o país na ONU

O Irã pediu que a presidente Dilma Rousseff mantenha o padrão de votação do Brasil na ONU contra as resoluções que condenam Teerã. O chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi, disse ao correspondente em Genebra, Jamil Shade, que ficaria “decepcionado” se o país contrariasse a política do governo Lula, simpática ao Irã. Sobre o apedrejamento de condenados, Salehi disse que “são as leis do país”.

A cúpula do governo do Irã reconhece o mal-estar em relação ao Brasil na área de direitos humanos e faz um apelo para a presidente Dilma Rousseff: que não mude o padrão de votação do Brasil na ONU em resoluções que condenam o regime de Teerã.

Suspeitos de venda de sentenças judiciais vão ganhar R$ 25 mil

Decreto da presidente Dilma Rousseff publicado ontem no Diário Oficial da União formalizou as aposentadorias do ministro Paulo Geraldo de Oliveira Medina, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e do juiz José Eduardo Carreira Alvim, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª. Região. A medida, embora não explicitada na publicação, foi a punição aplicada aos dois em agosto pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que exerce o controle externo do Judiciário. e garante a cada um salário de cerca de R$ 25 mil.

Medina e Alvim são réus em processo criminal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e apura o envolvimento dos magistrados num suposto esquema de negociação de decisões judiciais a favor de um grupo que explorava jogos ilegais.

Folha de S. Paulo

Marco Maia: O ciclo virtuoso do salário mínimo

Ao valorizar os salários, o Brasil aposta no poder de consumo de seu povo para aquecer o mercado, estimular a produção e gerar empregos. A aprovação pela Câmara dos Deputados e pelo Senado de uma política de reajuste do salário mínimo nacional até 2015 é uma grande conquista da classe trabalhadora e uma garantia de crescimento econômico sustentável para o Brasil.

Para o conjunto dos trabalhadores, fica preservado o poder de compra do salário mínimo por meio da reposição da inflação e é acrescentado um percentual de ganho real com base no crescimento da riqueza do país. Por outro lado, a consolidação de uma política de médio prazo para os salários estimulará o consumo, a produção e a geração de empregos, fatores fundamentais para manter aquecida a economia da nação.

Cortes chegam a R$ 36 bi e atingem vitrine do PAC

O governo descumpriu a promessa de preservar verbas do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, incluído no PAC, mas não chegou ao anunciado bloqueio de R$ 50 bilhões no Orçamento deste ano.

Em entrevista ontem para o detalhamento do ajuste fiscal, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) apresentaram R$ 36,2 bilhões em gastos não obrigatórios a serem reduzidos nos ministérios. Outro R$ 1,6 bilhão já havia sido cortado na sanção da lei orçamentária.

Para completar a cifra divulgada há 20 dias, a área econômica fez uma reestimativa das principais despesas obrigatórias, caso de pessoal, Previdência Social, seguro-desemprego e subsídios como os destinados aos financiamentos do BNDES.

Cortes na Defesa ameaçam acordo entre Brasil e França

O Ministério da Defesa terá de "cortar na carne" para reduzir em R$ 4,38 bilhões suas despesas, afirmou ontem a secretária do Orçamento Federal, Célia Corrêa.

Segundo ela, os cortes terão de ser realizados tanto na manutenção das tropas quanto na revisão dos contratos vigentes, como a aquisição de helicópteros, submarinos e cargueiros.

Aí há um complicador. A compra de 50 helicópteros, quatro submarinos convencionais e a integração de um modelo nuclear são parte do acordo militar Brasil-França.

Confuso, anúncio gera dúvidas sobre firmeza do governo no combate à inflação

Ao anunciar o detalhamento dos cortes de R$ 50 bilhões no Orçamento, o governo deu uma aula de como perder a guerra das expectativas, fundamental para convencer os agentes econômicos de que manterá a inflação sob controle.

Em entrevista tumultuada ontem, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) anunciaram medidas de consistência duvidosa, tentaram relativizar a importância dos cortes no combate à inflação e se preocuparam mais em dizer que a política econômica não mudou.

Telegrama revela críticas de Temer a Lula feitas em 2006

DE SÃO PAULO - Em conversa com o cônsul-geral dos EUA em São Paulo, Christopher McMullen, em 9 de janeiro de 2006, o vice-presidente Michel Temer -à época, deputado federal- disse que o desempenho do então presidente Lula era decepcionante.

Segundo telegrama obtido pelo site WikiLeaks (wikileaks.ch), a situação oferecia uma oportunidade para o PMDB lançar candidato próprio nas eleições daquele ano. "Temer criticou a visão estreita de Lula e seu excessivo foco nos programas de seguridade social", diz McMullen.

Desaceleração começa

Na manchete de papel do "Valor", "Desaceleração começa, mas dimensão é incerta". Já caíram no Brasil a fabricação de carros e a movimentação de cargas, "mas cresceram a produção de aço e o emprego".

Durante o dia vieram os cortes no Orçamento. Nas manchetes de UOL e Folha.com, "Minha Casa, Minha Vida perde R$ 5 bilhões. Oposição ataca". No "Wall Street Journal", o corte foi destacado como "a medida mais recente a preparar aterrissagem suave para a economia e reduzir pressões inflacionárias".

Ato contínuo, no Valor Online, amanhã o Banco Central deverá elevar os juros em meio ponto -e não mais 0,75, como "precificou" o mercado dias atrás.

Norma autoriza pagamento de supersalários, afirma STJ

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) afirmou ontem por meio de nota distribuída por sua assessoria de imprensa que todos os pagamentos feitos aos ministros que compõem a corte respeitam uma resolução aprovada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2006.

Como a Folha informou em reportagem publicada no domingo, os ministros do STJ receberam em média R$ 31 mil por mês no ano passado, quase R$ 5.000 acima do teto estabelecido pela Constituição para os salários do funcionalismo, R$ 26.700.

Ministério descarta negociação para excluir empresa de "lista suja"

DE BRASÍLIA - Uma nota técnica do Ministério do Trabalho rejeitou, em 2009, a possibilidade de o governo fazer acordos para excluir empresas do cadastro de empregadores pegos submetendo trabalhadores à situação análoga à escravidão.

