Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

sexta-feira, abril 12, 2019

Julian Assange agora luta para não ser extraditado para os Estados Unidos


Julian Assange deixa tribunal de Londres depois de ser preso na embaixada do Equador
Assange. envelhecido. após o asilo de sete anos na embaixada
Deu no Estadão
Julian Assange, que passou sua primeira noite detido em Londres, enfrenta nesta sexta-feira, 12, uma longa batalha judicial sobre sua extradição para os Estados Unidos, depois de ficar quase sete anos refugiado na embaixada do Equador no Reino Unido.
O hacker de 47 anos, que as autoridades americanas querem julgar porque o consideram uma ameaça à sua segurança em razão dos vazamentos de documentos secretos pelo site WikiLeaks, está na penitenciária de Belmarsh, no sudoeste de Londres, segundo revelou à France-Presse uma fonte judicial próxima ao caso. Belmarsh é um estabelecimento de segurança máxima que pode acomodar 910 prisioneiros, incluindo presos que possam atrair forte interesse público, segundo um relatório de inspeção de 2018.
ACUSAÇÃO – Julian Assange foi acusado na quinta-feira pelo sistema de justiça britânico de não ter comparecido ante um tribunal, um crime punível com um ano de prisão. O veredicto será anunciado em uma data posterior.
O fundador do Wikileaks foi preso na quinta-feira na sede da embaixada equatoriana após Quito retirar seu direito de asilo em virtude de uma ordem de prisão britânica de 2012, sob a acusação de estupro e agressão sexual na Suécia, e de um pedido de extradição dos Estados Unidos por ataque cibernético.
Agentes consulares australianos vão solicitar visita, segundo anunciou a chanceler australiana Marise Payne, que se disse “persuadida que vão tratá-lo de maneira justa”.
ELE DISSE NÃO- Após a prisão, Assange foi apresentado a um tribunal de Westminster. “Você aceita o pedido de extradição?”, perguntou o juiz Michael Snow. No ‘box’ dos réus, Assange, vestido com uma jaqueta preta, cabelo comprido amarrado em um rabo de cavalo e com uma longa barba branca, respondeu negativamente. A solicitação americana será examinada em uma audiência em 2 de maio.
O australiano vai “lutar” contra este pedido de extradição, declarou sua advogada Jennifer Robinson. Para ela, a detenção de Assange “cria um precedente perigoso para órgãos de imprensa e jornalistas” em todo o mundo.
Assange é acusado de ter ajudado a ex-analista de inteligência americana Chelsea Manning, antes conhecida como Bradley Manning, a obter a senha para acessar milhares de documentos classificados.
DOCUMENTOS– A plataforma WikiLeaks de Assange disseminou centenas de milhares de documentos secretos do exército e da diplomacia dos Estados Unidos.
Após sua prisão, o Departamento de Justiça americano anunciou que solicitou sua extradição para julgá-lo por “conspiração através de ciberpirataria (hacking)”, crime pelo qual pode ser condenado a até cinco anos de prisão nos Estados Unidos.
“Mas não há nenhuma garantia que uma acusação adicional será pronunciada” uma vez que ele esteja “em solo americano”, alertou o editor do WikiLeaks, Kristin Hrafnsson, que pediu ao governo britânico que negue o pedido de extradição. “O governo britânico deve garantir que um jornalista nunca seja extraditado para os Estados Unidos por ter publicado documentos e vídeos (que mostram) assassinatos de cidadãos inocentes”, acrescentou.
POUCAS CHANCES – A batalha judicial pode durar entre 18 meses e dois anos, segundo Ben Keith, advogado britânico especializado em casos de extradição. “E as chances de ganhar são baixas”, apontou à France-Presse.
O líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, também pediu ao governo conservador de Theresa May que se oponha a essa extradição “por ter exposto evidências das atrocidades no Iraque e no Afeganistão”.
“No Reino Unido, ninguém está acima da lei”, disse May na quinta-feira na Câmara dos Comuns. “Julian Assange não é um herói”, afirmou por sua vez o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt.
VIGILÂNCIA – De acordo com o ministro da Justiça Sajid Javid, o custo de sua estadia na Embaixada do Equador foi de 13,2 milhões de libras (€ 15,26 milhões) de 2012 a 2015 para a polícia britânica, forçada a vigiá-lo 24 horas por dia.
Na Suécia, a advogada da mulher que acusa Julian Assange de estupro em 2010, disse na quinta-feira que iria pedir a reabertura da investigação após a prisão do fundador do WikiLeaks.
“Faremos tudo para que os promotores reabram a investigação sueca e para que Assange seja entregue à Suécia para ser julgado por estupro”, disse Elisabeth Massi Fritz à AFP na quinta-feira.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A perseguição a Assange é ignóbil e antidemocrática. A acusação na Suécia agora é de estupro, mas antes era apenas de ter feito sexo consensual sem camisinha. Ao exigir a extradição dele por exibir documentos secretos, os Estados Unidos rasgam e jogam no lixo a famosa Primeira Emenda, da qual tanto se orgulhavam: “O congresso não deverá fazer qualquer lei a respeito de um estabelecimento de religião, ou proibir o seu livre exercício; ou restringindo a liberdade de expressão, ou da imprensa; ou o direito das pessoas de se reunirem pacificamente, e de fazerem pedidos ao governo para que sejam feitas reparações de queixas“. Assange desafiou a força do Imperialismo, mas a irracionalidade fala mais alto e não obedece à Primeira Emenda, quando é revelado o imundo “modus operandi” do governo dos EUA. (C.N.)

