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sexta-feira, julho 08, 2022

'Se tentasse salvar minhas coisas, ia morrer': o drama das famílias atingidas pelas chuvas em Alagoas




Por Josué Seixas, De Maceió

'Bruno Fernandes dos Santos, que vive no bairro do Vergel, teve pouco tempo para sair de casa'

Ricardo Lopes Dos Santos só teve tempo de levar a esposa e a filha de 3 anos para a casa de sua mãe antes que a água invadisse onde ele mora. Em Murici, na Zona da Mata de Alagoas, ele conta que tudo aconteceu muito rápido e só ficou o rastro de destruição na hora de contabilizar as consequências da chuva que atingiu praticamente todo o Estado no último fim de semana. Dos 102 municípios, 56 declararam emergência.

"Não é fácil trabalhar para construir uma casinha e ver a enchente levar tudo", conta Ricardo, por telefone, à BBC News Brasil. Em vídeos compartilhados por ele, é possível ver que toda a estrutura da casa em que morava se desfez, com tijolos e telhas misturados no chão. Somente um sofá antigo restou, sem possibilidade de ser reaproveitado.

Chuvas intensas afetaram mais de 1 milhão de pessoas no Nordeste nos últimos seis meses, segundo a CNM (Confederação Nacional dos Municípios. A entidade aponta que, apesar dos desastres terem sido causados pelas chuvas, muitos dos problemas são resultado da falta de políticas públicas de habitação, saneamento básico e infraestrutura.

"Era madrugada de sexta-feira, e eu já não conseguia entrar no bar que meu pai montou para mim. Eu tenho 1,96m de altura, e a água quase me cobria. No mercado do meu irmão, a água estava na cintura. Ainda tentei tirar algumas coisas, salvar algo, mas vi que não daria e que, se insistisse, acabaria morrendo. Vinham várias correntezas de água, água muito forte. Vi meus móveis e minhas coisas indo embora, sem poder fazer nada. Se ficasse mais 10 a 15 minutos, não sobreviveria. E, para falar a verdade, não sei nem como recomeçar", conta.

Restou a ele e a família ter como abrigo um imóvel do pai, um cassino. Eles apoiaram alguns poucos itens que sobraram do mercado do irmão para isolar as portas, impedindo a entrada de mais água, e lá ficaram. Ricardo diz que 'trabalha com tudo', especialmente no bar montado pelo pai, mas que agora não vê qualquer possibilidade de arrumar qualquer bico. A situação dele se repete em outros municípios. Alagoas tem, até o momento, 47.651 pessoas desalojadas e 8.830 pessoas desabrigadas.

Em Maceió, Paulo Tácio de Oliveira Santos Júnior, que é gari, viu a situação escalonando em menos de cinco horas. Segundo ele, a água começou a entrar em sua casa, no bairro do Bom Parto, às 6h da manhã. Às 11h, estava na altura do joelho e, duas horas depois, na barriga. Ele ainda conseguiu suspender algumas coisas, mas perdeu o fogão e o guarda-roupa. A solução foi se abrigar numa igreja com a esposa e a filha. A Lagoa Mundaú, por conta das fortes chuvas, transbordou e atingiu os bairros próximos.

'Recife, em Pernambuco, foi outra cidade que sofreu com as chuvas'

"Pobre não tem móvel, tem quebra-galho. Se der outra chuva dessas, tenho certeza que acaba com tudo que sobrou. Em 2010 [quando Alagoas sofreu outra tragédia com as chuvas], todo mundo ficou em casa. Dessa vez, não dava. Saímos de casa no domingo e ficamos sem energia até terça-feira à tarde no abrigo. Era tudo na luz de vela, e levávamos os celulares para casas distantes para poder carregá-los. Um calor absurdo, desorganização, dificuldade para receber os mantimentos… Não desejo isso ao meu pior inimigo", relatou Paulo.

A volta para casa foi um momento delicado para a família. Ele voltou sozinho quando a água baixou na última quarta-feira (6/7) e encontrou um cenário difícil, com lama na maioria dos seus bens materiais, roupas perdidas e uma grande destruição. Assim como ele, outras pessoas da região descartavam os itens nas ruas. "Perdi o que tinha, mas tenho minha vida", frisou.

"Muita gente voltou para casa e encontrou esse cenário de destruição. Era a primeira vez que essas pessoas viam algo assim. Eu já sabia que seria algo terrível no domingo à noite, no nosso primeiro dia no abrigo. Começaram a chegar mensagens dos amigos, de apoio mesmo, e aí eu me toquei que aquilo estava realmente acontecendo. A ficha caiu e senti um desespero muito grande. Comecei a chorar muito, minha esposa que veio me confortar. Tudo que construímos foi com nosso esforço. Agora, só resta lutar para reconstruir."

