Helio Fernandes
Quando o Supremo examinava a DECISÃO DO TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a respeito dos ficha-limpas, fiquei de 2 e meia da tarde até quase 1 da madrugada, acompanhando, analisando e tentando entender, voto por voto dos ministros.
Às 2 da madrugada do que poderia ser chamado de “dia seguinte”, postei (?) aqui minha opinião a respeito de cada afirmação, de omissão por omissão, até esse vergonhoso “5 a 5″. Como os que estão no Poder gostam muito de futebol, podemos dizer que esse “5 a 5” foi empate “sem gols”.
(Durante a ditadura, generais e “presidentes” iam muito ao Maracanã. Ficavam escondidos na Tribuna de Honra, quando a seleção entrava em capo, lógico, ovacionadíssima, saiam do bunker, de braços para cima, “agradecendo”, pegando carona nos aplausos).
Serra, que também finge que adora futebol, (tudo nele é fingimento) usou essa “tática” no melancólico discurso do domingo da eleição. Para ele, a noite da consagração. Ou melhor, “consagração” de 28 dias, que logo se esvairá, devolvendo-o à realidade, mesmo que o país se satisfaça, inutilmente.
Está bem, em nome da tradição e do passado, admitamos que os 10 votos eram todos de CONVICÇÃO COMPENETRADA, que o empate era a conclusão do que acreditavam os Ministros. Por hipótese, reconheçamos. Mas então, a solução estava à vista de todos e não apenas deste repórter, que registrou na hora e na madrugada.
Como se discutia acima de qualquer coisa uma questão eleitoral. Como se examinava se os ficha-sujas poderiam concorrer às eleições, o simples, correto e atendendo à decisão do Legislativo e “à voz do povo”, era referendar o que o TSE havia decidido.
Por 6 votos a 1, o TSE determinara: “Os ficha-sujas não podem disputar eleições”. Não era decisão ocasional, e sim E-S-M-A-G-A-D-O-R-A M-A-I-O-R-I-A.
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PS – O Supremo discutiu, quase todos gritando ao mesmo tempo, “decidiu que não decidiria”. Agora, esses ficha-sujas tiveram 9 milhões de votos, ninguém sabe o que fazer com os votos e os candidatos que receberam esses votos.
PS2 – Só para mostrar o absurdo da OMISSÃO do Supremo. Especialistas (?) sempre disseram, que por abstenção ou outro qualquer motivo, não se chega a um número que possibilite ANULAÇÃO DA ELEIÇÃO.
PS3 – Pois no Pará, 57 por cento dos votos foram dados aos ficha-sujas, tem que haver anulação.
PS4 – E agora? Esses 57 por cento foram anulados por um dos Poderes. Referendar os ficha-sujas ou considerá-los ficha-limpas?
Fonte: Tribuna da Imprensa