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quinta-feira, julho 20, 2006

O PREÇO DE UMA VELHICE

Por Paulo Fuentes

Custa-me crer que neste país, acabe se colocando preço para a velhice, porém, mesmo considerando-se isso um verdadeiro ultrage, pior ainda é ver que depois de longos anos de vida, respeito, admiração e confiança, a velhice é afrontosamente vendida por moeda internacional. Obviamente que estou falando da "velha senhora", a Viação Aérea Rio-Grandense, a qual acaba de ser vendida por uma importância que nem de longe, poderia chegar ao valor que ela verdadeiramente vale.

Por irrisórios US$ 500 milhões de dólares norte-americanos, a companhia aérea mais velha e mais querida de nosso país, acaba de ser vendida a um grupo que teve o interesse apenas nas linhas de vôos nacionais e internacionais, não se preocupando com os sacrificados funcionários que acabarão perdendo os seus empregos depois de tanta dedicação à companhia.

Os novos proprietários da "nova" Varig, tal qual o nosso desgoverno, de cara já cuidarão para que meros 8.000 funcionários engrossem a lista dos desempregados de nosso estuprado país, pois já deixou claro, que manterão apenas 2 mil deles e operará com apenas 13 aviões, sendo que, os "excedentes", que procurem novas funções neste país de "fartura" de opções de empregos.

A nova Varig ficou com tudo que poderia existir de bom. Ficou com todas as linhas operacionais, todo o prestígio do nome Varig, todos os benefícios que poderá receber da dívida existente do governo federal, podendo para tal ainda, caso queira e seja de sua vontade, vender as rotas nacionais e internacionais a quem melhor pagar por ela.

Quanto à agonizante "velha senhora", sobrou apenas a ilusão de que ainda permanecerá viva (se é que podemos chamar de vida, ter que conviver com uma dívida de R$ 8 bilhões de reais), porém, de acordo com a justiça injusta deste país, a companhia aérea mais amada de nosso país, permanecerá além da dívida, com apenas uma linha de vôo e em torno de 50 funcionários.

"O futuro à Deus pertence", bem diz a frase, porém posso adiantar que, o futuro dos novos compradores da "nova" Varig, será regada à caviar e bom champanhe francesa, já para os herdeiros da "velha senhora", o futuro será incerto e duvidoso e não me surpreenderia se o destino do ex-presidente de toda a companhia fosse igual ao futuro dos ex-presidentes da Vasp e da Transbrasil.

Deus bem sabe que eu fiz a minha parte. Tentei ajudar de todas as formas para que os empregos de mais de 10 mil cidadãos brasileiros fossem preservados, porém a justiça injusta, de todas as formas, claramente disse que, os "cheques sem fundos" que possuo deste desgoverno federal, nada mais servem do que para ser usado de papel higiênico.

Assim é o nosso país dos desiguais. A justiça sempre é justa de acordo com a conveniência de quem é amigo do "rei", porém ainda acredito que um dia, por mais que ele demore, a justiça de Deus ainda será feita neste país e ai sim, este sofrido povo brasileiro poderá se orgulhar de verdadeiramente ser BRASILEIRO.

Paulo Fuentes
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