Ana Kezia de Oliveira Lima, que mora perto de Paulo, conta que ela e os pais acordaram no domingo, às 8h da manhã, e, ao saírem da cama, já sentiram a água nos pés. Começaram a erguer os móveis, mas a casa foi invadida cada vez mais e ficou impossível de continuarem. Na casa de parentes, encontraram abrigo. Segundo ela, só conseguiram recuperar os documentos e alguns poucos objetos pessoais. Por conta disso, resolveu criar uma força-tarefa com amigos de infância para arrumar doações.

"Não fomos assistidos pelo governo ou pela prefeitura. A comunidade teve de se unir para ajudar. Criei um grupo com alguns amigos de infância, também do bairro, para corrermos atrás de doações. Comida, roupas, qualquer coisa. Foi isso que nos ajudou a estar aqui hoje, porque todo o bairro sofreu as consequências dessa cheia da lagoa. A situação é tão caótica que passamos a fazer trocas de doações com pessoas de outros bairros, justamente para que boa parte da população fosse assistida", revela.

Em Fernão Velho, bairro de Maceió, Isabel Cristina Felix dos Santos vivia em sua casa com cinco adultos e duas crianças, incluindo uma bebê de poucos meses de vida. Em vídeo, ela contou que a sua casa caiu e perderam móveis, roupas, colchões, cama, sofá e alimentos. Tudo estava embaixo da lama. Mais do que um relato do que estava vivendo, ela fez um apelo por ajuda.

"Não é fácil lutar tanto para conseguir as coisas e, em uma fração de segundo, se ver sem nada."

Segundo o jornalista Júlio César Oliveira, também morador do bairro, a água subiu de uma forma muito rápida e em nível alto. Ele perdeu móveis, a geladeira e encontrou seu fogão boiando, sem um dos pés, quando conseguiu entrar em casa novamente. Nas ruas, a população fez um mutirão de limpeza quando a água baixou, para tentar reorganizar o bairro.

"No começo, o desesperador era ver a água invadindo a minha casa e a de outras pessoas e não poder fazer nada. Eu queria ajudar, mas não dava. Partiu o meu coração ver isso acontecendo. Em 27 anos, nunca passei por nada assim, nem mesmo em 2010. Nós pegamos barcos e canoas e fomos ao resgate das pessoas que estavam ilhadas, sem conseguir sair de casa. Foi a população quem se ajudou nesse momento de dificuldade. Só dava para fazer isso. Agora, a gente vai na rua e vê tudo estragado pelas águas. Começa a luta para conquistar tudo novamente", diz.

O também jornalista Bruno Fernandes dos Santos, que vive no bairro do Vergel, teve pouco tempo para sair de casa. Ele viu a água da Lagoa Mundaú entrando pela rua e até tentou erguer os seus bens, mas não conseguiu. Pegou o seu gato de estimação, colocou documentos e alguns poucos itens pessoais em seu carro, e conseguiu sair. Pouco tempo depois, os moradores da região ficaram ilhados.

"Acho que eu saí no único momento que tinha. A água ainda não tinha entrado dentro de casa, mas logo depois conseguiu invadir. Só voltei alguns dias depois e encontrei tudo cheio de lama, um mau-cheiro forte, e algumas coisas perdidas. Ainda não consegui contabilizar as minhas perdas, para falar a verdade. Eu ainda nem consegui dormir. Desde que cheguei, coloquei um alarme para tocar de hora em hora. Levanto, olho se a água está chegando na rua e volto para cama. Uma hora depois, faço a mesma coisa. Essa é minha rotina desde domingo."

'A água estragou móveis e eletrodomésticos, como fogão e guarda roupa, e pertences pessoais'

Nas comunidades, como a Muvuca, visitada pela BBC News Brasil em dezembro do ano passado, as consequências foram grandes. Os barracos que ficam à beira da lagoa logo ficaram cheios, e a agente popular Jane Dayse Fidelis da Silva tentou levar o máximo de moradores da comunidade para a sua casa, que fica um pouco mais distante da lagoa. O esforço, porém, não foi suficiente para salvaguardar a todos.

"Quando estávamos recuperando uma geladeira, colocando numa carroça para levarmos para o começo da comunidade, uma das pessoas falou: 'Jane, a água está entrando em sua casa'. Conseguimos suspender o meu sofá e colocamos a geladeira num barco. Perdi roupas, exames médicos, alguns documentos. Estou abrigada em uma escola e, na sala que me colocaram, temos 14 famílias. Não há colchão para todo mundo. Recebemos alguns cobertores, roupas. Como as doações ainda não são suficientes para nos mantermos, temos que dividir tudo entre nós mesmos."

