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quarta-feira, dezembro 01, 2021

Ômicron prova por que é preciso vacinar todo mundo - Editorial

 



Representação mostra diferenças nas mutações entre as variantes delta e ômicron do novo coronavírus  

Ainda há inúmeras dúvidas sobre a variante Ômicron do novo coronavírus, que se espalhou da África do Sul para o resto do mundo com velocidade impressionante e hoje é considerada de risco “muito elevado” pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Há, porém, uma certeza: ela comprova a incapacidade da espécie humana para vacinar a população mundial na velocidade necessária para derrotar o Sars-CoV-2.

Ainda que quase 8 bilhões de doses tenham sido aplicadas no mundo e que 43% da humanidade já tenha completado o ciclo de vacinação, essa parcela cai a menos de 3% nos países pobres. O resultado é previsível. Países como a África do Sul, com apenas 24% completamente vacinados, se tornam terreno fértil para a emergência de novas variantes. As mais preocupantes para a OMS vieram todas de regiões com população vacinada insuficiente para deter a evolução darwiniana do vírus e o surgimento de cepas mais contagiosas ou até capazes de driblar a imunidade.

A dificuldade de levar vacinas a todos na velocidade exigida está ligada ao fracasso do consórcio Covax, criado pela OMS para atender à demanda dos países que não têm como arcar com o custo da vacinação. A projeção inicial era aplicar 2 bilhões de doses até o final deste ano, patamar em si insuficiente para dar conta da demanda. Pelas estimativas, até ontem as doses entregues não somavam 564 milhões.

O motivo para a dificuldade está menos na falta de recursos para doar as vacinas do que na centralização da produção em poucas fábricas no mundo todo. As peripécias da Fiocruz para estabelecer no Brasil um centro capaz de produzir o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da vacina AstraZeneca dão uma ideia do desafio. Apesar da transferência de tecnologia em tempo recorde e de tudo estar no prazo legal, só em julho começou a produção local, e ainda falta autorização da Anvisa para ela funcionar na capacidade exigida para garantir autonomia ao país.

Vacinas de plataformas mais avançadas, como Pfizer e Moderna (de RNA), trazem desafios ainda maiores. A principal é a resistência das empresas, que concentraram a produção na Europa e nos Estados Unidos, em licenciá-la para que possa ser distribuída pelo mundo. Num sinal de que já estava atenta à questão, a própria África do Sul decidiu erguer um polo capaz de reproduzir a tecnologia de fabricação das vacinas de RNA para exportação. A iniciativa sugere que, mesmo com o licenciamento, levaria ao menos seis meses e custaria US$ 25 bilhões erguer uma estrutura de produção descentralizada para atender à demanda global. Dado o tempo de aprendizado para criar competência local — no mínimo nove meses —, não é de espantar que o vírus esteja vencendo a corrida evolutiva.

Vacinas de RNA são a principal esperança de combate às variantes, porque é mais fácil adaptá-las a novas mutações do vírus, encurtando a fase de testes e permitindo reação mais rápida. Antes mesmo de saberem se a Ômicron dribla a imunidade de suas vacinas, Pfizer e Moderna já fazem isso.

A revista Science definiu de modo singelo a única forma como a humanidade poderá um dia declarar vitória contra o vírus: vacinar o mundo. Estamos diante de um problema coletivo global e, enquanto persistirem bolsões de suscetíveis a infecções, haverá campo para evolução de novas variantes. Eis o principal recado da Ômicron aos políticos do planeta.

O Globo

Terceira via: por que e como?

 




Terceira via nunca foi tão improvável, nem tão necessária

Por Joel Pinheiro da Fonseca (foto)

Pouco a pouco vão se afunilando as escolhas para a candidatura de terceira via, essa última esperança de que o Brasil escape da dicotomia Lula e Bolsonaro em 2022. Mas por que ser contra essas duas candidaturas?

De Bolsonaro não é preciso falar muito, já que o estamos vivendo: o misto de incompetência e má fé a que estamos submetidos há quase três anos lançou o país num clima de bagunça constante no qual tudo se deteriora: educação, meio ambiente, saúde pública (sem esquecer a conduta criminosa na pandemia), economia, relações internacionais. Em todas as áreas, o retrocesso é palpável. Bolsonaro é bom em criar ruído e desviar o foco; em todo o resto, é um desastre. Sem falar nos insuportáveis ataques à democracia.

Quanto a Lula, ele chega montado na mesma máquina de guerra petista que deu início a retórica do ódio político no Brasil (mais tarde aperfeiçoada pelo bolsonarismo) enquanto capitaneava os maiores escândalos de corrupção da nossa história. No discurso hoje dominante no PT, mensalão e petrolão nunca existiram, Venezuela e Nicarágua são exemplos de democracia e a prioridade no Brasil deveriam ser o controle social da mídia e o combate ao neoliberalismo.

