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quinta-feira, janeiro 11, 2024

Variante genética pode reduzir risco de Parkinson em 50%




Segundo dados da OMS de 2019, mais de 8,5 milhões de indivíduos têm doença de Parkinson

Estudo americano sugere que alteração genética rara reduz pela metade o risco de desenvolver a doença neurodegenerativa. Descoberta pode abrir caminho para novos tratamentos.

Indivíduos com uma variante genética recém-descoberta numa microproteína podem ter 50% menos chance de desenvolver doença de Parkinson do que a média da população.

Essa forma alterada da proteína é rara, sendo observada em apenas 1% dos humanos, principalmente nos de origem europeia. É o que sugere uma pesquisa

realizada pela Escola de Gerontologia Leonard Davis, da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos.

A doença de Parkinson ocorre quando as células nervosas que controlam o movimento morrem com o tempo. A perda desses neurônios de forma acelerada causa os sintomas conhecidos da doença, como tremores, rigidez muscular e distúrbios de equilíbrio, além de sintomas menos conhecidos, como alterações emocionais, distúrbios do sono e comprometimento cognitivo.

Sabe-se que isso está relacionado à disfunção das mitocôndrias, que são as fontes de energia das células.

Chave está na proteína SHLP2

Uma pesquisa anterior da mesma universidade americana havia estabelecido que uma proteína produzida nas mitocôndrias, chamada SHLP2, parece ser fundamental para o funcionamento dessas "centrais de energia" e diminui com a idade.

Essa proteína está associada à proteção contra doenças relacionadas à idade, incluindo o câncer. E os níveis dela mudam em pacientes com doença de Parkinson.

Foi por isso que a equipe liderada pelo cientista Pinchas Cohen, reitor da Escola de Gerontologia Leonard Davis da USC, concentrou-se na SHLP2 para seu estudo.

Inicialmente, os pesquisadores examinaram diversas variantes do gene associado à proteína no DNA mitocondrial de um grande número de participantes em três grandes estudos longitudinais (método de pesquisa que analisa as variações nas características de um mesmo objeto ao longo de um longo período).

Por meio de ensaios em células humanas cultivadas em laboratório e experimentos adicionais em camundongos, a equipe identificou que uma dessas variantes possivelmente aumenta a estabilidade e a abundância da proteína SHLP2.

Essas modificações, por sua vez, contribuem para evitar o mau funcionamento de uma enzima essencial na mitocôndria, conforme determinado pelo estudo.

Novas portas para tratamento

Os benefícios da forma mutante da SHLP2 foram observados em experimentos in vitro em amostras de tecido humano e em modelos de camundongos da doença de Parkinson.

Isso sugere que a administração dessa proteína poderia oferecer proteção contra a doença, abrindo caminho para novos alvos terapêuticos e tratamentos personalizados.

Além do Parkinson, essa descoberta destaca a importância das microproteínas mitocondriais e suas variantes genéticas em várias doenças.

Os pesquisadores enfatizam a necessidade de explorar mais essas microproteínas para desenvolver terapias eficazes contra doenças relacionadas à idade, resistência à insulina e, possivelmente, câncer.

Deutsche Welle

O crocodilo de Múcio




O comandante do Exército, general Tomás Paiva, Lula e José Múcio, ministro da defesa

PT e ministérios preparam ações pelos 60 anos do golpe de 1964 e militares ficam de orelha em pé

Por Vera Rosa

Passado o ato para lembrar um ano da barbárie do 8 de Janeiro e celebrar a democracia, uma nova preocupação toma conta das Forças Armadas. É que o PT e a Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, preparam debates, exposições e documentário para marcar os 60 anos do golpe de 31 de março de 1964, que deu início à ditadura militar no Brasil. Além disso, o Ministério dos Direitos Humanos articula com outras pastas uma série de iniciativas para lembrar a data.

Nos bastidores, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, já começou o trabalho na caserna para evitar “provocações”.

Neste 8 de janeiro, por exemplo, ele atuou para que clubes militares não soltassem notas agressivas ao ato Democracia Inabalada, promovido no Salão Negro do Congresso. Agora, Múcio tem pedido que não haja exaltação nos quartéis pela passagem do 31 de março.