Em todo o Estado, houve uma corrente de solidariedade para ajudar as pessoas atingidas. Lucas Israel da Silva Santos viu a água chegar na porta de sua casa e resolveu sair de casa com a família. Pendurou algumas coisas e se abrigou na sua mãe, que mora em um primeiro andar. Ao se sentir "à salvo", resolveu que era seu dever ajudar as pessoas que não tiveram a mesma oportunidade.

"Semanalmente, sempre tive como objetivo ajudar as pessoas em situação de rua. Então, caí em campo também com as chuvas. Vi a água batendo no peito das pessoas e elas levando geladeiras abertas para tentar preservar alguns poucos alimentos. Pedi ajuda pelas redes sociais e tornei a minha barbearia um ponto de coleta, além de me dispor a buscar qualquer doação oferecida. Distribuímos comida, roupas e itens para crianças. Eu percebi que eu só não era uma dessas pessoas porque faltou bem pouco para a água invadir a minha casa."

"Recebi muita ajuda nos primeiros dias. Para você ter ideia, um amigo me ofereceu um berço, e eu ainda não tinha a quem doar, mas aceitei e disse que iria buscá-lo. Cerca de 20 minutos depois, uma outra amiga me disse que tinha perdido tudo dentro de casa, inclusive as roupas e o berço de sua filha bebê. E aí, felizmente, nós tivemos a oportunidade de entregar a ela esse berço, de dar um pouco de conforto à família. Ainda me sinto muito triste com tudo isso, mas estamos aqui para continuar ajudando", complementa.

Na segunda-feira (4/7), o Governo de Alagoas anunciou um auxílio-chuvas no valor de R$ 2 mil para os 56 municípios atingidos. Além disso, foram enviadas cestas básicas, kits de higiene pessoal, água potável e colchões. A Prefeitura de Maceió também dará um auxílio, que varia entre R$ 500 e R$ 3 mil, para famílias que moram às margens da Lagoa Mundaú ou em encostas. 

BBC Brasil

Ministro da Defesa sobre violência nas eleições: 'Não existe preocupação'

 




General Paulo Sérgio afirmou que não há possibilidade de ações violentas nas eleições como no Capitólio, nos Estados Unidos, quando Trump foi derrotado

Por Vinícius Prates

Uma das preocupações da parlamentar é sobre a quantidade de cidadãos brasileiros armados e que podem causar um movimento violento nas eleições. Em resposta à deputada, o general afirmou que as Forças Armadas não veem risco de violência.

"A preocupação que a senhora expõe nos seus comentários em relação ao emprego da inteligência internamente e, não sei se foi essa a intenção, no que diz respeito ao processo eleitoral, eu nego e não existe esse tipo de preocupação", disse o general na audiência.

O ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira afirmou que as Forças Armadas não estão preocupadas com uma ação violenta de grupos que contrariam o processo eleitoral brasileiro, como ocorrou no Capitólio, nos Estados Unidos da América, nas eleições de 2022, quando o ex-presidente Donald Trump foi derrotado.

A declaração do ministro foi dada nessa quarta-feira (6/7) durante a audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Na ocasião, ele foi questionado pela deputada federal Perpétua Almeida (PC do B-RJ) se as equipes de inteligência das Forças Armadas monitoram grupos violentos.
 
"O que o serviço de inteligência das nossas Forças Armadas estão fazendo para identificar grupos armados ou pessoas mal intencionadas a interferirem e tirar paz no processo eleitoral ou no dia de eleição?", questionou a deputada. "O que nossas Forças Armadas estão fazendo para evitar um Capitólio, por exemplo?", completou.
 
Uma das preocupações da parlamentar é sobre a quantidade de cidadãos brasileiros armados e que podem causar um movimento violento nas eleições. Em resposta à deputada, o general afirmou que as Forças Armadas não veem risco de violência.
 
"A preocupação que a senhora expõe nos seus comentários em relação ao emprego da inteligência internamente e, não sei se foi essa a intenção, no que diz respeito ao processo eleitoral, eu nego e não existe esse tipo de preocupação", disse o general na audiência. 

Estado de Minas

Desespero, improviso - Editorial

 




Bolsonaro tenta compensar em 90 dias o que sua inépcia produziu em 3 anos e meio

O presidente da República corre para tentar compensar em menos de 90 dias o que a sua incompetência produziu em três anos e meio de mandato. A energia com que agora cobra empenho de ministros pela reeleição contrasta com a indolência de suas longas folgas no litoral e o desleixo na escolha de prioridades e quadros para a gestão.