Mais uma mudança de " mentirinha," cai um secretário entra outro.

Nenhuma descrição de foto disponível.

Nota da redação deste Blog - Parece que para fechar o ciclo, o prefeito nomeou a pessoa certa no lugar certo, pelo menos carrega na bagagem grande know-how, inclusive trabalhou por muito tempo nessa área,até hoje não consegui entender qual o motivo do ex-prefeito Tista haver demito o mesmo do cargo, no mínimo politicagem.
Oxalá que não seja mais um caso de nepotismo.




A imagem pode conter: texto





ATO
DESTAQUE

Mulheres fazem ato em defesa da aposentadoria 

O objetivo do ato é mostrar à sociedade o quanto a reforma da Previdência altera de forma prejudicial os direitos previdenciários das mulheres brasileiras.

CAMPANHA DO SINDIPREV





MULTIMÍDIA

Receita Federal admite ter exposto “por engano” dados do ministro Gilmar Mendes


Resultado de imagem para gilmar mendes charges
Charge do Lute (Arquivo Google)
Daniela LimaFolha/Painel
Documento produzido pela Receita Federal para subsidiar resposta à Procuradoria-Geral da República admite que o Fisco expôs dados do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, a uma empresa privada que tem dezenas de ações no Supremo, a Fibria. A área técnica da Receita diz que o relatório fiscal de Gilmar foi juntado por engano a documentos relacionados ao desembargador Luiz Zveiter e ao irmão dele, Sergio Zveiter, ex-deputado federal (DEM-RJ) – que também foram expostos. Ambos entraram na mira do órgão após declararem rendimentos vinculados a escritório de advocacia da família.
Ao investigar o escritório dos Zveiter, a Receita solicitou dados à Fibria Celulose, que havia feito pagamentos à banca. A Fibria pediu acesso a alguns documentos e, ao repassá-los, a Receita diz que, por engano, enviou também o relatório das contas de Gilmar Mendes. A Receita não diz, no texto, o motivo que a levou a analisar os ganhos do ministro.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– A Receita Federal se encaixa bem na definição do biquíni, segundo Roberto Campos: “Mostra tudo, mas esconde o essencial”. A democracia e a prática republicana exigem que toda autoridade precisa ter suas contas abertas a investigações, não pode haver sigilo. O povo quer saber os motivos que levaram a investigar as declarações e movimentações do riquíssimo Gilmar Mendes e de sua esposa Guimar, mas a Receita não revela nem a pau, embora na teoria aqui no Brasil todos sejam iguais perante a lei. (C.N.).