A portas fechadas, generais reclamaram da cerimônia desta segunda-feira, sob o argumento de que conflito não se comemora. O presidente da Câmara, Arthur Lira, que não compareceu à solenidade, também discordou do modelo do ato, classificado pelo Centrão como um palanque para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT.

Atualmente, o maior receio de Múcio é o de que as manifestações da esquerda para lembrar as seis décadas do golpe de 1964 reabram feridas e estimulem mais um capítulo da polarização e do “nós contra eles”.

“Nós vamos fazer atividades para relembrar o golpe de 64 e o desastre que a ditadura foi para o País”, afirmou à coluna o presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto. “Que militar civilizado será a favor da ditadura?”

Em entrevista ao Estadão, na semana passada, Múcio defendeu as Forças Armadas ao ser questionado sobre a participação de militares nos atentados do 8 de Janeiro. “Eu admito que tinha algumas pessoas ali de dentro que torciam pelo golpe, mas o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, não”, insistiu.

Múcio disse esperar que as investigações da Justiça identifiquem logo os culpados, mas não quis usar o verbo cobrar. “Sou o ministro do deixa-disso. O meu papel aqui é o de apaziguar.”

Mas, enquanto Múcio se autointitula “conciliador”, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes faz questão de destacar que a página da infâmia, seja em 1964 ou em 2023, jamais sairá dos holofotes.

“Apaziguamento não representa paz, nem união. Um apaziguador, como lembrado pelo grande primeiro-ministro Winston Churchill, é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado”, discursou Moraes. A estocada não passou despercebida. Múcio e os comandantes das Forças Armadas, porém, ficaram calados. 

O Estado de São Paulo

As novas armas israelenses de última geração que usam inteligência artificial




Drones controlados através de um tablet podem sobrevoar posições inimigas para reunir informação e definir possíveis alvos

Por Amira Mhadhbi

As forças armadas israelenses (IDF, na sigla em inglês) são um dos exércitos mais avançados do mundo, e em relatório de 2022, gabavam-se de ter construído um “conjunto significativo de tecnologia inovadora” em associação com a indústria de armas.

Hoje, a guerra em Gaza tem sido palco para a utilização de novas armas de alta tecnologia introduzidas pelo exército israelense.

E a inteligência artificial tem desempenhado um papel importante tanto no armamento de Israel como na identificação de alvos – embora a decisão de matar permaneça com o soldado, de acordo com as IDF.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, o número de mortos em Gaza já ultrapassa 22 mil pessoas.

As IDF afirmam seguir o direito internacional e tomar precauções para reduzir as mortes de civis.

Conheça abaixo algumas das armas de alta tecnologia que vêm sendo utilizadas por Israel.

Tanques Barak

Com tecnologia de realidade aumentada, é possível acompanhar de dentro o que acontece fora

Descritos como a “quinta iteração” do famoso tanque Merkava, os tanques Barak usam IA de várias formas.

O principal diferencial deles é permitir que os comandantes vejam o entorno do tanque - mesmo quando as aberturas estão fechadas. O que as IDF chamam de “ampla infra-estrutura de sensores confiáveis” gera uma visão de realidade aumentada do que está do lado de fora.

Os primeiros novos tanques foram entregues ao 52º Batalhão da 401ª Brigada Blindada no início de setembro de 2023, após cinco anos de desenvolvimento.

O modelo Barak também opera com ‘sistemas de proteção ativa Trophy’, que criam um “escudo protetor” de 360 graus ao redor do tanque. Esses sistemas detectam e neutralizam instantaneamente qualquer ameaça, disparando um míssil que explode aquele que se aproxima.

Drone Spark

'O pouco que se sabe sobre os drones Spark é que fornecerão dados para informar a atuação das tropas das IDF'

O drone Spark foi desenvolvido como parte do programa Storm Clouds da Forças Aérea de Israel, uma frota de veículos aéreos não tripulados (UAVs, na sigla em inglês) de coleta de inteligência e apoio ao combate. É produzido pela Rafael Advanced Defense Systems e pelo Aeronautics Group.

As IDF não revelam muito sobre o novo drone. Afirmam apenas que ele “melhorará significativamente a capacidade de as tropas operacionais agirem de forma ofensiva e eficaz de acordo com os dados que serão recebidos”, mas não especifica como isso será feito.

Munição Vagante Spike Firefly

Uma versão dos drones Kamikaz, pesa apenas 3 quilos e vem com uma ogiva removível.