Os berros e os palavrões típicos de suas conversas entre quatro paredes não terão o condão milagroso de transformar a realidade de dezenas de milhões de cidadãos que irão às urnas em outubro preocupados sobretudo com a economia.

Ações, como a de despejar bilhões de reais em cortes de impostos e aumentos de gastos no curtíssimo prazo, poderão melhorar a competitividade do candidato Jair Bolsonaro (PL). Mas, como toda atitude desesperada, essa que leva a maioria do Congresso a alterar a Constituição como quem troca de roupa também implica custos.

Parte da conta será assumida pelos próximos mandatários e paga após as eleições pelo contribuinte e pelos que mais dependem de serviços públicos, pois as prestidigitações populistas são fugazes. Mas uma outra parcela do fardo já pesa nas costas de seus patrocinadores.

O terremoto produzido nas últimas semanas sob as regras elementares da condução fiscal e do regime de preços alimenta uma violenta deterioração dos indicadores financeiros. Disparam a cotação do dólar e a percepção de risco de calote do Brasil. Os juros em todas as modalidades se elevam, e o patrimônio em reais se deprecia.

Decerto há uma variável internacional —o temor de uma reviravolta recessiva na economia global— a impulsionar a degringolada. A Argentina em nova agonia política e inflacionária também ajuda a piorar a reputação regional.

Não seria o momento recomendado, portanto, para o Brasil atirar-se a aventuras de irresponsabilidade fiscal. Tivesse Bolsonaro se portado condignamente ao longo do mandato, reforçando a credibilidade das instituições políticas e econômicas ao invés de erodi-la, as defesas do país contra a ressaca global estariam mais sólidas.

O presidente dificilmente teria atingido seus atuais níveis de impopularidade, inauditos para um postulante à reeleição. A boa governança do Congresso teria evitado os saques oligárquicos ao Orçamento, e o Bolsa Família teria sido desde a eclosão da pandemia ampliado e melhorado para amparar a metade mais pobre da população.

Como Jair Bolsonaro preocupou-se mais com passear de motocicleta, imprecar contra instituições da democracia e patrocinar agendas exóticas ditas conservadoras, deixou de governar para a maioria e tem sido punido por isso. Só lhe restaram desespero e improviso.

Folha de São Paulo

A incrível CPI que já começa em pizza - Editorial




Além de desrespeitar o eleitor e descumprir a Constituição, adiar a CPI do MEC para depois das eleições condena Senadoà irrelevância. A transparência e a democracia se ressentem

No Brasil, costuma-se dizer que Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) quase sempre “acabam em pizza” – uma expressão popular que traduz o ceticismo sobre a punição dos responsáveis pelos malfeitos investigados. Pois desta vez o Senado se superou: criou uma CPI que já começa em pizza.

Na terça-feira passada, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou que a CPI para investigar as denúncias de corrupção envolvendo o Ministério da Educação (MEC) só será instalada após as eleições. O anúncio é um deboche. Rodrigo Pacheco reconhece que os requisitos constitucionais para a abertura da investigação foram preenchidos, mas considera que o País só deve ter acesso ao que de fato acontece no governo de Jair Bolsonaro depois das eleições.

São tempos realmente estranhos. O presidente do Senado, que deveria defender as prerrogativas da Casa Legislativa, faz de tudo para tornar irrelevantes os trabalhos investigativos da própria Casa que preside. A importância da CPI do MEC está precisamente em expor ao País o que acontece na administração federal antes das eleições, para que o eleitor possa dispor de mais elementos na hora de decidir o voto.

Pelo que se vê, há no Senado uma grande incompreensão a respeito do funcionamento de um Estado Democrático de Direito. A função investigativa do Poder Legislativo não é uma tarefa burocrática que pode ser adiada sem maiores consequências. O regime democrático demanda transparência sobre os atos públicos. Caso contrário, a escolha do eleitor é feita a partir de informações limitadas e parciais, o que contradiz radicalmente a ideia de democracia.

Assim, transparência e controle são fundamentais para o bom funcionamento do regime democrático. E é precisamente por isso que as Constituições democráticas atribuem ao Poder Legislativo não apenas a tarefa de fazer leis, mas também a de investigar. Trata-se do reconhecimento de que, numa democracia, o trabalho de investigação tem uma dimensão política essencial: desvelar ao público o que está oculto nas entranhas do poder estatal. No entanto, Rodrigo Pacheco quer despir os trabalhos do Senado dessa dimensão democrática, postergando-os para depois das eleições. Deseja que esses trabalhos sejam rigorosamente um zero à esquerda para o eleitor.