É grave a crise da dívida e o governo já prevê um rombo ainda maior em 2020


Resultado de imagem para deficit publico em 2019
Ilustração reproduzida do site CGN
Idiana Tomazelli e Adriana FernandesEstadão
Com a piora do cenário de crescimento econômico e da arrecadação do País, o governo deve rever, para pior, a meta fiscal para o ano que vem. Até agora, a equipe econômica vinha trabalhando com a possibilidade de um déficit de até R$ 110 bilhões em 2020. Estimativas preliminares apontam, porém, para um rombo de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões maior. Para este ano, a projeção é de um rombo de até R$ 139 bilhões.
Na visão do governo, a mudança na previsão para o ano que vem, que deve ser anunciada na segunda-feira, será um alerta adicional para a necessidade de aprovação da reforma da Previdência. Na área econômica, fontes avaliam que, sem a reforma (cujo impacto nas contas não pode ser contabilizado nas projeções oficiais), o quadro de déficits pode se estender até o último ano de mandato do presidente Jair Bolsonaro, em 2022.
MISSÃO IMPOSSÍVEL – O cenário mostra a dificuldade de cumprir o objetivo do ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciado durante a campanha, de zerar o déficit ainda no primeiro ano da gestão. Em entrevista concedida ao Estado em março, Guedes ainda afirmou que iria “fazer o impossível” para atingir essa meta de zerar o déficit.
Por outro lado, as metas que serão divulgadas na próxima segunda-feira devem manter a diretriz de redução do rombo ano a ano. Até então, o indicativo para 2021 era de um déficit de R$ 70 bilhões, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano. As projeções para 2022 serão inéditas, mas a avaliação preliminar é de que será possível reduzir o rombo para cerca de metade do valor do ano anterior.
LEILÃO DO PRÉ-SAL – As novas metas estipuladas pelo governo não incluem a previsão de ingresso de bilhões em recursos com o megaleilão de petróleo do pré-sal. O leilão está marcado para 28 de outubro, mas técnicos creem que a melhor estratégia seria deixar esse dinheiro para os próximos anos e não mexer na meta fiscal agora. A previsão do governo é que o dinheiro entre nos cofres da União em dezembro, mas esse cronograma é considerado apertado e não leva em conta riscos associados ao processo de venda de ativos.
Para tentar conter o ritmo de crescimento das despesas, o governo deve enviar sua proposta de LDO sem reajuste real do salário mínimo, apenas com a recomposição pela inflação. A decisão marca o fim da política de valorização real do salário mínimo, iniciada no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No relatório bimestral de março, a equipe econômica previu que o índice que reajusta o piso nacional deve ficar em 4,2% este ano, o que resultaria num valor próximo a R$ 1.040. Pela regra antiga, o valor poderia ficar em R$ 1.051.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
 Guedes insiste na tese manipulada de que a reforma da Previdência salvará o país. Sem equacionar a dívida pública (interna e externa), os rombos vão aumentar, ao invés de diminuir, até porque Bolsonaro está fazendo “bondades” sem se preocupar de onde sairão os recursos. Ao invés de ficar discutindo comunismos, neoliberalismos e outras bobagens, é preciso debater a dívida. Ou seja, novo slogan: Dívida acima de tudo. Deus acima de todos.  (C.N.)

Defesa de Lula insiste na tese de que ele é apenas um “perseguido político”


