Bernardo Mello FrancoO Globo
Um documento secreto da Aeronáutica desmente a versão de Jair Bolsonaro para o desaparecimento de Fernando Santa Cruz, morto em 1974 pela ditadura militar. Nesta segunda-feira, o presidente disse que o estudante, pai do presidente da OAB Felipe Santa Cruz, teria sido assassinado por outros militantes de esquerda.
— Não foram os militares que mataram ele não, tá? É muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece — disse.
EXECUÇÃO – Segundo a versão de Bolsonaro, Santa Cruz teria sido morto por outros militantes da Ação Popular, uma das organizações que combatiam a ditadura.
No entanto, o relatório secreto RPB 655, do Comando Costeiro da Aeronáutica, atesta que o estudante foi preso pelo regime em 22 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro.
O documento, anexado ao relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), comprova que Santa Cruz estava sob custódia do Estado quando foi assassinado.
INCINERADO – Em depoimento à CNV, o ex-delegado Cláudio Guerra disse que o corpo teria sido incinerado na Usina Cambahyba, em Campos.
A família de Santa Cruz nunca recebeu informações oficiais sobre o paradeiro de Fernando. Em 1995, o nome dele foi incluído na Lei dos Desaparecidos Políticos, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.