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sexta-feira, maio 06, 2022

Diretora da OMS diz que mortes por covid são mais do que o anunciado

 



Existem hoje 6,2 milhões de óbitos relatados oficialmente

Por Alana Gandra 

Na situação global da pandemia da covid-19, incluindo a variante Ômicron, existem 6,2 milhões de óbitos relatados, com 511 milhões de casos acumulados. Mas, de acordo com a diretora técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Covid-19, Maria Van Kerkhove, o número de mortes pela doença deve ser três vezes maior, devido à ausência de testes. A informação foi dada pela diretora durante palestra na reunião magna da Academia Brasileira de Ciências (ABC), realizada hoje (5), no Rio de Janeiro, cujo tema principal foi o papel da ciência na construção do futuro.

Segundo a epidemiologista, cada país está enfrentando uma situação diferente com a covid-19. Existem vários fatores para que isso aconteça. “Tem a ver com a estratégia passada e a atual, a epidemiologia atual e a circulação do vírus, os dados demográficos da população, os níveis de imunidade da população com vacinação, se há prevalência alta da imunização, entendendo a complexidade da imunidade, se ainda precisa muita pesquisa, o acesso a ferramentas que salvam vidas e a capacidade de se ajustar”, enumerou Maria Van Kerkhove.

Segundo a diretora da OMS, um dos grandes problemas percebidos na pandemia foi a falta de confiança da ciência e do público. Outro entrave é a falta de vacinação completa nas populações acima de 60 anos de idade, percebida em muitos países, ou que ainda não tiveram nenhuma dose.

Na África do Sul, por exemplo, ela disse que a cada onda nova da covid-19, houve cobertura vacinal muito baixa. Já na Coreia do Sul, identificou-se alto nível de cobertura vacinal, seguindo uma estratégia de covid zero, que resultou na modernização do sistema de saúde pública e investimentos em recursos humanos.

Otimização

A epidemiologista criticou o fato de alguns países terem aberto mão das máscaras contra a covid-19, principalmente em locais fechados. Segundo Maria Van Kerkhove, há muita desinformação e politização, que diminuíram a eficácia dessas medidas. “Eu nunca tinha visto isso antes”, disse, referindo-se a todas as suas experiências em surtos.

Ela mencionou também as políticas de desinformação em alguns países, que provocaram muitas mortes pela doença. Maria Van Kerkhove disse que a pandemia não acabou e o que é preciso fazer é otimizar as estratégias global e nacional, alguns objetivos principais: prevenir o diagnóstico, tratar a doença e reduzir a morbidade e a mortalidade, além de diminuir também a transmissão, o que inclui a proteção à exposição, principalmente dos mais vulneráveis, daqueles que não foram vacinados. É preciso, ainda, segundo a epidemiologista, reduzir o risco da emergência de variantes. “Focar em apenas uma (variante) gera um sentido de falsa segurança, porque não sabemos qual será o custo das variantes”.

A expectativa da OMS é que o vírus vai continuar evoluindo. “Esperamos com uma severidade baixa, porque temos ferramentas e vacinação, imunização populacional aumentando”, disse. Ela aposta que veremos surtos menores entre aqueles que não estão protegidos. “Teremos uma sazonalidade, porque é um patógeno respiratório”, disse.

O pior cenário prevê uma variante mais transmissível e letal, em que será necessário fazer uma revisão grave das vacinas e impulsionar a vacinação nas populações mais vulneráveis, alerta. Há também um bom cenário, no qual as variantes são menos severas e apenas mantemos as proteções já existentes.

Maria Van Kerkhove disse que a OMS está se preparando ainda para um quarto cenário, que seria o surgimento de um vírus tão diferente que toda a população global estaria suscetível a ele. “A gestão do pós-covid será essencial nesse cenário”.

Muitos estudos já estão relatando as consequências da covid-19, incluindo condições graves cerebrais, cardíacas e nos pulmões, disse.

Testagem

Maria Van Kerkhove citou entre as principais áreas foco da OMS a vigilância e as estratégias de testagem, que caíram drasticamente. “Isso é importante para prever o vírus. Nós precisamos garantir que isso seja mantido”.

Em termos de vacinação, a meta da OMS é atingir 70% das populações de todos os países imunizados. E, dentro desses 70%, atingir 100% dos profissionais de saúde e indivíduos com comorbidades. “A cobertura vacinal está bem menor do que deveria ser em alguns países, principalmente na África”, alertou.

A epidemiologista disse que com os avanços das vacinas contra a covid-19 que já temos, e o desenvolvimento das futuras vacinas para a doença, tem sido um triunfo científico. Uma das coisas boas que ela viu nessa pandemia foi a solidariedade global entre cientistas.