A Folha revelou ontem que a AGU (Advocacia-Geral da União), de maneira inédita, assinou um acordo com a Cosan, maior produtora de açúcar e álcool do mundo, para que ela não volte para "a lista suja" -que proíbe o crédito público e pressiona parceiros a suspender compras.

O precedente pode incentivar outras empresas a tentar fazer acordos, ameaçando a eficácia da lista, principal mecanismo para combater o trabalho análogo à escravidão.

Na TV, Dilma faz omelete de queijo e responde a Marina

A presidente Dilma Rousseff fez ontem omelete de queijo, lembrou o período em que se tratou de um câncer e respondeu a pergunta da adversária nas últimas eleições, Marina Silva (PV).

Tudo na gravação do programa "Mais Você", apresentado por Ana Maria Braga, a ser veiculada hoje na TV Globo, entre as 8h30 e 10h. A participação faz parte da estratégia de exposição de sua imagem no mês em que se comemora o Dia da Mulher, na próxima terça-feira. A presidente gravou os quatro blocos do programa.

Classe C domina alta em higiene e beleza

O consumo de produtos de higiene pessoal e beleza cresceu entre as classes mais baixas, mostra levantamento feito pelo instituto Data Popular a pedido da Folha. A penetração desses produtos -ou seja, o percentual de pessoas dessas classes que os consome- teve forte alta entre 2003 e 2010.

O uso do creme facial, por exemplo, cresceu 160% entre os consumidores da classe C. Hoje, 60% dessa faixa de renda usa o produto -mesmo percentual das classes AB. Os gastos com higiene e beleza nessa faixa de renda cresceram 725% em oito anos, de R$ 2,4 bilhões em 2002 para R$ 19,8 bilhões em 2010.

Estatístico do Estado vende dado sigiloso

Um funcionário do alto escalão da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo vende serviços de consultoria por meio de uma empresa da qual é sócio e que disponibiliza dados que o governo considera sigilosos.

O sociólogo Túlio Kahn é desde 2005 sócio-diretor da Angra Consultoria e Representação Comercial, segundo documentos obtidos pela Folha. Ele detém 50% da empresa -a outra metade é de André Palatnik.

Valor Econômico

Adiado prazo do novo ponto eletrônico

Cedendo à pressão de centrais sindicais de trabalhadores e empresas, o Ministério do Trabalho e Emprego resolveu adiar, pela terceira vez, a implantação do novo relógio de registro de ponto eletrônico. As companhias tinham até hoje para se adaptar, mas agora conseguiram prorrogar o início da exigência para 1 º de setembro. Além do novo prazo, as empresas também poderão negociar com os sindicatos, por meio de acordo ou convenção coletiva, alternativas para aderir ao novo sistema de controle de jornadas de trabalho. As alterações estão previstas na Portaria nº 373, publicada ontem no Diário Oficial da União.

Segundo nota divulgada pelo Ministério do Trabalho, das cerca de 700 mil empresas em todo Brasil que utilizam o sistema de ponto eletrônico, apenas metade comprou o novo equipamento até agora. Na nota, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, afirma que a ideia da nova portaria é ampliar a possibilidade de negociação entre empresas e sindicatos, o que será admitido desde que ambos os lados concordem.

Cortes atingem menos os ministérios do PT

PMDB, PP e PCdoB foram os partidos cujos ministérios mais sofreram com o corte no Orçamento Geral da União (OGU), anunciado ontem pelo governo. A maioria das pastas controladas pelo PT foi preservada. Áreas controladas por aliados tradicionais do governo, como o PSB e o PDT, também sofreram cortes significativos. Os cortes confirmam o enfraquecimento de ministros que, em apenas dois meses de gestão Dilma, perderam prestígio. Um deles é o ministro do Esporte, Orlando Silva, filiado ao PCdoB. Seu ministério sofrerá corte de 64,1%. Dos R$ 2,374 bilhões autorizados originalmente, o ministério poderá executar apenas R$ 853,2 milhões.

Essa foi a segunda derrota de Orlando Silva em menos de uma semana. Na quinta-feira, por iniciativa do Palácio do Planalto, a Câmara dos Deputados aprovou a medida provisória que institui a Autoridade Pública Olímpica (APO), com mudanças que esvaziam os poderes do Ministério do Esporte. O projeto original da APO foi feito por Silva, que acalentava o interesse, durante o período de transição de governo, de ser nomeado presidente da APO.

"O Brasil não precisa mais do corporativismo"

O estilo é excêntrico. Gosta de usar chapéu e costumava ser visto em automóvel multicolorido pelas ruas de Florença, na Itália, onde é professor emérito do European University Institute. O americano Philippe Schmitter, de 74 anos, é considerado um dos maiores cientistas políticos do mundo. Em 2009, ganhou o prêmio equivalente ao Nobel da área, o Johan Skytte Prize, da universidade sueca de Uppsala.

Tem opiniões firmes, taxativas. Mas não consegue encontrar resposta para o que chama de "mistério". O Brasil não se encaixa em suas expectativas. Na semana passada, Schmitter voltou ao país, onde esteve em 1967 para pesquisar sua tese de doutorado. À época, entrevistou líderes sindicais e analisou o corporativismo brasileiro, que persiste até hoje, para sua decepção e espanto.

Abertura da aviação entra na pauta da Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), pretende colocar em votação nas próximas semanas o projeto que aumenta o teto de participação do capital externo nas empresas aéreas nacionais. "Há acordo entre os líderes para votar esse projeto e vamos colocá-lo em votação ainda neste semestre", afirmou o deputado, ontem ao Valor.

O texto a ser aprovado elevará o limite da participação do capital estrangeiro nas empresas aéreas dos atuais 20% para 49% do capital social, o que, avalia Maia, beneficiará o consumidor que poderá, além de ter mais opções para voar, ver os preços se reduzirem com a concorrência que a alteração deverá promover. Espera-se também que uma eventual aprovação aumente a possibilidade de haver trajetos regionais no país, área hoje com grande defasagem na cobertura.

