Publicado em 17 de fevereiro de 2025 por Tribuna da Internet

Musk passa dos limites ao defender impeachment de Lula
Roberto Nascimento
Assisti aqui no Rio ao filme “Trilha Sonora para um Golpe de Estado”, do cineasta belga Johan Grimonprez, um dos favoritos ao Oscar de Melhor Documentário deste ano, vencedor do Prêmio Especial do Júri por Inovação Cinematográfica no Festival de Sundance.
O roteiro mistura jazz e descolonização nesta passagem histórica, que reescreve o episódio da Guerra Fria que levou os músicos Abbey Lincoln e Max Roach a invadirem o Conselho de Segurança da ONU em protesto contra o assassinato de Patrice Lumumba — político que liderou a independência da República Democrática do Congo.
CONGO E BRASIL – Pensando aqui, sobre a queda da popularidade de Lula, repentina e violenta, divulgada pelo Datafolha, de 42 para 24 por cento, comparei o cenário com o vivido por Patrice Lumumba.
A luta do líder nacionalista congolês foi um grito de dor para salvar seu povo do colonialismo belga.
Assumiu o cargo de Premier em 30 de junho de 1961 e assassinado cinco meses depois, a mando do rei belga e do presidente americano Eisenhower.
Houve de tudo, assassinatos, destruição de aldeias inteiras, mercenários pagos pelos belgas e traidores da pátria, como o coronel Desirée Mobutu, um genocida corrupto, que roubou as riquezas minerais do Congo dividindo com belgas e americanos..
Não foi diferente dos assassinatos na América Latina, nas décadas de 60 e 70.
QUEDA DE JANGO – Aqui em 1964, Jonh Kenedy ordenou à CIA para preparar a queda de João Goulart. Iniciou-se uma sequência de paralisações na atividade produtiva, greves, aumento de alimentos e falta de arroz e feijão nas feiras e mercados.
Agora, me parece que o processo de desmantelamento do governo Lula está a todo vapor. Até o assunto impeachment entrou na pauta, após a fala do deputado Sóstenes Cavalcante, da bancada da Bíblia e líder do PL na Câmara.
O deputado Hugo Motta, presidente da Câmara e unha e carne de Eduardo Cunha, que pautou o impeachment de Dilma não é confiável.
Não se justifica, a alta nos preços do café, da laranja e de outros produtos essenciais, um absurdo. O empresário Elon Musk, número dois de Trump, trabalha para derrubar Lula e implodir o STF, ao impulsionar suas plataformas sociais.
NOVO RETROCESSO – Não se trata de defender o governo ou qualquer personagem sentado no trono presidencial, mas de deixar um alerta sobre a marcha para um novo retrocesso no Brasil, através de um golpe parlamentar ou mesmo de uma intervenção militar com apoio de Donald Trump, assim como Kenedy atuou contra João Goulart.
Os motivos são de ordem estratégica para os americanos, remeto à liderança do Brasil nos BRICS, à proximidade diplomática e ao crescente comércio com a China; à fala sobre a substituição do dólar pelas moedas locais nas transações comerciais; e principalmente à captura das riquezas minerais intocadas da Amazônia para exploração pelos novos detentores do poder nos EUA.
O Brasil vai virar o Congo, se as elites do agro e da Indústria embarcarem em nova intervenção militar. É melhor deixar o povo escolher seus representantes nas urnas para o bem ou para o mal. Na próxima eleição, tira o elemento ruim e bota outro lá no Planalto. No golpe, são sempre os mesmos e matam a gente sem pudor algum e com requintes de crueldade.