A decisão de postergar a CPI do MEC é, portanto, afronta ao próprio Senado, envolvendo não apenas a omissão de suas atribuições constitucionais, mas a deliberada escolha pela irrelevância da Casa Legislativa num assunto de importância decisiva para o País. Não há como ignorar: o País já tomou conhecimento, por meio do trabalho da imprensa, das graves suspeitas envolvendo o mau uso de recursos públicos destinados à educação. O adiamento da CPI não tira o tema de pauta. Apenas apequena a Casa Legislativa.

Além disso, ao não instaurar uma CPI cujos requisitos constitucionais foram preenchidos, Rodrigo Pacheco descumpre o art. 58, § 3.º da Constituição e a jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto. No ano passado, o plenário da Corte, ante a recalcitrância de Pacheco, mandou instalar a CPI da Covid. Agora, o presidente do Senado tenta uma manobra. “Os requerimentos serão lidos em plenário por dever constitucional e questões procedimentais serão decididas”, disse Pacheco em sua conta no Twitter, mas alertou que nada além disso será feito. Parece até que a Constituição se ocupa de passos burocráticos, e não da efetiva instauração da investigação.

Tudo isso é sumamente constrangedor. Dispondo de todas as condições para ser autônoma, a Casa Legislativa escolheu ser servil ao Palácio do Planalto, sob a desculpa esfarrapada de que, nas palavras de Pacheco, a investigação da CPI pode ser “contaminada” pela disputa eleitoral. Ora, esse mesmo Senado não viu problema nenhum em aprovar, a menos de cem dias das eleições, a “PEC do Desespero”, uma Proposta de Emenda Constitucional escandalosamente inconstitucional e eleitoreira desenhada para permitir que o presidente Bolsonaro compre votos para tentar reverter sua situação difícil nas pesquisas. O Senado, definitivamente, já teve dias melhores.

O Estado de São Paulo

Moro anunciará sua candidatura ao Senado na próxima semana




O ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) irá anunciar na próxima terça-feira, 12, que será candidato ao Senado pelo Paraná. O pronunciamento será feito em Curitiba e deve contar a presença do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, e do presidente do diretório paranaense da sigla, Felipe Francischini.

Integrantes do União Brasil, em conversas reservadas, confirmam que o ex-ministro da Justiça irá disputar o Senado. Moro evitou antecipar a decisão que será anunciada, mas admitiu que ser senador é uma opção. "Será divulgado na terça. Senado é uma possibilidade", disse ao Estadão.

O partido no Paraná ainda não definiu quem irá apoiar para governador. A sigla tem negociação aberta com o projeto de reeleição do governador Ratinho Júnior (PSD), mas ainda não tem previsão de bater ou não o martelo para a aliança. Outros pré-candidatos ao Senado, como o deputado Paulo Martins (PL), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), também tentam estar na mesma chapa do governador.

Pesquisa Ipespe divulgada nesta semana mostra Moro em segundo lugar nas intenções de voto para o Senado, com 24%, atrás do senador Álvaro Dias (Podemos), que aparece com 31%.

Já a pesquisa Real Time Big Data divulgada na semana passada aponta Moro em primeiro lugar nas intenções de voto para o Senado, com 30%, e Dias em segundo com 23%. O senador do Podemos foi um dos principais incentivadores para que Moro entrasse na política.

A decisão encerra uma série de idas e vindas que marcou a participação de Moro no período pré-eleitoral. Inicialmente ele foi apresentado como candidato à Presidência da República e para isso se filiou ao Podemos em novembro do ano passado. No entanto, o ex-ministro da Justiça enfrentava resistência de parte da bancada do partido no Congresso, que estava insatisfeita em dividir os recursos financeiros com uma candidatura presidencial.

Em abril, perto do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para trocar de legenda e participar das eleições, Moro se filiou ao União Brasil, partido originado da fusão do DEM com o PSL e com muito mais recursos financeiros, com uma cifra que se aproxima de R$ 1 bilhão.

Ele entrou na nova sigla já com o aviso de que teria de desistir de disputar o Palácio do Planalto. Caciques do União Brasil temiam que uma eventual candidatura presidencial de Moro contaminasse as eleições para governador em Estados que os eleitores possuem resistência ao ex-ministro.

Quando trocou de partido, Moro também tentou mudar o domicílio eleitoral para São Paulo, mas a Justiça do Estado invalidou a mudança e ele mudou os planos para concorrer no Paraná, sua terra natal.

A advogada Rosângela Moro, mulher do ex-ministro, será candidata a deputada federal por São Paulo. Diferente do marido, ela não teve a mudança de domicílio contestada. Nesta quinta-feira, 7, o ex-juiz compartilhou uma entrevista da advogada publicada pelo jornal O Globo em que ela confirma que irá concorrer a deputada e disse que "tem muito orgulho" dela.