Segundo a diretora da OMS, foram distribuídas globalmente 11,7 bilhões de doses de vacinas, com 41 milhões de doses sendo administradas diariamente, mas só 59% das pessoas completaram a vacinação principal e só 13% nos países de baixa renda. “Trata-se de acesso, não de caridade”, disse.

Maria Van Kerkhove disse que há muito trabalho a ser feito. E que é preciso criar sistemas para o futuro, com investimentos sustentáveis, porque ninguém está seguro até que todos estejam seguros. “E esses sistemas têm que ser eficientes localmente, para depois ganhar âmbito maior. A preparação para a pandemia não vai parar. E a testagem é o caminho para o futuro”.

Agência Brasil

***

Covid-19 matou três vezes mais que o registrado, diz OMS

Estudo mais abrangente já realizado sobre os números da pandemia revela discrepâncias em relação aos dados oficiais divulgados pelos países. Segundo a OMS, quase 15 milhões morreram no mundo devido ao coronavírus.

Quase três vezes mais pessoas morreram em todo o mundo em decorrência da covid-19 do que mostram os dados oficiais. A conclusão está em um novo relatório elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), considerado a análise mais abrangente já realizada sobre os números reais da pandemia.

Segundo o relatório divulgado nesta quinta-feira (05/05), cerca de 14,9 milhões de pessoas morreram no mundo em decorrência do coronavírus, direta ou indiretamente.

Esse total corresponde ao excesso de mortalidade entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021, e mede a diferença entre as mortes globais e uma projeção do que teria ocorrido se a pandemia não tivesse surgido. Essa avaliação se baseou em números de anos anteriores e inclui pacientes que não tiveram acesso a cuidados de saúde, já que os recursos estava concentrados na luta contra o coronavírus.

Os novos dados da OMS acrescentam 9,4 milhões de mortes às que estavam registradas como associadas diretamente à covid-19. A entidade avalia como mortes indiretamente associadas à doença as que ocorreram devido ao impacto da pandemia nos sistemas de saúde e na sociedade, assim como as que resultaram de outras doenças para as quais as pessoas não conseguiram prevenção ou tratamento devido à sobrecarga nos sistemas de saúde.

Os dados sobre o excesso de mortalidade também levam em conta as mortes que foram evitadas durante a pandemia, como, por exemplo, em razão do menor risco de mortes no trânsito devido aos lockdowns em muitos países.

Os números são ainda mais altos do que as contagens oficiais, porque em muitos países houve subnotificação das mortes, em razão de falhas nos registros e da baixa testagem da população. A OMS calcula que, antes mesmo da pandemia, seis em cada dez mortes não eram devidamente registradas.

Índia registra maiores discrepâncias

Segundo a OMS, quase a metade das mortes que ainda não haviam sido contabilizadas ocorreu na Índia. O relatório sugere que o país registrou 4,7 milhões de óbitos associados à covid-19, principalmente entre maio e junho de 2021. O governo indiano, porém, afirma que ocorreram 480 mil mortes ligadas ao coronavírus entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021. 

Segundo o relatório, 84% das mortes em excesso ocorreram no sudeste da Ásia, Europa e América, com 68% dos óbitos concentrados em 20 países, incluindo Brasil, Índia, Rússia, Alemanha, Itália e Indonésia.

Mais de 80% das mortes em excesso aconteceram em países de renda média-baixa ou média-alta. Nos países com rendimentos mais altos, o excesso de mortalidade atingiu 15%, e nos países de baixa renda, 4%. Mais homens (57%) do que mulheres (43%) morreram direta ou indiretamente em razão da pandemia.

O painel da OMS responsável pelo relatório é formado por especialistas internacionais que trabalharam por meses nos dados coletados, utilizando uma combinação de informações regionais e nacionais, assim como modelos estatísticos, para calcular os totais onde os dados estavam incompletos – uma metodologia criticada pela Índia.

Contudo, outras avaliações independentes também estimam que o número de mortes na Índia seria bem maior do que o divulgado pelo governo. Estudos diferentes também chegaram a conclusões semelhantes às da OMS em relação às mortes globais, com números bem acima das estatísticas oficiais.

O diretor geral da OMS, Tedros Adhanon Ghebreyesus, destacou que os números revelados pelo estudo demonstram a importância de investimentos nos sistemas de saúde, para que os serviços sejam capazes de funcionar adequadamente durante as crises sanitárias.

