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terça-feira, junho 04, 2019

Se o FMI diz que a política econômica do Brasil está errada, o que se pode fazer?


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Charge do Genildo (Arquivo Google)
Carlos Newton
Ainda a propósito do artigo escrito por três especialistas do Departamento de Pesquisa do Fundo Monetário Internacional – Jonathan D. Ostry (vice-diretor), Prakash Loungani (chefe de divisão) e Davide Furceri (analista) – torna-se necessário deixar claro que o editor da “Tribuna da Internet” é admirador de Adam Smith, pai do Liberalismo, apenas tem convicção de que suas teorias não podem ser adotadas ao pé da letra, como pretende a equipe dos novos “Chicago boys”. Seria o mesmo erro que seguir hoje em dia as teses de Karl Marx e Friedrich Engels, sem as indispensáveis adaptações. É exatamente o que está acontecendo agora no Brasil, que pretende reviver o antigo sem renová-lo.
Se o próprio FMI reconhece que o neoliberalismo não está dando certo nos países em desenvolvimento, como aceitar essa política suicida do governo Bolsonaro?
IDEIAS ULTRAPASSADAS – Conforme alertamos aqui na “Tribuna da Internet” desde o início do governo, Paulo Guedes é um velho “Chicago boy” que sonha em ressuscitar as ideias ultrapassadas de Adam Smith e Milton Friedman, as quais só podem ser aplicadas com múltiplas adaptações e sob o mais rigoroso controle.
Aproveitando-se do fato de o presidente se orgulhar de nada entender de economia, Guedes resolveu transformar o país numa espécie de laboratório experimental das teorias de Milton Friedman, o pai dos “Chicago boys”, sem levar em conta que Brasil e Chile têm economias totalmente diversas.
A essa altura do campeonato, é melhor respeitar o FMI, até porque não é razoável fazer com que o povo brasileiro seja piloto de provas de fábricas de supositórios econômicos, digamos assim. E nota-se claramente que Guedes está perdido no governo, decididamente não sabe o que fazer, vive a repetir que a reforma da Previdência vai resolver, vem um trilhão de reais daqui, mas um trilhão dali, é uma enganação patética.
DISSE O FMI – Aliás, é bom lembrar que o FMI previu que PIB do Brasil ia cair e o país teria o segundo pior desempenho do mundo em 2016. Depois, mostrou preocupação com ‘ventos frios’ que sopram no Brasil e avisou que o país só poderia voltar a ter superávit primário em 2020, mas essa previsão foi antes de se configurar a atual estagflação, com recessão e inflação ocorrendo simultaneamente.
Conforme temos afirmado aqui na TI, o Brasil tem incomparável potencial de crescimento, pois é o quinto maior país em extensão e habitantes, a oitava economia, tem imensas reservas minerais a explorar, as mais extensas terras agricultáveis do planeta, o maior volume de água doce acima da terra e em aquíferos, e dispõe de uma indústria sofisticada, que é facilmente recuperável, basta o atual governo descobrir para que serve o BNDES.
O CASO NATURA – Como diz nosso amigo Mathias Erdtmann, o Brasil precisa perder o complexo de vira-lata. Ele nos mandou uma excelente reportagem de Alexander Busch na “Deutsche Welle” sobre o sucesso internacional da Natura, citando casos de crescimento relevante ignorados pelos brasileiros.
Por cerca de 2 bilhões de dólares, a Natura incorporou no ano passado a concorrente londrina Avon e ascendeu para se tornar uma das dez maiores empresas mundiais do setor. Embora a empresa que resulta da fusão ainda seja menor do que L’Oreal ou Esteé Lauder, já se aproxima das divisões de cosméticos da Henkel, Chanel ou Beiersdorf.
Diz o jornalista Alexander Busch, que há 25 é correspondente na América do Sul, que essa mistura tipicamente brasileira de liderança de negócios pode ser encontrada em todas as empresas de sucesso do Brasil – desde a fabricante de aeronaves Embraer até as redes varejistas Magazine Luiza e Lojas Renner, ou a Drogaria Raia.
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P.S. 1
 – Pessoalmente, acredito que o Brasil seja tão promissor que possa seguir adiante independentemente de seus governantes. Basta que eles não atrapalhem,mas esta parece ser a ferrenha disposição de Paulo Guedes, que já ameaça ir “morar lá fora”. Aliás,  deveria fazê-lo com a máxima urgência, e de preferência no Chile.
P.S. 2 – Também estou convicto de que a crise brasileira não se resolverá sem uma auditoria da dívida pública, cujo objetivo não é dar calote em ninguém, mas apenas esclarecer alguns pontos nebulosos, com a remuneração “overnight” da sobra dos depósitos diários dos bancos.

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