Imagem relacionada
Zanin reafirma que o sítio em Atibaia jamais pertenceu a Lula
Gustavo SchmittO Globo
A força-tarefa da Lava-Jato pediu o aumento da pena do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do sítio de Atibaia. Lula é acusado de aceitar reformas no sítio de Atibaia feitas pela Odebrecht e OAS, com dinheiro de propina decorrente de contratos da Petrobras, no valor de R$ 1 milhão. Os procuradores recorreram ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), responsável pelo julgamento das apelações de réus da operação.
Na sentença, o ex-presidente foi condenado por três crimes de corrupção e dois de lavagem de dinheiro. Agora, os procuradores querem majoração e pedem que sejam imputados contra o petista 45 atos de lavagem de dinheiro e oito de corrupção passiva.
SEM DOSIMETRIA – A Lava-Jato não fez a conta de quantos anos de prisão isso significaria. Não há prazo ainda, para que o pedido seja apreciado pelos desembargadores da segunda instância. No entendimento dos procuradores, cada contrato ocorrido entre Petrobras e empreiteiras deve representar um crime independente.
“Os elementos constantes dos autos demonstram que, em verdade, cada um dos atos praticados são autônomos e não, como entendeu o Juízo sentenciante, um único crime de lavagem”, argumenta a força-tarefa. Em outro trecho do documento, a Lava-Jato ainda complementa:
“Destacando-se mais uma vez que Lula deve ser condenado pelo todo, haja vista que foi o grande responsável pela estruturação e funcionamento do esquema”, escreveram os procuradores.
A CONDENAÇÃO – Em fevereiro, Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro a 12 anos e oito meses de prisão pela juíza Gabriela Hardt, então substituta do hoje ministro Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba.
Na sentença, o ex-presidente foi condenado por três crimes de corrupção e dois de lavagem de dinheiro. Agora, os procuradores querem majoração e pedem que sejam imputados contra o petista 45 atos de lavagem de dinheiro e oito de corrupção passiva.
O petista responde ainda a uma terceira ação penal na Justiça Federal de Curitiba, referente à compra de um imóvel pela Odebrecht, que seria destinado ao Instituto Lula. O imóvel custou R$ 12 milhões e nunca foi usado pelo Instituto.
O ex-presidente cumpre pena na sede da Polícia Federal em Curitiba desde 7 de abril do ano passado, devido à condenação de 12 anos e um mês no caso do tríplex do Guarujá.  Mesmo com nova condenação, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode dar semiaberto a Lula.
DIZ A DEFESA – O advogado do ex-presidente reagiu ao pedido dos procuradores para aumentar a pena do petista. Para Cristiano Zanin, responsável pela defesa do petista, o pleito da força-tarefa evidencia a prática de “lawfare”, o uso de mecanismos estatais para perseguição política, contra o ex-presidente.
Zanin diz que Lula é inocente, que não praticou qualquer ato ilícito e que “deverá ser absolvido quando tiver direito a um julgamento justo, imparcial e independente”.
Para Zanin, a Lava Jato de Curitiba deixa de cumprir a função constitucional atribuída ao Ministério Público, isto é de zelar pela legalidade, “ao ignorar que Lula foi condenado por reformas realizadas em um sítio que comprovadamente não é dele e sem jamais ter solicitado ou recebido qualquer vantagem indevida”.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O suposto dono do sítio, Fernando Bittar, jamais frequentava o local, o domínio foi claramente passado a Lula. A busca e apreensão feita pela Polícia Federal constatou que Bittar não tinha nenhum quarto no sítio nem deixara lá nenhum. Quando houve uma festa no sítio e Bittar foi convidado, teve de dormir numa pousada próxima. Bittar também é réu no processo e se arrisca a ser condenado(C.N.)

Especialista chileno desmente Paulo Guedes e exibe o fracasso da “capitalização”