Deutsche Welle

Não tem conversa




Chefes militares não querem ajudar nem Bolsonaro nem o Supremo

Por William Waack (foto)

Jair Bolsonaro está arrastando menos oficiais-generais do que pensa na irresponsável aventura política, especialmente a de contestar o sistema eleitoral. Mas conseguiu ajudar a quebrar uma cadeia de entendimento que já foi bastante sólida entre o topo das Forças Armadas e o STF.

O presidente não perde oportunidade de participar de reuniões de fardados com muitas estrelas, como aconteceu esta semana com o Alto Comando do Exército. Só não percebe, diz um conhecedor dessas rodas, que já virou “encontro de comadres com restos da comida do dia anterior, não serve para nada”.

Os comandantes militares não estão dispostos a marchar com Bolsonaro rumo à insensatez. Contudo, repetem exatamente as mesmas críticas de Bolsonaro ao STF. Consideram que o Supremo deixou de ser um tribunal “unido” e se transformou num ajuntamento de togados obcecados por holofotes.

Mais ainda: interferem nos outros Poderes e exercem influência perniciosa na política, sem terem sido eleitos. A paciência se esgotou, resume oficial da ativa, quando integrantes do Supremo como o ministro Luís Roberto Barroso, ainda por cima falando a estrangeiros, distorcem a participação das Forças Armadas no processo eleitoral.

Ela é, asseguram, estritamente técnica e profissional, e destinada a ajudar o TSE com o conhecimento específico de guerra cibernética, além de serviços de logística. Essa participação é “sigilosa” devido ao caráter sensitivo da questão, e não por desígnio bolsonarista de duvidar das urnas eletrônicas.

Pouco antes das eleições de 2018 o então chefe do Estadomaior do Exército, general Fernando Azevedo, foi nomeado assessor do então presidente do STF, Dias Toffoli. A ideia, desenhada pelo então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, era “pacificação” do ambiente político. De lá para cá os canais de entendimento entre o STF e os militares em postos de comando se deterioraram sensivelmente.

Em parte, argumentam ministros da Corte, perdeu-se a capacidade de diálogo por causa de incompreensões mútuas. Quando é que os generais se deixaram seduzir pelo poder e por Bolsonaro, perguntam ministros. E como podem ministros associar Forças Armadas a genocídio, indagam generais. Em parte, reflete um senador com largo tempo na política, “não há quem atue hoje como algodão entre as peças de cristal”, muito menos os chefes dos Poderes.

A crise do presidente com o STF é vista por comandantes militares como “jogo político eleitoral”. Asseguram que é um jogo no qual não têm intenção de interferir. Mas também não querem conversa. 

O Estado de São Paulo

Uns tempos estranhos




Por Merval Pereira (foto)

Os tempos que estamos vivendo podem favorecer que situações impensáveis numa democracia sejam normalizadas, como se fizessem parte de um diálogo saudável. Não há nada de saudável, no entanto, no envolvimento de militares no debate das urnas eletrônicas ou na declaração do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, de que as Forças Armadas continuam “em estado de permanente prontidão” para o cumprimento de suas missões constitucionais. Se continuam, é porque já estão “de prontidão”, o que é preocupante e inexplicável.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e os líderes políticos estão caindo numa armadilha institucional quando colocam os militares em condições de igualdade com os Três Poderes da República nessas conversações.

O presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, em discurso ontem, provavelmente decepcionado com a nota oficial do Ministério da Defesa, referiu-se ao Legislativo quando disse que estavam juntos na defesa da democracia. Não colocou o Executivo nessa conta, muito menos os militares, cujo comportamento institucional pressupõe que estejam a serviço dos Três Poderes, e não apenas de um deles, no caso o Executivo comandado pelo presidente Bolsonaro.

O elogio da liberdade de imprensa em seu dia, feito também por outros ministros do STF, tem a ver com essa disputa pela defesa da democracia. Outro ministro do Supremo, Edson Fachin, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que não se pode transigir com ameaças à democracia, nem permitir a corrosão da autoridade do Judiciário.

A nota do Ministério da Defesa sobre o encontro do ministro Paulo Sérgio com Fux no mínimo causa estranheza ao falar em “prontidão”, situação que se enquadra quando há guerra, sublevação, questão interna de segurança. Não consta que exista nada disso no momento, embora seja permitido temer que os ataques do presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas possam causar desestabilização política no país.

Certamente não era a isso que se referia o ministro da Defesa quando falou em “prontidão”, palavra que tem uma conotação militar de situação anormal — e não estava naquela nota à toa. Se o Exército foi convidado de boa-fé a participar de uma comissão de transparência das urnas, a ideia é de colaboração, não de criar mais tumulto ao fazer 88 ressalvas ao sistema, muitas das quais já foram sobejamente explicadas pelo TSE.

