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sábado, abril 15, 2023

Lula voltou dos EUA de mãos abanando, mas chegará da China com as malas cheias


Ivan Lins se diz emocionado após música tocar em evento de Lula e Xi Jinping  | O TEMPO

Aproximação de China e Brasil é um problema para os EUA

Eliane Cantanhêde
Estadão

O encontro do presidente Lula com o chinês Xi Jinping joga luzes no quanto os Estados Unidos estão perdendo espaço para a China, que é o maior parceiro comercial não só do Brasil, mas de mais de 130 países, caminha a passos largos para ser a principal economia e avança numa seara que nunca foi seu forte: a política. Com a liderança na economia e na política em xeque, os EUA mantêm um trunfo, que não é pouco: o poder bélico.

“O contraste será tremendo”, avalia o diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington, sobre as viagens de Lula aos EUA e à China. Com Joe Biden, Lula chegou e saiu de mãos abanando, sem sequer um valor razoável para o Fundo Amazônia. Com Xi Jinping, levou e vai trazer malas cheias de acordos e intenções.

ARENA INTERNACIONAL – O saldo esperado é de duas dezenas de acordos nas mais variadas áreas, de ambiente a infraestrutura, agricultura a carro elétrico, satélites a aviões da Embraer. E a foto de Lula com Xi Jinping vai rodar o mundo. Lula leva o Brasil de volta à arena internacional, Xi Jinping expõe o raio de ação da China na América Latina, Oriente Médio, África, Europa e a própria Ásia (vide Índia).

Nos EUA, republicanos e democratas continuam olhando o mundo sob a ótica da velha Guerra Fria, tratando a Rússia como inimiga e a China como adversária, inclusive na Estratégia Nacional de Segurança, de outubro de 2022. Sua política externa atira para todo lado e despreza a América Latina, que já foi “quintal dos EUA”.

Qual a estratégia para a região? Que tipo de apoio Washington dá à profunda crise da Argentina? Não há estratégia, não há apoio, só há sanções para Venezuela, Cuba e Nicarágua, o que não leva a nada. Enquanto isso, a China avança, ganha terreno, olha bem longe.

SEM NEUTRALIDADE – O Brasil está como a França, segundo Rubens Barbosa. Lula se diz neutro na guerra da Ucrânia, mas está cada vez mais próximo da Rússia, e Macron é claramente pró-Ucrânia, mas, apesar dessas divergências, os dois países têm posição semelhante numa outra guerra: EUA e China. Continuam parceiros tradicionais dos EUA, mas cada vez mais próximos da China. Prevalecem os “interesses internos”.

Em Xangai, Lula visitou fábrica da Huawei, encontrou-se com o secretário-geral do Partido Comunista e jantou com a cúpula partidária. Ao dar posse a Dilma Rousseff na presidência do banco dos Brics, condenou veementemente o uso do dólar como moeda mundial. Agora, é esperar os próximos recados aos EUA nas duas reuniões com Xi Jinping.

Lula volta domingo, e o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, chega no dia seguinte a Brasília. Coincidência? Certamente, o governo de Biden acha que não…


Chances de Anderson Torres ser solto a curto prazo são praticamente nulas

Publicado em 15 de abril de 2023 por Tribuna da Internet

Alexandre de Moraes expede mandado de prisão própria após possível ataque hacker

Moraes não deu mostras de pretender soltar o ex-ministro

Rafael Moraes Moura
O Globo

Apesar de Anderson Torres ter dado uma guinada na sua estratégia de defesa, buscando pontes com o Supremo Tribunal Federal para convencer o ministro Alexandre de Moraes a derrubar sua prisão, as chances de o ex-ministro da Justiça ser colocado em liberdade são praticamente nulas, pelo menos a curto prazo.

É o que a equipe da coluna apurou com fontes que acompanham de perto as investigações dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, que culminaram com a invasão e a depredação da sede dos três poderes.

FOI ABANDONADO – “Anderson Torres está sendo bombardeado do lado do atual governo e abandonado pelo antigo, virou leproso”, resumiu à equipe da coluna um interlocutor de Alexandre de Moraes.

Segundo fontes ouvidas pela coluna, o que poderia mudar a situação seria uma eventual decisão do ex-ministro da Justiça de fazer uma delação premiada – algo que, até agora, Torres não deu indicações concretas de que vá fazer, mas uma possibilidade que já desperta temores no entorno de Jair Bolsonaro.

