Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

terça-feira, dezembro 14, 2010

42 anos do AI-5, passou à História apenas como sigla. Foi tão selvagem, cruel e ditatorial, que não precisava mais nada. O coronel Passarinho, ao assiná-lo, definiu: “Às favas com os escrúpulos”.

Helio Fernandes

Esse 13 de dezembro é inesquecível. Não apenas para os atingidos, cassados, presos e desaparecidos, mas também para todo o país. Não começou nesse dia 13, vinha de antes, muito antes, na vontade de alguns, e na execução de alguns outros. E a palavra execução define e desarvora tudo.

Acho, não tenho certeza, que é a primeira vez que escrevo sobre esse “documento único” na História do Brasil, Monarquia ou República. Vou me prender, que palavra, apenas a fatos, nenhuma divagação, análise anterior, suposição ou seja o que for. Aqui, o que aconteceu a partir da divulgação desse Ato Institucional número 5, que como todos sabemos, se transformou histórica e ditatorialmente apenas numa sigla.

Retrocesso no tempo, apenas de uma semana, com duas participações de Djalma Marinho, extraordinária figura. No dia 5 de dezembro de 1968, eleição para presidente da Câmara, Djalma contra Nelson Marchesan, do Rio Grande do Sul, apoiado pela ditadura.

Eu era tão amigo de Djalma que não pude deixar de ir a Brasília. Assisti pessoalmente o massacre do deputado do Rio Grande do Norte. Ele era presidente da Comissão de Constituição e Justiça, que uma semana depois julgaria a licença para processar o jornalista-deputado do MDB, Marcio Moreira Alves.

Trocaram todos os oposicionistas da Comissão, ofereceram a Djalma Marinho não só a vitória para presidente da Câmara, mas o que ele quisesse. Os homens como Djalma jamais querem alguma coisa, resistência é o único objetivo, a recompensa. A obrigação do dever cumprido, sem lamento, ressentimento, aborrecimento, mas também sem dar a impressão de heroísmo.

No dia seguinte vim para o Rio. Tudo o que atingiria a muitos (cassação, prisão, censura, mais perseguição) já acontecera ao repórter há muito tempo. Também não podia fazer nada, a censura era brutal e de corpo presente, existiam quase tantos censores (policiais) quanto repórteres, um clima apavorante.

No dia 12 foi votada a licença para processar o jornalista, apenas um pretexto para ENDURECER o mais possível. Posso dizer com total segurança, não se esperava a derrota do governo ditatorial, a mobilização foi espantosa. Até o senador Daniel Krieger, um homem de sensibilidade, teve que trabalhar pela CASSAÇÃO do deputado. Embora senador e a votação fosse na Câmara, foi requisitadíssimo, principalmente pelo carrasco-mor, o Ministro da Justiça, Gama e Silva.

Queriam terminar tudo no dia 12 mesmo, Costa e Silva estava no Rio, no Laranjeiras, deu ordens ao Chefe da Casa Militar, Jayme Portela, D-U-R-Í-S-S-I-M-O: “Não quero ver ninguém, nem atender telefone”. (Ainda não havia celular, claro).

Costa e Silva ficou no segundo andar, com dois amigos civis, sem cargos no governo. Viu filmes (bangue-bangue, que adorava) até por volta de 3 da manhã. Não dormiu, lógico, quem dormiria com quase todos os oficiais das três Armas contra ele?

Só atendia o general Portela, que lhe dizia invariavelmente: “Gama e Silva precisa falar com o senhor, com urgência”. O presidente desligava, ou dizia: “Amanhã, amanhã resolveremos”. O Ministério da Justiça, ponta de lança dos militares mais ansiosos ou exaltados, não parava de agir, se considerava o mentor de tudo.

No dia seguinte, 13 de dezembro, Costa e Silva determinou ao Chefe da Casa Militar, que convocasse reunião ministerial no próprio Laranjeiras, às 13 horas. Discutiram pouco, não houve debate, todos estavam A FAVOR, mesmo alguns que no passado combateram ditaduras ostensivas ou não.

Costa e Silva, surpreendentemente ou para se vingar, já que sabia que estava praticamente deposto pelo Alto Comando, dizia o nome do Ministro e perguntava: “Como vota o senhor Ministro?”. Só o coronel Passarinho, narcisista e exibicionista, fingiu que pensava, demorou um pouco, e explodiu: “Presidente, VOTO A FAVOR do Ato Institucional, ÀS FAVAS COMO OS ESCRÚPULOS”.

O documento já estava redigido, Costa e Silva assinou tudo, o que fazer? Às 20,30, em cadeia da Agência Nacional, o AI-5 foi lido pelo locutor Alberto Cury, irmão de Jorge Cury e do cantor Ivon Cury. Era o fim de um período, a imposição de um regime que sacrificou a todos, incluindo o próprio presidente. Que não sobreviveu, morreria menos de um ano depois, já fora considerado INCAPACITADO.

Eu estava em casa, naquela época existiam jornais MATUTINOS e VESPERTINOS. Os matutinos saíam entre meia-noite e 1 da madrugada, os vespertinos (Tribuna, Globo, Correio da Noite) começavam a circular ao meio-dia. Trabalhávamos até as 6 da tarde, voltávamos às 6 da manhã, fechávamos, rodávamos e circulávamos, por volta de meio dia.

Ouvi a leitura do documento, comecei a me vestir. Rosinha me perguntou: “Você acabou de chegar, vai sair?”. Abraçando-a carinhosamente (o que até hoje é redundância ou pleonasmo), respondi: “Serei preso imediatamente, prefiro ser preso no jornal. Além do mais, tenho que tomar várias providências.

Já ia saindo, o telefone tocou, Rosinha atendeu, disse: “Helio, é o Carlos Lacerda”. Peguei o telefone, disse: “Você talvez seja a única pessoa que eu atenderia, estou indo para o jornal, no Rio devo ser o primeiro a ser preso, a Tribuna fica a 100 metros da Polícia Central”. O ex-governador, simplesmente: “E eu?”.

Respondi sem qualquer dúvida: “Carlos, você será preso e cassado”. Aí, do outro lado, um rugido e a resposta: “Não vou ser preso nem cassado, você está acostumado a adivinhar e acertar, mas essa você vai errar completamente”. Desliguei, o que fazer?

Cheguei ao jornal por volta das 10 horas da noite. Às 11 horas e quase 45 minutos, fui preso. Levado para a Polícia Central, quando entrava naquele edifício tétrico e assustador, o relógio macabro marcava exatamente meia noite, os dois ponteiros se divertiam. O repórter não demonstrava, mas como em outras oportunidades, assustadíssimo e com medo, mas não deixando ninguém perceber.

Me levaram para o Regimento Caetano de Farias, fiquei satisfeitíssimo: eu não fora o primeiro a ser preso, entrei num matagal sujíssimo (mas enorme, o que era ótimo), de lá do fundo surgiu a figura de Osvaldo Peralva. Grande jornalista, Redator-Chefe (como se chamava na época) do “Correio da Manhã”, intimíssimo amigo, ficamos conversando, não havia onde dormir. Até a manhã do dia seguinte, já 14, não apareceu mais ninguém.

Às 8 horas da manhã, quem chegava, evidentemente preso? Carlos Lacerda. Me abraçou como se não tivéssemos falado na véspera, garantiu: “Está bem, Helio, você acertou pela metade, estou preso mas NÃO SEREI CASSADO.

Respondi sem hostilidade, mas sem mascarar a realidade: “Está certo, trouxeram você para cá, apenas por diversão”.

Fomos todos levados para uma estrebaria (o quartel era um centro hípico), dormíamos no chão, não era o mais importante. Chegaram dois advogados que não conhecíamos. Às duas da tarde, uma festa: a entrada de Mario Lago, que foi preso no Teatro Princesa Isabel. Estava de saiote (fazia um personagem da Escócia), foi logo dizendo: “Aqui só quem me conhece é o Helio e o Carlos Lacerda, estou vestido assim, mas não sou viado”. (Na época era dito assim mesmo).

Eu e Lacerda tivemos momentos ótimos, de recordações, e péssimos, de crítica minha a ele. Lacerda só ficou do dia 14 até 22, eu, Peralva e Mário Lago ficamos até o dia 6 de janeiro, “Dia de Reis”. Os ditadores, geralmente, entre uma tortura e outra, são muito católicos.