Um sistema que funciona há anos sem ser contestado não pode ter quase uma centena de falhas. Mais grave, as contestações refletem basicamente as desconfianças de Bolsonaro, que faz questão de dizer que, como chefe das Forças Armadas, é dele a orientação sobre as urnas. Uma das propostas é criar uma apuração paralela. Outra, na hipótese de algum problema técnico com a votação, é criar um esquema de contagem manual. Parece uma tentativa de ressuscitar a proposta do voto impresso já devidamente rejeitada em votação no Congresso.

Quando o ministro Luís Roberto Barroso falou numa palestra on-line com alunos de uma universidade alemã que os militares estavam sendo orientados a contestar as urnas eletrônicas, criou uma crise com o Ministério da Defesa, e critiquei-o por ter tocado num assunto delicado em uma universidade estrangeira. Vê-se agora que ele tinha razões para alertar sobre essa interferência, embora eu continue achando que o momento não foi adequado.

Barroso, claro, estava realmente refletindo essa sensação de desconforto diante do comportamento do representante dos militares que ele, Barroso, pôs na comissão de transparência procurando uma aproximação institucional de boa-fé. Foi um erro político, porque favoreceu que os militares endossassem as desconfianças do presidente.

Fux está sendo criticado internamente no STF por ter marcado reunião com o ministro da Defesa. Entendo a posição dele e também do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Preocupados com a situação, sentiram necessidade de trocar ideias com outras instituições e autoridades. Pacheco também teve encontro com o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), que havia desdenhado as denúncias de tortura a presos políticos na ditadura militar. Em tempos normais, militares não teriam nada a ver com o que acontece no país na área política, pois a disputa política não pode ser transformada em questão de segurança nacional. Mas estamos em tempos estranhos.

*

Morreu Humberto Barreto, assessor de imprensa do presidente Ernesto Geisel. Foi um dos responsáveis pelo fim da censura à imprensa e um defensor da abertura democrática.

O Globo

A trilha do dinheiro - Editorial

 




Esquema do centrão vai de emendas sem critério técnico a empreiteiras obscuras

Com o enfraquecimento da Presidência nos últimos anos, o Congresso assume poder crescente sobre o gasto federal; sob Jair Bolsonaro (PL), a aliança com o centrão impulsiona despesas incluídas por deputados e senadores no Orçamento; graças a essas emendas parlamentares, elevam-se os recursos da estatal Codevasf.

Siga o dinheiro —a recomendação consagrada em língua inglesa para investigações intrincadas— e será constatado que os contratos da Codevasf privilegiam duas empreiteiras maranhenses pouco conhecidas e de práticas no mínimo heterodoxas, reveladas pela Folha.

A primeira delas é a Engefort, para a qual estavam reservados R$ 620 milhões em verbas orçamentárias até o início do mês passado. Em 2021, a empresa venceu 53 de 99 licitações por pregão eletrônico para obras de pavimentação, por 10 vezes disputando sozinha e 9 ao lado de uma empresa de fachada de um irmão de seus sócios.

A outra é a Construservice, dona de R$ 140 milhões em contratos firmados durante o governo Bolsonaro —antes de 2019, ela não tinha transações com a administração federal. As credenciais dessa empresa são ainda mais nebulosas.

Seus dois donos no papel já declararam não sê-lo de fato, numa investigação policial de 2015. O verdadeiro mandachuva seria Eduardo José Barros da Costa, réu nas Justiças Estadual e Federal em ações referentes a casos de corrupção.

Corrupção, claro, é a primeira suspeita a vir à mente em casos de transações mal explicadas entre governo e empreiteiras —e há elementos para dar início a uma apuração rigorosa. Mas há outros danos ao Orçamento e à política pública em jogo. Cumpre fazer de volta a trilha do dinheiro.

As verbas da Codevasf subiram de R$ 1,7 bilhão (valores corrigidos), em 2018, para R$ 2,1 bilhões neste ano, mais da metade oriundos de emendas parlamentares. O aumento se deu num período em que os investimentos federais como um todo minguaram. Antes mais voltada à irrigação, a estatal diversificou seus projetos.

Mais recursos não significaram bons serviços, como mostram o asfalto esfarelado em Petrolina (PE) e as crateras em Imperatriz (MA). A pulverização do gasto público em obras paroquiais, sem análise de relevância, tende a reduzir sua eficiência econômica e social.

É desejável, numa democracia, que o Congresso seja decisivo na elaboração do Orçamento. Mas tal papel deve implicar responsabilização e prestação de contas.

