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sábado, maio 18, 2024

Governo anuncia medida provisória para flexibilizar lei de licitações em casos de calamidade

 Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil/Arquivo

Mudança na lei de licitações foi anunciada pela ministra Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviço Público)17 de maio de 2024 | 19:30

Governo anuncia medida provisória para flexibilizar lei de licitações em casos de calamidade

ECONOMIA

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai enviar uma medida provisória ao Congresso Nacional para flexibilizar a lei de licitações, de forma a facilitar contratações pelo poder público em momentos de calamidade pública.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (17) durante uma reunião virtual do presidente Lula e seus ministros com prefeitos do Rio Grande do Sul, estado que enfrenta uma calamidade climática, com fortes chuvas e enchentes que já causaram 154 mortes.

A mudança na lei de licitações foi anunciada pela ministra Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviço Público), que argumentou que a medida tem o objetivo de dar mais segurança jurídica aos gestores para tomarem decisões em momentos críticos.

“A gente vai enviar uma medida provisória para o Congresso para flexibilizar regras de contratação em situações como essa [do Rio Grande do Sul], e estamos fazendo de uma forma que não seja só para essa situação”, afirmou a ministra.

“Estamos propondo algo para outras situações semelhantes, que pode ser uma legislação perene no Brasil para situações de calamidade, como os senhores estão vivendo nesse momento, e que dê segurança aos gestores para atuar da forma mais célere possível”, completou.

A ministra acrescentou que a alteração vai flexibilizar regras de contratações que contemplem contratos, obras e serviços de engenharia de uma forma mais ampla.

“Estamos aperfeiçoando o que foi pensado na pandemia para melhorar a legislação. Nossa ideia é simplificar e permitir que os senhores possam atuar com segurança jurídica quando forem tomar atos de gestão e enfrentar essa situação de forma muito célere”, acrescentou.

O Rio Grande do Sul vem sendo atingido há mais de duas semanas por uma calamidade climática, que deixou centenas de municípios inundados e um total de 154 mortos.

Durante a sua breve fala, o presidente Lula disse que é necessário estabelecer com os prefeitos uma “relação muito fiel, honesta e verdadeira”.

Renato Machado/FolhapressPoliticaLivre

Alexandre de Moraes manda prender fugitivos do 8/1 após inclusão em lista da Interpol

 Foto: Rosinei Coutinho/STF/Arquivo

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal)17 de maio de 2024 | 20:00

Alexandre de Moraes manda prender fugitivos do 8/1 após inclusão em lista da Interpol

BRASIL

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, mandou prender fugitivos suspeitos e condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro após ao menos dez foragidos deixarem o país e serem incluídos em lista da Interpol.

Entre terça-feira (14) e esta sexta-feira (17), o gabinete de Moraes publicou 47 novos mandados de prisão contra 40 condenados e sete investigados pelos ataques e outros crimes relacionados ao resultado eleitoral. Há ao menos cinco foragidos que deixaram o Brasil entre eles.

Entre as novas ordens de prisão, estão a da empresária Fátima Aparecida Pleti, 61, de Bauru (interior de São Paulo), e a do corretor de seguros Gilberto Ackermann, 50, de Balneário Camboriú (SC).

Os dois estão na Argentina, como revelou o UOL. Ambos foram condenados por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do estado democrático de direito. Eles negam os crimes.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu que Ackermann e outros sete foragidos fossem incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol. Já Moraes expediu nesta quinta-feira (16) o mandado para prender o corretor de seguros. O militante bolsonarista nega ter destruído objetos na praça dos Três Poderes.

“O término do julgamento […] e o fundado receio de fuga do réu, como vem ocorrendo reiteradamente em situações análogas nas condenações […] autorizam a substituição das medidas cautelares […] pela prisão preventiva para garantia efetiva da aplicação da lei penal e da decisão condenatória desse Supremo Tribunal Federal”, afirmou Moraes.

Fátima Pleti também recebeu ordem de prisão de Moraes. Ela quebrou a tornozeleira em 26 de março. O advogado dela, Hélio Ortiz Júnior, disse que não comentaria a ordem de prisão.