Segundo o fabricante, a Rafael Advanced Defense Systems, ele é utilizado principalmente para além do campo de visão. Isso significa que o drone pode sobrevoar posições inimigas que um soldado operando em solo não seria capaz de ver.

Removido de uma pequena estrutura portátil, o drone paira sobre uma área, podendo permanecer no ar por até 30 minutos e fornecer às tropas consciência situacional de até 1,5 km.

Controlado por meio de um tablet, ele reúne informações e define o alvo sob o comando de um soldado. Pode retornar à base - ou se estiver armado com a ogiva de fragmentação omnidirecional opcional de 350 gramas - pode atingir um alvo.

Iron Sting

Uma “munição de morteiro precisa, guiada por laser e GPS” desenvolvida pela empresa de defesa Elbit Systems. Foi usado pela primeira vez em outubro de 2023, em Gaza, segundo as IDF.

Na descrição do fabricante, Iron Sting (picada de ferro em português) é uma munição de morteiro guiada com precisão de 120mm que fornece “capacidades robustas em todos os cenários de campo de batalha”. Tem alcance de 1 a 12 km, dependendo do tubo de morteiro.

A ogiva consegue penetrar concreto armado duplo com efeito de explosão e fragmentação, segundo a Elbit systems.

'Guiado por laser e GPS, o Iron Sting é capaz de explodir concreto armado duplo'

Qual o papel da inteligência artificial na guerra?

Embora se afirme que o uso de IA em armamentos torna-os mais precisos para atingir alvos, limitando danos indesejados e a morte de não combatentes, as Nações Unidas e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) já expressaram preocupação sobre o uso de IA e aprendizado de máquina em confrontos armados.

Em um relatório divulgado no início do ano passado, o CICV disse que “as obrigações legais e as responsabilidades éticas na guerra não devem ser terceirizadas para máquinas e software”. A organização não quis comentar sobre o uso de IA por Israel.

As preocupações estão relacionadas a sistemas de armas que, uma vez ativados, operam de forma autônoma com base em mecanismos de gatilho. Alguns exemplos são sistemas de defesa antimísseis e algumas munições vagantes.

Em 2023, as IDF utilizam IA para obter informação e gerar alvos.

E já utilizavam IA na guerra de 11 dias, em Gaza, em 2021.

Em entrevista ao site de notícias israelense Ynet News em junho de 2023, o ex-chefe do Estado-Maior das forças de defesa israelenses, Aviv Kochavi, referiu-se à sua unidade, Diretoria de Alvo, como "composta por centenas de oficiais e soldados, apoiados em recursos de IA".

“É uma máquina que processa grandes quantidades de dados de forma mais rápida e eficaz que qualquer ser humano, traduzindo-os em alvos acionáveis”, disse ele.

“No passado, em um ano gerávamos 50 alvos em Gaza. Agora, essa máquina já gerou 100 alvos num só dia, sendo que 50% deles foram atacados”, explicou, referindo-se à “Operação Guardião das Muralhas” em 2021.

As IDF e o Gospel, “uma fábrica de alvo”

O "Gospel" é a nova plataforma de geração de alvos desenvolvida por IA em Israel, operada pela Diretoria de Alvo – uma “fábrica de alvos operando 24 horas por dia”, conforme descrito pelas IDF em artigo publicado em seu site em 2 de novembro de 2023.

Segundo as IDF, trata-se de "um sistema que permite a utilização de ferramentas automáticas para produzir alvos em ritmo acelerado... Com a ajuda da inteligência artificial, e através da extração rápida e automática de inteligência atualizada - produz uma recomendação para o pesquisador, com o objetivo de que haja uma combinação perfeita entre a recomendação da máquina e a identificação realizada por uma pessoa”.

O sistema gera alvos para ataque processando uma enorme quantidade de dados obtidos pelos diferentes braços da inteligência israelense atuando na Faixa de Gaza. No entanto, a decisão de execução fica a cargo de oficiais, segundo as IDF.

No dia 27 da guerra, as IDF disseram que havia mais de 12.000 alvos na Faixa de Gaza.

O jornalista investigativo israelense baseado em Jerusalém Yuval Abraham investiga o uso de inteligência artificial na guerra em Gaza e é autor de uma reportagem intitulada “Fábrica de assassinatos em massa”.