Além dos motivos que depõem contra os dois, o debate político brasileiro se beneficiaria da quebra da lógica da polarização que piora a cada ciclo eleitoral. 2022 promete ser ainda pior que 2018. Promover um segundo turno diferente de Lula x Bolsonaro já arejaria o debate.

O problema está na matemática. De acordo com a pesquisa mais recente (PoderData, 22 a 24 de novembro), a soma das intenções de voto de todos os candidatos da terceira via dá algo próximo da intenção de voto de Bolsonaro. Portanto, qualquer que seja o escolhido da terceira via, ele terá que não apenas concentrar grande parte desses votos hoje dispersos como também conquistar eleitores novos.

Para essa conquista ocorrer, há duas possibilidades: tirar votos de Lula ou de Bolsonaro. No momento, Lula parece solidamente estabelecido. E, como não está no poder, não deve ser prejudicado por uma possível deterioração econômica do país ao longo do ano que vem. Bolsonaro, sim: se o Brasil for mal, ele pagará o preço em popularidade, o que pode beneficiar candidatos mais à direita, como Moro e Doria.

Uma centro-direita que reafirme bandeiras como combate à corrupção e modernização econômica pode crescer frente a um governo que abandonou suas pautas originais para se entregar de corpo e alma ao fisiologismo mais descarado que se tem notícia, no qual centrão e orçamento secreto dão as cartas do jogo. Ademais, com a rejeição elevada do presidente, em algum momento até o mais ardoroso bolsonarista vai se perguntar se é uma boa ideia votar nele no primeiro turno para entregar a vitória de bandeja a Lula.

Quanto ao primeiro ponto —a redução do número de candidatos—, o ideal seria que Moro, Ciro e Doria não concorressem ao mesmo tempo. No entanto, abrir mão da candidatura em nome da terceira via parece fora de questão para pelo menos dois deles (Doria e Ciro). Moro é o que parte de uma intenção de votos mais alta e que mais potencial tem de tirar votos de Bolsonaro, mas é também o mais cru politicamente. Resta esperar que os eleitores elejam um vencedor e esvaziem as outras candidaturas. A meta é louvável, mas não nos enganemos: os ventos sopram contra.

Folha de São Paulo

Doria e Moro iniciam dança do acasalamento da 3ª via




Os demais pré-candidatos parecem dispostos a aguardar a orquestra encerrar a sessão de boleros e começar o sertanejo para decidir o que vão fazer

Por Luiz Carlos Azedo (foto)

O governador de São Paulo, João Doria, e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro inauguraram a dança de acasalamento da chamada terceira via, cada qual sinalizando suas prioridades para a escolha de um vice na chapa que pretendem encabeçar. Estão observando a pista Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Alessandro Vieira (Cidadania), Rodrigo Pacheco (PSD) e Simone Tebet (MDB), todos pré-candidatos, que parecem dispostos a aguardar a orquestra encerrar a sessão de boleros e começar o sertanejo para decidir o que vão fazer.

Nem bem comemorou a vitória nas prévias do PSDB, o governador paulista revelou que gostaria de uma mulher na chapa como vice, num recado claro para Tebet, a senadora que preside a Comissão de Constituição e Justiçado (CCJ) Senado e se destacou na CPI da Covid. Doria tem boas relações com o ex-presidente Michel Temer e uma aliança com o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), responsável pelo lançamento da candidata sul-mato-grossense. Tebet tem mais apoio na bancada do Senado do que entre os deputados liderados por Rossi.

Catapultado pelas redes sociais, nas quais lavajatistas e ex-bolsonaristas focaram seu nome, Moro surfa a onda de sua filiação ao Podemos e procura ocupar o espaço vazio deixado pela queda de popularidade do ex-presidente Jair Bolsonaro e a estagnação dos concorrentes da terceira via. Até agora, Moro fez movimentos muito precisos, a começar pela indicação do economista Celso Pastore para cuidar da sua relação com a turma da Faria Lima.

Moro não cometeu erros e explora o baixo índice de popularidade de Bolsonaro, que, segundo pesquisa Atlas, divulgada ontem, está em 29% de aprovação, contra 65% de desaprovação. O ex-juiz priorizou sua movimentação na direção dos militares, ao filiar o general Santos Cruz ao Podemos, e troca afagos com o vice-presidente Hamilton Mourão, que tem a pretensão de disputar o governo do Rio de Janeiro. Sinaliza certa prioridade na montagem dos palanques regionais. Aqui em Brasília, por exemplo, fortalece a candidatura de Antônio Reguffe (Podemos).