“Observo que a ré insiste em desrespeitar as medidas cautelares impostas nestes autos e referendadas pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, revelando seu completo desprezo por esta Suprema Corte e pelo Poder Judiciário”, disse o magistrado.

Na terça, o UOL revelou que ao menos nove pessoas condenadas e investigadas deixaram o Brasil após quebrar a tornozeleira e que uma décima suspeita está fora do país com mandado de prisão em aberto. A reportagem havia identificado 45 foragidos com ordens de prisão públicas em aberto referentes a ataques à democracia.

Dos 47 mandados expedidos por Moraes nos últimos três dias, 40 se referem a pessoas condenadas. Os crimes mais comuns são tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do estado democrático de direito.

Para justificar 31 dessas ordens de prisão, Moraes citou quebra de tornozeleira, falta de apresentação à Vara de Execuções penais, risco de fuga ou fuga comprovada.

No caso de sete condenados, a ação penal contra eles já se encerrou, sem a possibilidade de novos recursos.

Ainda, os novos mandados assinados por Moraes indicam que mais três pessoas fugiram do Brasil. Elas são Letícia Santos Lima, de Taubaté (SP), Kathy Le Thi dos Santos e o marido, Esdras Jônatas dos Santos, de Belo Horizonte (MG).

A primeira estava entre as mais de mil pessoas presas após os ataques de 8 de janeiro e é ré pelo caso. Em 4 de março, sua tornozeleira eletrônica parou de funcionar e ela fugiu para o exterior. “Em suas justificativas, a defesa consigna expressamente que a ré ‘foi buscar refúgio político em outro país'”, escreveu Moraes.

Já os dois últimos fugiram logo após as invasões golpistas, conforme ordem de prisão expedida nesta quinta. Foram para os Estados Unidos, segundo a Polícia Federal e uma fonte do UOL. O documento diz que os foragidos “não só arregimentaram manifestantes, como também organizaram e financiaram o deslocamento dos manifestantes para os atos antidemocráticos ocorridos em 8/1/2023”.

Esdras Santos chegou a pedir dinheiro no exterior em meio a uma vida de luxo.

“A defesa não tem interesse em se manifestar”, afirmou a advogada de Letícia Lima, Isadora Saboia. A reportagem tenta localizar as defesas de Kathy Le e Esdras Santos.

Eduardo Militão/Folhapress/UOLPoliticaLivre

Relator do TRE-RJ vota pela cassação de Cláudio Castro, vice e presidente da Assembleia

 Foto: Rafael Campos/Governo do Rio de Janeiro/Arquivo

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL)17 de maio de 2024 | 20:05

Relator do TRE-RJ vota pela cassação de Cláudio Castro, vice e presidente da Assembleia

BRASIL

O desembargador Peterson Barroso Simão, do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio de Janeiro, votou nesta sexta-feira (17) pela cassação do mandato do governador Cláudio Castro (PL) em razão do abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022.

O magistrado também defendeu a aplicação da pena para o vice-governador Thiago Pampolha (MDB) e o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União). Ele também votou pela declaração de inelegibilidade de Castro e Bacellar, punição não sugerida ao vice por não ver provas de sua atuação no caso.

O desembargador é o relator das ações que tratam do caso das “folhas de pagamentos secretas” no TRE do Rio. Ainda restam seis integrantes da corte para votar. No voto, ele não menciona se a cassação deve ser imediata ou aguardar análise de eventual recurso ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O julgamento foi interrompido após pedido de vista pelo desembargador Marcelo Granado. Os demais magistrados decidiram aguardar o retorno do julgamento para se posicionar.

Ele considerou que as contratações se configuram como abuso de poder político e econômico, tendo quebrado a igualdade entre os candidatos e influenciado “na livre escolha dos eleitores em dimensão desproporcional”.

“Foi nítido o caráter eleitoreiro perturbando a legitimidade e normalidade de um pleito de grande dimensão referente à eleição do chefe do Executivo do estado”, afirmou.

“Tudo ocorreu sorrateiramente, de forma obscura, com folhas de pagamento secretas, sem o mínimo de transparência pública. Quem arquitetou e inventou este plano perverso é um gênio, mas um gênio do mal”, disse o magistrado.

