Posted on by Tribuna da Internet
Thais Arbex e Daniel CarvalhoFolha
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz foi demitido nesta quinta-feira (13) da Secretaria de Governo da Presidência da República pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). A informação foi confirmada pelo porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros. O porta-voz também confirmou que Santos Cruz será substituído pelo general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, que é comandante militar do Sudeste.
Questionado sobre os motivos da saída do ministro, o general disse que Santos Cruz esclarecerá a razão pela qual ele está deixando o governo.
ANTES DE VIAJAR – Santos Cruz foi avisado de sua demissão em reunião com o presidente e com o ministro Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que ocorreu às 12h20 no Palácio do Planalto, pouco antes de Bolsonaro decolar para Belém para uma agenda de governo.
Um integrante do Palácio do Planalto usou a expressão ‘freio de arrumação’ para explicar a demissão. Santos Cruz é o terceiro ministro a cair na gestão Bolsonaro, após as quedas de Gustavo Bebianno (Secretaria Geral), por causa da crise dos laranjas, e Ricardo Vélez Rodríguez (Educação), pelas falhas de gestão na pasta.
Desde que chegou ao Planalto, em janeiro, o ministro se envolveu em seguidas crises com os filhos do presidente, além de um embate com o escritor Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro. A comunicação de governo era um dos pontos de embate.
CONSTRANGIMENTO – O incômodo da cúpula militar do governo com Olavo de Carvalho cresceu à medida que se avolumaram os ataques do escritor reverenciado pelo presidente e pelo grupo ideológico que o cerca. O ministro general reagiu às ofensas de Olavo aos militares que hoje trabalham no Palácio do Planalto, em especial o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).
“Eu nunca me interessei pelas ideias desse sr. Olavo de Carvalho”, disse Santos Cruz à Folha. “Nem a forma nem o conteúdo agradam a ele”, afirmou. “Por suas últimas colocações na mídia, com linguajar chulo, com palavrões, inconsequente, o desequilíbrio fica evidente”, criticou o ministro, em março.
Integram ainda a ala militar do Planalto os generais Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o porta-voz, Otávio Rêgo Barros, e o chefe da Secretaria-Geral, Floriano Peixoto.
DISPUTAS – Outro desgaste ocorreu em torno das disputas dentro do governo sobre regulamentação de veículos de imprensa — a Secom (Secretaria de Comunicação Social) está subordinada à pasta de Santos Cruz.
Santos Cruz concedeu entrevista no início de abril à rádio Jovem Pan na qual comentou sobre a necessidade de evitar distorções nas redes sociais.
Ele afirmou ainda que a influência das mídias sociais é benéfica, mas também pode “tumultuar”. Para ele, é necessário ter cuidado com a sua utilização, evitando ataques e o seu uso como “arma de discórdia”.
COREIA OU CUBA – Bolsonaro reagiu. Em mensagem publicada em sua conta oficial no Twitter, ele escreveu que recomenda “um estágio na Coreia do Norte ou em Cuba” para quem defender uma espécie de controle do conteúdo divulgado.
O escritor Olavo de Carvalho, um dos gurus do presidente, foi explícito ao endereçar as críticas. “Controlar a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu merda”, escreveu.
A comunicação do Palácio do Planalto tem sido palco desde o início do governo de uma disputa entre o núcleo militar e os chamados “olavistas”, seguidores do escritor.
DESAUTORIZAÇÃO – Um mês antes, Santos Cruz desautorizou pedido feita pela Secom para que as empresas estatais enviassem para avaliação prévia propagandas de perfil mercadológico.
O gesto foi interpretado por assessores palacianos como a primeira crise entre o militar e o empresário Fábio Wajngarten, que assumiu recentemente a Secom na tentativa de melhorar a comunicação do governo.
Na manhã desta quinta-feira, Santos Cruz esteve na CTFC (comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle). Foi convocado para explicar a divulgação, em 31 de março, de um vídeo que enaltecia o golpe militar. O ministro atribuiu a divulgação ao descuido de um funcionário.
SEM FALAR – Após ir à comissão, sua assessoria informou aos jornalistas que ele não teria muito tempo para falar, pois havia sido chamado pelo presidente ao Palácio do Planalto.
Respondeu a apenas quatro perguntas, a maioria sobre a crise envolvendo o ministro Sergio Moro (Justiça), mas limitou-se a condenar a invasão das conversas do ex-juiz da Lava Jato.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A queda de Santos Cruz é confirmação de que os filhos continuam a influenciar o presidente, especialmente o vereador carioca Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, que se julga entendido em Comunicação Social e indicou o jornalista Fábio Wajngarten para comandar a Assessoria de Imprensa. No cargo, Fábio obedecia ao Zero Dois e não ao ministro Santos Cruz, a quem estava subordinado diretamente. Daí deriva o desentendimento que causou a demissão do general. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A queda de Santos Cruz é confirmação de que os filhos continuam a influenciar o presidente, especialmente o vereador carioca Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, que se julga entendido em Comunicação Social e indicou o jornalista Fábio Wajngarten para comandar a Assessoria de Imprensa. No cargo, Fábio obedecia ao Zero Dois e não ao ministro Santos Cruz, a quem estava subordinado diretamente. Daí deriva o desentendimento que causou a demissão do general. (C.N.)