Dilma teme atraso e pressiona governadores

A presidente Dilma Rousseff inaugurou, no encontro que teve com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o prefeito da cidade, Gilberto Kassab, um novo estilo no relacionamento com a oposição. A exemplo de todos os presidentes, independentemente de partidos, Dilma não vai discriminar: repassará verbas federais para governantes oposicionistas. Mas também vai cobrar deles a execução dos projetos com a mesma ênfase que faria com os aliados. Segundo apurou o Valor, o estilo de conduzir a administração, como se fosse gerente da execução dos projetos, que caracterizou Dilma nos tempos de chefe da Casa Civil valerá tanto para Alckmin e Antonio Anastasia, tucano que governa Minas Gerais, quanto para Eduardo Campos, governador de Pernambuco pelo PSB, e Sérgio Cabral Filho, que governa o Rio pelo PMDB.

Lula adotava um discurso político de que liberaria verbas para governantes de oposição realizarem seus projetos. Mas as cobranças pelo andamento dos mesmos também eram políticos, tendo como metas objetivos eleitorais. Dilma tem outro perfil, ela é mais executiva. Vai cobrar de todos os governantes porque espera que as obras financiadas pelo governo federal sejam efetivamente construídas.

Estudioso defende loteria e ideia de 'um bebê, um voto'

Qual deve ser o futuro da democracia? Para Philippe Schmitter, os regimes democráticos consolidados, especialmente Europa e Estados Unidos, estão numa fase na qual enfrentam desafios que merecem uma reformulação inovadora de métodos. "O que é necessário não é mais da mesma democracia, mas um tipo diferente de democracia", defende.

Em sua opinião, para que as democracias atuais superem alguns de seus dilemas, a solução passa menos por aperfeiçoar suas instituições formais e informais - por exemplo, ao estimular a maior participação dos cidadãos em eleições ou na vida interna dos partidos - e mais na tentativa de mudá-las.

Foi assim que Schmitter chegou a uma relação de 28 propostas lançadas em seu último livro "The Future of Democracy: Trends, Analyses and Reforms", que escreveu para o Council of Europe.

Homem forte do setor elétrico perde espaço

Na posse do novo presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, ficou clara uma perda de poder de Valter Cardeal, homem forte da estatal durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Cardeal, que como diretor das áreas de engenharia e tecnologia era o responsável pela montagem dos consórcios das grandes hidrelétricas como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte - teve sua diretoria redimensionada.

A área foi dividida em geração e transmissão, sendo que essa última será comandada por José Antonio Muniz Lopes, que saiu da presidência da estatal na sexta-feira e preferiu continuar no Rio do que assumir a presidência da Eletronorte. Cardeal será diretor de geração e comercialização de energia. Foi Cardeal o idealizador do consórcio que venceu a licitação para construir Belo Monte e que agora precisa encontrar um substituto para o problemático Grupo Bertin.

Mais espaço

Como parte de sua estratégia de comunicação no mês em que se comemora o Dia da Mulher, a presidente Dilma Rousseff gravou ontem uma participação no programa "Mais Você", da apresentadora Ana Maria Braga. A entrevista vai ao ar hoje de manhã. Em um café da manhã, Ana Maria e Dilma conversaram sobre o câncer, doença que as duas sofreram. "É interessante como esperam de nós, mulheres, uma certa fragilidade. Isso decorre do fato de que a mulher, quando assume um alto cargo, é vista fora do seu papel. Acho que, a partir de agora, isso vai começar a ser encarado como uma coisa normal e natural. As pessoas vão se acostumar com cada vez mais mulheres conquistando espaço", disse a presidente, segundo comunicado do TV Globo. Dilma também foi questionada sobre o uso oficial do termo "presidenta". "É para enfatizar que agora existe uma mulher no mais alto cargo do país, que nós podemos sim chegar longe", afirmou a presidente.

Marina retoma ações para refundar o PV

Com vistas à reestruturação nacional do PV, Marina Silva reúne-se hoje com dirigentes da legenda para iniciar a revisão do programa e da estrutura partidária. A ex-senadora e o grupo que migrou junto com ela para o partido tentam renovar o comando da sigla e ampliar sua participação nas decisões internas.

As mudanças no programa do PV devem colocar em campos distintos pessoas ligadas a Marina Silva e dirigentes que estão no comando do partido há anos. De um lado, o grupo recém-chegado tenta isolar filiados com perfil fisiológicos e unir a sigla em torno de programas. Como trunfo, os novos filiados tentarão capitalizar o resultado obtido por Marina na disputa presidencial de 2010, quando recebeu quase 20 milhões de votos. De outro lado, antigas lideranças, espalhadas nos diretórios estaduais, resistem a mudanças profundas na estrutura do PV e nos mecanismos de democracia interna.

PMDB pretende usar sigla a ser criada por Kassab para driblar legislação

O PMDB aproveita a possibilidade de criação de uma legenda - o PDB - para abrigar o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e usá-la como janela de mudança de partido para pelos menos seis deputados estaduais e quase 20 federais. Será uma forma de driblar a legislação eleitoral e permitir que outros parlamentares insatisfeitos deixem seus partidos e migrem para o PMDB, aumentando sua bancada na Câmara, sem risco de perderem o mandato. Mesmo que Kassab, o líder do novo partido, não vá depois para o PMDB.

Se ultrapassar o número de deputados do PT, o PMDB teria mais força no plano nacional e melhor condição para negociar cargos no governo federal e influenciar na gestão de Dilma Rousseff.

Nos últimos dias, aumentaram as especulações em torno do novo partido e sua meta, de ter vida curta, fundindo-se posteriormente com o PSB. O governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, comanda diretamente essa negociação, já que seu partido também está interessado em evitar que o PMDB cresça ainda mais seu poder de influência no governo federal. Campos quer que o PSB passe a ser este parceiro preferencial do PT para 2014.

Supremo dá posse à primeira indicação de presidente para a Corte

Primeiro indicado pela presidente Dilma Rousseff para a Corte, Luiz Fux toma posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) às 16h de quinta-feira. Fux irá substituir o ex-ministro Eros Grau que se aposentou em agosto do ano passado perto de completar 70 anos.

A indicação de Fux aconteceu no dia 1º de fevereiro. A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado ocorreu uma semana depois. No mesmo dia, a indicação foi aprovada pelo plenário da Casa por 68 votos favoráveis e apenas dois contrários.