Publicada na +972 – uma revista independente, online e sem fins lucrativos dirigida por um grupo de jornalistas palestinos e israelenses – e no site de notícias Local Call, a reportagem baseia-se em conversas com sete atuais e antigos membros da comunidade de inteligência de Israel, incluindo de inteligência militar e da força aérea que estiveram envolvidos em operações israelenses.

Abraham conta à BBC que o sistema Gospel inclui “casas operacionais e familiares”, e também dá o número de civis que as IDF estimam terem sido mortos.

“Quando civis morrem em Gaza, na maioria das vezes, isso é calculado e feito com conhecimento de causa”, diz a fonte não identificada, que também conta que são treinados operadores de alvo com apenas 16 anos de idade e que os critérios para atingir civis palestinos, quando o alvo é um membro do Hamas, “foram significativamente flexibilizados”.

Questionada sobre as alegações, as IDF disseram à BBC: “Em resposta aos ataques bárbaros do Hamas, as IDF operam para desmantelar as capacidades militar e administrativa do Hamas. Em forte contraste com os ataques intencionais do Hamas contra homens, mulheres e crianças israelenses, as IDF seguem o direito internacional e tomam as precauções possíveis para mitigar os danos civis.”

'Ferramentas automáticas para geração de um número maior de alvos em menor tempo vêm sendo usados pelas IDF'

Com sistemas de “alta precisão”, por que há tantas vítimas civis?

Três das fontes de Yuval Abraham, que fazem parte do exército israelense, conversaram com ele sobre as centenas de civis palestinos mortos em cada ataque contra um alvo designado como membro sênior do Hamas.

Segundo uma das fontes de Abraham, “eles podiam (anteriormente) matar dezenas por um membro sênior do Hamas, e agora o número de civis que podem ser mortos é 10 a 20 vezes maior”.

Abraham disse à BBC que, segundo suas fontes, os oficiais que lideram a atual operação militar em Gaza “abandonaram todos os protocolos anteriores que poderiam restringir os ataques para não atingir civis”, conta. “Eles estão realizando ataques que são completamente desproporcionais porque se concentram na quantidade e não na qualidade dos alvos”, disse a Abraham um oficial da inteligência militar israelense.

As IDF não responderam às perguntas feitas à época para a reportagem do +972 e da Local Call sobre ataques específicos, mas afirmaram de forma mais geral que “as IDF forneceram avisos antes dos ataques, de vários tipos, e quando as circunstâncias permitiram também deram avisos individuais por telefone para pessoas que estavam nos alvos ou perto deles (foram mais de 25.000 conversas ao vivo durante a guerra, além de milhões de conversas gravadas, mensagens de texto e folhetos lançados pelo ar para alertar a população). Em geral, as IDF trabalham para reduzir ao máximo os danos causados aos civis como parte dos ataques, apesar do desafio que é combater uma organização terrorista que usa os cidadãos de Gaza como escudos humanos.”

A BBC pediu que as IDF comentassem as alegações. Perguntamos o que Israel estava fazendo para proteger os civis em Gaza e se fazia o suficiente, tendo em vista o número de mortos.

As IDF não responderam às nossas perguntas específicas, mas disseram que “seguem o direito internacional e tomam precauções possíveis para mitigar os danos civis”.

Israel diz que o Hamas usa civis em Gaza como escudo humano, colocando os seus túneis e centros de comando dentro da infra-estrutura civil da Faixa de Gaza.

O ex-coronel da inteligência militar britânica Philip Ingram disse à BBC que, para os militares israelenses, “se o Hamas colocar uma capacidade militar dentro ou perto da infraestrutura civil, torna-a um alvo militar legítimo. E desde que o objetivo de atacar esse local seja destruir esse alvo militar, o alvo é legítimo”.

“A responsabilidade da força de ataque israelense é fazer todo o possível para reduzir o número de vítimas civis e isso não significa não haver vítimas civis. Proporcional ou não, é uma decisão política e militar dos comandantes israelenses”, afirma.

'Segundo especialistas, bombas não guiadas podem errar o alvo em até 30 metros'

Bombas “inteligentes” e bombas “burras”

A uso de novos armamentos “inteligentes”, de alta precisão, e de sistemas de definição de alvos na atual guerra não substitui completamento o antigo armamento “burro”.