Carlos Lacerda mandou um filho falar com o Cardeal (amigo dele), outro conversar com o general Sizeno Sarmento (que fora Secretário de Segurança dele governador), e o terceiro foi a São Paulo ver o que Abreu Sodré, grande amigo dele (e “governador”) podia fazer.

***

PS – Um dia disse a ele, que não gostou: “Carlos, preso não pede nem concede nada. Resiste e pronto”. Passamos Natal e Ano Novo lá, Lacerda não.

PS2 – No dia 30, soubemos, Lacerda foi cassado, nenhuma surpresa, só para ele. No dia 2 de janeiro de 1969, viajou para a Europa, ficaria lá mais ou menos 3 ou 4 anos. Teve a generosidade de ir se despedir de mim e de Mario Lago.

PS3 – Nunca mais participou de nada, voltou em 1973, se enclausurou na Nova Fronteira, editora que adorava. Nunca mais nos vimos. Morreu em 1977, de forma estranhíssima, da mesma morte sem explicação válida que atingiu Juscelino e Jango.

PS4 – Tinha 63 anos. Na prisão, num momento de calma, confessou: “Vou viajar, só volto à política para ser presidente”. Morreu dois anos antes da ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA.

PS5 – O país paga até hoje, nunca se reabilitou. Apesar de muitos acreditarem que tudo vai bem, “e que Dona Dilma será a salvação da lavoura”, como se dizia antigamente.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa

Constrangimentos

Carlos Chagas

Haverá constrangimentos na festa oferecida pelo presidente Lula a ministros e ex-ministros de seu governo, amanhã à noite, no Itamaraty. Menos pelos que já se foram, ao longo dos últimos oito anos, até porque alguns vão voltar. Mais pelos atuais que não continuarão no governo. Tudo indica que até amanhã Dilma Rousseff não terá completado a composição do ministério. Assim, haverá quem mantenha as esperanças. Os já escolhidos cumprimentarão os rejeitados com exageradas reverências, como a pedir desculpas por terem sido premiados. Tudo meio forçado.

Tome-se o encontro de dois ex-super-ministros: Antônio Palocci e José Dirceu, defenestrados em situações análogas, adversários na batalha que não houve, pela sucessão do Lula. O ex-titular da Fazenda, guindado agora à função de primeiro-ministro da presidente eleita, estará preocupado em não demonstrar muita alegria quando abraçar o ex-chefe da Casa Civil, ainda privado de seus direitos políticos. Ambos olhando para Dilma com imperscrutáveis sentimentos. “Por que ela e não eu?” - poderá ser indagação sufocada no recôndito da alma de cada um.

O próprio presidente Lula estará meio desconfiado com o volume de convidados esvoaçando ao redor da sucessora. Claro que a imagem refletirá sua vitória por tê-la retirado dos bastidores para o centro do palco, mas parece impossível que não sinta um certo incômodo ao verificar a quem os holofotes começam a iluminar.

Em suma, faltará na festa de amanhã a descontração de outras anteriores, promovidas nos últimos oito anos. Para que a corrente siga seu curso natural, será necessário aguardar a nova recepção, marcada para a noite da posse, no mesmo lugar, a primeiro de janeiro. Estará faltando alguém…

NENHUM POR TODOS, TODOS POR NENHUM

Do vice-presidente Michel Temer tem-se falado cada vez menos. Por decisão própria, encolheu-se. Sofreu uma saraivada de investidas e até de críticas por parte daqueles companheiros que, esperando por um ministério, não hesitavam em vê-lo em atrito permanente com Dilma Rousseff. No PMDB é assim, faz algum tempo: nenhum por todos, todos por nenhum. Poucos, no partido, pensaram em preservá-lo para a função que transcende os curtos limites partidários, de substituto e eventual sucessor da chefe do novo governo.

Também, em parte a culpa é dele. Deveria ter-se licenciado da presidência do PMDB logo depois de proclamados os resultados da eleição de outubro. Claro que permaneceria como privilegiado interlocutor de Dilma, em nome do maior partido nacional. Mas sem os ônus de impor o número de ministérios e os candidatos a ocupá-los, a menos que fosse convidado.

ADEUS NORDESTE

Ontem e hoje o presidente Lula desenvolve intenso périplo pelo Nordeste, o último antes de deixar o poder. Tanto inaugurou trechos quanto assinou ordens de serviço, quer dizer, projetos de implantação de novos pedaços da ferrovia que, conforme o PAC, já era para estar pronta. Fica o governo Lula devendo maior ritmo na estratégia tanto de realizar a Transnordestina quanto de recuperar a malha ferroviária nacional destruída ao longo da segunda metade do século passado. Fez muito, é claro, mas não fez tudo quanto pretendia. Vale o mesmo raciocínio para as obras de transposição das águas do rio São Francisco, que visita hoje.

NO SENADO, BATIDO O MARTELO

Dúvidas, propriamente, não existiam, mas no fim de semana ficou decidido que José Sarney continuará na presidência do Senado pelos próximos dois anos. Compuseram-se as bancadas do PMDB e do PT, sob a complacência do PSDB e do DEM. O ex-presidente da República está convicto de que, desta vez, sairá mesmo a reforma política, dispondo-se a dialogar com a Câmara, com o governo e com os partidos. Funcionará como uma espécie de estímulo a que o já então ex-presidente Lula realize o prometido, ou seja, a reforma política ampla. Há quem acredite que agora a reforma aconteça, obviamente que sem a fantasia da convocação de uma assembléia constituinte exclusiva para esse fim.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Absolvido na Justiça, Maluf tomará posse como deputado

Agência Estado

A Justiça abriu caminho para Paulo Maluf (PP) receber a diplomação na sexta-feira e ser reempossado deputado federal. Por três votos a dois, a 7.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo acolheu ontem argumentos de sua defesa e o livrou da pecha de ficha suja, absolvendo-o em ação por suposto ato de improbidade e fraude à licitação na aquisição de corte de frango congelado no período em que ocupou a cadeira de prefeito da capital paulista (1993-1996).

Reeleito em outubro com 497.203 votos - terceiro deputado mais votado no Estado -, Maluf estava acuado por impugnação do registro de sua candidatura, proposta pelo Ministério Público Eleitoral. Em processo movido perante o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a procuradoria enquadrou o ex-prefeito de São Paulo na Lei da Ficha Suja com base em decisão do próprio TJ - em abril, por dois votos a um, a 7.ª Câmara reformou sentença da 2.ª Vara da Fazenda Pública da capital, de 2002, que havia julgado improcedente acusação da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público contra Maluf por superfaturamento na compra do frango.

Contra aquela decisão do TJ, que obrigava Maluf a ressarcir o erário em R$ 21.737, 73 - valor do prejuízo à municipalidade, suficiente para seu enquadramento na lei que veta a candidatura de condenados -, os advogados do parlamentar ingressaram com recurso denominado embargos infringentes. Ontem, em sessão de 4 minutos, dois desembargadores - Nogueira Diefenthäler, juiz convocado que atuou como relator, e Constança Gonzaga Junqueira de Mesquita, revisora - deram seus votos. E Maluf virou o jogo. Cabe recurso, não em tempo hábil de reverter o triunfo do ex-prefeito.

Mas resta um obstáculo. Maluf ainda terá que requerer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que autorize de vez seu registro. Ontem mesmo, a defesa já preparou petição ao ministro do TSE Marco Aurélio Mello - relator na corte -, informando-o sobre a decisão do TJ. A alegação principal é que a única causa que gerava inelegibilidade do deputado já não existe. Outro argumento é a urgência para que o TSE se manifeste dada a aproximação da diplomação. O ministro pode decidir isoladamente ou levar a demanda ao plenário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo./A Tarde

Leonardo Bandarra e Deborah Guerner são afastados pelo Ministério Público

Promotores de Justiça são suspeitos num esquema de corrupção no Distrito Federal revelado pela Operação Caixa de Pandora


Mariângela Gallucci

BRASÍLIA - O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) determinou ontem por unanimidade o afastamento por 120 dias dos promotores de Justiça do Distrito Federal Leonardo Bandarra e Deborah Guerner. Eles são investigados por suspeita de envolvimento num esquema de corrupção no Distrito Federal revelado pela Operação Caixa de Pandora, que levou à prisão o então governador, José Roberto Arruda.

