Publicado em 15 de abril de 2023 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
As acusações desfechadas pelo Ministério Público Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, base do julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral, apontam inelegibilidade de Bolsonaro para as próximas eleições, tanto as municipais de 2024 quanto as presidenciais de 2026.
Reportagens de Reynaldo Turollo Jr e Mariana Muniz, O Globo, e de Matheus Vargas e Ricardo Della Coletta, Folha de S. Paulo, destacaram o assunto e reúnem uma série de acusações contra as urnas eletrônicas, principalmente na reunião que Bolsonaro realizou no Palácio Alvorada com embaixadores de países estrangeiros para atacar o sistema eleitoral brasileiro.
INVASÕES – Há ainda o uso do poder econômico nas eleições do ano passado e a sua aparente participação no comando da invasão e das depredações registradas em Brasília, incluindo o envolvimento de órgãos de Segurança sediados na capital do país. O volume das acusações é muito grande e passam de 30 processos. É praticamente impossível que o desfecho do processo não conclua com a sua inelegibilidade.
O bolsonarismo fraciona-se assim, num primeiro momento, entre a corrente radical que tentou anular as eleições e as correntes que são de oposição ao presidente Lula da Silva, mas que preferem atuar nos limites da Constituição, no respeito ao voto popular e às urnas que consagraram a vitória do atual chefe do Executivo.
Política é assim, repleta de aparentes contradições, mas que no fundo refletem as contradições do próprio ser humano na busca do poder e na batalha pessoal do dia a dia. Uma parte do bolsonarismo repudiou certamente a invasão de Brasília e os atos selvagens praticados, pois se a população preza o sentido da propriedade individual e da liberdade, não pode em plena razão apoiar depredações de bens públicos ou privados. Assim, para as eleições de 2024 no Rio, por exemplo, já foi lançada a candidatura de Flávio Bolsonaro para prefeito. Para sucessão de Lula em 2026, principalmente, o PL partirá em busca de um outro nome.
MARY QUANT – Aos 93 anos de idade, morreu a super modista Mary Quant que a partir das décadas de 60 e 70 modernizou a moda feminina lançando a mini-saia logo aceita por todos os homens e todas as mulheres como um instrumento de valorização da beleza feminina e do corpo da mulher, destacando a influência das pernas no plano de percepção visual.
Mary Quant foi agraciada pela rainha da Inglaterra com a tradicional ordem de grande destaque. Ela tem lugar na história, inclusive porque compreendeu que a moda feminina, no fundo, é uma combinação do corpo e da variação dos tecidos e cores. Basta citar como exemplos as noites de gala nas quais atrizes, personalidades e mulheres elegantes ostentavam decotes e costas nuas usando vestidos de luxo. É porque na combinação entre corpo e tecido estão o vulto, o culto da mulher e a busca pela beleza presente em todas as épocas.
INADIMPLÊNCIA – Na manhã desta sexta-feira, o jornal da Globo News revelou que o país tem 66 milhões de pessoas inadimplentes com suas contas, incluindo aluguéis, prestações, tarifas públicas, dívidas em bancos e cartões de créditos atrasados. As causas são as de sempre, salários sendo derrotados pelos índices inflacionários, juros altos e desemprego.
Quanto ao desemprego, destaco que quando o IBGE publica retomada de postos de trabalho em determinado período esquece de se referir aos que no mesmo trimestre foram demitidos. A comparação é importante porque em cada trimestre o índice de dispensas não pode ser igual a zero, é evidente.
INDICAÇÃO AO STF – O presidente Lula da Silva deverá formalizar na próxima semana o nome que vai propor à apreciação do Senado para a vaga de Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal. O favorito é Cristiano Zanin. Na noite de quinta-feira, num programa apresentado por César Tralli na GloboNews, o assunto foi debatido surgindo considerações sobre uma aparente dificuldade, a de que Zanin seria o relator de processos que estavam nas mãos de Lewandowski, entre os quais os da Lava-Jato.
Surgiu uma sombra contra a impropriedade de transferência. Não acho, pois é preciso não esquecer que o mesmo STF por oito votos a três considerou parcial a atuação do então juiz Sergio Moro no julgamento de Lula. Logo, tanto Lula quanto Zanin têm a sua base consolidada com a sentença que atingiu o ex-magistrado, ex-ministro da Justiça e atual senador pelo Paraná.