Ciro é uma espécie de feinho no baile. Não conseguiu atrair o PSB para uma aliança, nem os partidos de centro-esquerda. Com as articulações para formação de uma federação encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reuniria o PT, o PSB e o PSol, o ex-governador do Ceará pode perder mais espaço político, além de ter sido ultrapassado por Moro. O resultado é a forte pressão da bancada federal do PDT para que retire sua candidatura, em favor da incorporação da legenda à frente de esquerda que está sendo formada. Ninguém sabe até quando o presidente do PDT, Carlos Lupi, resistirá às pressões.

Decantação

Mandetta já se posiciona como vice, embora não tenha retirado a pré-candidatura no União Brasil, cuja sobrevivência temporária está relacionada à escolha de Doria nas prévias do PSDB, o que afastou qualquer possibilidade de aliança com os tucanos. O presidente do União, deputado Luciano Bivar (PE), chegou a anunciar que a legenda apoiaria Moro, mas o ex-ministro da Saúde se manteve como pré-candidato. O União é uma força eleitoral de centro-direita, no qual Bolsonaro ainda tem muita influência, principalmente na Câmara.

Não muito diferente é a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que não decola. Até os pés-de-moleque de Ouro Preto sabem que o sonho do presidente da legenda, Gilberto Kassab, é emplacar o presidente do Senado na vice de Lula, mas essa é uma aliança difícil de ser costurada na legenda, que é bem conservadora. A sustentabilidade da candidatura de Pacheco está muito associada à política de Minas, por suas relações com o senador Antônio Anastasia (PSD) e o deputado federal Aécio Neves (PSDB), um desafeto de Doria.

Outra pré-candidatura no salão é a de Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que se destacou na CPI da Covid e lidera, no Senado, a resistência ao Orçamento Secreto. O senador sergipano é um dos articuladores da chamada terceira via — por enquanto, dança sozinho. Seu partido é assediado por Moro, que conta com apoio do líder da bancada na Câmara, Alex Manente (SP), e por Doria, que já conversa com o presidente da legenda, o ex-deputado Roberto Freire. O Cidadania deve manter a pré-candidatura e esperar o cenário decantar.

Correio Braziliense

Bolsonaro quer levar ao menos cinco ministros para o PL




Dois anos após deixar o PSL, o presidente Jair Bolsonaro ingressou oficialmente no Centrão nesta terça-feira, 30. Na oitava troca de partido desde que iniciou a carreira política, vai se filiar ao PL de Valdemar Costa Neto – condenado e preso no mensalão – para concorrer a novo mandato, em 2022. A entrada de Bolsonaro ao PL faz parte de uma estratégia maior: até março do ano que vem, ao menos cinco ministros também devem estar na legenda.

No Palácio do Planalto, o plano é reforçar os palanques nos Estados, lançando ministros como candidatos a governos estaduais e a cadeiras no Senado, Casa na qual a base aliada está cada vez mais enfraquecida. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, abre a lista e também se filiou ao PL, ao lado do presidente e do senador Flávio Bolsonaro (RJ), que deixa Patriota.

Pivô do escândalo do orçamento secreto, revelado pelo Estadão, Marinho já foi filiado ao PSDB e está cotado para concorrer ao governo do Rio Grande do Norte ou ao Senado. Além dele, outros quatro ministros de Bolsonaro migrarão para o PL, mas em outra etapa. Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) deve disputar a sucessão do governador João Doria, em São Paulo, e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) vai concorrer ao governo do Rio Grande do Sul.

Os ministros Marcelo Queiroga (Saúde), que estuda concorrer ao governo da Paraíba, e Gilson Machado (Turismo), que planeja se candidatar ao Senado ou a cadeira do governador Paulo Câmara, em Pernambuco, também negociam a entrada no PL.

Conhecido por apoiar o governo, seja de direita ou de esquerda, o PL tem no Palácio do Planalto a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. Ex-deputado que comanda o partido, Costa Neto é muito cortejado para a formação de alianças, a despeito de ter ficado quase um ano preso após condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no mensalão. Nos dois governos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje o principal adversário de Bolsonaro na eleição de 2022, o PL era a legenda do vice, José Alencar – morto em 2011.

REAÇÃO

O aumento da presença do PL no governo já provoca reclamações de outras siglas do Centrão. Ligado a Igreja Universal do Reino de Deus, o Republicanos, por exemplo, abriu diálogo com o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro, presidenciável do Podemos. Os sinais de insatisfação foram recebidos pelo Planalto.

Terceiro maior partido da Câmara, com 43 deputados, o PL teve um fundo eleitoral de R$ 117,6 milhões em 2020 para financiar campanhas e um fundo partidário de R$ 45,7 milhões, no mesmo ano. Com a saída de Flávio Bolsonaro do Patriota – partido onde ficou apenas seis meses – e a migração para o PL, a legenda passará a ter cinco senadores.