Fonte: Congressoemfoco

TSE não julgou um terço das ações por infidelidade

Das 34 ações que chegaram à corte reivindicando a vaga de parlamentares que trocaram de partido, dez foram extintas porque o mandato dos denunciados terminou

Carlos Humberto/TSE
Os processos extintos porque o TSE não conseguiu julgar a tempo entraram na corte em 2008 e 2009

Mário Coelho e Edson Sardinha

Autor da resolução que prevê cassação por infidelidade partidária, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deixou de julgar quase um terço dos processos movidos contra parlamentares que trocaram de partido na última legislatura. Levantamento feito pelo Congresso em Foco revela que dez das 34 ações que chegaram à corte reivindicando a vaga de deputados e senadores acabaram extintas por falta de objeto, ou seja, porque o mandato dos denunciados terminou. Houve apenas duas condenações – uma delas não cumprida porque o deputado recorreu.

Veja que destino tiveram as ações no TSE

Uma janela se abre para a infidelidade partidária

Dos 53 parlamentares que trocaram de partido após as datas-limites fixadas pela Justiça eleitoral, 21 não tiveram seus mandatos cobrados pela legenda, nem pelo Ministério Público Eleitoral nem pelo suplente interessado na cadeira. Outros dois congressistas que mudaram de sigla antes dos prazos estabelecidos pelo TSE também viraram alvo de ação. Mas eles escaparam por ter comprovado que migraram antes da data fixada.

Conforme revelou o Congresso em Foco, quase uma centena de deputados e senadores trocaram de legenda durante a legislatura em que foi baixada a fidelidade partidária.

Entre os 79 deputados que mudaram de partido, 31 o fizeram antes da data-limite de 27 de março de 2007 estabelecida pelo TSE na resolução. Naquele mesmo ano, outros 17 deputados abandonaram suas respectivas siglas a despeito da decisão da Justiça de que o mandato pertence ao partido, e não ao candidato. De olho nas eleições de 2010, mais 31 deputados migraram até 3 de outubro de 2009, no prazo necessário para participarem da corrida eleitoral. Eles usaram a necessidade de estar filiado a um partido um ano antes do pleito como brecha para mudar de legenda.

O Congresso em Foco pesquisou no sistema do TSE a situação de cada um dos parlamentares envolvidos no troca-troca partidário. O mapeamento dos processos mostrou que 31 deputados e três senadores responderam a ações sobre fidelidade partidária. A grande maioria teve o mandato requerido por partidos ou suplentes. Três deles, no entanto, anteciparam-se e entraram com pedidos de justa causa na corte eleitoral.

Morosidade

Os dez processos extintos porque o TSE não conseguiu julgar a tempo entraram na corte em 2008 e 2009. Em comum entre eles, além da data, o pedido de inquisição de testemunhas e vistas ao Ministério Público Eleitoral (MPE). Em alguns casos, houve troca de ministros relatores. Na visão de especialistas ouvidos pela reportagem, esses fatores acabaram prejudicando o julgamento.

Foi o que ocorreu, por exemplo, com os casos do deputado reeleito Antônio Bulhões (PRB-SP) e do ex-deputado Carlos Alberto Canuto (PSC-AL), que tiveram os mandatos requeridos por suplentes. Os processos contra eles tiveram baixa no início de fevereiro. Nas duas situações, os relatores justificaram que, como a legislatura 2007/2010 terminou, não havia como pedir um mandato que não existe mais. O secretário-geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coelho, avalia que a demora nos julgamentos provocou “certa frustração” na sociedade, que esperava pela análise dos processos a tempo de eventuais punições.

Mesmo ressaltando que é preciso analisar caso a caso para saber o que levou à morosidade, Marcus Vinícius diz que os motivos mais comuns para o atraso no julgamento são a demora na vista concedida ao MPE, a inquisição de testemunhas e as sucessivas mudanças de relatores. “Como a resolução prevê o procedimento de defesa, são casos que realmente podem demorar mais”, afirmou o secretário-geral da OAB.

Já a presidenta do Instituto de Direito Eleitoral do Distrito Federal (IDE-DF), Maria Claudia Bucchianeri Pinheiro, vê outro complicador. A advogada entende que o Ministério Público tem dificuldade de tomar conhecimento dos casos de troca-troca partidário. Nos primeiros 30 dias, a responsabilidade de requerer o mandato é dos partidos. Passado esse período, o primeiro suplente e o Ministério Público Eleitoral passam a ter legitimidade para ingressar na Justiça. “Isso evidencia a dificuldade do Ministério Público”, pontuou.

“É um assunto bastante delicado”, opinou o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto. O professor diz que, normalmente, os atores atingidos por mudanças na legislação tendem a agir de maneira conservadora. “O grande efeito disso foi evitar as trocas. É uma questão muito mais preventiva, não havia jurisprudência antes”, considerou.

Condenações

Das 34 ações que deram entrada no TSE por infidelidade partidária, somente duas resultaram em condenação à perda de mandato. A primeira envolveu o deputado Walter Brito Neto (PB). Suplente, ele assumiu o mandato em definitivo em 1º de novembro de 2007 após Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB) renunciar ao cargo. Walter trocou o DEM pelo PRB antes de tomar posse. No entanto, o partido cobrou na Justiça o mandato. O caso se arrastou até o ano seguinte, e chegou a criar uma saia justa entre o então presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o ministro Carlos Ayres Britto, que presidia o TSE.

Enquanto o TSE determinava a posse imediata do suplente, a Câmara decidiu abrir período de defesa para Walter Brito Neto. O caso foi enviado para a Corregedoria e, depois, para a Mesa Diretora. Major Fábio (DEM-PB), suplente que tomou posse no lugar do colega paraibano, só virou deputado em 18 de dezembro de 2008, nove meses depois do julgamento no TSE.

O outro condenado a perder o mandato foi Robson Rodovalho (PP-DF). Ele foi eleito em 2006 pelo DEM, de onde saiu em 2009 para o PP com a justificativa de perseguição e grave discriminação pessoal. “Eles tinham aberto um processo contra mim, eu estava sendo perseguido”, disse o ex-deputado ao site. Porém, os ministros do TSE não entenderam dessa maneira ao julgar o pedido do DEM e determinaram a perda do mandato. Rodovalho, porém, teve melhor sorte: diferentemente de Walter Brito, ele conseguiu concluir o mandato porque recorreu da decisão. O mandato dele acabou antes de o TSE julgar o recurso dele.

