Publicado em 29 de junho de 2024 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
O debate entre Joe Biden e Donald Trump nesta quinta-feira, em Atlanta, nos Estados Unidos, foi num nível abaixo do esperado entre um presidente americano e um ex-titular da Casa Branca que tentou desfechar um golpe na invasão do Capitólio, mas que terminou sendo um fracasso. A discussão realizada baseou-se mais na troca de acusações do que em um plano positivo de troca de propostas.
Enquanto o democrata citou o escândalo envolvendo Trump e uma atriz pornô, o republicano usou os problemas enfrentados pelo filho de Biden na Justiça. Biden afirmou que Trump é um “criminoso” e disse que o ex-presidente enfrenta problemas legais. O democrata fez uma referência aos casos em que o republicano é réu na Justiça. No fim de maio, Trump se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser condenado criminalmente, sendo acusado de fraude contábil por ocultar um pagamento de US$ 130 mil para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels na eleição de 2016.
FILHO DE BIDEN – Já Trump citou duas vezes o nome de Hunter Biden, filho de Joe Biden. No início de junho, Hunter foi condenado na Justiça em um caso envolvendo a compra de um revólver, enquanto lutava contra o vício em drogas. O republicano também se referiu a Hunter Biden como “criminoso condenado”.
O encontro marcou a primeira vez que um presidente e um ex-presidente ficam cara a cara em um debate eleitoral nos EUA. As guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, além de questões envolvendo imigrantes e políticas econômicas ficaram no centro das discussões. Já era esperado que Trump investisse nos pontos fracos da administração Biden, como os períodos de inflação alta. Por outro lado, Biden apostou em pontos sensíveis da administração Trump, entre 2017 e 2020, como a pandemia de Covid-19.
Uma certa apatia marcou o comparecimento de Biden compensado por uma falsa exuberância de Donald Trump em reconhecer os seus próprios defeitos e os da sua administração. O fato é que Trump carrega uma sequência enorme de condenações. São coisas que vão se acumulando na memória dos eleitores e que poderá contribuir para o desfecho das urnas. Não é possível que um homem com tantas condenações e acusações em vários setores, inclusive no fiscal, possa seguir em frente sem culpa alguma. O povo americano não pode eleger um homem sob tantas questões pendentes. Se assim for, a democracia americana realmente estará fora dos eixos.