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sábado, julho 27, 2019

Juros no cheque especial estão em 322% ao ano e Paulo Guedes se finge de morto


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Charge do Gilmar (Arquivo Google)
Cida DamascoEstadão
Não se trata exatamente da volta da chamada Tensão Pré-Copom (TPC), que contaminou os mercados em vários momentos dos governos Lula e Dilma. Naqueles idos, a pergunta recorrente costumava ser uma só: Será que desta vez a taxa Selic vai cair? Mas, guardadas as devidas proporções, há uma certa retomada das especulações em relação às decisões do Copom, a começar com as da próxima reunião, marcada para esta semana.
A maioria das apostas já aponta para um corte de 0,5 ponto percentual agora e de um total de 1 a 1,25 ponto, numa mini-rodada de reduções da Selic — já incorporadas nas oscilações dos juros futuros. O fato é que, depois de algum tempo, o assunto “juros” retoma o protagonismo na política econômica de curto prazo. O debate agora é sobre a potência dessa ofensiva para o estímulo ao consumo.
TAXAS MÉDIAS – É verdade que parece indefensável manter a taxa básica nos níveis atuais, diante da estagnação da economia. Mas um exame detalhado da evolução dos juros na vida real induz a um certo ceticismo em relação a esse papel da política monetária.
Segundo levantamento do Banco Central (BC) divulgado nesta sexta-feira, as taxas médias do chamado crédito livre caíram de 38,5% para 38,3% ao ano, de maio para junho — em 12 meses, a variação também foi de 0,2 ponto percentual para baixo. Mesmo assim, correspondem a mais de 6 vezes a taxa Selic, de 6,5% ao ano.
Essa pequena queda mensal foi influenciada pelo crédito às empresas, já que para pessoas físicas houve alta no período — nos dois ramos, as médias são de respectivamente 18,7% e 53,2% ao ano.
NAS ALTURAS – Só para dar uma dimensão de como os juros do dia-a-dia resistem nas alturas, no cheque especial as taxas estão em níveis absurdos de 322% ao ano e, no cartão de crédito rotativo, em 277%.
Desnecessário recorrer ao “antes e depois” para comprovar que o declínio vertiginoso da Selic não foi acompanhado pelo movimento das taxas observadas no mercado.  O spread dos juros, que aumentou de maio para junho, para 19,6 ponto percentual, parece imune aos vários ataques desferidos pelo BC — sob a proteção, como já se sabe, da concentração bancária.
O roteiro da próxima reunião do Copom está pronto. Todos comemorando a redução da Selic, em nome da reanimação da atividade econômica. E todos reconhecendo também que esse efeito será bastante limitado, enquanto não se conseguir desinflar o spread bancário.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Um artigo definitivo e irrespondível de Cida Damasco, mostrando que os bancos brasileiros continuam praticando os mais altos juros do planeta. E onde ela culpou a “concentração bancária”, deve-se culpar o “cartel dos bancos”. E o ministro Paulo Guedes nada faz a esse respeito. (C.N.)

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