Publicado em 6 de abril de 2024 por Tribuna da Internet
Roberto Nascimento
Foi uma decisão acertada do Supremo Tribunal Federal o compartilhamento dos dados de movimentação financeira atípicas, que podem atingir o coração do crime organizado e da lavagem de dinheiro.
Alvo de muitas críticas e em constantes disputas com o Congresso e o governo, é preciso reconhecer que o STF é hoje o Poder com mais credibilidade da República e vem agindo com uma celeridade impressionante.
FORTE CAMPANHA – Acredito que, por causa de suas decisões rápidas e oportunas, o tribunal vem sendo atacado pela direita e pela esquerda. Na verdade, a campanha contra o Supremo une as duas correntes ideológicas e o Centrão também.
Não consigo entender as razões de tantos ataques ao Supremo. Por exemplo, passaram a criticar a Supremo Corte Suprema no caso da ampliação do foro privilegiado, que visa a evitar que possam fazer manobras que retardem suas condenações.
Pela decisão do STF, não adianta mais que os corruptos de foro privilegiado renunciem ao mandato para serem julgados na primeira instância. Ou seja, a Justiça quer julgar o corrupto com foro que ele tinha quando cometeu ilícito no exercício das suas funções públicas.
HÁ REAÇÃO – Lógico, suas excelências estão em pânico, a ponto de já planejarem uma proposta de emenda constitucional (PEC) para acabar com o foro privilegiado para todo mundo, com medo do STF.
Deputados e senadores perceberam que é mais fácil se livrarem das penas na primeira instância e depois tentarem procrastinar o processo até a prescrição, na infinidade de recursos protelatórios, e os advogados conhecem muito bem, esse caminho das pedras da impunidade das elites corruptas deste país.
Portanto, não posso concordar com as críticas ao Supremo, que desde o Mensalão vem condenando parlamentares, coisa muito rara no Brasil.
ERROS OCORREM – Um ou outro ministro do STF, que toma decisão beneficiando criminoso, não pode servir de mantra para o ataque à instituição máxima do Poder Judiciário.
Lembro que ditadores e golpistas, quando iniciam o planejamento de conspirações e quarteladas, o primeiro alvo que tentam trazer para o seu lado é o Judiciário. Quando não conseguem, fazem campanha para desmoralizar os ministros da Suprema Corte. O Brasil, a Venezuela e a Nicarágua são exemplos dessa política ditatorial.
Bolsonaro usou essa estratégia, assim que foi empossado. Dia sim, dia não, ele atacava o STF. Queria um Judiciário para chamar de seu. Propôs até mandato de 15 anos, para trocar todo mundo e indicar ministros da sua copa e cozinha. Como FHC, Bolsonaro também queria ter um pé na senzala e na cozinha da casa grande.