Simão votou também pela condenação de Allan Borges, coordenador do projeto Cidade Integrada. Ele defendeu a absolvição dos demais nove réus, por falta de provas contra eles.

Castro é acusado de ter participado da montagem de um esquema para criar 27 mil cargos fantasmas para alocar apadrinhados políticos às vésperas da campanha, driblando regras administrativas e eleitorais, incluindo o uso de funcionários fantasmas.

Em nota antes do julgamento, o governador afirmou que extinguiu os projetos após os relatos de irregularidades e que “não foram apresentados nos autos do processo elementos novos que sustentem as denúncias”.

Simão afirmou que Castro se tornou o “mandante das irregularidades” ao editar um decreto assinado em março de 2022 no qual formalizou a ampliação dos objetivos da Fundação Ceperj (Centro Estadual de Pesquisa e Estatística do Rio de Janeiro). O instrumento deu respaldo legal para execução dos projetos sociais questionados na ação.

“As provas oral e documental formam um arcabouço jurídico que demonstram nitidamente a existência de graves ilicitudes que comprometeram a lisura do processo eleitoral em 2022 em benefício do governador e vice”, disse o desembargador.

O chamado escândalo da “folha secreta de pagamento” foi revelado pelo portal UOL em junho de 2022. O caso se refere ao uso da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e da Fundação Ceperj para o pagamento de funcionários de projetos sociais sem a divulgação de seus nomes.

Os pagamentos eram feitos por meio de ordens bancárias emitidas em nomes dos funcionários dos projetos e pagas na boca do caixa das agências do Bradesco em dinheiro vivo.

“Essa espécie de pagamento está ultrapassada, pois beneficia prática fraudulenta e dificulta a fiscalização pelos órgãos competentes, tal como dificultou. Não se pode ignorar que foram justamente esses os propósitos dos réus”, disse Simão em seu voto.

As contratações só foram interrompidas em agosto, após uma ação civil pública do Ministério Público estadual. Há ainda em curso uma investigação criminal.

O caso gerou duas ações de investigação judicial eleitoral, uma movida pela chapa de Marcelo Freixo (PT), derrotado na eleição, e outra pela Procuradoria Eleitoral. O TRE decidiu unir as duas num único processo.

Simão afirmou, em seu voto, que a larga margem da votação não deve interferir na decisão do TRE —Castro venceu Freixo no primeiro turno com 58% dos votos válidos.

“Independente de ter sido eleita com larga margem de diferença, bastaria a comprovação inequívoca da gravidade das circunstâncias do fato nada democrático, como aconteceu.”

Durante a sessão no TRE, o advogado Paulo Fagundes, que representa a coligação de Freixo, comparou a eleição no estado em 2022 à recondução do presidente Vladimir Putin na Rússia. Ele afirmou que o resultado da eleição é usado para tentar constranger a Justiça Eleitoral a ignorar o que considera uso da máquina no pleito.

“[O esquema] Era para contratar cabos eleitorais, ou agradar a população com uma contratação expressiva dessa, para produzir o resultado eleitoral que produziu. E aí, com o resultado eleitoral, criar o constrangimento e a intimidação da sociedade. Quem vai questionar [uma vitória com] 60% dos votos? Eu digo até que foi pouco com todo esse uso da máquina, foi pouco. E para constranger a Justiça Eleitoral”, disse Fagundes.

“Eleições está na boca de todo totalitário, seja totalitário pela violência, seja pelo poder econômico e político. Basta dizer que o Putin foi reeleito dois meses atrás na Rússia com 90% dos votos. Pode-se se dizer que a Rússia vive numa plena democracia? Foi uma escolha soberana? Na Rússia não tem Justiça Eleitoral firme e altiva como temos aqui”.

Putin foi reeleito em março com 87% dos votos numa eleição marcada pelo aumento da repressão sobre a oposição.

O advogado Eduardo Damian, que defende Castro na ação, afirmou que a diferença de votos para o candidato derrotado deve ser levada em consideração pelos sete desembargadores.