De acordo com trechos de uma avaliação feita pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional dos EUA divulgada em dezembro de 2023, vazada para o site da CNN: cerca de 40-45% das 29.000 munições ar-terra que Israel lançou sobre Gaza não eram guiadas, conhecidas também como “bombas burras”.

Essas bombas não guiadas "podem errar o alvo em até 30 metros, o que é a diferença entre atingir um quartel-general do Hamas e um apartamento cheio de civis", disse anteriormente ao BBC Verify Marc Garlasco, ex-analista sênior de inteligência do Pentágono e ex-investigador de crimes de guerra da ONU, que conversou com vítimas e testemunhas dessas bombas.

As IDF afirmam que “abortam os ataques quando vemos uma presença civil inesperada. Escolhemos a munição certa para cada alvo – para que não cause danos desnecessários”.

Uso de armamento errado

Em 24 de Dezembro de 2023, um ataque aéreo israelense ao campo de refugiados de Maghazi, no centro de Gaza, matou pelo menos 86 pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

As IDF, que admitiram ter usado o armamento errado no ataque, disseram então à BBC que “lamentam os danos causados”.

“O tipo de munição não correspondia à natureza do ataque, causando extensos danos colaterais que poderiam ter sido evitados,” disse um oficial militar israelense à emissora pública israelense Kan News.

Os militares disseram que seus jatos atingiram dois alvos adjacentes a uma área onde estavam localizados agentes do Hamas, mas que outros edifícios também foram atingidos nos ataques.

A ofensiva de Israel em Gaza começou após homens armados do Hamas lançarem um ataque surpresa ao sul de Israel, em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas, a maioria civis, e fazendo cerca de 240 reféns, segundo as autoridades israelenses.

BBC Brasil

Análise: Por que rivais republicanos de Trump não ousam atingir seu ponto fraco




Ex-presidente dos EUA Donald Trump

Embora 55% dos americanos pensam que a invasão do Capitólio é ataque à democracia que nunca deve ser esquecido, 72% dos republicanos acham que é hora de seguir em frente

Por Stephen Collinson

Os rivais mais próximos e cada vez mais desesperados de Donald Trump nas primárias estão intensificando os seus ataques, o acusando de mentir sobre eles, de ter medo dos debates e até de ser um fracasso como presidente.

Mas faltando apenas cinco dias para as prévias de Iowa, o governador da Flórida, Ron DeSantis, e a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, não ousarão criticar o favorito republicano por seu principal ponto fraco que poderia prejudicá-lo nas eleições gerais e irá assombrá-lo na história: seu ataque à democracia americana.

A reticência deles pode sugerir má prática de campanha e trair uma falta de coragem política, à medida que Trump adota um tom cada vez mais autocrático antes de uma possível presidência que ele promete usar para retribuição pessoal.

Na verdade, como um eleitor de Iowa disse a DeSantis em uma pergunta escrita na assembleia da Grey TV na terça-feira (2): “Por que você protege Trump? Do que você está com medo?”.

Mas a postura dos seus oponentes faz sentido estratégico, dado que o ex-presidente parece ter um controle ainda mais firme sobre o Partido Republicano do que quando deixou Washington depois de tentar anular as eleições de 2020. O domínio de Trump baseia-se em parte no seu caráter perturbador, na recusa em seguir as regras e no estatuto de herói popular junto dos eleitores republicanos.

Mas o seu poder também é reforçado pelo desinteresse generalizado da base em qualquer tentativa de chamá-lo a prestar contas pelo seu comportamento antidemocrático e pela ideia de que ele deveria assumir qualquer culpa por ultrajes como o ataque dos seus apoiadores ao Capitólio dos EUA.

Tal como quando era presidente, quando o seu domínio enfrentou os críticos do Partido Republicano no Congresso, a superpotência de Trump está protegendo-o das consequências das suas ações e tornando politicamente impossível aos rivais nas primárias, que querem ganhar uma parte dos seus eleitores, responsabilizá-lo.

Antes de um período de duas semanas em que enfrentará uma série impressionante de obrigações judiciais e possíveis reveses em seus casos, Trump deu um novo passo na terça-feira (3) no complexo emaranhado jurídico causado por seu constante desafio às restrições políticas.