Folha de São Paulo

A revolução francesa em marcha




Em Junho fecha-se o ciclo da V República. Os socialistas dividem-se entre os que são engolidos por Melenchon e os que se juntam a Macron. Já os herdeiros do gaullismo vão ser o parceiro menor de Macron. 

Por João Marques de Almeida (foto)

A revolução do sistema partidário francês vai continuar com as eleições legislativas em Junho. Aliás, já começamos a ver a natureza dessa redefinição. E, simultaneamente, a morte da V República. Mas será uma morte parcial e não absoluta. Será a versão francesa do Leopardo: “tudo deve mudar para que tudo fique como está.” No caso francês, para que muito continue como está, mas não tudo.

À esquerda, Melenchon está a uni-la. Conseguiu o apoio dos Verdes e dos comunistas, e agora contará também com os socialistas, ou pelo menos com uma parte substancial do partido. Mas a unidade de Melenchon também significa a radicalização da esquerda francesa. É uma unidade feita à Marchais e não à Mitterrand. E é sobretudo uma unidade das esquerdas contra a Europa. O bloco de esquerda francês lutará com a direita nacionalista pelo segundo lugar na Assembleia Nacional.

A direita nacionalista será liderada pelo partido de Marine Le Pen. Ao contrário do que se passa na esquerda, não haverá uma aliança formal entre a Frente Nacional e o movimento de Zemmour. Mas é provável que nas segundas voltas unam os seus votos nos círculos eleitorais onde possam vencer juntos. A direita nacionalista irá aumentar o número de deputados e, provavelmente, será a segunda maior bancada parlamentar.

No centro, os Republicanos e os moderados do PS francês vão juntar-se a Macron num movimento político do centro direita liberal. Ambos terão que se juntar a Macron para não serem engolidos pelos mais radicais à direita e à esquerda. Os republicanos terão, apesar de tudo mais força, porque não se juntaram a Le Pen, ao contrário do partido socialista que se aliou a Melenchon. O grande desafio para o centrismo de Macron será a manutenção da maioria parlamentar. Será a força política mais votada, mas mantém a actual maioria?

Se Macron conseguir manter a sua maioria parlamentar, a escolha do PM será a primeira decisão importante. Há rumores que apontam para a possível escolha de Lagarde como PM, o que consolidaria a aliança entre o partido de Macron e os republicanos. Aparentemente, Lagarde aceitaria mudar de Frankfurt para Paris. Mas primeiro Macron terá que ganhar as eleições.

Com as eleições legislativas de Junho pode fechar-se assim o ciclo da V República. O partido socialista divide-se entre os que aceitam ser engolidos pela onda radical de Melenchon e os que preferem juntar-se a Macron. Os herdeiros do grande partido Gaulista tornam-se o parceiro menor de Macron. Este movimento de centro direita liberal será o maior partido do novo sistema politico francês, que contará com dois grandes partidos radicais, o Bloco de Esquerda liderado por Melenchon, e a Frente Nacional liderada por Marine Le Pen. Será assim durante os próximos cinco anos. Até à próxima revolução em França.

Observador (PT)

EUA ajudaram Ucrânia a matar generais russos, diz "NYT"




Segundo "New York Times", serviço secreto americano estaria repassando informações cruciais para a Ucrânia promover ataques contra tropas russas. Autoridades ucranianas disseram já ter matado 12 generais.

Os Estados Unidos forneceram informações de inteligência à Ucrânia que ajudaram as forças de segurança do país a matar vários generais russos na guerra, noticiou nesta quarta-feira (04/05) o jornal americano New York Times, citando fontes do serviço secreto dos EUA.

Segundo a reportagem, Washington forneceu à Ucrânia detalhes sobre a movimentação esperada das tropas russas e a localização de um quartel-móvel do Exército russo. Essas informações, combinadas com as obtidas pelo serviço secreto ucraniano, permitiram a condução de ataques de artilharia que mataram os oficiais russos. As fontes ouvidas pelo jornal não disseram quantos generais foram mortos desta maneira.

Autoridades ucranianas disseram ter matado cerca de 12 generais russos desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, segundo o jornal. No início de março, autoridades locais de Novorosiisk, no sul da Rússia, confirmaram a morte na Ucrânia do general Andrei Sukhovetsky, comandante adjunto do 41.º Exército. 

Procurados por várias agências de notícias, o Pentágono e a Casa Branca não comentaram a reportagem do jornal. Já o Conselho Nacional de Segurança dos EUA classificou a afirmação de que o país estaria ajudando a Ucrânia a matar generais russos de "irresponsável".