De acordo com o levantamento do Congresso em Foco, dez processos foram analisados pelos ministros em plenário. Entram nesta conta os envolvendo Walter Brito Neto e Rodovalho. Nos outros casos, os integrantes da corte entenderam que houve justa causa para a troca de partido. Um deles foi do deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE). O parlamentar pernambucano trocou o PT pelo PDT por conta, entre outros motivos, da punição sofrida por ter votado contra determinação do partido na reforma da Previdência.

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Fonte: Congressoemfoco

Paulo Rubem Santiago é absolvido no TSE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por unanimidade, absolveu mais um deputado acusado de infidelidade partidária. Após julgarem Clodovil Hernandes (PR-SP), foi a vez dos ministros entenderem que Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) não violou as regras da Resolução 22.610/07, que trata da questão. O PT, partido que Santiago era filiado, requisitava à corte a cassação do pedetista e a imediata posse do primeiro suplente.

O recurso começou a ser analisado pela Corte em maio de 2008. O ministro relator, Marcelo Ribeiro, havia, na época, votado pela cassação. Na oportunidade, o ministro Arnaldo Versiani pediu vista do processo. Previsto para ser analisado na semana passada, a ação acabou passando pelo crivo dos membros do TSE na noite de hoje (12).

O pedido foi feito pelo PT em novembro de 2007. De acordo com a legenda, Paulo Rubem foi eleito deputado federal, em outubro de 2006, pelo Partido dos Trabalhadores em Pernambuco, mas migrou para o Partido Democrático Trabalhista (PDT), comunicando sua desfiliação à direção nacional do seu partido de origem em setembro de 2007, após a decisão do TSE de que os mandatos referentes a cargos proporcionais pertencem aos partidos políticos.

De acordo com o Diretório Nacional do PT, Paulo Rubem Santiago foi eleito deputado federal “pelo critério de média”, e sua desfiliação foi comunicada ao partido “por meio de documento que não consigna as razões para tanto”. O parlamentar alegou ter sido vítima de grave discriminação pelo partido e citou como exemplo “penalidade estatutária que lhe foi imposta em decorrência de descumprimento de determinação colegiada quando da votação da Reforma da Previdência”.

A agremiação afirma que o parlamentar teria assinado manifesto entregue ao diretório estadual em 21 de agosto de 2007, menos de 30 dias de sua desfiliação, pleiteando "expressamente” concorrer pelo PT ao cargo de prefeito de Jaboatão dos Guararapes (PE) nas eleições de 2008. O deputado teria colocado seu nome à disposição para concorrer ao cargo, e dito que se não houvesse deliberação do PT até certa data, "buscaria, como buscou, outros caminhos”, acrescentou o PT no pedido de decretação de perda do mandato.

Mudança de voto

Na sessão de hoje, Versiani, ao apresentar seu voto vista, adotou o mesmo entendimento do caso do deputado Geraldo Resende (PMDB-MS). O peemedebista foi absolvido na última terça-feira (10) por ter sofrido grave discriminação pessoal em período anterior à publicação da Resolução 22.610/07. Nesse julgamento, os ministros entenderam que a situação foi evoluindo com o decorrer do tempo, caracterizando a justa causa para mudança de partido.

Versiani comentou que foram anexadas ao processo uma série de matérias jornalísticas que mostrariam a discordância de Santiago com o PT em diversos casos. Ele citou a divergência com reformas pretendidas pelo governo federal, como a reforma da previdência, em que o parlamentar de Pernambuco se absteve na votação na Câmara. Lembrou também que o deputado foi um dos idealizadores da Frente Nacional de Combate à Corrupção e se colocou favorável à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios e pediu mudanças na cúpula do partido após o escândalo do Mensalão.

"As posturas ideológicas do PT sofreram modificações a partir da ascenção ao governo federal", disparou Versiani. Para o ministro, a justa causa pode ficar caracterizada mesmo se não acontecer em períodos contemporâneos ao da desfiliação. "A desfiliação
ocorreu causa de rompimento entre partido e representante. O candidato não desertou de seus ideais, quem desertou foi o partido. Não houve condição oportunista", afirmou Versiani.

Por conta da decisão da última terça-feira, Ribeiro decidiu mudar seu voto. Na época, ele considerou que Santiago não sofreu discriminação, acontecendo sim uma falta de sintonia entre ele e o PT. "Agora, com o entendimento da corte que o desgaste paulatino, realmente a saída pode se consumar depois de um tempo", considerou Ribeiro. Ele foi acompanhado pelo resto da corte no voto. (Mário Coelho)

Atualizada às 23h08

Fonte: Congressoemfoco

A nova tatuagem do verão


Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo / A tatuagem fica na pele por no máximo cinco dias A tatuagem fica na pele por no máximo cinco dias
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A nova tatuagem do verão

Usada para marcar o número na pele dos atletas que competiram no Pan-Americano de 2007, airbrush virou tatuagem temporária e dura cinco dias

01/03/2011 | 00:01 | Ciro Campos, especial para a Gazeta do Povo

Fazer maquiagem é sinônimo de algo feminino e restrito ao rosto. Mas no Litoral dá para se fazer em outros locais do corpo e tem muito homem e criança atrás disso. A ideia parece estranha, mas trata-se na realidade de uma nova tatuagem temporária, chamada de airbrush, aplicada de forma rápida, sem dor e com a mesma técnica utilizada em maquiagens.

O airbrush chegou ao Brasil em 2007, trazido dos Estados Unidos durante os Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro. A técnica servia para deixar na pele dos atletas os números de competição.

Cliente tem de ficar atento à higiene

Por entrar em contato superficialmente com a pele, a aplicação da tatuagem airbrush pode ser considerada mais segura por não exigir perfuração com agulha, mas não dispensa os clientes de estarem atentos à higiene do local da aplicação e também dos recipientes onde a tinta é guardada. “Se a Anvisa liberou, isso dá uma legalidade ao produto, uma confiança maior, mas nunca é 100%”, analisa o médico dermatologista do Hospital das Nações, Juliano Vilaverde Schmitt.

