Carlos Chagas
Bola de cristal que funcione, ninguém tem. Mesmo assim, pelas pesquisas efetuadas até agora, tudo indica que haverá segundo turno nas eleições presidenciais. O empate entre Dilma Rousseff e José Serra acabará resolvido em favor de um deles, mas, tudo indica, por pequena margem. De público os comandos de campanha não reconhecem porque seria sinal de fraqueza aceitar que seu candidato não vencerá no primeiro turno, mas a verdade é que tanto no PT quanto no PSDB já se cuida da estratégia para o segundo.
“Bebe água limpa quem chega primeiro na fonte”, diz o provérbio árabe. Começam tucanos e companheiros a alinhar os fatores que marcarão a segunda disputa: mais movimentação, agressividade adicional diante do adversário, atenção maior ao programa de governo, aproximação acelerada com a mídia, recolhimento de recursos suplementares, preparação para os dois debates cruciais e Marina Silva.
Marina Silva? Sem dúvida alguma, a senadora se constituirá num dos principais fatores decisórios. Dificilmente ela se inclinaria por José Serra,mas poderia, muito bem, ficar alheia à disputa, coisa que não favoreceria Dilma Rousseff. Por isso os dois candidatos mais fortes tratam a candidatura de Marina com respeito e até carinho.
E ela? Ela tem contas a ajustar com o PT. Apesar de declarações sempre sentimentais com relação ao antigo partido, falando até em dorzinha no coração, seu caminho não tem volta. Valerão ouro os prováveis 10% ou pouco mais que receberá no primeiro turno. Seriam decisivos para Dilma, se carreados em maioria para ela. Para Serra, é aqui que mora o perigo,valendo menos a decisão que o PV tomará, como partido, e muito mais o posicionamento da própria Marina. Não deixa de ser fascinante especular a respeito.
Para a História
Ficam para a História os dois pronunciamentos do senador Pedro Simon, no fim de semana. Um na sessão matutina do Senado, sexta-feira, outro no plenário da convenção do PMDB, sábado. Raras radiografias tão perfeitas tem sido apresentadas sobre o outrora aríete que derrubou a ditadura. Ainda o maior partido nacional, o PMDB dissolveu-se como sorvete ao sol, não tendo sido poupado pelo senador gaúcho. De Ulysses Guimarães a Tancredo Neves e a Teotônio Vilela, virou um partido de… (bem, deixa para lá).
Fonte: Tribuna da Imprensa