Ele interpôs recurso contra uma decisão do secretário de Estado democrata do Maine de tirá-lo das urnas devido à proibição da 14ª Emenda aos “insurrecionistas”. Isso se seguiu à decisão da Suprema Corte do Colorado de fazer o mesmo, da qual ele também deverá apelar. Ambos os casos provavelmente acabarão na Suprema Corte dos EUA.

Se a história servir de guia, a questão eleitoral – que é constitucionalmente controversa mesmo entre muitos juristas liberais – vinculará ainda mais Trump à sua base de eleitores, tal como o fizeram as suas quatro acusações criminais e o seu julgamento por fraude civil em Nova York.

E isso fará com que DeSantis e Haley procurem mais uma vez uma forma de atacar Trump, sem alienar os republicanos que ainda sentem carinho por ele.

DeSantis está desesperado por uma abertura

DeSantis, que conta com um resultado frustrante em Iowa para reviver uma campanha que antes prometia ser um rolo compressor em todo o país, atacou o ex-presidente na terça-feira por se recusar a se comprometer com um debate da CNN na próxima semana no estado de Hawkeye. Ele sugeriu que seria um implementador do trumpismo no Salão Oval muito melhor do que seu autor.

“Por que ele não deveria ter que responder perguntas? Ele está trabalhando em coisas como deportar ilegais e construir um muro, mas fez isso em 2016 e não conseguiu. Então, acho que ele deve respostas a essas perguntas”, disse DeSantis.

Mais tarde, na Câmara Municipal da Grey TV, o governador da Florida também negou ter aliviado para Trump e insistiu que tinha traçado um forte contraste com o ex-presidente.

Haley – em campanha em New Hampshire, onde espera emergir como a última alternativa permanente a Trump – disse aos eleitores que os novos ataques acalorados do ex-presidente contra ela mostram que ele está preocupado com o desafio que ela impõe.

“Nos comerciais dele e nos acessos de raiva, tudo o que ele disse era mentira. Tudo. Procurei algum grão de verdade, cada um deles”, disse ela, rejeitando as afirmações de Trump sobre sua política tributária sobre a gasolina enquanto governadora.

“A coisa mais importante de que todos falam é o quão boa era a economia sob Trump. Estava, não é? Mas a que custo? Ele nos colocou em dívidas de US$ 8 trilhões em apenas quatro anos”, disse ela, acrescentando mais tarde: “Você não finge ter uma boa economia nos endividando”.

Mas, tal como DeSantis, Haley não tocou no elefante antidemocrático na sala. E enquanto intensificam o seu foco em Trump, Haley e DeSantis estão agora lançando ataques violentos um contra o outro.

Um anúncio de um super PAC (comitês de ação política) pró-Haley em funcionamento em Iowa classifica DeSantis como “falso” e “ruim demais para liderar”. A sala de guerra política DeSantis tem criticado Haley como “Tricky Nikki” (“Nikki complicada”, na tradução livre). O tom cruel reflete o fato de Haley e DeSantis necessitarem urgentemente de emergir a partir de janeiro como a alternativa clara a Trump para sobreviver na corrida presidencial.

O seu antagonismo mútuo antes do início oficial da corrida de nomeação do Partido Republicano em Iowa, em 15 de janeiro, fez com que muitos observadores acreditassem que eles estão presos em uma corrida pelo segundo lugar em uma disputa nacional. Trump garantir a aprovação do Partido Republicano seria um regresso político impressionante apenas três anos depois de submeter a democracia dos EUA ao seu maior teste nos tempos modernos.

Embora muitos americanos e grande parte do mundo livre vejam com horror a perspectiva da sua volta ao poder, o domínio contínuo de Trump entre os republicanos reflete uma enorme desconexão da percepção política e factual que destrói o meio da América.

A maioria dos republicanos tem pouca paciência com a ideia de que a democracia está ameaçada

Embora os democratas e a mídia se fixem nas consequências para a democracia em um segundo mandato de Trump, há uma notável falta de apetite entre os eleitores republicanos pela responsabilização pelo que aconteceu no final da última presidência.

Essa longa antipatia em considerar os acontecimentos de janeiro de 2021 moldou há muito o comportamento dos principais líderes do Partido Republicano em Washington. Em um novo sinal do poder de Trump na terça-feira, o líder da maioria republicana na Câmara, Steve Scalise, da Louisiana, apoiou formalmente o ex-presidente.