Uthoff, da Universidade do Chile demonstra o fracasso do sistema
Felipe Bianchi e Leonardo Wexell Severo
Portal Barão de Itararé
“Apesar dos subsídios estatais, 80% das aposentadorias pagas no Chile estão abaixo do salário mínimo e 44% estão abaixo da linha da pobreza. O sistema fracassou e seria uma completa loucura implementá-lo no Brasil”, afirma Andras Uthoff, professor da Universidade do Chile e consultor do Instituto Igualdad.
Doutor em Economia pela Universidade de Berkeley, ex-assessor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Uthoff avalia que “o sistema de capitalização tem levado multidões às ruas, pois empobrece idosos e nega direitos, enquanto é extremamente rentável às Administradoras de Fundos de Pensão (AFPs)”.
Diz o especialista que, devido à falta de transparência e à desinformação ditada pelos conglomerados da midia, somente aos se aposentarem é que as pessoas constatam quão negativo é este sistema. “A realidade está se impondo, demonstrando que a capitalização é um desastre. A realidade é nossa melhor aliada”, sintetiza Uthoff.
O sistema de Previdência chileno está em colapso?É, sem dúvida, uma crise muito forte. O sistema das AFP não cumpriu a sua promessa. A promessa era simples: o participante desse modelo poderia aposentar-se com 70% do seu último salário. A média do que o sistema paga, hoje, é de 35%. Muito abaixo do prometido. Especialistas em fundos de pensão dizem que, com a atual estrutura, o sistema não tem como melhorar, pois não superará esses números. Estamos no meio de uma ampla discussão, no Chile, sobre qual será o futuro desse modelo. Há uma ofensiva ideológica que quer colocar ainda mais dinheiro nas Administradoras de Fundos de Pensão (AFPs), para consolidá-las e aprofundá-las. Por outro lado, estamos dizendo que é necessário dar fim a este modelo e apostarmos em alternativas. É um momento crucial para falarmos sobre o assunto.
No Brasil, diríamos que isso é “privatizar os lucros e socializar os prejuízos”.Exato. É precisamente isso o que ocorre no Chile. E uma das questões que considero muito importante para o Brasil é algo que discutimos muito aqui nos anos 1990: fazer uma transição para um modelo como o chileno é extremamente caro. Você precisa se encarregar de resolver a questão das contribuições feitas no sistema antigo, o que tem um valor altíssimo. É dívida certa. No Chile, esse passivo custou três vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do país – e o cidadão é quem paga por isso.
O que você tem a dizer sobre a prática de especulação por parte dessas empresas estrangeiras?Não acho apropriado falarmos em especulação, pois o sistema é bem regulado em relação a investimentos por parte desses instrumentos financeiros. O que preocupa é que classificadores de risco orientam: as AFPs não podem fazer exatamente o que querem. O que questionamos é que o impacto real da contribuição no Chile é nulo e 40% dos fundos de pensão estão investidos no exterior, e não no Chile. Os outros 60% não são investimentos reais, mas meros instrumentos financeiros que não causam nenhum impacto na economia real do país.
O próprio ministro do Trabalho, Nicolás Monckeberg, reconhece publicamente a insustentabilidade deste sistema, apesar de sugerir remédios amargos para curar a doença. Se no Chile há uma ideia de que este modelo fracassou, o que te parece o Brasil, em 2019, propor a sua implementação?O que tenho a dizer é que é uma completa loucura implementar um sistema nos moldes da Previdência chilena. É um sistema que vai na contramão do que significa a Seguridade Social. Você transforma um sistema baseado nos direitos do cidadão em um mercado obrigatório de contribuição. Ou seja, para quem não conseguir contribuir, o direito é negado. A grande maioria dos chilenos, hoje, não possui condições de contribuir regularmente. Apesar dos subsídios estatais, 80% das aposentadorias pagas no Chile estão abaixo do salário mínimo, e 44% estão abaixo da linha da pobreza. É um sistema que empobrece os idosos.
No Brasil, está na moda falar em “fake news”. É manipulação o superministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, classificar o modelo chileno como um sonho, uma fábula a ser copiada?Em primeiro lugar, o modelo de Previdência do Chile é difícil de copiar, pois é um modelo que se implementa em ditaduras. Se não está numa ditadura, é muito difícil impor algo desse tipo. E eu, sinceramente, não quero e nem recomendo ao Brasil o retorno à ditadura. Em segundo lugar, também venderam muitas promessas ao povo chileno. O trabalhador receberia 70% de seu salário, algo que nunca aconteceu. É um sistema que se baseia em ilusões. Guedes pode dizer o que quiser e terá 30 anos, pelo menos, para que não seja desmentido. Mas eu posso te assegurar que não será como ele disse.