Estadão / Dinheiro Rural

Doria e a corrida de obstáculos




Ou o PSDB fecha com Doria e a terceira via ou vai virar história em 2022

Por Eliane Cantanhêde (foto)

A sucessão presidencial vai ganhando forma e nomes e a definição do governador João Doria como candidato do PSDB é um novo fator relevante, pela tradição do partido e a determinação do candidato, mas há uma forte divisão e uma corrida de obstáculos.

Começou com o fiasco das prévias, que jogaram luzes não no PSDB e em Doria, mas na incompetência da votação, na guerra interna, que não é novidade, e nas fragilidades dos candidatos, que ficaram mais em evidência do que as qualidades.

Doria bateu o também governador Eduardo Leite por 54% a 45%, ou seja, sai das prévias com um partido dividido exatamente ao meio e com um histórico de ciúmes e guerras internas entre os paulistas e, por fim, entre paulistas e o mineiro Aécio Neves. Como unir os cacos agora?

Todos tinham profunda ligação com o PSDB, o que não é o caso de Doria, neófito no partido e na política e com rejeição alta, o que torna sua missão de unir a tucanada ainda mais desafiadora. Alckmin já está fora, Aécio detesta Doria, Tasso Jereissati não vai com Doria. E não está sozinho.

Por outro lado, Doria teve vitórias surpreendentes: para a Prefeitura de São Paulo num inédito primeiro turno e para o Palácio dos Bandeirantes, embalado, diga-se, pelo “Bolsodoria”.

E tem a alavanca de São Paulo e o trunfo de ter saído na frente na vacinação contra Covid. Isso, ninguém tira dele.

O obstáculo seguinte é a disputa pela raia da terceira via, para lá de congestionada e com o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro largando bem. Doria, Moro e Luiz Henrique Mandetta ensaiaram um acordo: quem tiver mais chance arrasta os outros.

Se fosse hoje, o acordo favoreceria Moro, mas isso é coisa para meados de 2022 e, sabem como é, acordo em política tem validade curta, como a memória do eleitor. Mais: é coisa de Doria, não do PSDB.

E, se Doria passou raspando pelas prévias e enfrenta uma pedreira para ultrapassar Moro e Ciro Gomes para ser o “candidato de centro”, o pior vem depois: a eleição. Treino é treino, jogo é jogo.

Há uma muralha até o segundo turno, com o ex-presidente Lula favorito nas pesquisas e o presidente Jair Bolsonaro com a caneta. Nenhum presidente perdeu a reeleição desde 1998. Nem Dilma Rousseff, alvo de impeachment logo depois.

Para o PSDB, está em jogo não só uma eleição, mas o seu futuro. Nocauteado em 2018, perde seus líderes, sua cara e sua alma e tem duas opções: ou cerrar fileiras para o que der e vier com Doria e depois com Moro e os demais na terceira via, ou dispersar, fechar o livro e virar história.

O Estado de São Paulo

Fato novo

 




Por Merval Pereira (foto)

O que parecia apenas um balão de ensaio está se transformando em fato político relevante. Ao abrir caminho para aceitar ser vice-presidente na chapa de Lula, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin não apenas se vinga de seu arqui-inimigo João Doria, como permite que Lula dê a guinada para o centro que era esperada e parecia ter sido superada pela ala radical do PT que defende ditaduras como as de Maduro na Venezuela e Ortega na Nicarágua.

Lula saiu da prisão menos disposto a ser o “Lulinha Paz e Amor” que chegou à Presidência da República em 2002. O PSDB sempre foi a alternativa ao PT, e Bolsonaro, que para muita gente parecia ser a nova opção, já não é mais. É uma extrema direita que não respeita a democracia. Como as recentes pesquisas mostram, Bolsonaro está esvaziando, carcomido pela inflação, pelo desemprego, por um governo inepto, pela radicalização.

Lula, cada vez que fala a favor das ditaduras da América Latina ou do tal “controle social da mídia”, deixa de ser opção moderada para os que procuram uma saída. Não está conseguindo ir para o centro, como em 2002. Faz a mesma coisa que Bolsonaro com seus extremistas: aumenta a intensidade da retórica para segurar seus nichos mais radicais.

Convidando Alckmin, dá um cavalo de pau no rumo radicalizado da campanha, além de fortalecer sua base eleitoral em São Paulo. O PSDB sempre venceu as eleições presidenciais paulistas com diferenças grandiosas, de até 7 milhões de votos na campanha de 2014, quando o candidato era o mineiro Aécio Neves. Na eleição de 2018, Bolsonaro ganhou em praticamente todas as cidades paulistas.