E uma nova pesquisa publicada na terça-feira pelo The Washington Post e pela Universidade de Maryland mostrou que os eleitores republicanos estão cada vez menos interessados em responsabilizar Trump por 6 de janeiro de 2021.

Embora 55% de todos os adultos dos EUA vejam a invasão do Capitólio como um ataque à democracia que nunca deve ser esquecido, 72% dos republicanos acham que é hora de seguir em frente. Há dois anos, 27% dos republicanos pensavam que Trump tinha “uma grande” ou “uma boa” responsabilidade pelo ataque. Agora, apenas 14% acham isso, segundo a pesquisa, que se seguiu a meses em que Trump retratou os detidos pelo ataque como prisioneiros políticos.

Embora a democracia seja o foco de muitos legisladores, especialistas e jornalistas no mundo político, é uma questão menos tangível no resto do país, onde os preços altos resultantes da pandemia de Covid-19, por exemplo, têm mais ressonância na maioria dos eleitores.

A pesquisa com os eleitores republicanos mostra porque é que Trump achou tão fácil capitalizar as suas múltiplas acusações e episódios como o Colorado e o Maine que o tiraram das urnas. E explica por que DeSantis e Haley criticam Trump indiretamente, mas ainda não o confrontaram por levar a democracia americana ao limite.

“Isso foi levado à nação por meio do impeachment. Ele foi absolvido. Acho que 6 de janeiro está incluído no bolo. Acho que os casos de Jack Smith não estão mudando o resultado político nas pesquisas”, disse o senador republicano da Carolina do Sul, Lindsey Graham, no domingo (31), referindo-se ao procurador especial que está conduzindo dois processos criminais federais contra o ex-presidente.

“No final das contas, Donald Trump está em uma boa posição para vencer as primárias republicanas, porque os republicanos acreditam que ele teve uma boa presidência”, disse Graham.

Os comentários de Graham refletem o sentimento predominante entre os eleitores republicanos após anos de falsas alegações de fraude eleitoral de Trump e agora acusa o presidente Joe Biden de interferência eleitoral, ao mesmo tempo que se apresenta como o salvador da democracia americana.

Essas alegações foram promovidas durante três anos pela mídia conservadora em meio à profunda desconfiança nos principais meios de comunicação que relatam o que aconteceu em 6 de janeiro.

Em junho, Trump disse aos seus apoiadores que via as suas duas acusações como um “distintivo de honra” e que “estou sendo indiciado por você”. Os eventos subsequentes nas convenções partidárias de Iowa sugerem que a estratégia está funcionando.

Abertura de Biden

Trump pode não conseguir uma acomodação semelhante nas eleições gerais. Biden, que enfrenta números desanimadores nas pesquisas e ansiedades até mesmo entre sua própria base quanto à sua idade, está moldando sua candidatura à reeleição em torno da alegação de que Trump e os “extremistas republicanos do MAGA (Make America Great Again)” representariam uma grave ameaça à democracia.

Essa estratégia pode funcionar em alguns lugares porque Trump alienou eleitores críticos dos estados indecisos em sucessivas eleições nacionais com o seu comportamento e retórica extremos. Embora com Trump liderando Biden nas recentes pesquisas estaduais, ainda não esteja claro se o manual será suficiente para garantir um segundo mandato a Biden.

Entre o Partido Republicano, no entanto, simplesmente não há eleitorado para atacar Trump nesta questão. O único candidato remanescente com visibilidade que critica abertamente Trump como uma ameaça aos valores dos EUA é Chris Christie. O ex-governador de Nova Jersey também satirizou Haley por seus comentários eufemísticos de que é hora de superar o “caos” e o drama de Trump.

“O que? O que isso significa exatamente, governadora? Por que não dizer isso? Ele não é o Voldemort dos livros de Harry Potter”, disse Christie em New Hampshire, em 30 de novembro. Mas Christie tem pouca força no Partido Republicano fora do estado, onde os eleitores independentes são especialmente importantes na escolha dos indicados do partido.

Os eleitores – e não as pesquisas – decidirão se Trump ganhará a sua terceira nomeação republicana consecutiva. E tanto Iowa como New Hampshire têm um histórico de desenvolvimentos recentes que podem causar transtornos.