Nos bastidores do Supremo, a avaliação é que Moraes ainda “vai esticar a corda” por um bom tempo – e que o ex-auxiliar de Jair Bolsonaro está encrencado por uma série de motivos, inclusive por ter sido omisso ao arrumar as malas e ir para os Estados Unidos quando dezenas de extremistas se dirigiam a Brasília para promover atos de vandalismo no início de janeiro deste ano.

EM OUTRO CARGO – Nessa época, Torres já havia deixado o Ministério da Justiça e assumido a Secretaria de Segurança Pública do DF, apesar do apelo de ministros do Supremo para que o governador Ibaneis Rocha recuasse da nomeação.

A forte ligação de Torres com Bolsonaro era fonte de preocupação entre integrantes da Suprema Corte, que alertavam para os riscos de se repetirem em Brasília as lamentáveis cenas da invasão do Capitólio, nos Estados Unidos.

O alerta, como se viu, de nada adiantou, e a capital federal viveu episódio que remeteu à invasão do Congresso americano por extremistas insuflados por Donald Trump. Ibaneis chegou a ser afastado do cargo por 66 dias por decisão de Moraes, mas foi reabilitado ao cargo, em uma costura nos bastidores que contou com a articulação de Michel Temer, conforme informou a coluna.

MINUTA DO GOLPE – Dois dias após os atentados em Brasília, dos quais o Supremo foi a sede de poder mais duramente atacada pelos extremistas, uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal encontrou uma minuta golpista na casa de Anderson Torres.

A minuta criava um certo “estado de defesa” no TSE, dando poderes a Bolsonaro para interferir na atuação da Corte e impedir a posse de Lula – o que é flagrantemente inconstitucional. O documento está sendo usado agora em uma ação que pode declarar Bolsonaro inelegível e impedi-lo de disputar cargos políticos pelos próximos oito anos.

Os problemas de Torres não param por aí. Segundo a equipe da coluna apurou, a gota d’água na delicada situação do ex-ministro da Justiça foi o aprofundamento das investigações envolvendo o uso da máquina estatal para atrapalhar a votação de eleitores de Lula no segundo turno.

sexta-feira, abril 14, 2023

Justiça proíbe percussão em bares de cidade na Bahia

SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Na Bahia, estado símbolo do Carnaval acostumado a batuques, "só voz e violão" serão permitidos na cidade de Paulo Afonso (a 471 km de Salvador). A Justiça acatou no dia 20 uma ação do Ministério Público estadual contra o município e proibiu o uso de percussão em estabelecimentos abertos, como bares e restaurantes com área externa, onde em geral ficam os músicos.

A prefeitura pediu a suspensão da medida em caráter de urgência, o que foi negado. Músicos e donos de bares protestam, e organizam uma petição com 684 assinaturas contra o veto. A prefeitura já recorreu novamente da decisão.

Na sentença, o juiz Cláudio Santos Pantoja Sobrinho, da 1ª Vara da Fazenda Pública, dá aval em bares da cidade para tocar apenas a voz e violão, sob pena de multa à prefeitura, a quem cabe fiscalização.

A decisão estabelece que sejam suspensas as autorizações de "uso de som para bandas e instrumentos de bateria e percussão em estabelecimentos abertos, revendo tais autorizações para apenas voz e violão, sob pena de multa em valor não inferior a R$ 5.000".

Logo após a decisão, o município removeu os alvarás que permitiam a contratação de bandas e a produção de ruídos até depois das 22h.

A ação, da promotora Daniele Cochrane Santiago Dantas Cordeiro, visa combater a poluição sonora. De acordo com o órgão, a medida está inserida "na proteção à saúde coletiva" e resultou de denúncias recebidas -225 queixas entre 2017 e 2022 no órgão.

A Promotoria, na ação, citou também dados da Polícia Militar, de que 80% das denúncias recebidas eram sobre poluição sonora.

O órgão afirma ainda que tentou "soluções conciliatórias", mas que a Prefeitura de Paulo Afonso passou a conceder, "de forma indistinta", autorizações individuais "para produção de ruído".

No caso, alvarás para shows que ultrapassavam o horário de 22h. Quanto ao uso de instrumentos de percussão, dizem ter verificado baterias como responsáveis notáveis por "grande incremento do barulho produzido".

Para o instrumentista Igor Gnomo, professor de música, a medida é "de uma bizarrice tremenda". Ele integra um grupo de 684 pessoas que assinaram uma petição contra a liminar.

Seu colega baterista, Filipe Urso, 37, conta que teve um prejuízo de R$ 1.500 até agora e pode perder 90% da renda mensal.