A maioria dos integrantes do CNMP concluiu que o afastamento era necessário para evitar a perturbação funcional e o acirramento de ânimos no Ministério Público do Distrito Federal. Durante o período de afastamento, os dois receberão salários integrais. Mas não poderão usar a estrutura do Ministério Público, ou seja, não poderão utilizar assessores, frequentar gabinetes e usar carro oficial. "Entendemos que os indícios eram suficientes para recomendar o afastamento", afirmou o presidente do CNMP, Roberto Gurgel.

Os conselheiros também resolveram prorrogar por 30 dias o prazo dos trabalhos de uma comissão encarregada de apurar os fatos. O conselho rejeitou um pedido dos advogados de Deborah Guerner para que a promotora fosse submetida a avaliação de uma junta médica a fim de constatar se ela tem sanidade mental para continuar a exercer a sua função ou se deve ser aposentada por invalidez.

Os integrantes do CNMP decidiram ainda incluir no procedimento novas provas que foram colhidas recentemente, inclusive depoimentos. A advogada de Bandarra, Gabriela Benfica, afirmou que estava ocorrendo um pré-julgamento.

Em novembro foram revelados vídeos com suspeitas da ligação existente entre Bandarra e Deborah Guerner. Os vídeos eram do circuito interno de segurança da casa da promotora e mostraram que Bandarra frequentava o local.

“São gravações que revelam fatos gravíssimos”, afirmou o conselheiro Bruno Dantas. “São fatos extremamente graves e anômalos”, disse o conselheiro Mario Bonsaglia. A sessão de ontem demorou cerca de 8 horas e foi assistida pessoalmente por Bandarra, que até recentemente era procurador-geral de Justiça do Distrito Federal.

Fonte: Estadao

segunda-feira, dezembro 13, 2010

TJ-SP cassa decisão que enquadrou Paulo Maluf na Lei da Ficha Limpa

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

A 7ª Câmara de Direito Público do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo cassou a decisão que condenou Paulo Maluf (PP) por improbidade administrativa em uma suposta compra superfaturada de frangos pela Prefeitura de São Paulo.

Leia íntegra da decisão

A decisão revogada foi a que levou o deputado a ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral), que então anulou os 497 mil votos que ele recebeu nas eleições.

Segundo o advogado de Maluf, Eduardo Nobre, essa decisão permitirá que o deputado vença recurso no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra a decisão do TRE-SP e fará com que ele seja diplomado como eleito nesta sexta-feira.

O Ministério Público Estadual pedia a devolução do dinheiro aos cofres públicos ao acusar superfaturamento na compra de 1,4 tonelada de frango, em julho de 1996, por R$ 1,39 milhão, da empresa de sua mulher. O caso tornou-se um dos mais polêmicos envolvendo a gestão de Maluf.

A ação já havia sido julgada improcedente em primeira instância, em 2002, isentando o ex-prefeito de devolver o prejuízo aos cofres públicos. Além do ex-prefeito, foram citados na ação Marcelo Daura, ex-presidente da Comissão de Preços, Francisco Martin, ex-secretário de Abastecimento, e as empresas Obelisco Agropecuária, que pertence à mulher de Maluf, e Ad'Oro.

Fonte: Folha.com

Antonio Santos Aquino diz que Golbery foi um grande estrategista, que criou e ensinou uma geração de jovens como Romero Jucá, líder no Senado de FHC e Lula. Agradeço a Aquino, aproveito para mostrar ligeiramente o Poder do SNI na ditadura.

Helio Fernandes

Aquino, como militar, deve ser lida com atenção a tua denominação de estrategista para Golbery do Couto e Silva. Para mim ele foi um grande “estrategista” em causa própria, cuidou de si mesmo, passou a vida tentando golpes para chegar ao Poder. Mas só conseguiu ser vitorioso quando já estava na reserva. Você sabe que os oficiais da ATIVA detestam e até repudiam os que passam para a reserva, esquecidos de que também será esse o futuro de todos.

Golbery foi sempre derrotado na ATIVA, e na verdade não passou de tenente-coronel, se reformando como general por causa das duas promoções, então obrigatórias. Sendo apenas militar, deixou os herdeiros satisfeitos. Conseguiu ser presidente (no Brasil) da Dow Chemical, que ganhou fábulas vendendo napalm (destruidor de vidas e territórios) aos EUA, e retardando o fim da guerra da Vietnã.

Quando Jânio Quadros “renunciou”, Golbery que era bom estrategista de si mesmo, percebeu que estava acabado, passou para a reserva, foi para a fazenda (magnífica) que tinha no interior de Goiás. Onde já estivera como punição. E aí começou verdadeiramente seu sucesso.

Ao contrário do que ele mesmo imaginara, conseguiu o “golpe” vencedor. Nos bastidores, a participação de Golbery foi intensa e imensa. Quando chegou ao Poder, vencera em todos os sentidos, destruiu o ostracismo, todos bajulavam o “general”. Rico, poderoso, o que seria contratempo para qualquer um, menos para ele. Teve que deixar a presidência da Dow Chemical, passou a presidente de HONRA. Com as mesmas vantagens, benefícios, mordomias.

Verdade seja dita, registrada, ressaltada, ressalvada: jamais participou de tortura, não era adepto da violência. Só se interessava por dinheiro e Poder. Gostava de viver confortavelmente, bem informado, sabia que os torturadores matam e violentam, mas também não têm tranqüilidade, são caçados pelos torturados. (Pelo menos os poucos que sobrevivem).

Foi o homem que deu forma, sentido e conteúdo ao SNI. Que imitava, no possível, a estrutura da CIA, embora Golbery raramente saísse do Brasil. Transformou esse órgão de espionagem num centro de Poder tão importante, que com a morte de Costa e Silva, com exceção de um único, todos os “presidentes” tinham que ser desse SNI.

Menos ele, o mais importante de todos. Sabia de “ciência própria” que o Exército jamais aceitaria (mesmo ou principalmente numa ditadura) um “presidente” que não fosse general da ATIVA, 4 estrelas, e que não fizesse concessões, a não ser ratificadas pelo alto comando.

Essas diretrizes eram tão entranhadas no processo militar e na própria sucessão ditatorial, que quando Costa e Silva morreu, para escolherem o “sucessor”, pela primeira vez colocaram urnas em quartéis, navios, estabelecimentos da Aeronáutica. E o general de 3 estrelas Afonso Albuquerque Lima, derrotou o general Orlando Geisel. Golbery fez campanha para ele, era intimíssimo dos dois irmãos. Albuquerque Lima não tomou posse, por causa da declaração do derrotado Orlando Geisel: “Como é que um general de 4 estrelas, como eu, vai bater continência a um presidente de 3 estrelas?” Ha!Ha!Ha! Orlando Geisel foi o criador e movimentador do DOI-CODI, antes como CODI-DOI. (Isso fica para outra oportunidade).

O “presidente” inicial, saído do SNI, foi o general Médici. Não queria mesmo, não era desprezo ou desinteresse pelo Poder, e sim cansaço. E rigorosamente verdadeiro: achava que não tinha condições de ser “presidente”, mesmo com todas as aspas, bordados e paetês. Finalmente aceitou, dividiu o Poder com Orlando Geisel, que foi repudiado para “presidente”, mas mandou mesmo. (A segurança do país, que incluía tudo, ficou sob o comando dele).

E sem qualquer dúvida: Médici ratificou, direta ou indiretamente, sabendo ou não sabendo, querendo ou não querendo, todas as violências praticadas. E não apenas no Rio, São Paulo e Pernambuco. Foi o primeiro a dizer, do alto do Planalto, 30 anos antes de Lula: “Eu não sabia de nada”.

Com Ernesto Geisel “eleito” para sucedê-lo, Médici fez a única exigência, numa pergunta pessoal a quem iria substituí-lo: “O general Golbery ocupará algum cargo no seu governo?”. E Ernesto Geisel, arrogante, prepotente, não torturador, mas que não podia prescindir de Golbery, respondeu: “Golbery? Não o vejo há anos”. Golbery seria o homem-forte de Ernesto Geisel. O que o “presidente” que assumiria poderia dizer?

