Corregedor do CNJ desempenha função vital ao desvendar a farsa da operação Lava Jato e enfrentar estrutura que instrumentalizou o Judiciário
Por KAKAY
Publicado em 19/04/2024 às 09:52
Alterado em 19/04/2024 às 10:01
'Se começar nesse tom comigo,
a gente vai ter problema'
Juíza Gabriela Hardt para o
presidente Lula, exercendo a arrogância do Judiciário
O julgamento dos desembargadores
Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores de Lima,
do TRF 4ª Região, do juiz Danilo Pereira
Júnior e da juíza Gabriela Hardt pelo Conselho
Nacional de Justiça foi o anúncio do
sepultamento definitivo da República de Curitiba e
da operação Lava Jato. Ainda que por 8
votos a 7 o plenário tenha revertido o afastamento
dos juízes, que havia sido determinado pelo
corregedor, o ministro Luis Felipe Salomão, o
que foi revelado é a comprovação dos
abusos que denunciamos há anos. Para reverter o
afastamento, foi levado a cabo um dos
maiores lobbies já promovidos pelo corporativismo
judiciário. Que fracassou ao fim e ao cabo.
O voto do presidente do STF, Roberto
Barroso, antecipado para influenciar o colegiado, foi
uma defesa ampla e corajosa da operação como um todo.
Lembrou as grandes defesas que fazia na Corte Suprema
quando pontificava como advogado.
Ele chegou a ler as cartas de apoio de várias entidades
de classe. Pouco importa se essas entidades não
conhecessem absolutamente nada do processo,
o que interessava era proteger os magistrados.
Ainda assim, foram mantidos os afastamentos
dos desembargadores.
Mas é necessário olhar esses processos com
um olhar mais amplo do que está acontecendo.
O relatório que foi elaborado para dar~
suporte à correção feita pelo CNJ na 13ª Vara de
Curitiba é arrasador. A apuração confirmou
que o ex-magistrado Sergio Moro, o
ex-procurador Deltan e a juíza Gabriela
Hardt agiram em conluio para desviar
R$ 2,5bilhões provenientes da Lava Jato
para criar uma fundação privada.
O delegado afirmou que os 3 atuaram junto
com outros procuradores da República,
com auxílio de agentes públicos
norte-americanos e gerentes da Petrobras, para
desviar R$ 2.567.756.592,09, que seriam
destinados ao Estado brasileiro. Além de
documentos, foram ouvidas mais de 10
pessoas. A abordagem do relatório é sob o
prisma criminal.
É bom lembrar-nos de uma frase muito
usada pelo então juiz Sergio Moro: “O DNA
do combate à corrupção está no meu sangue”.
Na verdade, está comprovado que não
era o DNA do combate que estava em seu
sangue, mas o da própria corrupção.
Ou seja, o que o Conselho Nacional de
Justiça está julgando é se houve irregularidade
funcional por parte dos desembargadores
e juízes. Com a abertura dos processos
administrativos disciplinares, o máximo,
e é muito, que pode acontecer é a
aposentadoria dos magistrados.
Como o senador Sergio Moro não
é mais juiz, sequer poderia ter sido
aplicada a ele qualquer medida cautelar
, mas o CNJ ainda vai decidir sobre a
sua conduta administrativa e ele deverá
sofrer sanções.
Mas o jogo mesmo vai começar a ser
jogado quando todo o material levantado
chegar à Procuradoria Geral da República.
O Ministério Público tem o dever de analisar,
sob a perspectiva criminal, a atuação de toda
República de Curitiba. Há indicativos, apontados
com técnica e precisão pelo ministro Luis Felipe
Salomão, do cometimento de vários tipos penais
como corrupção passiva, corrupção privilegiada,
peculato e prevaricação.
Na realidade, o que está sendo desvendado e
colocado ao público é aquilo que venho
denunciando há anos: a Lava Jato foi uma
operação que tinha um projeto de poder.
Para tanto, uniu-se a grupos estrangeiros,
contou com o apoio da grande mídia,
instrumentalizou parte do Poder Judiciário
e do Ministério Público e corrompeu o
sistema de Justiça.
Sem nenhum escrúpulo, empenhou-se na
aventura fascista de Bolsonaro e foi seu
principal cabo eleitoral. Chegou a assumir
o poder com a vitória bolsonarista. Como
são despreparados e indigentes intelectuais,
acreditaram nas histórias criadas pela
imprensa sobre eles. Julgavam-se
semideuses e heróis nacionais.
A vaidade e a ganância por poder e
dinheiro dominaram, com facilidade,
personalidades tíbias e sem estrutura intelectual.
Demorou muito, mas estão começando a sentir o peso de
ter agido como uma verdadeira organização criminosa.
Por isso, a importância vital do trabalho desenvolvido
pelo corregedor do CNJ, ministro Salomão.
Com independência, competência, determinação e
coragem, ele está enfrentando toda uma estrutura
montada dentro do próprio Poder Judiciário.
Essa estrutura vai cair de podre, mas,
naturalmente, vai resistir enquanto puder.
Com tod a força acumulada em anos de
poder e do seu uso sem escrúpulos.
Uma apuração como essa, com uma
Polícia Federal séria e técnica, vai
aprofundar e desvendar os labirintos por
onde se escondiam essas figuras nefastas
que se julgavam donos do Brasil.
Ao indicar a “gestão caótica” feita
pelos heróis da Lava Jato, a investigação
levanta a tampa do esgoto. Fizeram de
golpe de bilhões até o sumiço de obras
de arte, bens e recursos apreendidos. Não havia
um inventário para identificar todos os itens confiscados.
Certamente, deve ter muita madame lavajatista com
joias que deveriam ter sido devolvidas ao
verdadeiro dono. É assustador.
O que nos resta é acompanhar, com lupa,
o desenrolar desses inquéritos. Dando a
eles os direitos que sempre negaram
quando eram os donos da caneta, das
chaves da cadeia e do cofre. Mas
mostrando a todos que é chegada
a hora de colocar um ponto final
nessa operação farsesca e corrupta.
'Antes de mim coisa alguma foi criada.
Exceto coisas eternas, e eterno eu duro.
Deixai toda esperança, vós que entrais!'
Canto 3, A porta do Inferno -Vestíbulo Rio Aqueronte –
Caronte / Dante Alighieri
– Divina Comédia.
(artigo originalmente publicado no site Poder 360)