Trazendo Alckmim para seu lado, Lula acrescenta problemas a João Doria, que terá dificuldades em outros dois colégios eleitorais importantes, Minas e Rio Grande do Sul. O governador Eduardo Leite recusou elegantemente o convite para coordenar a campanha de João Doria, e é difícil que continue no PSDB após seu governo. A não ser que Doria tenha uma participação pífia na corrida presidencial que não lhe permita controlar o partido. O PSDB, porém, já há algum tempo não tem grandes líderes que lhe garantam estar no segundo turno em todas as eleições.

O eleitorado de centro-direita que apoiava os tucanos foi abduzido por Bolsonaro em 2018, e é nessa brecha que pode entrar o ex-juiz Sergio Moro, que surge como terceira força na disputa de 2022. Moro está fazendo política, conversando com vários partidos e tem atrás de si uma imensa massa de eleitores desiludidos com Bolsonaro e temerosos de Lula. Doria, mesmo fazendo um bom governo, e tendo a seu favor a vacina CoronaVac, ainda não conseguiu convencer nem mesmo os eleitores do estado que governa de sua capacidade política.

Eduardo Leite, em meio à campanha, pode apoiar outro candidato, mas não tem substância política fora do PSDB, como tem Geraldo Alckmin. Ele representava o novo dentro do partido, porém, fora dele, representa muito pouco. Ainda não tem importância que faça mudar uma eleição. Aécio será o maior problema para Doria, porque não quer sair do partido e controla a maioria da máquina tucana em Minas, o terceiro maior colégio eleitoral do país. Já está comprovado, e Aécio tem essa experiência na carne, que quem ganha em Minas ganha no Brasil. Aécio apoiará provavelmente Bolsonaro.

É exatamente essa atuação melíflua dos tucanos em nível nacional que levou o partido a perder a força eleitoral. Mas a análise geopolítica dos votos mostra que ou Doria, ou Moro, especialmente este, poderão trabalhar essa base tucana que se dispersou em 2018, depois do furacão bolsonarista. As pesquisas recentes mostram o presidente da República em queda livre na aprovação de seu governo e de sua pessoa. Se a situação econômica não melhorar, e nada indica que irá, Bolsonaro pode voltar a ser o que é: um cabo Daciolo turbinado pelos imprevistos da política. Diz-se que, em política, só há dois fatos importantes: o novo e o consumado. Seria Moro o fato novo dessa campanha, que Eduardo Leite não conseguiu ser? Ou será Alckmim, se unindo a seus adversários históricos?

O Globo

Bolsonaro volta ao Centrão e filia-se ao PL de olho em 2022

 



O ato de assinatura da ficha de filiação ocorreu na manhã de hoje

Presidente formaliza união com partido de Valdemar Costa Neto, que esteve envolvido no escândalo do Mensalão, e busca usar força da legenda para diminuir desvantagem nas pesquisas para a eleição de 2022.

Jair Bolsonaro filiou-se nesta terça-feira (30/11) ao Partido Liberal (PL), pelo qual concorrerá à reeleição em 2022. Filiaram-se também à legenda o filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro (RJ), que deixa o Patriota, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

A cerimônia foi realizada em Brasília, com a presença de diversos ministros e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Em seu discurso, Bolsonaro disse que a decisão de se filiar à sigla "não foi fácil", mas que agora eles seriam "como uma família", e ressaltou que ele e o partido tinham "uma semelhança muito grande".

O plano de Bolsonaro e do PL é usar a força do governo para fortalecer o partido e aumentar as suas chances de reeleição em 2022. A legenda tem hoje 43 deputados e é a terceira maior bancada da Câmara, além de cinco senadores – já incluindo Flávio Bolsonaro –, a oitava maior bancada no Senado.

O PL tentará agora atrair deputados e senadores fiéis a Bolsonaro que estão filiados a outras legendas, e sonha em se tornar a maior bancada da Câmara no ano que vem. Outros ministros do governo também estudam migrar para o PL nos próximos meses e disputarem cadeiras de governador ou de senador. O partido tem no governo federal hoje a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda.

Bolsonaro estava sem legenda há dois anos, quando deixou o PSL por conflitos internos. Em seguida, o presidente tentou criar o seu próprio partido, o Aliança Pelo Brasil, mas a iniciativa não conseguiu reunir o número necessário de assinaturas para obter o registro de partido junto ao Tribunal Superior Eleitoral.

O evento de filiação ao PL estava previsto para ocorrer inicialmente em 22 de novembro, mas Bolsonaro recuou e pressionou por mais espaço para indicar os candidatos a governador da legenda e vetar alianças regionais com partidos de esquerda, no que foi atendido.