O União Brasil lançou Luciano Bivar como candidato à Presidência. Mesmo assim, integrantes do partido nos Estados, como o senador Márcio Bittar (AC), o governador do Amazonas, Wilson Lima, e a deputada Clarissa Garotinho (RJ) declaram abertamente o apoio a Bolsonaro.

Estadão / Dinheiro Rural

Os militares e a Amazônia




Não basta querermos que as Forças Armadas resolvam os desafios da biodiversidade, da segurança, dos indígenas e da pobreza na Amazônia (nem culpá-las pelo atraso).

Por Felipe Sampaio  

A Amazônia não se resume a um objeto de vigilância militar, assim como não se reduz a uma matéria ambientalista. Tampouco se enquadra na gestão urbana ou rural tradicional. O futuro da região depende de uma governança compartilhada.

O próprio CENSIPAM carece de definição melhor. O seu nome (Centro de ‘Proteção’ da Amazônia) e a sua mudança da Casa Civil para o Ministério da Defesa, reproduzem uma visão estanque da região, ora ambientalista, ora militar.

Sabemos que a participação militar em assunto fora de sua alçada é tema polêmico, ainda mais na Amazônia. Porém, algumas razões simples explicam tais desvios de função.

Uma delas é que a Constituição Federal define que cabe às Forças Armadas defender a Pátria, garantir os poderes constitucionais e preservar a lei e a ordem. Até aí, tudo bem.

No entanto, a Carta de 1988 também confere aos militares, como “atribuição subsidiária geral”, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil. Ou seja, qualquer coisa.

Também está na Constituição que a Soberania é um fundamento da República (mas, todas as atribuições militares acima cabem na definição de soberania).

Assim, pode sobrar para as Forças Armadas qualquer serviço, como se fossem o banco de reservas do governo.

Seria aceitável que isso acontecesse ocasionalmente, dado o tamanho do Brasil, fronteiras, florestas e oceanos. Adicione-se problemas de criminalidade, desigualdade, infraestrutura e a mudança climática.

Contudo, naturalizou-se no Brasil que os militares cubram as ausências do Estado, porque dispõem de milhares de funcionários, veículos, aeronaves, embarcações, engenheiros, administradores, médicos, prédios, hospitais, satélites e armas.

É assim que as Forças Armadas se pegam transportando órgãos para transplante, ocupando favelas cariocas e distribuindo água no sertão.

Imagine, na Amazônia, o sufoco dos militares para compensar a falta de técnicos, logística, infraestrutura e serviços públicos, em um lugar onde o Estado ainda nem consolidou sua Soberania.

A Constituição define que a Estratégia Nacional de Defesa seja submetida ao Parlamento. Porém, a última versão protocolada está parada ali há anos, sem que deputados, senadores e a sociedade deliberem sobre os rumos da Defesa.

Alijados do contexto, as Forças Armadas são acionadas de modo aleatório, sem que elas se reconheçam em alguma política de Defesa ou projeto de País.

Nesse voo cego, é compreensível que passem a enxergar (com lentes de Soberania) a comunidade internacional, ongs, movimentos sociais e a política como ‘áreas cinzentas’ do interesse nacional. E a recíproca passa a ser inevitável.

A Amazônia exige governança inovadora, plano de desenvolvimento específico e diálogo internacional, apoiados por orçamento e legislação condizentes. Poderíamos batizá-la como um território especial de interesse nacional.

Os militares por certo não querem ser donos da Amazônia e ficariam felizes em dividir essa sobrecarga com os demais atores públicos e privados.

Jornal Metrópoles

Ciência e eleições




Por Merval Pereira (foto)

Amanhã é o Dia Nacional da Ciência e, para comemorar, o Instituto Serrapilheira, primeiro instituto privado de apoio à ciência e à divulgação científica no Brasil, e a Maranta, agência de inteligência política para sustentabilidade, repetem uma ação exitosa acontecida em julho de 2020, quando 60 espaços na imprensa, entre eles esta coluna, abordaram a pauta do processo científico. A iniciativa foi parte da campanha #CientistaTrabalhando, que buscava explicar como a ciência funciona, tendo como contexto a pandemia de Covid-19.

