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sexta-feira, setembro 22, 2023

MP de São Paulo recorre de decisão de Toffoli, mas Aras ainda tenta embromar

Publicado em 21 de setembro de 2023 por Tribuna da Internet

Estão em jogo interesses golpistas que envolvem Augusto Aras.

Charge do Fraga (Gáúcha/Zero Hora)

Rafael Moraes Moura
O Globo

O Ministério Público do Estado de São Paulo entrou nesta quarta-feira (20) com um recurso contra a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, que anulou as provas obtidas no acordo de leniência da Odebrecht. Na mesma decisão, Toffoli declarou que a condenação de Lula no âmbito da Lava-Jato foi um “dos maiores erros judiciários da história do país”.

Para o MP de São Paulo, a decisão de Toffoli não pode atingir sem distinção toda a classe política, já que quem moveu o processo foi apenas Lula.

DECISÃO GENÉRICA – O ato de Toffoli anulou quaisquer provas obtidas dos sistema Drousys e My Web Day em “qualquer âmbito ou grau de jurisdição”, abrindo brecha para beneficiar vários políticos. “Não há como se ampliar a concessão da ordem para atingir processos e investigações indistintas, em que não se tem conhecimento sequer dos fatos e sujeitos investigados”, frisa o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo.

Ao criticar a decisão de Toffoli de beneficiar políticos que não integram o processo, Sarrubbo destaca que no Ministério Público do Estado de São Paulo “tramitam diversas ações e investigações que envolvem a Odebrecht e elementos obtidos a partir dos sistemas Drousys e MyWebDayB, e que poderão ser afetadas pela decisão”.

Iniciada em março de 2014, conjunto de investigações contra a corrupção já levou à prisão desde empresários a políticos, incluindo dois ex-presidentes da República no Brasil e seis em outros países.

ERRO DE TOFFOLI – “Patente o interesse jurídico a amparar a intervenção do Ministério Público do Estado de São Paulo, pois proferiu-se decisão que abrangeu inúmeras investigações e ações judiciais titularizadas pelo Ministério Público bandeirante, a despeito de, em nenhuma delas, figurar como investigado o autor da presente reclamação (Lula)”, ressaltou.

No recurso, o MP de São Paulo lembra que o caso em questão é, originalmente, uma reclamação apresentada pela defesa de Lula — na época, capitaneada por Cristiano Zanin Martins — com o objetivo de garantir ao petista acesso a documentos e provas do acordo de leniência da Odebrecht.

O caso ganhou novos contornos depois que vieram à tona as mensagens entre o então juiz federal Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato de Curitiba, captadas pelo hacker Walter Delgatti Neto e apreendidas na Operação Spoofing, da Polícia Federal.

RECURSO DE ARAS – A procuradoria-geral paulista, portanto, pediu para Toffoli reconsiderar a decisão, especificamente no ponto em que declarou a “imprestabilidade ampla e genérica” dos elementos de prova obtidos a partir do acordo de leniência da Odebrecht.

Na prática, o MP de São Paulo quer “reduzir danos” e esvaziar o alcance da decisão de Toffoli, delimitando-a ao presidente da República.

A decisão do ministro do Supremo é monocrática, ou seja, foi tomada unicamente por ele. O recurso deverá ser examinado por Toffoli ou pela Segunda Turma, que costuma votar contra a operação Lava-Jato.

OUTRO RECURSO – Na semana passada, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) já havia entrado com outro recurso contra a decisão de Toffoli.

A ANPR pede que o Supremo declare que o acordo de leniência da Odebrecht segue em vigor, mesmo que as provas contra os investigados na Lava-Jato sejam consideradas inválidas.

O recurso do MP de São Paulo foi protocolado em meio à indefinição da Procuradoria-Geral da República (PGR), que ainda avalia se vai contestar a decisão de Toffoli.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Nessas horas, o procurador-geral Augusto Aras, trêfego e melífluo, faz o possível e o impossível para se esquivar de cumprir sua obrigação(C.N.)

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