Golbery dominou os 5 anos de Ernesto Geisel, utilizou seu estilo de não aparecer muito, mesmo porque, naquela época, o exibicionismo tinha pouco espaço. Hoje, todo esse espaço vem da televisão. Chateaubriand trouxe a televisão para o Brasil em 1950, custou a se firmar. Hoje, sem televisão, poucos existem. E os “proprietários” de canais de televisão, têm que agradecer à ditadura e aos ditadores. Enriqueceram e se tornaram poderosos, com a COLABORAÇÃO e a SUBSERVIÊNCIA dos generais.

***

PS – Anteontem, sábado, num programa de televisão sobre o “massacre” ao maior cantou popular de uma época, Wilson Simonal, o Boni, que começou na TV-Rio e só foi para a Globo quando ela estava qualificada, consolidada e garantida, afirmou: “A TV Globo foi muito censurada e policiada, não podíamos divulgar nada, sem AUTORIZAÇÃO”. Ha!Ha!Ha! Nunca imaginei que o Boni fosse tão audacioso e desinformado. Ha!Ha!Ha!

PS2 – Na verdade, Walter Clark foi quem fez tudo na TV Globo. Mesmo internamente, é considerado “o único gênio da televisão brasileira”. Até começar a beber, “bebeu tudo o que existia ou que podia”.

PS3 – Uma noite, o “presidente” Geisel recebeu todo o comando da TV Globo para um jantar no Planalto. Bêbado, Clark espinafrou a ditadura e o próprio Geisel, caiu desmaiado. Foi retirado do jantar, como se fosse um lixo. E para Roberto Marinho (presente, lógico), era mesmo lixo. Não aguentava mais ser “o segundo na própria empresa”. Ali mesmo Clark foi demitido.

PS4 – Termino aqui, agradecendo ao Aquino a oportunidade de lembrar em vez de esquecer. Acabava a Era Golbery, mas o “sistema 64” continuava dominado pelo SNI. Depois de Geisel, veio Figueiredo, sucessão tumultuadíssima, quase outro golpe dentro do golpe.

PS5 – Como presidente, (vindo do SNI) Figueiredo quase não pôde fazer nada, “inimigos” de todos os lados. Basta dizer que, numa obra no gabinete de Figueiredo, encontraram todo um esquema de CENSURA E ESCUTA, MONTADO PELO SNI.

PS6 – O audacioso e onipotente chefe do SNI, que se atrevia a “CENSURAR” o próprio “presidente” militar, era o General Otavio Medeiros. Que determinou (e mais verdadeiro, comandou) o “empastelamento” da Tribuna da Imprensa e a catástrofe (que não houve por milagre?) do Riocentro, foi esse mesmo Otavio Medeiros.

PS7 – Já estava acertado, o próximo presidente seria esse general-do-SNI. E como Castelo ficou 3 anos, Médici 4, Geisel 5, Figueiredo 6, Otavio Medeiros teria 7 anos para permanecer no Planalto.

PS8 – Como a ditadura acabou antes, o general Otavio Medeiros “perdeu um país inteiro”. Passou a beber mais do que o Walter Clark. Como chefe do SNI, tinha mais de 300 seguranças. Desesperado e embriagado, andava na rua, ia aos supermercados, ninguém o reconhecia ou ameaçava. Isso foi o que o levou à morte. O diagnóstico médico? Nenhuma importância.

Helio Fernandes |/Tribuna da Imprensa

Três receitas para ajudar a acabar com a pobreza

Carlos Chagas

Ao ser diplomada presidente da República, sexta-feira, Dilma Rousseff deverá enfatizar a idéia-base que norteou sua campanha: acabar com a pobreza no país. Meta de realização difícil, quase impossível para um ou dois mandatos, mas elogiável quando se trata de dar mais um passo na penosa marcha até a realização da justiça social.

Vão, descompromissadamente, três sugestões capazes de ajudar, já que o uso racional de recursos públicos insere-se na primeira fila da concretização do objetivo da presidente eleita:

1) Por que não restringir às exigências legais, às campanhas mercadológicas e à prestação de serviços essenciais, a publicidade das empresas estatais e da administração direta? É impossível calcular tudo o que o poder público repassa anualmente aos meios de comunicação, grandes e pequenos, na maior parte de maneira fajuta, apenas para garantir simpatia ou atenuar críticas. A Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e os Correios, por exemplo, não têm porque patrocinar telejornais, financiar jornais e revistas anunciando planos e realizações incapazes de conquistar-lhes um simples freguês ou correntista. Que patrocinem esportes, artes e atividades comunitárias, tudo bem. Mas notícias e informações, de jeito nenhum. A mídia, no sistema capitalista que tanto defende, que vá buscar patrocínio nas empresas privadas. Jamais nas tetas dos cofres públicos.

2) Grande economia faria o estado brasileiro caso mandasse suspender todo e qualquer repasse de dinheiro para as Organizações Não Governamentais. Nem se fala das ONGs fajutas, fantasmas, criadas apenas para sugar o tesouro nacional através de emendas parlamentares ao orçamento e outros expedientes. Mesmo as sérias, aquelas que prestam serviços comunitários ou servem aos direitos humanos e sucedâneos, se são “não governamentais”, porque atrelam-se aos recursos do governo? Vão buscar na sociedade os meios de prestar-lhe serviços. Quantas centenas de milhões seriam economizados para aplicação no combate à pobreza?�

3) Por último, nesse arremedo de sugestões quase impossíveis de viabilizar-se, por que não extinguir de uma só vez os famigerados cartões corporativos que fazem a festa de muitos ministros e ministérios, além de empresas estatais e instituições públicas como a Abin e outras? A proposta pode ter sido boa quando criada, mas os abusos sucedem-se em ritmo alucinante. Se era para agilizar a ação da máquina administrativa federal, e acabou num buraco sem fundo, que tal voltar ao modelo antigo, de verbas empenhadas para despesas urgentes, só que dentro de padrões modernos e sem burocracia? Possível é, ainda mais ao atentar-se para o volume de gastos supérfluos, quando não marotos e ilegais.

Até a posse, no primeiro dia de janeiro, outras receitas poderão reunir-se a estas, ainda que, vale repetir, só por milagre poderão quebrar a barreira de abomináveis fatos consumados aos quais os governos acostumaram-se.

O SINO E A PROCISSÃO

Saiu-se com bela imagem o senador Mão Santa, por sinal não reeleito para a próxima Legislatura. Disse que “ou se toca o sino ou se acompanha a procissão”. As duas coisas, não dá.

Dilma Rousseff anunciou, logo depois de eleita, que seu ministério seria meio técnico, meio político. A prática vem sendo cruel, nesse período de montagem de sua equipe. A predominância está sendo para a política, não obstante a solidez até agora registrada no grupo técnico. No correr da semana a presidente eleita deve escolher os 21 ministros que faltam, pois até agora 16 foram anunciados. Pelo jeito, a maioria virá da procissão de pedintes que integram os partidos, quase todos atrás das graças e dos milagres da Santa, incapazes de tocar o sino. O perigo é desfazer-se a imagem de um ministério eficaz e competente, atropelado por indicações partidárias fisiológicas.

CINCO PARTIDOS NUM SÓ

Reúne-se amanhã a bancada do PT na nova Câmara, com direito à presença de líderes que não são deputados. Apesar de a pauta indicar os entendimentos finais para a escolha do futuro presidente da casa, na verdade estará acontecendo mais um capítulo da guerra de foice em quarto escuro travada entre os companheiros. Porque o PT não é um. São cinco, a saber: “Construindo um Novo Brasil”, “Mensagem”, “Democracia Socialista”, “Movimento PT” e “Articulação de Esquerda”.

Cada grupo se apresenta de goela aberta, em busca da nomeação de ministros. Os “construtores” já emplacaram oito, os “mensageiros”, três. Os demais permanecem à mingua, mas ávidos de um lugar ao sol. Enfrentam-se com mais gana do que com outros partidos, insensíveis ao apelo do presidente Lula para unirem-se em torno de Dilma Rousseff. União estranha, essa prevista para amanhã.

