Publicado em 7 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet
Fernanda Vivas
TV Globo — Brasília
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 90 dias o inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro interferiu na Polícia Federal. O inquérito foi aberto em 2020 pelo Supremo, que atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), e tem como base acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro. O prazo das investigações acabaria no próximo dia 27.
Quando anunciou a saída do ministério, Moro disse que Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF ao cobrar a troca do chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro e ao exonerar o então diretor-geral da corporação, Mauricio Valeixo, indicado por Moro.
BLINDAR INVESTIGAÇÕES – O objetivo, segundo Sergio Moro, seria blindar investigações de aliados. Bolsonaro, desde então, tem negado a acusação.
“Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (27 de janeiro de 2022), o presente inquérito”, decidiu Alexandre de Moraes.
Sergio Moro afirma que estão entre as provas de que Bolsonaro tentou interferir na PF mensagens trocadas pelos dois em um aplicativo de mensagens e a reunião ministerial de 22 de abril de 2020.
RÉU CONFESSO – Na reunião, disse Bolsonaro, reconhecendo a interferência, usando palavras de baixo calão: “”Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro e, oficialmente, não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha, que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira.”
Segundo Moro, ao mencionar a palavra “segurança”, Bolsonaro se referia à Polícia Federal no Rio de Janeiro.
O presidente, por sua vez, sempre argumentou que se referia à sua segurança pessoal, cuja responsabilidade é do Gabinete de Segurança Institucional. O Jornal Nacional, contudo, mostrou que os seguranças pessoais de Bolsonaro no Rio foram promovidos, o que coloca em xeque a versão do presidente.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Desse jeito, essa investigação não chega a lugar alguma. O tempo passa, o tempo voa, e nada se apura. No final, fica tudo por isso mesmo, como se dizia outrora, ironicamente. (C.N.)