'Flávio Bolsonaro acompanhou o pai e também filiou-se ao PL'

Retorno ao Centrão

O PL é um partido do Centrão, grupo de legendas sem bandeiras ideológicas definidas que se aproxima de governantes em busca de cargos e verbas para bases eleitorais e grupos de interesse.

O presidente do PL é Valdemar Costa Neto, que foi condenado e preso no mensalão. A legenda apoiava o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tinha entre seus filiados até 2005 o vice-presidente José Alencar.

O ato de filiação desta terça aprofunda o vínculo do presidente com o Centrão, que vinha se ampliando desde meados de 2020. O presidente foi eleito em 2018 com críticas a esse grupo de partidos, que ele chamava de "velha política", e no início do governo montou sua equipe com apoiadores sem vínculos partidários e militares da ativa e da reserva, na expectativa que seu apoio popular o ajudasse a garantir a governabilidade.

Esse esquema funcionou no início do mandato, quando o Legislativo, por iniciativa própria, se empenhou em aprovar pautas como a reforma da Previdência. Em 2020, desgastado pela atuação do governo na pandemia e enfrentando dificuldades crescentes com o Legislativo, Bolsonaro começou a abrir espaço no governo para políticos que tinham diálogo no Congresso.

No início de 2021, pela primeira vez deu o comando de um ministério a um membro do Centrão, quando João Roma (Republicanos) assumiu a pasta da Cidadania. Depois Flávia Arruda chegou à Secretaria de Governo, e em julho Ciro Nogueira, do PP, foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil , gesto que o próprio presidente definiu como entregar a "alma do governo" ao Centrão.

O próprio Bolsonaro já integrava o Centrão antes de ser eleito para o Palácio do Planalto, e o PL é seu nono partido em 32 anos de carreira política. De 2005 a 2016, o presidente era filiado ao PP, hoje o maior partido do Centrão.

Corrida para 2022

A aproximação de Bolsonaro com esse grupo de legendas funcionou para evitar a abertura de um processo de impeachment e garantir que ele chegue ao fim de seu mandato. É incerto, porém, o impacto da união com o Centrão nas chances eleitorais do presidente em 2022.

Um dos motivos é a alta rejeição a Bolsonaro. Pesquisa realizada pelo PoderData em 22 a 24 de novembro indicou que apenas 22% dos entrevistados avaliam o governo como bom ou ótimo, o menor percentual desde o início do mandato. Por outro lado, 57% consideram seu governo ruim ou péssimo.

Se as eleições fossem hoje, Bolsonaro teria no primeiro turno 29% das intenções de voto, contra 34% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. No segundo turno, Lula venceria com 54% contra 31% de Bolsonaro.

Outro motivo são os interesses eleitorais dessas legendas, que podem preferir evitar se aliar a candidatos sem chance de vitória. Se as pesquisas mostrarem que Bolsonaro pode ficar de fora do segundo turno, a depender da performance de nomes como João Doria (PSDB) e Sergio Moro (Podemos), lideranças do Centrão podem aderir a outras candidaturas ou mesmo se aproximar de Lula.

Deutsche Welle

Ômicron: dados ainda são insuficientes, mas variante tem potencial gigantesco de disseminação, diz virologista

 




Após Alfa, Beta, Gama e Delta, ômicron entra na lista das variantes de preocupação do coronavírus mantida pela OMS

Por Laís Alegretti, em Londres

O presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Flávio da Fonseca, diz que os dados disponíveis até o momento sobre a variante ômicron ainda são insuficientes para prever o impacto que terá, mas aponta que ela tem "potencial de disseminação gigantesco".

"Embora os dados ainda sejam fragmentados, está claro que ela (ômicron) tem potencial de disseminação gigantesco — pelo número alto de mutações e pela rapidez com que já se disseminou", disse em entrevista à BBC News Brasil o virologista, que também é professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A variante ômicron do coronavírus, detectada na África do Sul, acendeu o alerta entre autoridades de saúde de todo o mundo nos últimos dias - o que gerou medidas restritivas principalmente relativas a viagens com origem em países do sul da África. As ações foram condenadas pelo governo da África do Sul, que as considera injustificadas (leia mais abaixo).

A quantidade e a variedade de mutações na ômicron, algumas delas inéditas, vêm sendo apontadas como motivos de preocupação por cientistas. A nova variante tem uma longa lista de alterações genéticas — 50 no total. Destas, 32 estão na proteína spike (ou espícula) do vírus — a parte que conecta o microorganismo à célula humana para iniciar a infecção.

Ômicron pode ter efeito como o da delta no Brasil?

Antes de sabermos da existência da ômicron, outra variante levou países da Europa e de outras regiões a registrarem novas ondas de infecções: a delta.