"Os Estados Unidos fornecem informações de inteligência para ajudar os ucranianos a defenderem seu país. Não fornecemos informações com a intenção de matar generais russos", disse Adrienne Watson, porta-voz do conselho, à agência de notícias AFP.

A grande perda de oficiais do alto escalão das Forças Armadas russas surpreendeu autoridades de segurança ocidentais, que confirmaram a morte de sete generais do país até o final de março. Moral baixa e problemas de comunicação e logística seriam os responsáveis pela presença de oficiais de alto escalão tão próximo ao front.

Segredo sobre assistência de inteligência

O governo do presidente Joe Biden mantém segredo sobre a assistência de inteligência militar que está prestando à Ucrânia, por temores de que fontes possam ser comprometidas ou de que a ajuda seja interpretada pela Rússia como um sinal direto de hostilidade.

A assistência dos serviços secretos dos EUA à Ucrânia soma-se aos bilhões de dólares de equipamento militar entregue ao Exército de Kiev, incluindo armas antitanque, munições e, mais recentemente, artilharia pesada, helicópteros e drones.

Em 25 de abril, o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, disse que o objetivo dos EUA era "ver a Rússia enfraquecida ao ponto de não poderem fazer o tipo de coisas que fizeram na invasão da Ucrânia". 

Os EUA também estão treinando militares ucranianos, inclusive na Alemanha, para usar as armas que estão sendo enviadas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 3 mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior. A guerra causou a fuga de mais de 13 milhões de ucranianos, dos quais mais de 5,5 milhões buscaram refúgio no exterior, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas.

A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e sanções econômicas e políticas contra Moscou.

Deutsche Welle

Treinamento de tropas ucranianas envolve Alemanha na guerra?




Militares da Ucrânia estão sendo treinados em bases americanas em solo alemão. Berlim, por sua vez, vem fornecendo armas para Kiev. Ações podem colocar Alemanha em rota de confronto direto com a Rússia?

Por Matthias von Hein

Pressath é uma pequena cidadezinha tranquila no leste da Baviera. Com quase 5 mil habitantes, a localidade é conhecida por suas trilhas na natureza e seus vários castelos.

No entanto, recentemente, a imprensa local começou a relatar que a tranquilidade tem sido interrompida ocasionalmente por estrondos, que fazem as paredes sacudirem e o chão tremer.

A origem não está longe: Pressath fica a apenas 20 quilômetros do centro da área de treinamento militar de Grafenwöhr. Com mais de 200 quilômetros quadrados, esse é o maior campo de treinamento militar dos Estados Unidos na Europa. E seria nesse local que as forças americanas estariam treinando tropas ucranianas a operarem peças de artilharia.

Na sexta-feira passada, o porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, John F. Kirby, confirmou "que os Estados Unidos começaram a treinar as forças armadas ucranianas em sistemas de armas-chave nas instalações militares dos EUA na Alemanha".

Além do treinamento na operação de obuses, Kirby também afirmou que os ucranianos estão recebendo instrução para uso de sistemas de radar e veículos blindados, que fazem parte dos pacotes de assistência anunciados por Washington à Ucrânia.

As Forças Armadas dos EUA "organizarão esse treinamento em coordenação com o governo da República Federal da Alemanha e, é claro, agradecemos o apoio contínuo da Alemanha", disse o porta-voz do Pentágono. Kirby não quis fornecer detalhes sobre potenciais locais de treinamento fora da Alemanha.

As promessas em Ramstein

Os tremores em Pressath são sinais visíveis do ímpeto que o "ponto de virada" anunciado há mais de dois meses pelo chanceler federal Olaf Scholz devido ao ataque russo à Ucrânia vem recebendo nos últimos dias.

Isso também pode ser sentido nas falas da ministra da Defesa, Christine Lambrecht, na reunião organizada pelos EUA na semana passada na base militar americana em Ramstein, no estado da Renânia-Palatinado. Na presença do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, Lambrecht prometeu fornecer à Ucrânia armas pesadas, incluindo blindados antiaéreos Gepard.

A ministra da Defesa da Alemanha também anunciou em Ramstein que tropas ucranianas seriam treinadas em solo alemão "junto com nossos amigos americanos". A Alemanha "juntamente com a Holanda fornecerá treinamento para obuses autopropulsados ​​e munição para a Ucrânia, porque todos sabemos que a artilharia é um fator essencial neste conflito", acrescentou Lambrecht.

Além do campo de Grafenwöhr, os soldados ucranianos também podem vir a receber instrução em equipamentos militares ocidentais na área de treinamento militar de Hohenfels. Com mais de 160 quilômetros quadrados, o local também é usado pelas Forças Armadas dos EUA. Mais de 300 quilômetros de estradas existem no campo, que também conta com pequenas cidades cenográficas para se treinar para a guerra da maneira mais realista possível.