Recentemente, houve um bate-boca, na Câmara dos Deputados do Brasil, porque um parlamentar da oposição mencionou o aumento da taxa de suicídio entre idosos no Chile. Paulo Guedes foi à loucura, dizendo que era “fake news”. Guedes é íntimo da BTG Pactual, uma das intermediadoras financeiras que lucram com as AFP. Que interesses há por trás dessa reforma que Guedes defende, afinal?Claramente, a intenção é poder administrar uma bela fatia do PIB do país, que é a contribuição dos trabalhadores. Fazê-lo através de uma intermediadora financeira como a BTG Pactual é um ótimo negócio. Não só porque você favorece seu grupo dentro da regulação estabelecida, mas também porque é um modelo puramente rentista. O trabalhador paga a sua parte independente se o sistema vai ou bem ou mal. Ele paga e, em consequência, a administradora sempre tem ingresso e ganha dinheiro. O investimento cai, mas a rentabilidade das AFPs segue em alta. Aqui no Chile, as AFPs recuperavam seu patrimônio em quase quatro anos. Uma taxa de retorno de quase 25% ao ano. Isso, agora, está diminuindo um pouco com a concorrência. Mas esse é o grande problema: ao invés de estarmos falando sobre direitos fundamentais do cidadão, estamos discutindo como você administra uma indústria de pensões. Deixamos de falar sobre Seguridade Social há muito tempo.
Como a administradora BTG Pactual, de Paulo Guedes, está envolvida na questão das AFPs chilenas?A BTG Pactual pertence a um dos grupos financeiros vinculados às AFP. Fazem um trabalho financeiro que é bem regulado no Chile. A questão é: qual a utilidade disso para garantir boas aposentadorias para os cidadãos chilenos? Qualquer um pode falar bem ou falar mal do papel jogado pela BTG Pactual ou qualquer outra intermediadora financeira. A questão é: o que isso colabora com a Previdência? No Chile, a resposta está longe de ser boa. A boa rentabilidade das AFPs é inversamente proporcional às péssimas aposentadorias obtidas pelo cidadão chileno.
Quais os caminhos para superar este problema no Chile?Há muita gente pensando alternativas para este modelo. Eu tenho uma proposta, mas há várias outras na mesa. Sou partidário do conceito de sistemas multipilares, mistos, típicos da social-democracia europeia. Eu creio que o Brasil tem um pouco disso. Eu não transformaria o sistema do Brasil, talvez apenas o melhoraria. Não o reestruturaria para um sistema de capitalização exclusivo, como o governo brasileiro deseja fazer. Por outro lado, há outras propostas, como a da organização No+AFP, que vem mobilizando muita gente. Eles advogam por um modelo de repartição tripartite. As mobilizações no Chile respondem a um profundo descontentamento com o sistema, não a uma solução. Ainda não há acordo sobre qual caminho é melhor, mas há pleno consenso de que estamos empobrecendo. É um grande debate. Por ora, o desafio é responder, com argumentos técnicos, a proposta de reforma apresentada pelo governo de Sebastian Piñera.
Qual a sua visão sobre o alto índice de suicídios entre os idosos no Chile?Para ser sincero, passei a dar mais atenção para este tema recentemente. As pesquisas mostram, de fato, que há um crescimento no índice de suicídios de idosos no Chile. As razões são bem claras. Você soma a aposentadoria ínfima paga pelo sistema chileno ao fato de se tornar dependente de alguém, isso resulta em uma pessoa pobre e vulnerável. Apesar de não ser especialista no tema, me parece óbvio que isso favorece quadros de depressão.
Os oligopólios midiáticos de nosso continente são muito íntimos dos banqueiros. Há uma campanha midiática muito forte, no Brasil, em defesa da reforma da Previdência. Qual a sua avaliação sobre o papel que os meios de comunicação tiveram e ainda têm no Chile sobre este tema?Lamentavelmente, o Chile se encontra totalmente fragmentado – socialmente, fisicamente e intelectualmente. Se você for a um seminário sobre sistema de pensões em um lugar chamado Casa Piedra, onde só se reúnem empresários, certamente só escutaremos maravilhas sobre esse sistema, que ele deve manter-se intocado, coisas assim. No mundo do trabalho e no movimento sindical, que são os donos dos fundos de pensão, que são os trabalhadores, há um profundo descontentamento. São dois mundos que não se comunicam. Por um lado, há um bom negócio. Por outro lado, temos um problema de economia política. Há duas avaliações do sistema completamente destoantes. Estamos neste debate ideológico de seguir implementando um modelo que pode ser muito bom para um grupo ou voltar a um sistema de Seguridade Social.