"Não é possível parar uma classe de trabalhadores assim. Tem uma família por trás de cada músico", diz Urso, que culpa a prefeitura pela falta de fiscalização dos estabelecimentos. "Não concordo com o som alto. Eu sou baterista, faço música, não barulho", afirma.

Na pedido à Justiça, a Promotoria argumenta que a medida extrema parte da omissão do município contra a poluição sonora.

A prefeitura recorreu da decisão. Em nota, o procurador do município, Igor Montalvão, afirma que a ordem restringe "a garantia fundamental da manifestação artística" e dificulta a subsistência dos músicos, "como se não bastassem os prejuízos já suportados pela categoria durante a lamentável pandemia [de Covid-19]".

VIOLÃO E KARAOKÊ

Com o veto desde o dia 20, bares e restaurantes de Paulo Afonso alvos das reclamações, situados principalmente em três avenidas boêmias, têm adaptado as apresentações ao violão e até a noites de karaokê, mas afirmam que a receita caiu desde a decisão.

O dono da Cervejaria Panka, Bruno Cardoso, 48, diz que precisou cancelar todas as atrações que já estavam programadas para os próximos meses.


"Uma cidade da Bahia [ter uma decisão como essa]! Você associa Bahia a percussão, música, alegria, e de repente associam esse tipo de perturbação [sonora] exatamente à percussão", diz Cardoso.

Para a microempreendedora Jéssica Simplício, 29, deveria haver uma alternativa em vez da proibição total. "Talvez se especificasse alguns dias da semana, ou até certo horário. Entendo que muita gente que não curte, talvez ache ruim. Mas também não pode atrapalhar o comércio", afirma.

Nas redes sociais da prefeitura, moradores criticaram o veto aos batuques. "A cidade já está decadente, não tem mais turismo, nada atrativo para o povo, ainda proibir de fazer 'festa', tirando o sustento dos músicos, só aqui em Paulo Afonso", diz Flávia Adalgisa.

O cantor e instrumentista Igor Gnomo conta que pediu ajuda à Funceb (Fundação Cultural do Estado da Bahia) para atuar contra a proibição.

Há, porém, quem concorde com a medida. "O direito ao sossego está previsto em lei, bem como, a obrigação dos órgãos municipais para garanti-lo através de fiscalização eficiente", disse, em redes sociais, a pastora da Comunidade das Naçoes Ana Paula Araújo. De acordo com ela, as "vítimas" do barulho viraram "vilãs" com a repercussão da liminar. "É fácil culpar alguém ou alguns que, investido de um direito, acione os órgãos competentes para que a lei seja cumprida."

Em audiência pública nesta quinta (13) na Câmara de Paulo Afonso, o presidente do Conselho de Turismo, o médico Juliano Medeiros, dono do hotel San Marino, que fica na área dos bares, defendeu a ação do Ministério Público diante da falta de fiscalização da prefeitura.


A senhorinha idosa, o enfermo, as crianças autistas e as pessoas que assim como eu precisam descansar para trabalhar no dia seguinte, o que fariam? Aguentar caladas e sofrendo?" disse. O médico afirmou ainda que "[sente e vê] a aflição de centenas, talvez milhares de outros munícipes, que enfrentam a frequente poluição sonora e também sofrem no centro da cidade".

Procurada, a Secult-BA (Secretaria da Cultura da Bahia) informou que não vai se pronunciar, uma vez que a questão está no âmbito jurídico.

Paulo Afonso comporta usinas da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) no semiárido nordestino e atrai visitantes pelas cachoeiras e cânions. Guarda ainda curiosidades históricas, como a casa onde morou Maria Bonita e mais de cem sítios arqueológicos.

https://www.acessa.com/








(RE)SIGNIFICAR A ESCOLA: COMO CONSTRUIR UM ESPAÇO FORMATIVO PARA OS DOCENTES?

 


Pesquisas científicas apontam a existência de diversas lacunas nas formações iniciais docentes, que precisam ser trabalhadas ao longo de toda carreira profissional (CARDOSO; RODRIGUES, 2015; SOUZA et. Al, 2020; REINNALDI, GIORDANI, FREITAS, 2021). A escola, todos os dias, é inundada com diversas novidades, novos problemas internos e externos que impactam toda a prática pedagógica. O professor necessita de um constante movimento de aprendizado, por isso a necessidade de formações continuadas

A formação continuada é o momento que o professor toma fôlego em sua prática, para rever os desafios e problemas cotidianos de sala de aula. É o momento de criar estratégias, refletir sua prática, abrir-se para o novo e compartilhar experiências com colegas. Engana-se quem pensa que as formações continuadas acontecem apenas nos espaços universitários (por meio das pós-graduações). A escola pode fornecer a troca entre os pares, incentivar momentos ricos de aprendizado. Lück (2018) afirma que a escola não é apenas um prédio ou um espaço cheio de pessoas, mas sim uma organização social com intencionalidades pedagógicas, marcada pela vivência social conjunta e pela vontade de compreender o mundo de forma crítica.

