Jeremoabo e sua Verdadeira Emancipação: A História Não se Muda ao Sabor da Insensatez
Ainda bem que, apesar das investidas insensatas de alguns poucos, a data da emancipação política de Jeremoabo continuará sendo comemorada no dia 06 de julho, como manda a verdade histórica e o respeito à memória dos grandes vultos que ajudaram a erguer este município sertanejo.
Não é meia dúzia de “gatos pingados”, sem compromisso com os registros oficiais, que conseguirão apagar ou reescrever a trajetória de um povo. Jeremoabo não foi achada em um balaio qualquer para se permitir alterar sua história sem base legal, sem fundamento histórico, e muito menos sem a anuência do seu povo.
Breve Retorno às Origens
A história de Jeremoabo é rica e ancestral. Antes mesmo da chegada dos colonizadores, a região era habitada por povos indígenas — os muongurus e cariacás, descendentes diretos dos tupinambás. Por volta do século XVII, uma religiosa fundou um aldeamento em torno de uma ermida dedicada à Nossa Senhora de Brotas, marco do início da catequese indígena promovida pelos padres João de Barros e Jacob Roland.
A presença de Garcia D'Ávila, o senhor da Casa da Torre, teve papel relevante (e controverso) no desbravamento do sertão baiano, expandindo seus domínios por meio da pecuária e da captura de indígenas. Sua ação, porém, conflitou diretamente com os missionários jesuítas, contrários à escravização dos nativos. Em uma das mais simbólicas represálias da época, Geremoabo foi incendiada por Garcia D’Ávila, reconstruída depois sob a pressão do governo colonial ou do próprio Papa.
Com o tempo, a localidade foi se reorganizando e progredindo. Em 1718, por Alvará Régio de 11 de abril, foi criada a freguesia de São João Batista de Jeremoabo do Sertão de Cima. Mais tarde, em 1831, foi elevada à condição de vila, recebendo o nome de Vila de São João Batista de Jeremoabo — momento considerado o verdadeiro início da emancipação política. E foi em 06 de julho de 1925 que Jeremoabo alcançou o status de cidade, firmando de vez seu lugar entre os municípios autônomos da Bahia.
A Força da Memória Coletiva
A palavra Jeremoabo, de origem indígena, significa “plantação de abóboras” — um reflexo da fertilidade das terras e da cultura dos povos originários. Essa mesma fertilidade se manifesta hoje no orgulho de sua população e na resistência contra qualquer tentativa de desrespeitar o passado.
Não se pode mudar a história por conveniência, vaidade política ou ignorância documental. As datas simbólicas não são números soltos no tempo: são pilares da identidade de um povo. Mudar o 06 de julho é tentar romper com um elo de quase um século de celebrações, registros, reconhecimentos e memórias.
Em Defesa da Verdade
A data 06 de julho foi reconhecida por historiadores, jornalistas, autoridades e documentos oficiais como a legítima celebração da emancipação política de Jeremoabo. Qualquer tentativa de alterar isso sem fundamentos sérios é um desrespeito à história, ao povo e à memória daqueles que deram sua vida e trabalho por este chão.
Que o bom senso continue a prevalecer sobre a insensatez. Que a história seja celebrada com respeito. E que Jeremoabo siga firme, lembrando sempre de onde veio — para saber exatamente onde quer chegar.
Viva Jeremoabo! Viva o 06 de julho! Viva a história que não se apaga!