DIFICULDADES NA PACIFICAÇÃO

Desde as preliminares da invasão do Complexo do Alemão, no Rio, milhares de fotos e de imagens televisivas vem mostrando fenômeno singular: o emaranhado de fios envolvendo postes e casas como numa imensa teia de aranha. Perigosa, por sinal, já que os curtos circuitos estão a um minuto de registrar-se. Trata-se de obra de eletricistas profissionais e de amadores, tudo para as comunidades receberem, sem pagar, ligações capazes de permitir-lhes acesso gratuito à energia que alimentará lâmpadas, fornos de micro-ondas, aparelhos de televisão e até computadores. São os célebres “gatos”. Faz décadas que os fiscais da famigerada Light não sobem o morro. Nem subirão, mesmo com as áreas pacificadas. Arrisca-se a ser posto para fora aos ponta-pés quem se propuser a reordenar aquele caos, passando a cobrar pelo consumo. As comunidades iriam preferir até mesmo o retorno dos traficantes, mas pagar contas de luz, de jeito nenhum. E agora, fazer o quê, quando a Força de Pacificação está prestes a assumir?

Fonte: Tribuna da Imprensa

Políticos e atletas contra a corrupção

Cerca de duas mil pessoas foram à Esplanada dos Ministérios correr contra a corrupção. Entre os atletas, estavam o governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e o velejador Lars Grael

Rudolfo Lago
Uma manhã bonita de sol coroou o sucesso da Corrida contra a Corrupção neste domingo (12) na Esplanada dos Ministérios

Fábio Góis

Não choveu, como os organizadores pediram aos céus. Mas, se tivesse chovido, o banho de cidadania teria sido o mesmo: cerca de 2 mil pessoas participaram da 1ª Corrida contra a Corrupção, realizada neste domingo (12) na Esplanada dos Ministérios – região administrativa central de Brasília que já foi (e, infelizmente, de vez em quando ainda é) palco de práticas imorais por parte de quem está no poder. Hoje, os protagonistas foram os cidadãos que honram o país.

Anônimos e famosos dividiram os flashes revezando-se em circuitos de 10 e 4 quilômetros, e ainda uma caminhada de mil metros. Gente como o governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), o velejador Lars Grael, o ex-judoca Mário Tranquillini e o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS) estava entre os “atletas” em nome da lisura na administração pública. Um dos apoiadores da iniciativa, o Congresso em Foco acompanhou a corrida.





Depois de 4 quilômetros percorridos “entre 20 e 25 minutos”, o que lhe rendeu camisa e rosto encharcados de suor, Agnelo ressaltou ao Congresso em Foco a importância da mobilização social no combate ao câncer que, anualmente, subtrai entre R$ 40 bilhões e R$ 69 bilhões dos cofres públicos. “A sociedade toda tem de participar e se mobilizar contra a corrupção. Isso é uma obrigação nossa, e ao governo cabe oferecer todos os instrumentos de transparência. Brasília será uma cidade com uma gestão ética e transparente, servirá de exemplo para todo o Brasil”, prometeu o ex-ministro dos Esportes, que tinha acabado de correr.

Agnelo ressaltou o trabalho de entidades como o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e o Instituto de Fiscalização e Controle (IFC), organizadores da corrida, no proveito dos mecanismos de transparência que devem ser viabilizados pelos governos. “Se não há acesso aos dados, aos contratos, como é que você vai fiscalizar? Tem de haver acesso para que a população possa fazer isso de maneira responsável”, completou o petista, para quem a corrupção foi rejeitada nas urnas, com a derrota de Weslian Roriz (PSC), esposa do ex-governador do DF Joaquim Roriz.

“A corrupção foi derrotada fragorosamente nas urnas, para não falar um adjetivo mais forte. Qualquer observador vê que a corrupção foi fragorosamente derrotada, o povo a rejeitou brutalmente. Cabe a quem ganhou com crédito do povo cumprir e honrar esse compromisso, e esse é o meu compromisso”, concluiu o governador eleito.










Cidadão brasileiro


Campeão da prova principal (10 km), o corredor profissional Paulo César da Silva Cruz, 37 anos, falou à reportagem como é ganhar uma competição com propósitos de cidadania. “Fico feliz por poder participar desse evento, colaborando com o combate à corrupção. Fazer parte disso, como cidadão brasileiro, para mim é muito importante”, disse o segurança desempregado, que tem apenas um patrocinador.

E se lhe dessem a chance de correr atrás da corrupção e alcançá-la, o que faria? “Rapaz, eu colocaria a corrupção embaixo do pé e pisaria. E destruiria, eliminava”, declarou, brincando com um quê de seriedade.

Judô

Parte do projeto Venceremos a Corrupção, a corrida foi realizada três dias depois do Dia Mundial de Combate à Corrupção (09 de dezembro), instituído pelas Nações Unidas em 2003. Naquele ano, 110 países assinaram uma convenção da ONU se comprometendo a rastrear e recuperar dinheiro e bens desviados, bem como a combater crimes como suborno e lavagem de dinheiro. Em seu artigo 13º, essa convenção estabelece que, para combater a corrupção, deve haver participação da sociedade.

Consciente do simbolismo do momento, Lars Grael celebrou a mobilização de “cidadãos brasilienses, brasileiros, atletas, hipotecando o engajamento na causa contra a corrupção” em pleno domingo de manhã. “É uma iniciativa louvável. Nós sabemos que a corrupção é um fato endêmico no Brasil, e corrói o sistema democrático nacional. O engajamento em campanhas como foi o Ficha Limpa mostra o início de uma virada de jogo, como o é o suporte das entidades de classe de fiscalização, controle, como o Contas Abertas”, disse Lars à reportagem, mencionando uma das entidades parceiras da corrida.

“Para mudar o Brasil temos de correr muito mais. Tem de correr no país inteiro, em todas as 27 capitais. Isso só muda através de um longo processo, da indignação e do voto”, acrescentou o campeão olímpico.

Ippon na “safadeza”

Responsável pelo projeto social Judô com Tranquillini, o atleta olímpico José Mário Tranquillini também participou da corrida. Mas apenas fez a caminhada, em razão de uma lesão na perna. “Sou nascido em Brasília. Eu e as 1.200 crianças que eu tomo conta somos vítimas dessa safadeza, desse câncer aí. Quando a gente toma consciência, e o cidadão se dá conta dessa situação, eu acredito que vai mudar o Brasil. É um começo. Essa lei da Ficha Limpa daqui a três anos já vai mudar a nossa cara, prevaleceu a vontade do povo”, disse o judoca, bicampeão panamericano e tricampeão sulamericano.

Do alto de seus dois metros de altura, Tranquillini fez uma analogia entre o combate à corrupção e os combatentes que lutam contra o narcotráfico no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro.

“Eles pegaram as armas. Nós vamos pegar na mão essa causa. Estou com uma prótese na cabeça do fêmur, mas levantei cedo e vim. Dou minha vida, minha alma pra isso”, disse, acostumado a esmagar quimonos de adversários quando está no tatame. “Mas não só fiscalizar, tem de fazer como eu faço: levar para as comunidades, conscientizando o jovem,o homem, o cidadão sobre como faz mal a corrupção. Se Deus quiser, o povo vai cuidar disso.”

Adiante

“Superamos as expectativas. Todos ficaram sensibilizados em relação ao tema. Já pediram para colocarmos a corrida no calendário oficial da cidade”, declarou o conselheiro Duque Dantas, do Instituto de Fiscalização Controle. Organizador da corrida, Duque adiantou ao site que a segunda edição do evento já tem data marcada: 11 de dezembro de 2011. “Será um domingo, depois do dia 9, que é o Dia Internacional de Combate à Corrupção.”

Duque informou que mais de 800 pessoas correram ou caminharam no evento, que teve a presença de mais de 2 mil cidadãos. “Esse foi só o passo inicial. É o começo de um processo. Ou a sociedade se mobiliza, se interessa por esse tema, começa a estudar esse tema, ou isso vai virar apenas um evento”, observou o conselheiro.

Dada a largada do projeto Venceremos a Corrupção, outros passos serão dados na luta contra o problema – serão feitos cadastros de “agentes fiscalizadores” das ações dos governos municipais, estaduais e federal. Mesmo os que não participarem da corrida poderão se cadastrar no site do Venceremos a Corrupção para receber informações das áreas de interesse, como educação, saúde, segurança e transporte. Ao se cadastrar, a pessoa passará, a partir do próximo ano, a ter acesso a informações referentes sobre como o seu município tem utilizado os recursos que recebe da União.