“Estamos falando do governador que venceu com uma diferença de 2,6 milhões de votos. Falar de milhares de pessoas contratadas, de milhões gastos… O orçamento do Estado é de R$ 100 bilhões”, disse o advogado do governador.

“A diferença de votos é maior do que a de Lula sobre Bolsonaro em todo o território brasileiro. É maior do que o eleitorado completo de 12 estados. Essa dimensão tem que ser levada em conta”.

Damian também alegou que a Fundação Ceperj e a Uerj tem autonomia administrativa, sem a interferência do governador. O advogado afirmou também que o decreto assinado por Castro para formalizar o uso dos órgãos para as ações questionadas “não influencia a execução dos projetos”.

A procuradora Neide Cardoso defendeu a cassação de Castro, bem como dos demais 13 réus, entre eles o vice-governador Thiago Pampolha (MDB) e o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União).

“Ele [Castro] era o agente público detentor do poder político que se irradiou em todos os atos, inclusive subsequentes pelos demais investigados. Seja por ordem direta sua ou por seu alto escalão, seja por sua conivência e proveito eleitoreiro”.

Italo Nogueira/FolhapressPoliticaLivre

Inquérito do golpe está em ‘via de conclusão’, diz PGR

 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

O procurador-geral da República, Paulo Gonet17 de maio de 2024 | 22:00

Inquérito do golpe está em ‘via de conclusão’, diz PGR

BRASIL

A investigação sobre a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um plano de golpe para se manter no poder, mesmo após a derrota nas eleições, está chegando ao fim. A informação é da Procuradoria-Geral da República (PGR) que, em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o inquérito “encontra-se em via de conclusão”.

A Polícia Federal (PF) ouviu os principais investigados e analisou os documentos e dispositivos apreendidos na Operação Tempus Veritatis. Com isso, o caso caminha para o desfecho. O próximo passo é a apresentação do relatório final da investigação.

A jornalista Andreia Sadi, do G1, divulgou primeiro a informação, confirmada pelo jornal O Estado de São Paulo. O trecho da manifestação da PGR consta na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que mandou soltar o assessor Marcelo Câmara. O blog teve acesso ao despacho.

A Procuradoria-Geral da República afirmou que a “eficiente atuação da Polícia Federal desarticulou o grupo criminoso investigado e reduziu a percepção de risco para a ordem pública”.

“No tocante à investigação criminal, foram concluídas as medidas cautelares de busca e apreensão pessoal deferidas nos autos, garantindo-se a preservação do conteúdo de documentos e dispositivos relevantes para as investigações. Os depoimentos dos principais alvos foram colhidos e a investigação encontra-se em via de conclusão, o que reduz a possibilidade de interferências indevidas na persecução penal.”

O inquérito foi aberto a partir de informações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que fechou delação premiada.

Até o momento, há dois indícios que complicam a situação de Bolsonaro. O primeiro é um áudio enviado por Mauro Cid que sugere que o ex-presidente ajudou a redigir e editar uma minuta de golpe. O segundo é o depoimento do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que atribui a Bolsonaro a articulação de reuniões com comandantes das Forças Armadas para discutir “hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral”.

O ex-presidente foi intimado, mas ficou em silêncio no depoimento. A PF marcou audiências simultâneas, para evitar a combinação de versões e pegar eventuais contradições nas respostas. Quando a força-tarefa de delegados ficou frente a frente com os investigados, 15 deles decidiram não responder às perguntas.

Mensagens obtidas na investigação apontam que o plano golpista foi discutido extensivamente por aliados do ex-presidente. O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Walter Braga Netto defendeu, em reunião ministerial, que o governo deveria “virar a mesa” antes das eleições e sondou a Agência Brasileira da Inteligência (Abin) sobre a possibilidade de “infiltrar” agentes nas campanhas dos adversários de Bolsonaro.

Outra suspeita é que o grupo usou acessos do cargo indevidamente para monitorar autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, em meio às articulações golpistas.