Caso a pessoa resolva retirar a tatuagem com álcool, ele explica que até mesmo esse produto pode ser irritante, por ser bastante concentrado e desidratar a pele. O conselho é não forçar a retirada do produto, já que a tatuagem é temporária.

Schmitt explica que certas amostragens das tatuagens de henna recebem pigmentos comuns de tinturas para cabelo, o que pode ser prejudicial. “A tinta de henna pura e aplicada de forma correta não causa problema algum”, afirma. Por isso o ideal é ficar atento ao local onde será feita a tatuagem. (CC)

Em menos de dois minutos o comerciante Edivan Queiroz, de 27 anos, estava com uma tatuagem pronta no braço. Era a segunda vez que ele procurava o airbrush. “Na primeira o pessoal até pensava que era tatuagem de verdade”, conta ele, que diz ter sentido apenas um jato de ar durante a aplicação.

A tatuagem fica na pele por no máximo cinco dias e é aplicada sem agulha, por um sistema chamado aerógrafo, que consiste em um jato de tinta de pistola movido a ar comprimido. Para formar o desenho, é aplicado na pele um adesivo descartável, que serve de molde e é retirado após a aplicação. A pintura sai com álcool.

Em 2007, um grupo de americanos abriu um estande do produto em Matinhos na temporada de verão. Rafael Ribeiro se interessou, procurou informações com o fabricante do produto e abriu o próprio negócio, a Temp Tatoo.

“É uma tatuagem colorida, parecida com a maquiagem de correção. É antialérgica e de secagem instantânea”, explica Ribeiro. No estande que ele trabalha em Matinhos, o cliente pode escolher entre 200 modelos prontos, que variam de R$ 5 a R$ 20, de acordo com o tamanho.

Entre os desenhos estão escorpiões, borboletas e dragões. “Cerca de 60% dos meus clientes são crianças, mas já teve senhor de mais de 80 anos que veio ser tatuado”, comenta. Alguns desenhos chegam a ter até dez cores.

Para o preparo, o local a receber a tatuagem é primeiro limpado com álcool, para depois aplicar os procedimentos de fixação. Por fim, o desenho recebe uma camada de talco por cima para a tinta secar e se fixar rapidamente. “O aerógrafo entra em contato superficialmente com a pele e essa técnica é bastante utilizada na televisão, com maquiagem para esconder tatuagens dos atores, por exemplo”, conta Ribeiro.

A empresa fabricante da tinta, Belle Skin, explica que o produto é feito à base de álcool e tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como um cosmético destinado para a pintura corporal.

Fonte: Gazeta do Povo

Dilma anuncia reajuste do programa Bolsa Família

Dilma inaugurou nesta terça-feira uma fase mais popular do mandato, em participação no programa "Mais Você" da TV Globo

01/03/2011 | 10:35 | Agência Estado atualizado em 01/03/2011 às 11:19

A presidente Dilma Rousseff vai reajustar a parcela do Bolsa Família que é paga de acordo com o número de filhos. Ela fez o anúncio durante a sua participação no programa "Mais Você", apresentado por Ana Maria Braga, na TV Globo. "O Bolsa Família tem uma parte que é fixa e outra que varia conforme a quantidade de filhos. Nós vamos mudar a situação. Vamos privilegiar cada vez mais a mulher recebendo pela quantidade de filhos que tem. Nós vamos reajustar a parcela relativa à quantidade de filho, porque 34%, 35% das famílias mais pobres têm como chefes uma mulher", afirmou a presidente.

A participação nos quatro blocos do programa foi gravada na segunda-feira. Dilma agradeceu a solidariedade de Ana Maria durante o tratamento de um linfoma e, ao ouvir um elogio da apresentadora ao seu cabelo, recordou: "Você lembra? Você me disse: 'Vai crescer'."

Reprodução / TV Globo

Reprodução / TV Globo / A presidente Dilma Rousseff no programa Ampliar imagem

A presidente Dilma Rousseff no programa "Mais Você"

A presidente também falou da fama de durona. "Você já viu algum homem que chegue à direção do país ser chamado de duro, entre todos os últimos 20 presidentes da República? É interessante porque são homens. É esperado da mulher uma fragilidade. A mulher até fisicamente pode ser menos forte do que o homem, mas não necessariamente ela é menos forte do que o homem dentro dela. Eu sempre brinco assim: sou uma mulher forte cercada por homens meigos", afirmou, provocando risos.

Ela tentou amenizar sua imagem: "É interessante como esperam de nós, mulheres, uma certa fragilidade. Isso decorre do fato de que a mulher, quando assume um alto cargo, é vista fora do seu papel. Acho que, a partir de agora, isso vai começar a ser encarado como uma coisa normal e natural", disse.

Dilma ainda defendeu o uso do termo "presidenta", "para enfatizar que a agora existe uma mulher no mais alto cargo do país" e revelou que gostaria de ter mais ministras no seu governo, mas que isso não foi possível porque recebeu muitas indicações de homens. "Não é que não existam mulheres capazes e competentes. Há uma certa preferência para indicar homens. Como é um governo de coalizões, tenho de levar em conta as indicações. Várias vezes pedi que fossem indicadas mulheres. Mas não desisto, não."

Responsabilidade do cargo é como escalar Everest

Durante a entrevista, Dilma também falou que a responsabilidade do cargo para o qual foi eleita em 2010 é como uma escalada diária do Monte Everest. "É como se todos os dias eu tivesse que escalar um Monte Everest", disse à apresentadora Ana Maria Braga. Para Dilma, a Presidência da República "é um desafio que nunca acaba" mas "um desafio é o que pode mudar o Brasil".

Em clima descontraído, a presidente conversou também sobre a emoção que sentiu durante a posse, no dia 1º de janeiro. Classificou como "turbulenta" a sensação que teve ao receber a faixa presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "É um momento muito especial. Por baixo daquela faixa tão levinha existe todo o peso e a responsabilidade de um país."