Mas com o tempo a se esgotando, a incapacidade de Haley e DeSantis para lidar com a mancha que ele causou na história americana deixa duas outras questões.

Porquê passar pelo processo exaustivo e muitas vezes humilhante de concorrer à presidência se não se pode usar o material político mais potente contra ele? E será que as próximas semanas provarão que Trump sempre foi imbatível na corrida republicana de 2024?

CNN

Presidida por Nísia Trindade, a Fiocruz forneceu testes com sobrepreço de 700%


Nísia Trindade recebe profissionais que atuarão no Mais Médic - Arquivo Metrópoles

Niisia Trindade já está com toda a pinta de ex-ministra

Rodrigo Rangel
Metrópoles

Na reta final do governo de Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde pagou à Fundação Oswaldo Cruz por testes de Covid-19 valores que chegaram a quase oito vezes mais que os praticados na iniciativa privada. A Fiocruz era comandada, à época, pela atual ministra da Saúde, Nísia Trindade.

O ministério tinha uma licitação em andamento na ocasião, que foi suspensa pouco antes da aquisição feita junto à fundação. Foram comprados pelo menos 3 milhões de testes ao preço de R$ 19,40 cada. Na própria licitação que estava em curso, da qual participavam 35 empresas, havia oferta de testes pelo preço unitário de R$ 2,49.

COISA DE LOUCO – O valor fechado pelo ministério com a Fiocruz foi nada menos que 679% superior ao menor preço ofertado na concorrência. A compra se deu por meio de um acordo de cooperação técnica, em dezembro de 2022. O caso foi parar no Tribunal de Contas da União, o TCU.

Auditores da Corte atestaram o sobrepreço e detectaram irregularidades tanto na decisão que suspendeu a licitação quanto na contratação direta dos testes assinada com a Fiocruz.

O tribunal ordenou, ainda no ano passado, a suspensão do acordo com a fundação, vinculada ao próprio Ministério da Saúde. Mas a decisão está em vigor até hoje.

MINISTRA NÃO RESPONDE – A coluna enviou doze perguntas ao ministério da Saúde sobre o assunto na última terça-feira. Após pedir mais prazo para responder, a pasta limitou-se a enviar uma nota curta nesta quinta-feira na qual não se refere os pontos centrais da contratação. Não houve resposta, por exemplo, às perguntas sobre o valor de R$ 19,40 acertado com a Fiocruz.

O ministério disse apenas que o processo licitatório que estava em andamento à época, no qual havia oferta de testes por valores bem abaixo, foi suspenso porque empresas participantes foram desclassificadas.

O acordo com a Fiocruz foi firmado, diz o texto, como “alternativa” à licitação. O ministério afirmou, ainda, que um novo edital para aquisição de novos testes rápidos de Covid-19 está em vias de ser lançado, com previsão de entrega ainda no primeiro trimestre deste ano.

OUTRO CONTEXTO – A Fiocruz, por sua vez, disse também em nota que o fornecimento dos testes para o ministério se deu em um contexto que vai além da simples venda dos produtos e incluiu, por exemplo, ações para desenvolver a produção nacional.

“Como instituição vinculada ao Ministério da Saúde, o fornecimento de insumos e prestação de serviços em saúde ao SUS ocorre em um contexto de sustentação da base científica, tecnológica e industrial do Ministério da Saúde, modelo que vem permitindo importantes plataformas e produtos, com o objetivo de ampliar o acesso da população”, diz a nota, sem esclarecer se é esse “contexto” que justifica o preço maior pago por cada teste.

QUEM FABRICA? – Indagada se produz integralmente os testes que fornece ao ministério ou se os adquire de outros fabricantes e faz apenas o papel de intermediária, a Fiocruz afirmou que ela própria é responsável pela produção e, quando isso não acontece, os testes são produzidos por um parceiro, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, o IBMP.

A fundação não respondeu qual foi o papel de sua então presidente, Nísia Trindade, hoje ministra da Saúde de Lula, no acordo acertado com a pasta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Num governo sério, tipo Itamar Franco, que deixou saudades, Nísia Trindade já teria sido demitida sumariamente pela estranhíssima nomeação do filho como secretário de Cultura da Prefeitura de Cabo Frio, após o Ministério da Saúde destinar R$ 55,4 milhões ao município, um escândalo da melhor qualidade(C.N.)

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