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segunda-feira, janeiro 27, 2020

Queda dos salários vem atingindo também receitas do INSS, do FGTS e dos impostos

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Charge reproduzida do Arquivo Google
Pedro do Coutto
Reportagem de Pedro Capetti, O Globo de domingo, com base em dados do Caged, que mede o registro de vagas com carteira assinada, revela um fenômeno espantoso. A partir de 2006, portanto há 14 anos, não houve saldo positivo nas contratações para qualquer faixa com remuneração acima de dois salários mínimos. O impacto ganha maior força ainda levando-se em conta que no país foram extintas 6,7 milhões de empregos com renda superior a essa escala.
Na verdade, com a queda do valor dos salários o INSS e o FGTS perdem posição pois suas receitas têm como base as folhas salariais das empresas, inclusive as estatais.
SALÁRIOS MENORES – A restrição abrange até pessoas com formação universitária, como é o caso da professora de história Daniele Senna, citado na reportagem. De outro lado, Pedro Capetti aponta para um fato que vem se tornando comum no mercado de emprego. Os que perdem postos, quando retornam ao mercado, recebem em média 10% menos do que o salário anterior.
Esse problema, inclusive, digo eu, é agravado logicamente pelo aumento da população, que reduz a renda per capita. Basta considerar que a taxa demográfica é de 1% ao ano. Significa que a cada 12 meses surgem dois milhões de pessoas tentando ingressar no mercado de trabalho com vínculo empregatício. Portanto, esse percentual acentua também uma realidade. existem os que perderam emprego e aqueles que ainda não conseguiram ingressar no mercado de trabalho.
HÁ CONVERGÊNCIA – As estatísticas não levam esse fato em consideração, quando se fala em desemprego. Mas a questão, a meu ver, é que o desemprego é um fato; o não-emprego, outro. Porém, as duas situações convergem para o mesmo problema que vem se agravando a cada ano. Quantos milhões de jovens não podem ser considerados desempregados pela simples razão de não terem perdido o emprego?
Aliás, nem poderiam, uma vez que as estatísticas só focalizam aqueles que saírem da mão de obra ativa brasileira. Mas é importante considerar essa segunda realidade dos jovens que completam 18 anos, porque, embora na sombra, no final termina se acrescentando à primeira.
É claro que o desemprego gera também a redução da oferta salarial, pois a demanda e maior do que as vagas oferecidas. Com isso cai o valor do trabalho humano. Perdem todos: o consumo, o INSS, o FGTS e sobretudo o próprio país, com menos consumo e arrecadação tributária.

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