Desta vez, retomam o tema, agora com a ciência no contexto das eleições, com o objetivo de mostrar que ela tem papel fundamental no desenvolvimento do país — atravessa política, economia, educação, saúde, meio ambiente e cultura — e que, por isso, deve ter lugar de destaque no debate eleitoral. Fui ouvir o físico Luiz Davidovich, ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências, que se mostrou otimista com os progressos da ciência:

— Vivemos tempos fascinantes na ciência e na inovação tecnológica. Esta é a era de Big Data e da inteligência artificial; da biotecnologia aplicada à agricultura e à saúde humana, com as terapias gênicas permitindo tratar doenças até agora consideradas incuráveis; da carne cultivada em laboratório por meio de tecnologia de célula-tronco, reduzindo a poluição produzida pela pecuária extensiva; dos computadores quânticos; de novas fontes de energia menos poluentes, como as células de hidrogênio; da telecomunicação sem fio de alta velocidade, com o 6G, já em desenvolvimento e cem vezes mais rápido que o 5G. O conhecimento científico avança com aceleração surpreendente e com o potencial de revolucionar mais uma vez o cotidiano da humanidade.

Mas, com a presente configuração mundial, esse avanço poderá não ser para todos, alerta Davidovich:

— A disparidade dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento aumenta a desigualdade entre os países, provocando um hiato científico e tecnológico que limita drasticamente a distribuição dos benefícios da ciência. Em 2019, os Estados Unidos investiram US$ 613 bilhões em P&D (pesquisa e desenvolvimento), ou 3,1% do PIB (US$ 1.866 per capita). Considerando a paridade do poder de compra, a China investiu no mesmo ano US$ 515 bilhões (2,2% do PIB), ou US$ 368 per capita, enquanto o Brasil investiu em 2017 US$ 38 bilhões (1,3% do PIB), ou US$ 181 per capita. Diversos países reforçam o financiamento para projetos científicos, motivados pela disputa de protagonismo entre grandes potências, pela crise de suprimentos, pela preocupação com as mudanças climáticas e com o potencial surgimento de novas pandemias provocadas pelo desmatamento, que pode liberar vírus alojados na floresta para o ambiente urbano.

O ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências alerta que aumenta a distância entre o Brasil e países mais desenvolvidos:

— Cortes abruptos no orçamento de ciência e tecnologia, acrescidos agora de bloqueio de recursos (nome cunhado para driblar proibição de contingenciamento pela legislação anterior), têm reduzido o orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações que, para 2022, é o menor dos últimos dez anos. As perdas acumuladas desde 2014, incluindo as de 2022, podem chegar a R$ 100 bilhões, segundo o Observatório do Conhecimento.

Davidovich enumera:

— O investimento em educação passou de 19% do orçamento de investimentos da União em 2012 para 8% em 2022. As bolsas de pós-graduação das agências federais (CNPq e Capes) não são reajustadas desde abril de 2013, para uma inflação no período de mais de 60%. As universidades federais poderão parar em agosto, se o orçamento destas não for corrigido.

A escolaridade da população brasileira, já precária, tende assim a piorar, diz ele, ressaltando:

— Apenas 21% da população entre 25 e 64 anos concluiu o ensino superior, e o país tem menos de 900 pesquisadores por milhão de habitantes. Países da OCDE têm, em média, 4.000 pesquisadores por milhão de habitantes.

Para Davidovich, o debate eleitoral não pode ficar alheio a essas questões, fundamentais para o futuro do país:

— Por isso, espero que, nos próximos meses, candidatos e eleitores lembrem que a ciência é tão importante quanto outros temas de interesse público, como saúde, educação e segurança, tanto nos debates quanto nas urnas.

Eu também.

O Globo

A carreira de controvérsias de Boris Johnson

 




Johnson suspenso em evento em Londres em 2012, quando era ministro do Exterior: fama de excêntrico

Premiê britânico é mestre em driblar escândalos que facilmente afundariam políticos menos perspicazes. Mas sua relação elástica com a verdade acabou sendo demais até para os próprios aliados conservadores.

Boris Johnson abusou da sorte ao longo de sua carreira, driblando uma sucessão de contratempos e escândalos que facilmente teriam afundado políticos menos perspicazes. Mas a sorte de um homem que chegou a ser comparado a um "porquinho azeitado", por sua capacidade de escapar de controvérsias, finalmente acabou, após uma série de ministros e secretários de Estado terem renunciado em protesto pelos seguidos escândalos.

A saída de nomes importantes do gabinete na terça-feira, como os chefes das pastas das Finanças, Rishi Sunak, e da Saúde, Sajid Javid, enfraqueceu ainda mais o premiê no momento em que ele mais precisava de aliados.

A renúncia nesta quinta-feira ocorre apenas três anos depois que ele sucedeu Theresa May em uma disputa interna da liderança conservadora e após meses de escândalos, que inclusive levaram Johnson a ser multado pela polícia e criticado por permitir festas na sede do governo durante a pandemia.

Há um mês, ele havia superado uma moção de desconfiança em seu partido, mas saiu com o poder enfraquecido da votação, que mostrou insatisfação de 41% dos parlamentares conservadores com sua gestão.