Uma das frentes necessárias para transformar a escola em um espaço formativo se dá na gestão escolar e seu compromisso com o constante aprendizado dos professores. Construir tempos para que os professores se dediquem ao estudo, fornecer materiais para que estejam sempre ao alcance deles, promover momentos de trocas de experiências são alguns dos fatores que se consideram como formação continuada.
Vejamos: uma sala de professores pode ser apenas um espaço para descanso e relaxamento entre um intervalo e outro. Mas, pode se transformar em um espaço rico de aprendizados se nela há materiais informativos, artigos atualizados e disponibilizados para que os professores leiam entre um café e outro, caixas com possibilidades de desabafos para que sejam compartilhados em conjunto as angústias,
os problemas, as dúvidas. O planejamento dos momentos coletivos precisa ser pauta prioritária e, somada a isso, o espaço acolhedor e informativo é primordial para a consolidação deste momento



Para a professora Joyce Benites, atuante da Educação Infantil do município de Corumbá/MS, as formações continuadas possuem papel primordial na vida do docente. Com elas, os professores se permitem aprender e compartilhar experiências no cotidiano pedagógico, em busca de melhorar sua prática. A professora enfatiza que, ao longo desses quase dois anos de ensino remoto, muitos professores necessitam
cada vez mais desse espaço nas escolas, pois as dificuldades e os novos desafios são enormes, em termos de superação das evasões, dos déficits de aprendizado e outros obstáculos. A escola precisa estar atenta à necessidade do professor de se reinventar todos os dias e encurtar os espaços que separam a teoria da prática pedagógica.

Para o professor Rennan Andrade, atuante da Educação Infantil, no município de Bonito/MS, a escola precisa construir espaços que fomentem o estudo diário do professor, a troca de experiências e de ideias. Para ele, é fundamental que o Projeto Político – Pedagógico traga diretrizes e princípios que valorizem esses momentos. O professor salienta que, diante de tantas demandas e tantos desafios no cotidiano, a construção coletiva desse espaço de constante aprendizado torna-se salutar para o trabalho integral da escola trazendo, inclusive, todos os profissionais que atuam na instituição.

O trabalho coletivo, para ambos os professores, é fundamental para a consolidação dessa escola participativa e formativa. Diante dessas reflexões, te convidamos a pensar conosco: como construir esse espaço formativo nas escolas?

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Foi aprovado pela Câmara dos Deputados o requerimento de urgência para o Projeto de Lei 747/23, do deputado Jorge Solla (PT-BA),…
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Bolsonaro permitiu a aposentadoria de pastores sem que descontem para INSS

Publicado em 14 de abril de 2023 por Tribuna da Internet

Líder evangélico dá banho de água fria em Bolsonaro sobre eleições | VEJA

Receita Federal que anular a decisão do governo Bolsonaro

Ranier Bragon
Folha

O presidente do Sindifisco Nacional (que representa os auditores fiscais da Receita Federal), Isac Falcão, afirma que o ato do Fisco que ampliou a isenção a pastores evangélicos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) usurpou a função do Congresso e não cumpriu os ritos de tramitação interna, representando um prejuízo relevante para os cofres públicos.

De acordo com Falcão, a interpretação dada pela Receita à época faz com que a aposentadoria de pastores evangélicos que recebem altos valores de suas igrejas sejam bancadas de forma irregular pelos demais trabalhadores.

ESTÃO ISENTOS – “Estamos falando da isenção da cota patronal dessas [altas] remunerações. Ou seja, os trabalhadores submetidos a esse regime, os pastores, eles se aposentam. E as aposentadorias deles são pagas pelas contribuições dos demais trabalhadores”, afirma.

Como mostrou a Folha, a isenção tributária a pastores evangélicos publicada pela Receita às vésperas da campanha eleitoral de 2022 está passando por reavaliação interna do Fisco sob suspeita de ter ocorrido de forma atípica, além de ser alvo de uma investigação no TCU (Tribunal de Contas da União).

O ADI (Ato Declaratório Interpretativo) nº 1, de 29 de julho de 2022, ampliou o alcance da isenção previdenciária a igrejas como forma de livrar da tributação previdenciária mesmo aquelas prebendas —o valor pago pelas igrejas aos pastores por seu trabalho— que se assemelham mais a uma divisão de lucros da arrecadação de dízimo do que a uma remuneração fixa para a subsistência.