Quando a PF apresentar o relatório, pode pedir ou não o indiciamento dos investigados. Caberá então à PGR decidir se há ou não elementos para oferecer denúncia e deflagrar uma ação penal. A Procuradoria também pode pedir diligências complementares, se considerar necessário.

Rayssa Motta/Fausto Macedo/EstadãoPoliticaLivre

Zanin, do STF, suspende liminar e restaura desoneração da folha de pagamentos por 60 dias

 Foto: Gustavo Moreno/STF/Arquivo

O ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal)17 de maio de 2024 | 19:00

Zanin, do STF, suspende liminar e restaura desoneração da folha de pagamentos por 60 dias

ECONOMIA

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido do governo e do Congresso e suspendeu por 60 dias a liminar que havia derrubado a desoneração da folha de salários de 17 setores da economia e dos municípios.

O objetivo é que, dentro desse prazo, seja aprovado o projeto de lei que contempla o acordo entre Executivo e Legislativo sobre o tema, que mantém a desoneração em 2024 e reonera a folha de pagamento gradativamente até 2028.

“Transcorrido o prazo de 60 dias sem solução, a liminar deferida retomará sua eficácia plena”, afirmou o ministro na ação.

A decisão de Zanin tem efeitos imediatos, mas será submetida ao plenário para referendo dos demais ministros. O julgamento foi marcado para a sessão virtual que começa no dia 24 e vai até 31 de maio.

Na decisão, Zanin ressaltou que cabe ao STF avaliar a constitucionalidade da lei que prorrogou a desoneração. Mas ponderou que, atualmente, a jurisdição permite uma maior participação das partes em busca de uma solução negociada.

O ministro acrescentou que a “solução dialogada favorece a realização do princípio democrático” e que “o esforço conjunto entre os Poderes da República contribui para assegurar a sustentabilidade das contas públicas, na esteira das valorosas iniciativas do Congresso Nacional ao aprovar a Lei de Responsabilidade Fiscal”.

Entenda o caso

A desoneração é um benefício fiscal que substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela resulta em redução da carga tributária da contribuição previdenciária devida por milhares de empresas que empregam mais de 9 milhões de pessoas.

O desgaste entre Executivo e Legislativo em torno do tema se intensificou no fim de 2023, após a Fazenda editar uma medida provisória com a reoneração gradual das atividades a partir de abril deste ano. A decisão abriu uma crise com o Congresso, que avaliou que o Executivo passou por cima de decisões soberanas da Câmara e do Senado.

As duas Casas aprovaram a prorrogação do benefício por ampla maioria: na Câmara, foram 430 votos favoráveis e 17 contrários; enquanto que no Senado o tema foi aprovado em 10 minutos, por meio de votação simbólica.

Na sequência, a lei foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o veto foi derrubado por placares igualmente folgados. No Senado, 60 senadores votaram pela derrubada, e 13 pela manutenção. Já na Câmara, foram 378 votos pela derrubada e 78 para sustentar o veto.

As negociações então recomeçaram com a proposta de um novo projeto de lei. Parlamentares avaliaram, então, que, se quisesse votos, o governo teria de ceder e se aproximar mais da proposta do Congresso. O projeto não avançou e o governo passou por cima da decisão do Congresso e recorreu ao STF.

A decisão de Zanin

Em abril, Zanin atendeu a um pedido do governo federal e suspendeu a política de desoneração da folha de pagamentos. O argumento da Advocacia-Geral da União (AGU), acolhido pelo ministro, era que o Congresso não apresentou os impactos fiscais da medida ao prorrogá-la. Na prática, com a decisão, a cobrança do imposto voltaria a ser sentida pelas empresas a partir de 20 de maio, próxima data para recolhimento da contribuição.

Na semana passada, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciaram um acordo para manter a desoneração neste ano e aplicar a reoneração gradualmente a partir de 2025.

Um novo projeto de lei sobre o assunto, com os termos do acordo, foi protocolado nesta quarta no Senado. O líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB), disse na quinta-feira, 16, que os projetos de lei da desoneração dos 17 setores da economia e dos municípios devem ser votados na próxima terça-feira, 21, no plenário da Casa.

Lavínia Kaucz/EstadãoPoliticaLivre

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