Dilma contou ainda sobre a trajetória de sua candidatura desde quando era ministra-chefe da Casa Civil no governo Lula. Disse que no início "não dava muita importância" quando Lula a apresentava como sua candidata, mas que depois seu nome foi evoluindo "naturalmente" como concorrente ao pleito. "As coisas fluíram naturalmente." Sobre seu padrinho político, Dilma afirmou que Lula é uma pessoa muito doce e com senso de humor, mas também "muito exigente como todo presidente deve ser".

Ela falou ainda sobre sua família. Disse que o pai foi uma das grandes inspirações para sua carreira e militância política. "Um coisa que meu pai sempre valorizou foi o esforço", afirmou, ao contar sobre o estímulo que Pedro Rousseff dava a ela para os estudos. Dessa influência, contou Dilma, nasceu sua paixão por livros. Sobre sua mãe, Dilma se referiu a ela como uma pessoa "sempre solidária" aos problemas que enfrentou, como por exemplo o período que passou na prisão durante a ditadura militar.
Fonte: Gazeta do Povo

O Dia do Corte e o Dia do Troco

Carlos Chagas

Ontem foi o Dia do Corte, com o governo Dilma começando a definir de onde sairão os 50 bilhões de economia no orçamento da União. Boa parte deles, das emendas individuais de deputados e senadores, mas, também, de investimentos nos diversos ministérios, da Defesa à Educação e ao Turismo, entre todos.

A partir de hoje começaremos a saber das reações parlamentares, a começar pelo estado de espírito dos 77 deputados do PMDB, dispostos a votar unidos desde o projeto do salário mínimo. Naquela oportunidade, votaram a favor. Na próxima, ninguém garante.

Para sorte do palácio do Planalto, entramos em ritmo de Carnaval, com menos gente do que o necessário, em Brasília, nesta e na próxima semana. Apesar disso, os estrilos já começaram, atingindo outros partidos da base oficial.

Não poderia ser diferente, nos dois pólos: o governo tinha mesmo de cortar, mas o PMDB tem toda razão de não gostar. Ao contrário do que muita gente pensa, as emendas individuais não constituem necessariamente sinecuras. Trata-se de verbas que os parlamentares destinam a obras e serviços em suas regiões de atuação: estradas, pontes, escolas, postos de saúde e similares. Além, é claro, de dinheiro para ONGs e associações pouco claras sob sua influência, controle e até propriedade.

A palavra de ordem no partido é aguardar o preenchimento dos cargos de segundo escalão, no correr de março, mas fazendo acender a luz amarela no semáforo postado diante da sede do governo. Haverá que aguardar as primeiras votações de projetos ou medidas provisórias de interesse do Executivo, mas sabendo que depois do Dia do Corte virá o Dia do Troco.�

FANTASIAS (1)

Começam a ser preparadas as fantasias para o desfile dos políticos, semana que vem. Vale divulgar, ao longo da semana, as preferências de Suas Excelências, começando pela maior parte do ministério, que formará o “Bloco do Retorno dos Que Não Partiram”. No meio deles estará a ministra da Pesca, Ideli Salvatti, com um imenso peixe nas costas e anzóis no pescoço.
O ministro do Turismo, Pedro Novaes, levará na ponta do barbante um aviãozinho de papel com os dizeres “Miami É Mais Barato”, enquanto o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, aparecerá como o “Dr. Silvana”. Os ministros da Agricultura, Wagner Rossi, e do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, dirigirão um singular trator que anda de marcha-a-ré. Já o ministro das Cidades, Mário Negromonte, estará fantasiado de “Floresta Tropical”, e o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, vestirá a fantasia de “Mandarim Chinês”.

Como “Monteiro Lobato no Cadafalso” poderá ser visto o ministro da Educação, Fernando Haddad, ao tempo em que Nelson Jobim, da Defesa, aparecerá como “Piloto de Caça Prisioneiro no Vietnam”. Alfredo Nascimento, dos Transportes, virá como “A Volta do Carro-de-Boi”, e Garibaldi Alves, da Previdência Social, em andrajos, levantará o cartaz de “Apesar de Tudo, Damos Lucro”.

Antônio Patriota, das Relações Exteriores, passará como “Tio Sam Forever”, de cartola e camisa de listas vermelhas e brancas. Fernando Bezerra, da Integração Nacional, num barco com carranca e tudo, como “São Francisco, Adeus”, e Isabela Teixeira, do Meio Ambiente, de “Tocha Humana”. Leônidas Cristino, dos Portos, arrancará aplausos vestido de “D. João VI Antes de Fugir Para o Brasil”. (Amanhã veremos o restante do governo)

OS EX-PRESIDENTES�

Dilma Rousseff anunciou a disposição de dar tarefas excepcionais aos ex-presidentes da República, de preferência no campo da política externa. Do jeito que Itamar Franco vem criando problemas para o governo, no Senado, logo surgirá a sugestão de mandá-lo dar vinte voltas ao mundo, cada uma durante oitenta semanas, a fim de relatar a influência das tempestades asiáticas no comportamento das araras azuis do Pantanal.

Blagues à parte, a proposta é digna de elogios, pois a experiência dos ex-presidentes, quaisquer que tenham sido seus partidos, só poderá contribuir para as decisões atuais de governo. Quem sabe mais cedo do que se pensa venham a ser incluídos no Conselho da República, que jamais se reuniu.

OUTRAS RAZÕES PARA O POVO IR ÀS RUAS

Claro que jamais existirão motivos, no Brasil, para o povo ir às ruas como na Tunísia, Egito, Líbia e similares. Aqui não prevalece a falta de liberdade, muito menos a ditadura e a corrupção como privilégio dos detentores do poder. Mesmo assim é bom tomar cuidado, porque outros motivos existem para motivar a exasperação popular. Os paulistanos, por exemplo, qualquer dia desses explodirão. Tem que ser quando não estiver chovendo, mas será, com certeza, por conta da chuva. Ou da falta de medidas para evitar o caos que toma conta da cidade toda vez que São Pedro abre as torneiras. Toda semana, dia sim, outro também, rios, ruas, praças e avenidas transbordam e causam tragédias. Infernizam o trânsito e prejudicam o trabalho dos cidadãos.

Ninguém faz nada: nem a prefeitura, nem o governo estadual, nem o governo federal. Sequer o óbvio, como obras de dragagem, saneamento e simples desobstrução de galerias pluviais e bocas de lobo. Nas tempestades, os bombeiros e a Polícia Militar atual como podem, resgatando vítimas, mas da autoridade pública que deveria prevenir e aparecer, nem sinal. Qualquer dia desses o povo vai para a rua.

