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terça-feira, novembro 22, 2022

General Santos Cruz está otimista e diz que Lula não precisa temer os militares

Publicado em 22 de novembro de 2022 por Tribuna da Internet

General Carlos Alberto dos Santos Cruz | Tudo Sobre | G1

Santos Cruz diz que Lula sabe se relacionar com militares

Leandro Prazeres
BBC News Brasil

Desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu as eleições presidenciais deste ano batendo o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), quartéis e outras unidades militares se transformaram em pontos de peregrinação de apoiadores bolsonaristas inconformados com o resultado da disputa.

Nos grupos de WhatsApp e Telegram onde eles se organizam, eles pedem uma intervenção militar que possa impedir que Lula tome posse sob o argumento de uma suposta fraude nas eleições.

MUITA EXPECTATIVA – Nos últimos dias, notas divulgadas pelo Ministério da Defesa e pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica fizeram crescer a expectativa desses manifestantes de que uma reação poderia vir da caserna, o que poderia representar uma ruptura democrática.

É nesse clima de tensão que o general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz disse em entrevista à BBC News Brasil que o novo governo do PT não tem motivos para temer a atuação dos militares nos próximos quatro anos. Ele diz apostar em uma relação harmônica entre Lula e os militares.

SEM NADA TEMER – “Do meu ponto de vista, não precisa temer nada. Nem o governo e nem a população”, disse Santos Cruz, um dos militares mais respeitados de sua geração. Comandou o contingente militar de missões de estabilização da Organização das Nações Unidas no Haiti e na República Democrática do Congo.

Em 2018, foi um dos primeiros oficiais de alta patente a apostar na candidatura vitoriosa de Bolsonaro em 2018. Em janeiro de 2019, foi nomeado como ministro da Secretaria de Governo da Presidência, mas ficou no cargo por apenas seis meses.

Em junho daquele ano, foi exonerado por Bolsonaro após virar alvo de ataques da chamada ala ideológica do governo, na época comandada pelo escritor Olavo de Carvalho, morto em janeiro deste ano.

APOIO A MORO – Desde sua saída, Santos Cruz vem tecendo críticas ao atual presidente e, neste ano, chegou a colocar seu nome à disposição para formar uma chapa à Presidência ao lado do ex-juiz federal e atual senador eleito Sergio Moro. Mesmo na reserva, ele é frequentemente procurado por interlocutores interessados em saber como funcionam as engrenagens das Forças Armadas do Brasil às quais ele serviu por mais de quatro décadas.

FUNÇÃO MODERADORA – À BBC News Brasil, Santos Cruz também disse que acreditar que Lula tem experiência política e saberá lidar com as Forças Armadas.

Também rechaçou a tese difundida por apoiadores de Bolsonaro e mencionada em uma nota assinada pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica há duas semanas segundo a qual as Forças Armadas teriam uma função “moderadora” na República brasileira.

“Qualquer interpretação de que as Forças Armadas são um poder moderador está completamente errada”, disse o ex-ministro.

BBC News Brasil – Qual é a origem das desconfianças e tensões dos militares das Forças Armadas em relação ao presidente eleito Lula?
Santos Cruz – Eu não vejo essas tensões, porque nós tivemos anteriormente dois mandatos do atual presidente eleito e não houve nenhuma dificuldade de relacionamento. Houve respeito institucional e houve um orçamento regular. O Brasil, naquele período, participou de missões de paz dentro do esforço de política exterior do Brasil. Houve vários projetos (estratégicos) das Forças Armadas que são daquela época. Temos todas as condições de contornar esse período de política conturbada, de muito fanatismo político, e termos um relacionamento respeitoso sem maiores problemas.

Já houve manifestações de diversos militares que não veem com bons olhos a eleição do presidente Lula. Por que, na sua opinião, parte dos militares não se sente satisfeita com a eleição do presidente Lula?
Em primeiro lugar, o militar como eleitor tem direito de votar em quem ele quiser. Ele tem direito de gostar ou não da eleição, de ficar satisfeito ou não. Isso é no nível de aceitação individual. Agora, é importante separar o que é individual do que é institucional. Sem dúvida nenhuma, no meio militar teve gente que votou no atual presidente Bolsonaro e gente que votou no presidente Lula. Outra coisa é a aceitação institucional. Institucionalmente, você não pode ter restrição à eleição. É preciso fazer essa diferença. Eu vejo que todos, não só os militares, mas todas as pessoas em carreiras de Estado, mesmo aquelas que tenham votado em outro candidato, precisam aceitar o resultado da eleição. Isso está um pouco difícil para algumas pessoas, mas não vejo dificuldade institucional.

O novo governo do presidente Lula precisa temer os militares de alguma forma nesses próximos quatro anos?
Eu não posso falar pelos militares porque eu sou da reserva. Quem dirige os destinos das instituições militares hoje são os seus comandantes, que são pessoas extremamente capacitadas e preparadas, que chegaram à situação de comandante por mérito. O que eu falo é pessoal e baseado na cultura militar em que eu fiquei por mais de 45 anos. Eu acho que o povo brasileiro tem que continuar confiando, como sempre fez, nas instituições e nos comandantes atuais. É importante que essas instituições se comportem de forma apolítica, sem preferência de nomes e de partidos. Isso é fundamental para toda a sociedade brasileira. Isso vale não só para a instituição militar, mas para outras como a Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal […] Elas precisam ter esse comportamento porque a briga política sempre vai existir de quatro em quatro anos. Mas as instituições do Estado têm que dar essa tranquilidade para a nossa população.

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