Qual a avaliação do sr. faz do Ato Declaratório da Receita 1, de 2022?
O ato foi um absurdo, extrapolou a competência da Receita Federal e não foi à toa que não passou pelos órgãos técnicos da Receita. A gente vê, por exemplo, no caso das joias [dadas pela Arábia Saudita à família Bolsonaro], que quando a coisa passa pelas áreas técnicas, você tem ali um controle técnico, republicano. E foi o que não aconteceu, ao que tudo indica, nesse ato.

Qual seria o procedimento normal?
Passar pela Cosit [Coordenação-Geral de Tributação], Disit [Divisão de Tributação das Superintendências Regionais da Receita], por exemplo. Um contribuinte, quando ele tem alguma dúvida em relação à aplicação da legislação tributária por parte da Receita Federal, ele provoca a Receita.

Como é o sistema?
Uma consulta normal começa numa Disit, que é uma divisão de tributação. Depois, manda para a Cosit, que então encaminha para a subsecretaria de tributação; e então para o secretário da Receita Federal, que emite o ato, quando lhe cabe, ou passa para o ministro da Fazenda, quando é o caso de passar para o ministro. Enfim, há todo um sistema, que é feito para que o ato observe a disciplina legal. Ou seja, para que não seja um ato que saia da cabeça de uma pessoa, mas uma manifestação de uma instituição do Estado brasileiro. Para que isso aconteça, os procedimentos precisam ser observados.

Vocês têm informação de como foi a tramitação desse ato?
A informação que a gente tem é que ele não tramitou na Receita.

Já chegou pronto?
Ele saiu do gabinete [do então secretário da Receita] para o Diário Oficial. Isso aí extrapolou a competência da Receita Federal, por um lado, invadindo a competência legislativa, porque ele modifica o sentido da aplicação da lei, e, por outro lado, invadindo a competência do auditor fiscal de aplicar a legislação tributária. A gente tem uma instância do controle interno, do Poder Executivo, que é a Corregedoria [da Receita], e nós temos uma instância de controle externo, realizado pelo Legislativo, que é a o Tribunal de Contas da União, que está fazendo a avaliação. Nós vemos que essas instituições estão funcionando, fazendo o seu trabalho e a gente tem uma expectativa em relação a isso. A própria Receita Federal está revendo. Então, não se fez necessário o controle jurisdicional.

Qual a sua opinião sobre o mérito do ato?
A lei não leva de forma alguma àquela compreensão. A prebenda em nada se parece com uma remuneração por produtividade, como a gente encontra em alguns casos. O pano de fundo disso tudo é o seguinte: nós estamos falando é da isenção da cota patronal dessas remunerações. Ou seja, os trabalhadores submetidos a esse regime, os pastores, eles se aposentam. E as aposentadorias deles são pagas pelas contribuições dos demais trabalhadores.

Como deveria ser?
Por isso que um sistema remuneratório próprio de empresas privadas, quando é aplicado em igrejas, elas devem contribuir da mesma forma que as empresas privadas. Se não, o que vamos ter? Os demais trabalhadores pagando pela aposentadoria daqueles pastores. As demais instituições pagando pela aposentadoria dos trabalhadores dessa instituição.

O Sindifisco tem um cálculo de qual impacto esse ato gerou?
Há créditos tributários constituídos anteriormente à edição do ato que estavam em discussão entre os autuados e a Receita Federal, no contencioso administrativo. Então, quando chega a essa discussão um ato emanado pelo secretário, interpretando a legislação vigente, isso causa um prejuízo muito grande. Porque ele não está fazendo, em tese, uma nova norma. Ele está dizendo assim: ‘Olha, essa lei deve ser entendida dessa forma’. Ora, se lei devia ser entendida dessa forma, aquela autuação é inválida.

E quem vinha pagando?
Isso causa um prejuízo em parte já constituída e causa um outro prejuízo, prospectivo. Aquelas instituições que não tinham essa prática passam imediatamente a deixar de recolher. Isso causa prejuízo em duas pontas, tanto no que foi lançado como no que seria arrecadado. É muito difícil mensurar, mas é certamente um prejuízo relevante. Temos milhares de pessoas trabalhando nessa situação, sob esse regime.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – No final, como dizia Helio Fernandes, fica tudo nas costas do cidadão-contribuinte-eleitor, aquele que é explorado e espoliado de todas as maneiras possíveis e imagináveis. (C.N.)


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