Alemanha arrisca se envolver mais diretamente no conflito?

Ao auxiliar no treinamento de soldados ucranianos em seu solo, a Alemanha arrisca se envolver ainda mais na guerra na Ucrânia? Esse medo foi despertado recentemente por um relatório do serviço de pesquisa do Parlamento alemão (Bundestag).

Com o título "Questões jurídicas do apoio militar à Ucrânia por membros da Otan: entre neutralidade e participação no conflito", o relatório avaliou as ações do governo alemão na guerra.

Os autores consideraram que entregas de armas por si só são irrelevantes sob o direito internacional – independentemente de serem armas "ofensivas" ou "defensivas".

Mas essa posição é mais delicada quando passa a incluir treinamento: "Quando você começa a considerar aconselhar os envolvidos no conflito ou fornecer treinamento com armas, você deixa a zona de segurança do não envolvimento", conclui o relatório.

Questionado sobre essa conclusão na segunda-feira, o porta-voz do governo alemão Steffen Hebestreit admitiu que Berlim está "constantemente em uma situação difícil". Mas "somos da opinião de que treinar soldados ucranianos em sistemas de armas na Alemanha não significa se envolver diretamente na guerra", disse ele.

A posição do porta-voz do governo é compartilhada por Stefan Talmon. Em entrevista à DW, o especialista em direito internacional argumentou que "uma guerra de agressão é ilegal sob o direito internacional, então não há mais nenhuma obrigação sob o direito internacional de permanecer neutro". "Isso significa que as armas geralmente podem ser fornecidas e você também pode usar essas armas para treinamento."

Treinar outros para lutar é diferente de lutar diretamente, acrescentou Talmon, mesmo que nem todos vejam dessa maneira. "Se isso importa para Putin ou não é uma questão completamente diferente", diz o especialista.

Além disso, o treinamento de tropas ucranianas em solo alemão não é em si uma novidade. Wolfgang Richter, ex-coronel da Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) e atual membro do think tank SWP, sediado em Berlim, afirmou à DW que soldados ucranianos já recebem há algum tempo treinamento em território alemão por parte dos militares dos EUA, especificamente nos campos de Hohenfels e Grafenwoehr na Baviera. E tudo isso é feito às claras.

O jornal militar americano Stars and Stripes relatou em dezembro passado um exercício de dez dias no Centro Multinacional Conjunto de Prontidão de Hohenfels com 4.600 soldados do Leste Europeu. Também estavam presentes unidades da 92ª Brigada de Infantaria Mecanizada da Ucrânia.

Deutsche Welle

A resistência em Mariupol está chegando a fim: Putin tem uma vitória.




O foco que não entregava os pontos na cidade ucraniana não tem mais contato e os russos podem comemorar a tomada do principal objetivo até agora. 

Por Vilma Gryzinski

“Perdemos o contato”, resumiu Vadim Boichenko, o prefeito de Mariupol que agora está no “exílio”.

Depois de permitir que mais 300 mulheres, crianças e idosos fugissem da rede de abrigos subterrâneos debaixo do complexo siderúrgico de Azovstal – muitos outros civis não tiveram essa chance -, os russos atacaram com tudo.

Foram usadas até bombas termobáricas, uma arma terrível, que suga o oxigênio das imediações de onde explode e estoura literalmente o pulmões de quem estivera na área.

Sem contato, os “duzentos de Mariupol”, formados basicamente por remanescentes de uma unidade de fuzileiros navais e do regimento Azov, cuja ideologia ultranacionalista deu pretexto à Rússia de chamar todas as autoridades ucranianas de neonazistas, estavam próximos do destino inexorável traçado há várias semanas: a total obliteração.

O nível de destruição na cidade-mártir é de praticamente 100%, com sofrimento humano de proporções indescritíveis. Mariupol, a cidade de Maria, chegou a ser comparada, em escala muito menor, a Stalingrado, cuja resistência às forças da Alemanha nazista tornou-se legendária durante a II Guerra Mundial.

Para a Rússia de Vladimir Putin, é uma vitória não apenas tática, mas simbólica. Combatentes do Azov, antes que fossem integrados às forças regulares, reverteram um avanço separatista na cidade em 2014, numa reviravolta que ficou entalada na garganta de Putin e companhia.

