Publicado em 7 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet
Robson Bonin
Radar (Veja)
Enquanto esteve no Planalto, Lula sonhou em acabar com o conflito no Oriente Médio. “Está provado é que a ONU não tem coragem de tomar uma decisão de colocar paz naquilo lá. E não tem coragem porque os Estados Unidos têm o poder de veto e portanto as coisas não acontecem. Nós, do Brasil, vamos fazer um esforço muito grande junto a outros países para ver se a gente encontra um jeito daquele povo parar de se matar. Não pode apenas os Estados Unidos ficar negociando porque também já provou que não dá certo”, disse o petista num evento em 2008.
Lula tentava conquistar a imagem de pacificador perante o mundo enquanto aqui praticava a política do “nós contra eles”, usando o governo para perseguir adversários e difamar quem discordava do petismo: quem não lembra do dossiê contra a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e outras tantas ações alopradas do petismo palaciano?
VELHA FANTASIA – Depois de tantos anos, o petismo começa 2022 resgatando essa velha fantasia do “pacificador”. Será um dos discursos de Lula, aproveitando a precária política externa de Jair Bolsonaro, que resumiu o Brasil na imagem do individuo que come pizza na calçada e orgulha-se de ser pária.
Nos últimos dias de 2021, o ex-chanceler Celso Amorim deu a senha. Para o petista, Lula se mostrou-se como “o grande pacificador” na viagem que fez à Argentina. Para Amorim, o petista seria capaz de liderar a “volta da unidade sul-americana, algo essencial que todos os países da região, incluindo o Brasil, tenham maior relevância no cenário global”.
“O Brasil não existe sem América Latina e Caribe. O Brasil é muito grande, mas não grande o suficiente para enfrentar esse mundo de blocos, em que a China é um bloco, os Estados Unidos são um bloco e a União Europeia é um bloco. A América do Sul pode ser um bloco. Mas esse bloco, para atuar internacionalmente, precisa do Brasil”, disse Amorim.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Quem vê Celso Amorim falar, até pensa que o ex-chanceler foi o criador da aproximação sul-americana que tanto sucesso fez no governo Lula. Na verdade, os introdutores desta política foram o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e o consultor Dar Costa, que era vice-presidente do BNDES e percorreu o continente, para organizar a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), criada em 2008, mas a proveitosa política foi desprezada pela presidente Dilma Rousseff, que era um anta, e jamais foi retomada por Temer ou Bolsonaro. Como se sabe, recordar é viver. (C.N.)