Entre as novas ações a serem implementadas a partir de 2011 está o fortalecimento dos índices de transparência das instituições – já que, por lei, os municípios de no mínimo 50 mil habitantes devem ter um portal de transparência em seu site – e a capacitação de entidades organizadoras para saber exatamente o que cobrar das prefeituras quanto à transparência e o combate à corrupção.

“Hoje nós trouxemos a sociedade. Trouxemos sem a premiação da corrida, porque o dinheiro era pequeno, mas as pessoas vieram pela causa. O cidadão tem de se conscientizar de que o combate à corrupção é uma tarefa de todos nós. Em um país do tamanho do nosso, não tem CGU [Controladoria Geral da União], PGU [Procuradoria Geral da União], Polícia Federal que, sozinhas, consigam combater a corrupção”, disse o diretor do Contas Abertas, Gil Castello Branco, comemorando o fato de a mobilização contra a corrupção ter transposto as “gabinetes oficiais e solenidades públicas” e chegado às ruas. Literalmente, e com passos acelerados no asfalto contra a chaga.

Leia mais:

Na Esplanada por uma causa: o combate à corrupção

De verde e amarelo contra a corrupção

Corrida na Esplanada contra a corrupção

Fonte: Congressoemfoco

A popularidade de Dilma

"Talvez porque estejamos todos acompanhando os esforços da presidente eleita para acomodar os partidos e políticos aliados na Esplanada dos Ministérios, ainda não começamos a refletir sobre o maior desafio de Dilma Rousseff: suceder o presidente mais popular da história brasileira"


O Brasil terá uma nova presidente daqui a exatamente três semanas. A ex-ministra Dilma Rousseff subirá a rampa do Palácio do Planalto e vestirá oficialmente a faixa presidencial após ter obtido pouco mais de 56% dos votos válidos na eleição realizada no último dia 31 de outubro.

Talvez porque estejamos todos acompanhando os esforços da presidente eleita para acomodar os partidos e políticos aliados na Esplanada dos Ministérios, ainda não começamos a refletir sobre o maior desafio de Dilma Rousseff: suceder o presidente mais popular da história brasileira.

De fato, as taxas de aprovação do presidente Lula atingiram níveis estratosféricos nos últimos anos. Salvo engano, este deve ser um daqueles raríssimos casos na política mundial de um governante mais popular no seu segundo mandato do que jamais foi no primeiro. Na média das 11 pesquisas nacionais realizadas pelo Datafolha no segundo semestre de 2010, a avaliação positiva ("ótimo" ou "bom") do governo Lula foi de 78,9% do eleitorado.

A propósito, aproveito para abrir um parênteses. A democracia brasileira está dando uma grande demonstração de maturidade. Em outras épocas (ou em outros lugares), um governante com essa popularidade jamais entregaria o poder de forma tão institucional e tão pacífica para o seu sucessor.

Quero crer que nenhum outro político brasileiro conseguiria manter taxas tão elevadas de aprovação. Além de ter feito um bom governo, Lula é dotado de um carisma pessoal e de uma trajetória social que não são encontrados facilmente na política. Talvez ainda demore uma geração para algo semelhante acontecer novamente.

Em outras palavras, será uma grande surpresa se a presidente Dilma - independentemente de suas virtudes e defeitos - vier a manter nas pesquisas os mesmos índices de popularidade atualmente demonstrados pelo presidente Lula. Meu palpite é que a sua taxa de avaliação positiva venha a se manter na casa dos 60% durante o primeiro trimestre do seu governo. Este ainda é um patamar bastante favorável, típico de presidentes em início de mandato.

A partir daí, a popularidade de Dilma dependerá fundamentalmente do desempenho da economia e do seu próprio estilo pessoal de governar. Em condições normais de temperatura e pressão, a tendência é que o apoio popular aos novos governantes vá se diluindo lentamente ao longo do primeiro ano de governo. Nesse sentido, eu diria que o grande desafio da presidente eleita será conseguir chegar ao final de 2011 com uma taxa de avaliação positiva ainda próxima de 50%. Isso se deveria unicamente ao seu mérito.

Esses números de popularidade serão importantes até mesmo para uma avaliação preliminar do potencial de reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Uma avaliação positiva na faixa de 40% daqui a um ano acenderia uma luz amarela mas ainda deixaria a nova presidente dentro da chamada zona de conforto. Em compensação, uma popularidade inferior a 40% certamente seria lida como um sintoma de fraqueza presidencial prematura. A sorte está lançada!

* Consultor político, com doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Foi professor da Universidade de São Paulo (USP), da PUC-SP e da Fesp-SP. Publicou o livro Partidos políticos do Brasil: 1945-2000 (Jorge Zahar Editor, 2000) e co-organizou a coletânea Partidos e coligações eleitorais no Brasil (Unesp/Fundação Konrad Adenauer, 2005).

Fonte: Congressoemfoco


Outros textos do colunista Rogério Schmitt*

Sexo virtual

“Em se tratando do vocabulário erótico na rede podemos concluir que nada é surpreendente ou instigante e o que temos é de uma pobreza atroz”

Lélia Almeida*

Escrevi um romance que se chama Anêmona Bristol e que conta a história de uma blogueira tão ruim, mas tão ruim que a personagem termina, por este motivo, ganhando grande popularidade. Anêmona Bristol é o pseudônimo de Ítala Açucena, uma escritora fracassada que se pergunta por que as mulheres têm tanta dificuldade de escrever humor e erotismo.
Para a construção da personagem, criei em algumas redes sociais, durante muitos meses, o perfil de Anêmona Bristol, que é uma espécie de piriguete retardada, gostosa e popozuda, e assim pude teclar com marmanjos de todo o país, noites inteiras e conheci um universo peculiar. Peculiar e familiar, se me faço entender. Porque o que tem na rede é o que tem na vida real, na mesa do bar, do boteco, do trabalho, de qualquer lugar onde as pessoas habitam e convivem. E mesmo tendo lido muitos especialistas sobre namoros e encontros na internet, não sou capaz de teorizar sobre o tema. A minha pergunta, a mesma de Ítala Açucena, é simples: por que as mulheres não escrevem humor e não falam de sexo.

Descobri algumas coisas que todo mundo que navega sabe. Você passa a ser chamada, imediatamente, por nomes super originais como gata, princesa, linda e querida, o que por si só é uma retardadice. Estou falando dos homens, mas quero dizer que também conversei com muitas mulheres e a idiotice é a mesma, com seus queridos, gatinhos, meu príncipe, gotoso, etc. A cordialidade no diálogo dura segundos, o tempo da criatura perguntar de onde vc está tc, você aprende a escrever naum, te kero, humm, nesta outra língua que as pessoas da minha idade precisam aprender e que qualquer pessoa de 30 anos domina à perfeição, intercaladas com carinhas com sorriso pra cima, pra baixo, corações vermelhos latejantes de muito mau gosto, vídeos de beijos de língua completamente artificiais, fodas horrorosas e vídeos do youtube com músicas como Have You Ever Really Loved A Woman?, do Bryan Adams, Titanic (LIVE), da Celine Dion, Leviana, do Reginaldo Rossi ou Toda Mulher, do Wando. A cordialidade dura segundos, você diz de onde está teclando, o outro também, ele vai dizer que a sua cidade é linda e que tem muita vontade de conhecer, pergunta se você é casada, ele quase sempre diz que está casado, mas que conta com a imponderabilidade do destino e que por isto está ali babando no seu perfil. Alguns ainda se arvoram a certo grau de sofisticação espiritual dizendo que sentem a sua energia e especulam sobre o quanto é mágico identificar-se com uma pessoa sem conhecê-la, apelando para expedientes relativos à sincronicidade junguiana ou para o repertório astrológico.

Passados os breves segundos da cordialidade, vai-se, então, diretamente para a putaria deslavada onde você lê pérolas originalíssimas como toma rola, toma pica, me dá a tua bundinha, te chupo toda, e o procedimento é meio padrão. Há um padrão, do tempo do término da cordialidade até o começo do embate e, imediatamente, o senhor pergunta pelas suas mais secretas fantasias e, sem sequer ler o que você possa ter escrito, declara que deseja, sem mais delongas, o seu rabo. Porque a única e maior transgressão sexual do macharedo brasileiro, de qualquer idade, do Oiapoque ao Chuí, é comer um cu. Pensem o que quiserem, eu não interpreto nada, eu sou uma escritora, eu só ouço e escrevo. Indo para o âmbito internacional, os portugueses clamam por comer-te a gatas (de quatro) e querem traçar a tua rata. E foi neste momento que tive de alinhar o vocabulário, com alguns, porque, além das diferenças regionais, mesmo transcontinentais, havia outras de ordem diversa que me broxavam e impediam de continuar a conversa com homens adultos que falavam do seu pintinho e com mulheres velhas que falavam da sua coisinha.

