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quinta-feira, junho 13, 2019

Em 24 de abril, Janot conseguiu perceber que seu celular estava sendo clonado


Celulares de procuradores que trabalharam com Rodrigo Janot também foram hackeados Foto: Reprod
Ilustração reproduzida do site da revista Época
Lauro Jardim, Chico Otavio e Jailton de CarvalhoO Globo
Os integrantes do Ministério Público Federal só deram conta do tamanho da ação depois da divulgação dos diálogos de Moro com os membros da força-tarefa de Curitiba. Para o golpe ter êxito, desconfiam, é preciso da conivência de alguém dentro das operadoras de telefonia, uma vez que o acesso é dado no momento em que a vítima atende a uma ligação. Alguns dos números usados pelo esquema já foram repassados à Polícia Federal.
O problema, apuraram, seriam uma brecha denominada pelas operadoras de “Falha SS7”. Embora aplicativos como o WhatsApp e a Telegram ofereçam criptografia ponta a ponta para evitar que suas mensagens sejam interceptadas, ambos usam o número de celular do usuário para funcionar, e isto abre a guarda para os ataques.
SEM SEGURANÇA – A  fraude do SS7 permite que qualquer pessoa com acesso à rede de telecomunicações envie e receba mensagens celulares específicas, com alguns ataques que permitem aos hackers interceptar textos, chamadas e dados de localização.
A série de invasões teve início, até onde se sabe no momento, em 24 de abril. No primeiro dia de aposentadoria, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot voltou mais cedo para casa aborrecido com uma série de ligações e mensagens esquisitas que tinha recebido ao longo do dia. Alguns telefonemas tinham partido do próprio número do ex-procurador. Por volta das 22 horas, o telefone celular voltou a tocar.
— Diga aí — disse um procurador, amigo de Janot, do outro lado da linha.
— Diga aí você, que está me ligando — respondeu o ex-procurador-geral, estranhando a abordagem do colega.
— Estou ligando porque você está me pedindo dados que eu já te passei — respondeu a Janot.
— Estou te pedindo dados ?? — questionou Janot.
Antes de terminar a frase, os dois perceberam que estavam sendo vítimas de um ataque quase simultâneo de um mesmo hacker. O estranho, que tinha ligado várias vezes durante o dia para Janot, estava usando a conta do Telegram do ex-procurador-geral para conversar com um outro procurador. O invasor estava em busca da senha do Twitter do ex-procurador-geral.
Para demonstrar intimidade, o invasor chamou o amigo de Janot pelo diminutivo, exatamente como o ex-procurador-geral faz. O procurador, que ajudou Janot a abrir uma conta no Twitter,  só não deu a resposta que o hacker queria porque ele e o ex-procurador-geral tinham conversado sobre o assunto dias antes.
No meio da confusão, o procurador interrompeu a conversa com o hacker e orientou Janot a não mais atender ligação e nem abrir mensagens para mudar códigos da Apple, do Telegram ou de outros aplicativos.
OUTROS CASOS
Outros integrantes da Lava-Jato relataram ataques semelhantes. Na noite de 6 de maio, por volta das 20h30, a procuradora Thaméa Danelon recebeu uma ligação de um desconhecido. Depois, veio outro telefonema, desta vez do próprio número e, em seguida, uma mensagem com a informação de que uma nova sessão do Telegram dela estava sendo aberta. Ela deveria confirmar se era ela mesma quem estava usando o aplicativo.
— Derrubei a sessão quatro vezes — disse Thaméa, ex-coordenadora da Lava-Jato em São Paulo.
Momentos depois, ela recebeu uma ligação do subprocurador-geral Nicolao Dino
— Desculpe, não pude atender quando você ligou porque estava em sala de aula — disse Dino ao explicar por que não respondeu a uma chamada da colega.
TODOS GRAMPEADOS – A procuradora disse que não haveria motivos para desculpas porque ela não tinha tentado falar com ele naquela noite. A partir daí, surgiu a suspeita de que o telefone do subprocurador-geral também fora invadido.
Também no mês passado, o hacker tentou invadir o celular de Ronaldo Queiroz, ex-chefe de gabinete substituto de Janot.
Experiente na investigação de crimes ligados à internet, Queiroz entendeu na hora o que estava acontecendo: bloqueou a ação do hacker e formatou o celular, ou seja, restaurou o padrão de fábrica e apagou todo o arquivo armazenado no equipamento.
OUTROS CASOS – Também alvo dos ataques, o coordenador da força-tarefa no Rio, Eduardo El Haje, também reagiu rapidamente e impediu que seu celular fosse utilizar pelo invasor.
Já em Curitiba, o colega Paulo Galvão demorou a perceber que estava sendo vítima de um golpe. O procurador teria recebido a ligação do meio da noite e, sem se atentar para o risco, concordou com as sugestões do hacker. Quando se deu conta, o invasor já teria invadido o celular. Não se sabe se o hacker teve ou não tempo de copiar os dados.
Nem todos os procuradores alvos de ataque relataram o caso à polícia.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Caramba, amigos! Agora está evidente que não se trata de um único hacker. É uma quadrilha, mesmo. E o objetivo não está sendo alcançado, apesar de ter havido grampos em todos esses celulares de procuradores, juízes e membros das forças-tarefas da Lava Jato, porque está provado que os hackers agiram em quatro cidades, pelo menos – Brasília, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. E o objetivo de demonstrar que houve fraude de provas e combinação de julgamento que configurem “uma perseguição política” a Lula, essa meta decididamente não está sendo alcançada e a Lava Jato vai resistir a esse desesperado ataque do lobby da corrupção. (C.N.)

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