Raul Monteiro
Depois de antecipar-se e declarar apoio à presidenciável do PT Dilma Roussef imediatamente após a eleição do primeiro turno, o prefeito João Henrique (PMDB) resolveu engajar-se de vez na campanha do segundo turno da ex-ministra. Só que utilizando como intermediário o governador Jaques Wagner (PT).
A decisão foi anunciada hoje, depois de uma visita que João Henrique fez ontem ao governador, acompanhado da primeira-dama, Maria Luíza, deputada estadual reeleita pelo PSC. E mostra que o prefeito desgarrou-se, de vez, do grupo do ex-candidato a governador de seu partido, Geddel Vieira Lima.
Só ontem, depois de uma reunião pela manhã em Brasília com o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, que é também candidato a vice de Dilma, Geddel anunciou que marcharia com a petista, que rompeu o acordo para apoiá-lo também na Bahia – além do governador Jaques Wagner (PT) –, depois que passou a crescer nas pesquisas.
No pacote de apoio a Dilma, João Henrique incluiu sua participação no evento que o governador promoverá com os prefeitos baianos em defesa da candidatura da petista, nesta sexta-feira, em detrimento de encontro com o mesmo objetivo que será realizado pelo ex-candidato a governador do PMDB.
O afastamento de João Henrique de Geddel coincide com a saída da Prefeitura do secretário municipal de Saúde, José Carlos Brito, indicado pelo ex-ministro, e com especulações cada vez mais fortes de que também o titular da pasta de Serviços Públicos, Fábio Motta, outro geddelista, seguiria o mesmo caminho.
As relações entre Geddel e o prefeito, que não estavam boas desde a montagem da chapa peemedebista, em julho, ficaram piores no decorrer da campanha do peemedebista, em relação à qual João Henrique foi acusado de fazer corpo mole. O clima chegou ao ponto de estimular especulações de que a postura seria decorrente de um suposto acordo celebrado entre o prefeito e Wagner.
Em contrapartida, petistas fechariam dobradinha com Maria Luíza no interior, o que nunca se confirmou. Rompida com Geddel muito antes do processo eleitoral ter começado, a primeira-dama não perdeu a oportunidade de, na campanha, em diversos eventos públicos, dizer literalmente que não votaria nele para governador.
Num dos mais marcantes deles, realizado no Yatch Clube da Bahia, em apoio à reeleição do senador César Borges, do PR, além de dizer que não mandava na Prefeitura, Maria Luíza, num discurso, repetiu três vezes, surpreendendo a sofisticada plateia local, formada basicamente pela classe média alta baiana: “Eu não voto em Geddel!”
Rumo político é a principal dúvida
Por enquanto, a principal dúvida que cerca o casal é sobre o rumo político que o prefeito e a mulher tomarão, já que num determinado momento da campanha, irritado com o desinteresse de João Henrique por sua eleição, o ex-ministro insinuou que o convidaria a deixar o PMDB assim que passasse o dia 3 de outubro.
Dilacerada desde o princípio do ano, a relação do ex-candidato do PMDB a governador, Geddel Vieira Lima, com a primeira-dama-municipal, Maria Luíza, que reelegeu-se deputada estadual pelo PSC, praticamente deixou de existir nesta campanha. A ruptura definitiva ocorreu num momento crítico para ambos.
Irritado com o fato de o prefeito não engajar-se na campanha de Geddel, o PMDB, em represália, teria cortado a participação de Maria Luíza no eleitoral gratuito na TV e no rádio. Foi neste momento que o senador César Borges socorreu o casal, concedendo partes do horário do PR para a candidata.
Dos eventos de campanha, o prefeito participaria, entretanto, do almoço que Geddel ofereceu a Michel Temer, na semana da eleição. A motivação para a aparição, comenta-se, teria sido o fato de o peemedebista ser candidato a vice na chapa de Dilma, a quem João Henrique passou a cortejar. (RF)
Fonte: Tribuna da Bahia