Apesar da preocupação que a delta (primeiro identificada na Índia) gerou em outros países, no Brasil o cenário não foi igual: ela não causou um aumento de casos na proporção vista em outros países, segundo os dados disponíveis — ou pelo menos não até agora.

Esse cenário poderia se repetir com a ômicron?

É cedo para prever, diz Fonseca. É que a resposta para esta pergunta depende principalmente de dois pontos que ainda não estão claros: dados sobre como as mutações verificadas na variante afetam ou não a eficácia das vacinas e informações sobre o comportamento da variante em países com cobertura vacinal maior que a verificada no sul da África.

"Neste momento, é difícil dizer se a ômicron teria um impacto mínimo na nossa sociedade como a delta teve", diz Fonseca.

"Na delta, com nossa cobertura vacinal crescendo rápida e adequadamente, e com o fato de que tivemos segunda onda muito intensa com um vírus que também apresentava muitas mutações (gama), isso em conjunto explica o impacto que a variante teve no Brasil quando comparado à Europa."

Em seguida, no entanto, ele alerta que a ômicron apresenta uma "constelação de mutações que vai muito além das existentes na gama ou na delta".

É por isso que cientistas buscam agora entender se as vacinas atualmente em uso são capazes de dar a mesma proteção em relação à ômicron.

Fonseca diz que essa resposta, por sua vez, ajudará a entender o possível impacto da variante no Brasil. Além desse fator, ele reforça que os pesquisadores estão atentos ao comportamento dessa variante em regiões com maior cobertura vacinal do que o sul da África, como alguns países da Europa, para buscar mais elementos para tentar prever impactos em território brasileiro.

Restrições de viagem

'Presidente da África do Sul condenou as proibições de viagens decretadas contra seu país e seus vizinhos devido à ômicron'

Diversos países já conseguiram detectar casos da variante, como Reino Unido, Alemanha, Itália, Austrália, República Tcheca, Israel, Bélgica, Honk Kong, Botsuana, além da África do Sul.

Na terça-feira (30/11), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo divulgaram que um casal, um homem de 41 anos e uma mulher de 37 anos, teve amostras analisadas e detectadas com a presença da variante no Brasil. Entretanto, ainda será realizada uma nova análise laboratorial "confirmatória".

O governo brasileiro havia anunciado, na noite de sexta-feira (26/11), o fechamento de voos vindos de seis países do sul da África.

EUA, Canadá, União Europeia e Reino Unido estão entre os que anunciaram uma sequência de restrições a viagens e voos vindos de locais em que já há casos confirmados de infecção desse novo tipo de coronavírus.

Depois do anúncio dessas medidas, o presidente da África do Sul condenou as proibições de viagens decretadas contra seu país e seus vizinhos devido à ômicron.

Cyril Ramaphosa disse estar "profundamente desapontado" com as medidas, que ele descreveu como injustificadas, e pediu que as proibições fossem suspensas com urgência.

A ômicron foi classificada como uma "variante de preocupação" pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e informou que evidências preliminares sugerem que essa variante oferece um risco maior de reinfecção de covid-19 do que suas antecessoras.

A médica sul-africana que primeiro identificou a nova variante ômicron do coronavírus, Angelique Coetzee, diz que os pacientes infectados até o momento mostram "sintomas extremamente leves" — mas mais tempo ainda é necessário para avaliar o efeito em pessoas vulneráveis.

Questionada se os países em que a variante foi identificada estão em pânico desnecessariamente, Coetzee diz que, neste momento, avalia que sim.

"Os casos já devem estar circulando nos países sem serem notados. Então, nesse momento, eu diria que com certeza [o pânico é desnecessário]. Em duas semanas, talvez nossa avaliação mude."

BBC Brasil

“Terceira via precisará de muita composição”




“São corridas diferentes”, diz Vieira sobre Moro

Por Andrea Jubé

Diante da rápida ascensão do ex-juiz Sergio Moro nas pesquisas sobre a sucessão presidencial, o pré-candidato a presidente pelo Cidadania, senador Alessandro Vieira (SE), nega a intenção de retirar o nome da disputa pela vaga de presidenciável que representará a terceira via.

Ambos se projetaram na cena nacional pelo combate à corrupção e atuação na segurança pública.

Moro comandou a Operação Lava-Jato, mas depois foi julgado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Como ministro da Justiça do governo Bolsonaro, reacomodou chefes de facções em presídios diferentes, desarticulando organizações criminosas.

Como delegado, Alessandro Vieira chefiou a Polícia Civil de Sergipe. Ele desbaratou um esquema de desvio de recursos públicos, incomodou aliados do governo local e acabou exonerado da função. Ganhou projeção na cena nacional pela atuação na CPI da Covid.