O tema ganha espaço no debate público à medida em que se aprofunda o drama. A própria realidade impõe o tema na agenda.O fato é que ao sairmos de 17 anos de uma ditadura brutal, as pessoas têm medo. E hoje as pessoas têm medo de perder emprego. Então as formas de protesto são cuidadosas, para não se expor contrárias aos empresários. Porque isso está muito segmentado, ideologicamente segmentado, quase uma luta de classes, em que os empresários apoiam o modelo e os trabalhadores se opõem. É isso o que acontece e as pessoas têm medo.
E o papel dos meios de comunicação na manipulação e na invisibilização das informações?Veja, este é um tema essencial. Quando existem poderes fáticos que se tornaram poderes econômicos e financeiros, percebe-se que vão pouco a pouco cooptando as pessoas. Porque falar como as coisas realmente são terá um custo, porque as pessoas têm medo de perder seu emprego, pois trabalham em um BTG Pactual ou numa instituição destas e não vão poder falar. Não se atrevem a dizer as coisas como são. Tenho colegas que em momento de eleições têm apoiado candidaturas e posteriormente em seus negócios perderam clientes.
Pensa que esta lógica consegue ser mantida por muito tempo?Acredito que estamos começando a romper o cerco com as mobilizações, que começam a nos dar palanque, a abrir espaço para que sejamos ouvidos e não identificados como loucos. A realidade está se impondo, demonstrando que este sistema é um desastre. A realidade é nossa melhor aliada. A maioria da classe média no Chile sente-se vitoriosa se consegue comprar uma moradia. Se vive num edifício, é preciso pagar o condomínio. Atualmente as pessoas estão tendo que sair dos seus apartamentos, ir viver com familiares ou voltar para o campo porque não conseguem pagar sequer o condomínio. Mas a imprensa não informa sobre estes fatos. Se não há mobilizações e se não há denúncias, isso passaria despercebido.
A mídia atua para desinformar.Por esta falta de transparências as pessoas não se dão conta do quão prejudicial é este sistema até que se aposentem. Quando chegas aos 65 anos podem dizer que você juntou 150 mil dólares. Fantástico, pensa o trabalhador, que nunca viu tanto dinheiro acumulado. Então diz: me deem, vou comprar um apartamento. Não pode, não é teu para fazer qualquer coisa. É teu somente para passar à seguradora ou à AFP para que te deem uma pensão. Te dá a sensação de que eles compram o apartamento, te alugam e te baixam a pensão. E são eles que ficam com o apartamento. Então até o momento de que você se aposenta, não se dá conta da situação em que se encontra. Chegam com um montão de assessores e não há um Estado para dizer se estão te assessorando bem ou assessorando mal e que com esses 150 mil dólares vais ter uma aposentadoria que é 30% do seu salário. Com sorte. É o cúmulo.
Na última mobilização havia uma jovem com um cartaz dizendo “Não quero que o meu futuro seja como o presente de minha avó”.Tenho acompanhado muitos debates com o Partido Socialista nas comunidades e uma jovem me disse: veja, isso não nos ensinam nas escolas nem nas universidades, a gravidade deste sistema em que nos meteram. É exatamente isso, tens que ver a forma como seus avós estão vivendo para poder se dar conta do que está passando. Pela lógica deste sistema, toda a culpa é da pessoa. Se não tem um bom emprego, a culpa é tua; se o salário é baixo, a culpa é tua; se a Bolsa caiu, a culpa é tua; se aumentou a expectativa de vida, a culpa é tua; se não há um sistema de proteção, a culpa é tua. Isso precisa mudar.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Enviada pelo comentarista Carlos Frederico Alverga, essa matéria do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé demonstra claramente a gravidade da situação. A meu ver, a solução é reformar o atual sistema e extinguir as brechas da lei para sonegação, que existem aqui no Brasil e serão motivo de outros artigos aqui na TI. (C.N.)

Em destaque

Fechamento do Posto de Saúde USF Romão Expõe Falhas na Gestão e Deixa População Desassistida

A situação relatada sobre o fechamento do Posto de Saúde USF do Bairro Romão, anteriormente reformado e propagandeado pela gestão do prefeit...

Mais visitadas