Sob pressão, Johnson exortou seu partido e o país a "seguirem em frente" e se concentrarem na economia em dificuldades do Reino Unido e na guerra da Rússia na Ucrânia. Mas as alegações de má conduta sexual contra um alto funcionário do partido selou o destino de um político que demonstrava grande resiliência.

Maioria recorde desde Thatcher

Nas eleições gerais antecipadas em dezembro de 2019, Johnson conquistou a maior maioria parlamentar conservadora desde o apogeu de Margaret Thatcher na década de 1980. Isso permitiu que ele desbloqueasse anos de paralisia política após a votação do Brexit em 2016, para tirar o Reino Unido da União Europeia em janeiro de 2020.

Johnson vinha enfrentando críticas desde então, desde as sua gestão da pandemia de coronavírus até alegações de corrupção e clientelismo. Alguns traçam paralelos entre seu estilo de governo e sua caótica vida privada de três casamentos, pelo menos sete filhos e rumores de uma série de casos.

Sonia Purnell, ex-colega de Johnson do tempo em que ele trabalhava para o Daily Telegraph, sugeriu que Sunak e Javid podem ter percebido o que ela e outros perceberam antes deles. "Quanto mais perto você chega dele, menos você gosta dele e menos você pode confiar nele", disse ela à emissora Sky News. "Ele realmente decepciona todo mundo, em todos os momentos ele realmente engana você."

"Regras são para os outros"

Alexander Boris de Pfeffel Johnson teve uma ascensão convencional ao poder para um político conservador: primeiro o colégio de elite Eton College, depois a Universidade de Oxford.

Em Eton, seus professores lamentavam sua "atitude arrogante" em relação aos estudos e a sensação que ele dava de que deveria ser tratado como "uma exceção".

A aparente atitude de Johnson de que as regras foram feitas para os outros foi amplamente demonstrada em 2006, quando ele inexplicavelmente derrubou o jogador adversário usando um golpe de rugby durante um jogo de futebol beneficente.

Sua relação elástica com a verdade foi forjada em Oxford, onde foi presidente da Oxford Union, uma sociedade de debates fundada na retórica e na réplica, e não no domínio de fatos frios e duros. Seu grupo privilegiado no covil da política estudantil forneceu muitos integrantes do movimento que levou ao Brexit.

Logo depois de Oxford, ele se casou com sua primeira esposa – sua colega de faculdade Allegra Mostyn-Owen – apesar das dúvidas da mãe dela. "Não gostava do fato de ele estar à direita", disse a ex-sogra Gaia Servadio, que morreu no ano passado, segundo o biógrafo de Johnson, Tom Bower. "Mas acima de tudo, não gostava do caráter dele. Para ele, a verdade não existe."

Após a universidade, ele foi demitido do jornal The Times depois de inventar uma citação, e em seguida juntou-se ao Telegraph como correspondente do jornal em Bruxelas.

Euroceticismo

A partir daí, ele alimentou o crescente euroceticismo conservador da década de 1990 com "euromitos" regulares sobre supostos planos da UE para um megaestado que ameaçava a soberania britânica. Seus rivais descreviam alguns de seus artigos como "bobagens completas".

Johnson foi se tornando conhecido desde Bruxelas, com aparições satíricas em programas de perguntas e respostas na televisão, colunas de jornais e revistas.

Desde então, muito de seu jornalismo foi amplamente citado, particularmente suas visões sobre questões de mães solteiras, passando por homossexualidade ao colonialismo britânico.

Ele tornou-se deputado em 2004, e o líder conservador na época, Michael Howard, o demitiu de seu gabinete paralelo por mentir sobre um caso extraconjugal.

De 2008 a 2016, foi prefeito de Londres por dois mandatos, promovendo-se como liberal pró-UE, postura que abandonou assim que o referendo do Brexit foi lançado.

Figura de proa do Brexit

Johnson tornou-se figura de proa da campanha pelo Brexit, capitalizando sua imagem como um personagem não convencional mas simpático como o caminho mais rápido para o poder.

Seu ex-editor do Telegraph, Max Hastings, descreveu-o como alguém que só se importa "com sua própria fama". Na quarta-feira, enquanto os pedidos de saída de Johnson aumentavam, Hastings escreveu no The Times que o primeiro-ministro "quebrou todas as regras de decência e não fez nenhuma tentativa de buscar uma agenda política coerente além do Brexit".

Mas ressaltou que ele continuava "o mesmo falido moral de quando o partido conservador o escolheu, tão caótico em sua conduta do cargo quanto na gestão de sua vida". "Agora precisamos de um primeiro-ministro que restaure a dignidade e o respeito próprio ao país e à sua governança", afirmou.

Deutsche Welle

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