Publicado em 1 de setembro de 2024 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
O presidente Lula da Silva decidiu antecipar a escolha de Gabriel Galípolo para a Presidência do Banco Central no sentido de causar um impacto com reflexo capaz de conter a alta de juros da Selic. Ficou mais difícil, portanto, o BC elevar as taxas, o que poderia estar no pensamento de Roberto Campos Neto, mas que agora não teria como se viabilizar.
“É uma honra, um prazer e uma responsabilidade imensa ser indicado à presidência do Banco Central do Brasil pelo ministro Fernando Haddad e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É uma honra enorme, uma grande responsabilidade e eu estou muito contente”, disse Gabriel Galípolo, que atualmente ocupa o cargo de diretor de Política Monetária na autarquia.
DIRETORIAS – O ministro Fernando Haddad também comentou que, a partir deste anúncio, o governo agora vai trabalhar para escolher os três nomes que vão compor as diretorias do BC. Isso porque, além do cargo em Política Monetária — que ficará vago ao Galípolo assumir a Presidência do BC, caso seja aprovado —, outras duas vagas serão abertas por conta do fim de outros mandatos: dos diretores de Regulação, Otávio Ribeiro Damaso, e de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Carolina de Assis Barros.
“A partir de agora nós vamos começar a trabalhar os três nomes que vão compor a diretoria até o final do ano, o que vai ser feito ato contínuo do encaminhamento do nome do Gabriel para o Senado Federal, e oportunamente nós devemos, depois de entrevistar e tomar a decisão junto ao presidente da República, indicar os três diretores que vão compor a nova diretoria”, afirmou Haddad a jornalistas.
SABATINA – A nomeação de Galípolo já era esperada por grande parte do mercado financeiro. Caso aprovado, ele substitui Roberto Campos Neto, indicado ainda no governo de Jair Bolsonaro, cujo mandato se encerra em 31 de dezembro deste ano. Os nomes indicados pelo governo federal devem passar por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
“Sabatina é atribuição do Senado, cabe a eles marcar, mas quero crer que Lula está sintonizado com os presidentes sobre a importância dessa indicação. Tentei falar com Pacheco agora a pouco, mas não consegui”, disse Haddad.
São coisas da política econômica que volta e meia se colocam diante de todos, que representam decisões bastante claras que marcam o caminhar das administrações públicas. Galípolo sabe que não poderá elevar as taxas de juros, e nem é isso o que ele deseja. Caso contrário, seria um desastre para o governo após combater tanto a política de Campos Neto. Portanto, diante da escolha, Lula da Silva estabeleceu um dique, uma espécie de barragem. Como o mercado vai se comportar ainda não se sabe. Mas uma certeza vem no rastro da indicação, os juros da Selic não subirão.