Agora, os russos consolidam um corredor terrestre contínuo por toda a região fronteiriça com a Ucrânia, até o mar de Azov. Se tomarem Odessa, no Mar Negro. como pretendem obviamente fazer, a Ucrânia ficará sem saída marítima, um golpe estratégico de grandes proporções

A vitória não significa que a vida esteja fácil para os invasores russos. Obrigados a bater em retirada da região de Kiev, eles agora estão concentrados nas regiões separatistas da parte leste da Ucrânia. Mesmo assim, continuam a apresentar problemas logísticos e táticos, assediados por forças ucranianas que são menores, mas mais flexíveis e móveis – além de devidamente abastecidas por suprimentos militares e, principalmente, as informações que chegam através dos americanos e dos britânicos.

Bala na agulha, drones no céu e conhecimento do inimigo, tudo isso na mão de uma tropa movida pela defesa existencial da própria pátria, são elementos que compensam as desvantagens dos ucranianos.

E até permitem iniciativas quase inacreditáveis. Por muito pouco, um ataque ucraniano não atingiu ninguém menos que o general Valeri Gerasimov, o chefe do Estado-Maior das forças russas. Com Putin e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, Gerasimov é um dos três responsáveis pelo planejamento da invasão ucraniana. Num movimento sem precedentes, por conta própria ou ordem do chefe supremo, ele foi para a frente de batalha, uma iniciativa que já custou a vida de nove generais russos.

O último, Andrei Simonov, foi morto no ataque ucraniano na região de Kharkiv do qual Gerasimov escapou por pouco – ou ferido por estilhaços, segundo boatos de confirmação impossível.

Colocar comandantes estrelados na linha de combate não é um sinal de coragem – embora esta seja obviamente necessária -, mas de desespero com a inoperância das tropas sob sua direção. Segundo analistas militares, a Rússia está perdendo tantos generais – proporcionalmente, mais do que na II Guerra – porque eles viraram “guardas de trânsito”: vão para o front orientar as manobras que não são cumpridas sem sua presença.

Gerasimov é o autor da doutrina da guerra híbrida – um espectro que cobre tudo, de ataques cibernéticos a manifestações de protesto que derrubam regime. Suas obras ajudaram a criar a imagem de um exército modernizado e antenado com os novos tempos. Exatamente o oposto do que estamos vendo na Ucrânia, onde a grande superioridade russa em material bélico é desperdiçada por um exército que parece amarrado a conceitos do passado.

Alguns analistas estão falando até numa recente “aversão a baixas”, uma novidade para um país onde, historicamente, incontáveis vidas foram desperdiçadas pela tática da maré humana, as ondas de homens mandados para a morte certa porque a superioridade numérica garantiria a vitória final.

O fenômeno da aversão a perder tropas em quantidade excessiva – depois de um espantoso número de baixas na faixa das 15 mil vidas perdidas na primeira fase da guerra – estaria alimentando uma tática discutível: os russos avançam, tomam pequenas cidades nas regiões separatistas e depois partem para outros alvos, sem dar tempo a contra-ataques, mas também sem consolidar suas posições.

A obliteração da resistência em Mariupol é uma vitória que, apesar de previsível, obtém, justamente, a consolidação numa área importante.

Muitos observadores acreditam que as forças russas têm um prazo para mostrar resultados importantes até a próxima segunda-feira, diz 9, quando a maior comemoração nacional, a da vitória sobre a Alemanha nazista em 1945, é celebrada.

Segundo o papa Francisco, numa entrevista reveladora de suas distorções ideológicas (“A Otan foi latir na porta da Rússia”, disse, entre outras tolices), o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán o informou que Putin pretende dar a guerra por encerrada na festa nacional.

Nem Francisco acredita muito nisso.

Existe também a versão oposta, a de que Putin vai ampliar as dimensões do conflito e declarar que a “operação militar especial” virou guerra mesmo, justificando a mobilização em massa. O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, desmentiu categoricamente a versão.

“Acho que só vamos parar quando chegarmos na fronteira com a Polônia”, avisou o deputado Piotr Tolstói, vice-presidente da Duma, o congresso russo.

Ele é tetraneto do prodigioso escritor e se jactou que o tetravô matou muitos britânicos e franceses no século XIX – um mau exemplo, pois a Rússia czarista perdeu a Guerra da Crimeia, usada por Tolstói para o monumental Guerra e Paz.

Numa comparação entre nacionalidades e os motivos que levam ingleses, franceses e italianos a ser seguros de si, Tolstói escreveu assim quando chega na parte dos compatriotas: “Um russo tem segurança porque simplesmente não conhece nada e não quer conhecer nada, uma vez que não acredita na possibilidade de conhecer alguma coisa completamente”.

Já pensaram se Tolstói visse a Rússia hoje? Ou, indo mais além, se visse o tipo de declaração sobre a guerra que sai na capa da revista Time?

Revista Veja

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