Fonte: Tribuna da Imprensa

As diferenças entre Lula e Dilma são espantosas. A nova presidente demonstra ter todas as condições para nos surpreender favoravelmente, mas terá que se livrar dos ministros impostos por Lula.

Carlos Newton

Dois meses depois da posse da presidente Dilma Rousseff, as diferenças de estilos são colossais, demonstrando a mudança radical que está acontecendo no Palácio do Planalto. A descontraída gestão do presidente Lula, que se apresentava ao respeitável público como um misto de administrador e comediante, sempre pronto a sacar uma boa tirada e a inserir um “caco” no roteiro, agora está sendo sepultada por uma gestão em que a seriedade é a palavra de ordem.

A primeira constatação é de que não falta disposição à presidente Dilma. Ao contrário do presidente Fernando Henrique Cardoso, que era um desocupado e só chegava ao Planalto depois do almoço, ela começa a trabalhar de manhã cedo e não tem hora para encerrar o presidente. Adotou um estilo tipo Delfim Netto ou Marco Maciel, que ficaram famosos em Brasília pelo número de horas que dedicavam ao expediente (Maciel era tão exagerado nisso quando foi ministro, que seus auxiliares mais próximos tiveram que se dividir em três equipes, para manhã, tarde e noite).

As tripulações do AeroLula e dos jatinhos da FAB estão dando graças a Deus, porque acabou aquele frenesi de viagens. As coisas agora acontecem mesmo em Brasília. Essa realidade já está mais do que percebida, levando os 37 ministros ao desespero, porque não podem mais viajar para casa às quinta-feiras, como costumavam fazer no governo Lula, mais parecendo que naqueles anos todos os fins de semana eram prolongados.

Na verdade, Lula governava da mesma forma como Silvio Santos, seu grande amigo, apresenta os programas no SBT – em ritmo de festa. A situação do Brasil, porém, não é muito confortável. As vultosas contas dos gastos no ano eleitoral foram entregues no Planalto. Não somente o PT está endividado, como também o governo enfrenta mau tempo no horizonte econômico, especialmente devido à dívida interna, que cresce progressivamente, como nunca antes na História deste país.

Este é o motivo da opção preferencial da presidente Dilma pelo ministro Guido Mantega, que hoje é o mais próximo dela, além dos ministros do Palácio, é claro, Antonio Palocci e Gilberto Carvalho (Casa Civil e Secretaria da Presidência). Mantega tem um temperamento parecido com o dela, não gosta de brincadeiras. Dificilmente o ministro esboça um sorriso. Dilma era assim (e na realidade é assim). Só passou a ter uma postura risonha e descontraída na campanha eleitoral, por obrigação profissional (todo político tem que ser um pouco ator, mas sem a necessidade dos exageros de Lula). Agora, Dilma reassumiu a própria personalidade, e Brasília não é mais uma festa, como diria Ernest Hemingway.

Quem a conhece e já esteve com ela em reunião de trabalho, sabe que a nova presidente tem um temperamento forte e sabe administrar. Na segunda metade do governo Lula, Dilma Rousseff agia como se estivesse no cargo de primeiro-ministro, enquanto o presidente exercia uma função mais representativa, viajando para lá e para cá, como um mestre de cerimônias.

Muita gente pensava que Lula se tornaria uma eminência parda, ficaria comandando o governo nos bastidores, como uma espécie de Rasputin do Planalto (ou uma versão de Garotinho no governo da mulher Rosinha). Mas isso não aconteceu nem vai acontecer. Dilma Rousseff não é Rosinha Matheus.

Temperamento à parte, na verdade Dilma Rousseff pode surpreender positivamente. Com a experiência que acumulou nos últimos oito anos, tem condições de se sair muito bem, especialmente se fizer uma limpeza no ministério, afastando determinadas figuras que precisou aceitar, para não entrar em choque com Lula antes da hora.

O ministério atual é muito fraco, está aquém das necessidades do País. A presidente terá de fazer mudanças, caso contrário o governo não chegará a bom termo. Alguns ministros podem até desistir, porque não aguentarão o ritmo de trabalho imposto pela presidente, que depois do carnaval vai rasgar a fantasia e começar a fazer cobranças. Outros ministros, ela terá que afastar pessoalmente.

Para mudar ministros, porém, será necessário que a presidente Dilma se imponha perante Lula e assuma o governo por inteiro. Este é o principal problema, é o grande enigma da esfinge do Planalto Central. Na secura de Brasília o desafio “Decifra-me ou te devoro” tem uma nova versão: “Livra-te de Lula e dos amigos dele, ou serás devorada”. Eis a questão, que apenas uma pessoa pode resolver, a própria Dilma Rousseff.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Cúpula do PMDB aguarda nomeação de mais dois derrotados nas últimas eleições: Geddel Vieira Lima e José Maranhão, que devem ocupar duas vice-presidências da Caixa Econômica Federal.

Carlos Newton

O tempo passa, o tempo voa, e ainda falta preencher um número enorme de cargos no segundo escalão e nas arquibancadas do poder. Como sempre, a Caixa Econômica Federal é um dos destaques do cardápio político almejado pelo PMDB.

Dois derrotados nas últimas eleições de governadores lutam por vice-presidências da Caixa e só falta a nomeação, já está tudo acertado: o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e o ex-governador José Maranhão (PMDB-PB). As vice-presidências almejadas são a de Crédito à Pessoa Jurídica, sonho de consumo do político baiano, enquanto a de Loterias (que era de Moreira Franco) tem o paraibano o nome mais cotado.

Se a presidente Dilma Rousseff confirmar a indicação de ambos, cada um receberá um salário de R$ 28,75 mil na CEF mais participação nos lucros e resultados do banco. Esse vencimento se somará à aposentadoria que Geddel e Maranhão já recebem por tempo de contribuição como parlamentar e como ex-governador, respectivamente. Nada mal para os perdedores. Na verdade, vão ter remunerações maiores do que se tivessem sido eleitos.

Fonte: Tribuna da Imprensa

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