Bela Megale
O Globo
Em conversas com aliados e assistentes, Jair Bolsonaro já vem colocando uma tese na praça para rebater a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. O ex-presidente passou a dizer que seu ex-ajudante de ordens não participava das reuniões que tinha com os comandantes das Forças Armadas, por causa de sua patente. Cid é tenente-coronel do Exército.
Bolsonaro tem afirmado que Cid recebia a cúpula militar, os acomodava no Palácio e saía das reuniões. A versão do ex-presidente busca desacreditar a delação premiada de Mauro Cid.
Como revelou a coluna, o ex-ajudante de ordens afirmou à Polícia Federal, em seu acordo, que presenciou uma reunião de Bolsonaro com a cúpula militar para discutir uma minuta de golpe.
BRAÇO DIREITO – Mauro Cid é conhecido por ter atuado como o braço direito de Bolsonaro durante todo o mandato, com presença marcante em todos os encontros e agendas, dentro e fora do Brasil, inclusive atuante no comércio de joias.
O grupo de Bolsonaro pretende se articular e defender um relato que siga a mesma linha sobre os fatos, isolando, assim, Mauro Cid e buscando descredibilizar sua delação. Na visão dos aliados de Bolsonaro, o principal “culpado” pelo que chamam de “estratégia kamizake” adotada pelo tenente-coronel é o advogado Cezar Bitencourt.
Desde que assumiu a defesa de Cid, no mês passado, Bitencourt despertou incômodo no entorno de Bolsonaro, com a transmissão de sinais trocados sobre a possibilidade de o cliente fazer uma delação e também sobre o conteúdo que foi revelado para a Polícia Federal.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Essa guerra de versões só terminará quando a Polícia Federal ouvir o depoimento dos comandantes militares presentes à reunião, juntamente com o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nóbrega. Até lá, haverá muito zum-zum-zum, como se dizia antigamente. (C.N.)