Heleno diz que o segundo avião eré da responsabilidade da FAB
Bruno GóesO Globo
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno , disse nesta quarta-feira que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, é “traumatizado” pelo atentado a faca sofrido pelo seu pai durante a campanha eleitoral. Em audiência realizada para tratar da apreensão de 39 quilos de cocaína com militar da Força Aérea Brasileira (FAB) que dava apoio à comitiva presidencial na Espanha, Heleno rebateu críticas sobre as medidas de segurança adotadas pelo GSI.
— Os comentários do Carlos, eu sei perfeitamente porque tive convívio com ele, ele é extremamente traumatizado pelo atentado que buscou modificar a situação política do Brasil, um atentado a faca que o presidente sofreu — disse o ministro.
FORA DAS REGRAS – Após mencionar a reação de Carlos à prisão do sargento Manoel Silva Rodrigues, que transportava a grande quantidade de drogas, Heleno tratou ainda do comportamento imprudente de Jair Bolsonaro em eventos públicos. Nas redes sociais, Carlos disse que “há meses” gritava “em vão” sobre a segurança do GSI, mas sempre foi “ignorado”.
— O que acontece muitas vezes com uma autoridade como o presidente Bolsonaro e numa campanha a presidente da República? Ele desrespeita as regras traçadas pela sua segurança. Isso é normal. E hoje o presidente faz coisas que são arriscadas — disse Heleno.
Em resposta às declarações do ministro, Carlos Bolsonaro disse através do Twitter que é “tremendamente traumatizado” com aquilo que pode acontecer a um “presidente honesto em uma nação historicamente administrada por bandidos e seus fiéis acessórios”.
TEMPO PRECIOSO – Ao responder perguntas de parlamentares na audiência, Heleno disse que o país está “acostumado a passar vergonha”, mas destacou que esse foi o primeiro incidente do GSI em décadas. Heleno aproveitou para dizer que não se preocupa com Olavo de Carvalho, ideólogo de integrantes do governo.
— O senhor Olavo de Carvalho, se eu encontrar na rua, eu não sei quem é. Então, eu não vou dedicar o meu tempo a Olavo de Carvalho, meu tempo é precioso. Nunca dediquei o meu tempo a Olavo de Carvalho e vou continuar não me dedicando. Ele não me atinge em nada. Eu não vou ficar gastando tempo a cada bobagem que falam — disse.
DROGAS A BORDO – Sobre o caso específico da apreensão de drogas, o ministro afirmou que há uma investigação em sigilo e que, por enquanto, “não há indícios de participação de mais ninguém”. O ministro também afirmou que ainda não se sabe a droga iria ser vendida em Sevilha, onde houve a apreensão, ou se seria desembarcada no Japão, para onde seguiria o avião de apoio à comitiva que esteve no G20.
Heleno acrescentou ainda que suas declarações após o incidente foram deturpadas. Quando disse que tratava-se de um “azar” o ocorrido, ele disse que referia-se ao fato de o caso ocorrer justo na véspera do G20, evento de grande importância para o país.
Sobre outra declaração, a de que não tinha “bola de cristal” para prever o ocorrido, o ministro disse que a colocação foi tirada de contexto. Ele diz que a expressão foi usada porque o avião de apoio não era de responsabilidade do GSI, e sim da Aeronáutica.
SALÁRIO ALTO – Ao ser perguntado pelo deputado David Miranda (PSOL-RJ) sobre o salário de R$ 59 mil que recebeu do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em 2011, quando auxiliou na preparação das Olimpíadas, Heleno disse que tinha vergonha do valor recebido por generais do Exército.
— Eu tenho vergonha do que eu recebo no Exército. Mostrar para o meu filho que eu sou general do Exército, que ganha líquido R$ 19 mil, eu tenho vergonha.
Também participam da audiência os tenentes-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, representando o Ministério da Defesa, e Carlos Augusto Amaral Oliveira, representando a Aeronáutica.