Alicia Steimberg, uma das escritoras mais geniais da atualidade, argentina, escreveu uma verdadeira obra-prima chamada Amatista, que ganhou um importante prêmio de literatura erótica, La sonrisa vertical, e que, lamentavelmente, nunca foi traduzido ao português.

Steimberg, em Amatista, cria um diálogo entre uma psicanalista e um paciente que faz com que gente leia o livro, de cabo a rabo, sem respirar, uma perfeição. Também é dela uma reflexão sobre literatura erótica onde ela diz que os argentinos não têm o menor problema de dizer que são muito liberais e que trepam muito e com quem lhes apetece, mas que são incapazes de dizer, com o mesmo desprendimento e orgulho, que são grandes punheteiros. Para ela escrever literatura erótica e ter um público leitor interessado significaria, mais ou menos isso, uma grande masturbação coletiva. Difícil é fazê-lo com a perfeição que ela alcança. Porque se pensarmos no ato em si, há uma mecânica simples que obedece e movimentos de entra e sai, levanta e sobe, e não há como transformar esta dinâmica simples em algo interessante ou excitante.

Consta que a população brasileira, dos quase 300.000 verbetes do Houaiss, faz uso de uma média de apenas 4.000 deles, e eu garanto a vocês que no quesito putaria-na-rede o vocabulário deve estar restrito a muito menos de 50 palavras, já que a prática me permitiu contabilizar também esta precariedade quantitativa. Eu e Anêmona Bristol buscávamos poses, posições, e, principalmente, vocabulário, entendendo que há maravilhas na língua portuguesa, palavras mimosas e sugestivas como côncavo, baba-de-moça, vara, pomba, rombudo, badalo, rola, ferro, estojo, urna, cava, cona, bainha, vagem, berbigão, castanha, carlotinha, crica, dedo-sem-unha, dente-de-alho, espia-caminho, hastezinha, pevide, pito, pinguelo, sambico, mitra, três ou três-vinténs, cabaça, monte-de-vênus, larga, aguada, apertada, arrombada, bela, perseguida, bochechuda, cabeluda, crespa, pentelhuda, preta, suada, boca-do-mato, brecha, caixinha de segredos, canoinha, cova, devora cobra, lanho, cofre, ninho-de-rola, rego, escrínio, aranha, bacalhau, barata, bichana, lacraia, mosca, passarinha, perereca, pomba, rola, ursa, touceira, cebola-quente, barbiana, romã, rosinha, xexeca, xoxota, breba, buça, búzio, ferrolho, ganso, rodela, bronha, mastruço, gruta, porongo, estrovenga, bagos, bimba, pimbinha, bilola, bilunga, bastão, fole, bífida, entre outras.

Em se tratando do vocabulário erótico na rede podemos concluir que nada é surpreendente ou instigante e o que temos é de uma pobreza atroz.

Importante esclarecer que o que me interessava era a narrativa da coisa, o palavreado mesmo, e que, portanto, o embate durava o tempo exato que as criaturas suportavam o meu espichado cu doce, sem webcam porque com ela, as palavras, que era o que eu buscava, desapareciam imediatamente.

Fiquei, nas primeiras semanas, estarrecida com a naturalidade com que os bofes perguntavam: “Quer ver o meu pau?”. Nossa, como os homens amam os seus membros, isso é realmente digno de nota e estudo, não conheço nenhuma mulher que tenha tamanha obsessão e genuíno afeto por suas partes íntimas.

E aprendi outras coisas importantes que vou levar para a vida, e que como sou generosa vou dividir com você, leitor. Na rede, como na vida, há sempre um que ama mais que o outro, um que se dedica mais, que se esforça mais. Reconheço que no meu exercício literário, onde o espírito da puta se mesclava ao da antropóloga-assistente social em campo, propiciei momentos maravilhosos para algumas criaturas, com a riqueza de detalhes que requer a descrição de um bom fellatio ou de uma eficiente cunilíngua, e a criatura gozava com um simples kasdhjoiwqfksfiowyhwndkshoaidiwhdlwqn! Dá licença, é muita preguiça, né?! Na vida real, deve ser daqueles preguiçosos que deixa uma mulher com LER (Lesão por Esforço Repetitivo) em determinadas situações onde se requer empenho e constância. O sexo na rede é uma debiloidice, eu garanto, assim como na vida real, onde quase sempre também é complicado.

E sobre a minha busca, posso dizer que foi um flagrante desastre, uma decepção. Larguei a rede e voltei aos clássicos literários, porque o erotismo não tem a ver com a coisa em si, mas com o contexto e este segredo, sabido por muitos, é facilmente esquecido, tanto na vida, como na rede e na literatura. O que nos excita não é o que se mostra, mas o que se esconde.

A pergunta sobre por que as mulheres não escrevem humor e erotismo continua, para mim, sem uma resposta satisfatória. A revolução sexual, que liberou as mulheres para a farra com anticoncepção, não destravou, devidamente, as suas línguas e isso é sintomático. Raras exceções merecem ser mencionadas, relembrando aqui alguns poucos nomes que me são caros, como as imbatíveis Hilda Hilst e Márcia Denser, a própria Steimberg, as históricas Anaïs Nin e Collete e duas senhoras brasileiras, sucesso absoluto de público de sua época, a quem Anêmona Bristol homenageia, Adelaide Carraro e Cassandra Rios, dignas de séria e urgente revisitação.

Despeço-me contando sobre um fenômeno que lanço como desafio e charada para os entendidos de sexo na rede. Depois de despachar alguns marmanjos inconvenientes, recebi vários vídeos do youtube com trechos do Pequeno Príncipe que reclamavam, através daquela raposa imbecil, que eu era responsável pelo que tinha cativado, eram os mesmos destemidos comedores de rabo, rejeitados e ressentidos, transformados em queixosas misses, choramingando pela foda perdida. Só me atrevo a pensar que uma queixa desse tipo anuncie o fim da civilização, o fim do mundo mesmo, uma tristeza sem precedentes na história das relações, tema que entrego de bandeja para os estudiosos da crise da masculinidade de plantão e das feministas doutoras em gênero, porque eu agora vou cuidar de terminar o meu romance, Anêmona Bristol, que será mais um na fila de outros que não consigo publicar em lugar nenhum deste país.

*Lélia Almeida é escritora e estudiosa de literatura de autoria feminina. Mantém um blog onde conta suas impressões sobre essas autoras e outros temas relativos às mulheres, que se chama mujerdepalabras.blogspot.com. É autora de romances, crônicas e ensaios

Fonte: Congressoemfoco

Fotos do dia

Marcia Regina está no calendário Sirena 2011 Jogo feminino Brasil x Holanda no Torneio Internacional Cidade de São Paulo Brasileiros se destacam no Campeonato Italiano; Robinho faz bela atuação no Milan
Vigilante Agora verfica as condições das rodviárias de São Paulo Paulistano aproveita final de tarde no parque do Ibirapuera Gupo fez beijaço gay contra a homofobia em São Paulo

Leia Notícias do seu time

vencer


    • Corinthians
    • São Paulo
    • Palmeiras
    • Santos
    • Portuguesa
    • Guarani
    • Ponte preta
    • São Caetano
    • Santo André
    • Prudente
    • Guaratinguetá
    • Bragantino
    • Flamengo
    • Vasco
    • Fluminense
    • Botafogo
    • Grêmio
    • Internacional
    • Cruzeiro
    • Atlético Mineiro

Escolhas polêmicas

Beto Richa e Dilma Rousseff indicaram secretários e ministros que estiveram envolvidos em escândalos políticos

Publicado em 13/12/2010 | Caroline Olinda

A presidente eleita, Dilma Rousseff, e o futuro governador do estado, Beto Richa, parecem não temer a polêmica que pode ser causada por algumas indicações que fizeram para os ministérios e o secretariado, respectivamente. Dos 16 ministros já confirmados por Dilma, ao menos seis são suspeitos de envolvimento em ilegalidades, como loteamento de cargos, compra de votos e até lavagem de dinheiro. No Paraná, alguns dos futuros secretários também já enfrentaram problemas na Justiça ou estiveram no centro de escândalos recentes da política paranaense.