“Eu e o Moro temos um ponto de partida parecido, mas estamos em estágios diferentes de formação política”, disse Vieira à coluna. Ele vai completar três anos de mandato, adquiriu vivência parlamentar e desenvolveu outra percepção da política. “Já é um ponto de distância do momento que ele está vivendo agora”, delimitou.

Em contrapartida, Vieira reconhece que Moro está em outro patamar de visibilidade. Segundo ele, compatível somente com a de outros presidenciáveis, como Bolsonaro, Lula e Ciro Gomes (PDT). Os perfis se assemelham, mas “são corridas diferentes”.

Ambos são aliados. Vieira conversa de três em três dias com Moro. O senador nega desconforto com o jantar oferecido na última semana pelo líder do Cidadania, deputado Alex Manente (SP) ao ex-juiz. Cinco dos sete deputados federais da legenda participaram. Mas os três senadores da bancada, e o presidente do partido, Roberto Freire, não compareceram.

“Fui avisado [do jantar], e alguns desses deputados sequer estarão no Cidadania no ano que vem. Eu gosto das coisas sempre muito claras: se não faz sentido a caminhada no partido, não faz sentido trabalhar pelo pré-candidato do partido”, diz o senador.

Nas trocas de telefonemas com Moro, Vieira diz que conversam sobre o início de caminhada política do magistrado. “Moro anunciou o [Affonso Celso] Pastore como mentor econômico, é um excelente nome. Mas eu sugeri que ele procure gente que olhe para a redução da desigualdade também, porque na construção do Brasil que a gente quer, tem que estar esse tema”.

Vieira também sustenta que Moro e os defensores da Lava-Jato não devem abandonar a defesa da operação, que teve decisões e provas anuladas pelo STF. “O defensor do petismo encontrou um álibi de que a Lava-Jato foi suspeita”, criticou. “Então vamos esquecer a Lava-Jato, e falar do Mensalão, processo completo, com condenações de toda a cúpula partidária por compra de base eleitoral, que é o que o Bolsonaro está fazendo”, criticou.

Alessandro Vieira também mantém diálogo com outros presidenciáveis, e cita a senadora Simone Tebet (MDB-MS), com quem compartilhou os holofotes da CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de cuja postulação desconfia: “não acredito que ele leve esse projeto adiante”.

Vieira alerta que diante do quadro de destruição generalizado em vários setores do governo, será preciso “muita composição” entre as forças políticas, até definirem um projeto de reconstrução do país em comum, e quem vai liderar a terceira via.

Para Alessandro Vieira, Sergio Moro preenche a lacuna do combate à corrupção, que identificou em outros pré-candidatos. Contudo, diz que o ex-juiz revela-se “incipiente” em outros setores, como a educação e desigualdade social.

Nesse quesito, Vieira acredita se destacar porque tem atuado nessas áreas. É vice-presidente da frente parlamentar da educação, e exerce a mesma função na frente parlamentar da renda básica.

Foi relator do projeto que assegurou repasse de R$ 3,5 bilhões para ampliar o acesso à internet dos alunos da rede pública. Teve emendas aprovadas no substitutivo da medida provisória de criação do Auxílio Brasil.

Vieira também é um dos articuladores de um texto alternativo à PEC dos Precatórios. “O governo patrocina uma emenda que desorganiza o teto de gastos, cria um mercadão paralelo de precatórios, tudo o que não é razoável para quem tem um projeto econômico robusto de país”, criticou.

“A etapa que estamos vivendo na corrida eleitoral é de apresentação de perfis e de projetos. A gente vai testar isso, e avançar na maratona”.

Alckmin

Declarações do ex-governador Geraldo Alckmin, de saída do PSDB, ontem a sindicalistas animaram entusiastas da chapa em que ele desponta como vice do ex-presidente Lula. “Essa hipótese caminha”, afirmou. Mas a corrida tem mais obstáculos, além do dilema do quase ex-tucano.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira - partido que receberia Alckmin -, voltou a afirmar que para a chapa vingar, antes vem o acerto com o PT. “Não podemos resolver essa questão isolada de outras muito importantes”. O PSB não abre mão do apoio do PT à candidatura de Márcio França ao Palácio dos Bandeirantes.

Em outra frente, o presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), liderança da Força Sindical, considera a “ideia boa”, mas prematura. Diz que escolha de vice é pauta para maio ou junho do ano que vem.

Paulinho é enfático de que Alckmin deveria se filiar a uma legenda do centro político. “O Lula já tem a esquerda. Minha função é levar o Lula para o centro para ganhar no primeiro turno”, afirmou à coluna.

Questionado se a biografia de Alckmin em si não bastaria para alçar a candidatura de Lula ao centro, o líder do Solidariedade discorda. “Se eu pudesse orientar, diria para o Alckmin ir pro PSD ou MDB”.

Valor Econômico

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