Carlos Newton
Aos poucos, o vice-presidente Hamilton Mourão vai saindo do casulo e desfazendo a estratégia do presidente Jair Bolsonaro, que vinha tentando fazer crer que contava com apoio incondicional das Forças Armadas, que estariam dispostas a intervir na política e nas instituições para garantir condições de governabilidade. Com objetivo de difundir essa fake news, o presidente da República deu várias entrevistas sucessivas, que culminaram com uma nota oficial, assinada também pelo próprio vice e pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, divulgada semana passada.
Mourão aceitou que colocassem sua assinatura na nota, mas no dia seguinte veio a público para colocar as coisas em seus devidos lugares, deixando claro que a nota assinada pelo presidente Bolsonaro, por ele e pelo ministro da Defesa não tinha a intenção de ameaçar o Supremo e o Tribunal Superior Eleitoral, mas o objetivo seria dar um “basta” nas “ilações” de que as Forças Armadas estão envolvidas com política.
FORA DA POLÍTICA – Apesar de a nota afirmar que o governo não admitiria “julgamentos políticos”, o general Mourão fez uma tradução simultânea muito diferente. “As Forças Armadas não aceitam ilegalidades. Reforçamos na nota o que disse Fux, precisa acabar essa história de que as Forças estão metidas na política. Não tem general fardado metido com política”, disse ele à repórter Andréia Sadi, do G1 Brasília.
Esse posicionamento claro e corajoso do vice-presidente vem confirmar as análises que a Tribuna da Internet vem publicando, com absoluta exclusividade, sobre o distanciamento das Forças Armadas, que não apoiam incondicionalmente o governo Bolsonaro e, pelo contrário, estão descontentes com o comportamento do presidente, que vem usando indevidamente o nome das Forças Armadas.
O desembaraço atual do vice-presidente – que no início do governo foi humilhado por Bolsonaro (e filhos), sendo proibido de dar entrevistas e seguir concedendo audiências a diplomatas estrangeiros e empresários – vem confirmar que as coisas já mudaram no Forte Apache.
MINISTRO CONFIRMA – As declarações do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, nesta terça-feira, dia 16, no Recife, reforçam o novo posicionamento de Mourão, que soltou literalmente as amarras e está em voo solo. “As Forças Armadas estão isentas da política”, disse o ministro da Defesa, acrescentando:
“Desde a Constituição de 88, quer dizer já são três décadas, nós fomos fiéis e somos fiéis aos ordenamentos jurídico e democrático em vigor. Demos provas disso”, asseverou.
Em tradução simultânea, eis a posição do Alto-Comando do Exército, que está pagando para ver até onde chega a insensatez de Jair Bolsonaro.
O ANTIBOLSONARO – Aos poucos, Mourão vai se firmando como um Bolsonaro às avessas, porque sabe o que pretende e como alcançar os resultados. Na última reunião ministerial, semana passada, transmitida ao vivo e sem o baixo calão de sempre, Mourão brilhou intensamente. Chamado a falar, na condição de presidente do Conselho da Amazônia, ele mostrou que está tudo pronto para a abertura de um programa concreto de preservação da maior região florestal do mundo.
Enquanto Bolsonaro consegue brigar com a própria sombra e não tem apoio incondicional de nenhum governador, Mourão fez questão de afirmar, prazerosamente, que tem um ótimo relacionamento com todos os governadores da região amazônica.
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P.S. – Como se vê, A diferença entre Bolsonaro e Mourão é abissal. O Brasil está precisando de um governante seguro e democrático. Com toda certeza, Bolsonaro já mostrou que não tem jeito para a coisa, mas Mourão está doido para mostrar serviço. Enquanto isso, la nava va, cada vez mais desgovernadamente. (C.N.)
P.S. – Como se vê, A diferença entre Bolsonaro e Mourão é abissal. O Brasil está precisando de um governante seguro e democrático. Com toda certeza, Bolsonaro já mostrou que não tem jeito para a coisa, mas Mourão está doido para mostrar serviço. Enquanto isso, la nava va, cada vez mais desgovernadamente. (C.N.)