Dos futuros chefes da Esplanada dos Ministérios, quem talvez carregue o maior peso do passado seja Antonio Palocci. O próximo ministro-chefe da Casa Civil deixou o governo Lula em 2006, após o escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, testemunha do caso da República de Ribeirão Preto – mansão que empresários da cidade paulista usavam para fazer lobby em Brasília. Palocci foi absolvido pelo Supremo, mas o escândalo marcou sua história e ainda pode servir de munição para a oposição atacar o governo Dilma.

Richa reproduz nepotismo de Requião

Além de escolher políticos que já estiveram envolvidos em escândalos e problemas na Justiça para compor o seu secretariado, o futuro governo Beto Richa também não temeu possíveis críticas e indicou a mulher, Fernanda Richa, e o irmão, José Richa Filho, para secretarias importantes.

Leia a matéria completa

Entre os confirmados para o secretariado de Richa até agora, Cassio Taniguchi (DEM) é o que já enfrentou mais polêmicas. O ex-prefeito de Curitiba chegou a responder à quase 30 processos na Justiça por supostas irregularidades durante a sua gestão na capital do estado e enfrentou denúncias de caixa 2 na campanha à reeleição, em 2000. No ano passado, Taniguchi deixou o governo do Distrito Federal em meio ao escândalo do mensalão do DEM. Na época em que as denúncias contra o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM) começaram a surgir, Taniguchi ainda era secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal, cargo que assumiu em 2007. O escândalo não chegou a atingir diretamente o ex-prefeito, que nunca foi citado nas investigações da Polícia Federal.

Na avaliação do especialista em marketing político Carlos Manha­nelli, a população tende a esquecer escândalos do passado. “As pessoas não só esquecem como perdoam. Principalmente quando não há condenação na Justiça, a população tende a não se importar com o passado dos futuros ministros ou secretários. Então, isso não pesa tanto na imagem dos novos governos”, diz. Para ele, a população só passa a se preocupar com quem está ocupando ministérios e secretarias no momento em que o governo vai mal ou surgem denúncias muito fortes.

O professor Bianco Zalmora, do departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Lon­­drina, tem opinião semelhante. “A gente percebe um descaso [dos futuros governantes] com a opinião pública. Mas essas práticas são tão costumeiras que começam a gerar uma apatia na população”, avalia. Apesar disso, ele observa que práticas fisiologistas podem ter a capacidade de prejudicar os novos governos.

Para Zalmora, algumas das indicações feitas por Richa para acomodar interesses de aliados, por exemplo, podem criar poblemas de credibilidade para o futuro governador. Uma vez que, durante a campanha eleitoral, ele reforçou o discurso de renovação das práticas políticas. O cientista político Ricardo Costa de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), destaca a indicação de Taniguchi para a Secretaria de Planejamento como um fator que pode diminuir a expectativa da população de que haja mudanças com o governo Richa.

“Ao menos o eleitor mais esclarecido já se sente ludibriado. Porque houve a indicação de um nome que não concorreu à reeleição para deputado federal por já saber da sua rejeição e não participou da campanha de Richa. É mais grave que no caso de Palocci porque ele estava presente na campanha da Dilma desde o começo”, comenta. “Aquele que esperava renovação começa a perceber que ela não veio”, conclui.

Fonte: Gazeta do Povo

Justiça libera mais de um terço dos fichas-sujas

Flávio Ferreira e agências

Mais de um terço dos políticos julgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por conta da aplicação da Lei da Ficha Limpa tiveram suas candidaturas liberadas. Após serem considerados “fichas-sujas” por TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) estaduais, cerca de 200 candidatos recorreram ao TSE.

Já houve decisões em 164 casos, com 59 julgamentos favoráveis aos políticos. Mas, faltando menos de uma semana para a diplomação dos eleitos para o Legislativo, marcada para sexta-feira, ainda há mais de 70 casos de enquadrados na Ficha Limpa pendentes de decisão final pelo TSE.

Afrouxamento - A liberação de candidaturas pela corte tem levado os TREs a realizar recontagens de votos nos últimos dias. Antes apontados como “fichas-sujas”, os candidatos a deputado federal Beto Mansur (PP-SP), Augusto Maia (PTB-PE), Manoel Salviano (PSDB-CE), Eugênio Rabelo (PP-CE) reverteram as decisões e serão diplomados – Eugênio Rabelo na condição de suplente.

A maior parte dos candidatos vitoriosos no TSE foi beneficiada por um afrouxamento na aplicação da lei. De acordo com o texto da Ficha Limpa, são inelegíveis os políticos “que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável”.

Leia reportagem completa na edição impressa de A TARDE desta segunda,

domingo, dezembro 12, 2010

Domingo Espatacular Tiririca rebate polêmica de...




Quem é o “palhaço” ?

Os paulistas deveriam se orgulhar do deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva (não é parente), também conhecido como Tiririca.

Um Estado que se notabiliza por conceder invariavelmente votações fulgurantes a Paulo Maluf teve a oportunidade de se recompor moralmente com a votação esmagadora do comediante cearense: 1 milhão e 300 mil (e cacetada, diz ele) de votos.

A Folha (*), pág. A11, reproduziu parte da entrevista que este ordinário blogueiro teve a honra de fazer com seu colega de trabalho, o comediante Tiririca.

Diz o título preconceituoso da Folha (*): “Tiririca diz ainda não saber ‘bem’ o que deputado faz”.

Resposta que qualquer deputado eleito pela primeira vez e ainda não empossado poderia dar.

Quando eu perguntei se ele sabia o que ia dizer na primeira vez em que subisse ao púlpito e bradasse solenemente: “Senhor Presidente !”, ele respondeu com cara de malandro: começa que eu não sei o que é púlpito.

Resposta que a Folha registrou – a sério.

(A Folha teria registrado também a sério outra resposta dele à pergunta sobre como ele jogava futebol (se bem ou mal, estava implícito) e ele respondeu: em pé !)

Na verdade, quem entende de “púlpito” é o Padim Pade Cerra, como se vê neste vídeo patético em campanha contra os homossexuais.

E para o PiG (**) de São Paulo, Cerra é “a elite da elite”, como dizia a Veja.

Perguntei também a Tiririca: se ele fosse do “CQC” ou do “Casseta” – será que chamariam ele de “palhaço”, ou seria “comediante” ?

Comediante, ele respondeu.

A entrevista de Tiririca – que será reproduzida na RecordNews, nesta terça feira, às 21h15 – explica, primeiro, que ele sabe que deve sua votação consagradora à sua biografia: um nordestino sofrido que venceu na vida e quer acertar.

Os 1 milhão 300 mil (e cacetada) de eleitores não são cretinos.

Eles entenderam direitinho o que significava votar no Tiririca.

Como aquele um milhão de eleitores que elegeram o Clodovil por São Paulo.

O legado parlamentar do meu colega de trabalho Clodovil é exemplar – uma legislação impecável sobre como trabalhar a adoção de crianças (ele foi adotado).

E São Paulo deveria se orgulhar mais do deputado Clodovil do que do Paulo Maluf (o que fez Maluf por São Paulo, na Câmara, além de envergonhá-lo ?).

Perguntei a Tiririca se ele ia ser um deputado pelo Ceará, onde nasceu, ou por São Paulo.

E ele respondeu de forma mais articulada que o Cerra faria: pelos dois.

E será pelos dois.

E quando surgir uma votação em que esteja em jogo o interesse do Nordeste – disse o deputado Francisco Everardo – ele saberá, perfeitamente, distinguir onde está o interesse do Nordeste.

Como Clodovil e Lula, Tiririca é uma prova de que a democracia brasileira funciona.

E este ordinário blogueiro se orgulha disso.

Em tempo: Confira os vídeos da entrevista que este ordinário blogueiro fez com o deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva.






Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


Artigos Relacionados

Em destaque

0 Segundo dados, servidor público tem escolaridade superior à do trabalhador privado

    BPC: regularização do CadÚnico é feita no Cras, afirma INSS Os beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) não precisam com...

Mais visitadas