Pontos de Israel em que há confrontos ativos entre soldados israelenses e combatentes palestinos
Por Paul Kirby
Os militares de Israel alertaram que militantes do Hamas ainda estão lutando dentro de Israel depois de se infiltrarem nas comunidades do sul e deixarem mais de 600 mortos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou o início de uma “guerra longa e difícil”.
Centenas de homens armados do Hamas invadiram o sul de Israel, mataram soldados e civis e levaram para Gaza mais de uma centena de reféns.
Israel respondeu com mísseis e ataques aéreos.
O ataque prosseguiu pela manhã de domingo (8/10), com a Força Aérea Israelense dizendo que tinha como alvo a “infraestrutura operacional” do Hamas em Gaza.
Os militares israelenses também realizaram ataques de artilharia no sul do Líbano, depois que morteiros foram disparados contra posições israelenses na disputada área de Mount Dov.
O movimento militante Hezbollah, do Líbano, afirmou ter realizado o ataque "em solidariedade à resistência palestina".
Até o momento, 370 pessoas foram mortas por ataques israelenses em Gaza desde que militantes se infiltraram em Israel, segundo autoridades de saúde palestinas.
Os moradores de Gaza receberam mensagens de texto israelenses durante a noite orientando-os a deixar as próprias casas e buscar abrigo.
O primeiro-ministro israelense disse numa mensagem durante a noite que a guerra foi "forçada por um ataque assassino do Hamas" e que a primeira fase terminaria nas próximas horas, quando a maioria dos militantes que segue no país forem exterminados.
Assim, Israel restauraria a segurança dos seus cidadãos e venceria, acrescentou ele.
O governo israelense também disse que cortaria o fornecimento de eletricidade, combustível e outros insumos para Gaza.
O cenário de pesadelo de Israel — militantes palestinos armados em liberdade no sul do país — começou na manhã de sábado, um feriado judaico.
Homens armados atravessaram a cerca do perímetro de Gaza e invadiram Israel em motos, parapentes e por mar.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) disse que foram centenas de invasores, enquanto mais de 3 mil foguetes foram disparados contra o território israelense ao longo do dia.
“Eles atacaram dezenas de comunidades israelenses e bases das FDI e foram de porta em porta, de casa em casa”, detalhou o tenente-coronel Jonathan Conricus.
“Eles executaram civis israelenses a sangue frio e depois continuaram a arrastar para Gaza civis e militares israelenses. Estou falando de mulheres, crianças, idosos e deficientes."
Nas redes sociais, foram compartilhados vídeos angustiantes de civis israelenses fugindo para salvar a própria vida durante uma rave no deserto. Algumas das mulheres que estavam na festa foram colocadas em veículos e raptadas.
Os pontos vermelhos do mapa indicam alguns dos lugares em que foram registradas incursões de combatentes do Hamas em território israelense
Legenda da foto,
Os pontos vermelhos do mapa indicam alguns dos lugares em que foram registradas incursões de combatentes do Hamas em território israelense
Alguns israelenses ligaram para os canais de notícias dizendo que estavam escondidos em casa e temiam pela própria vida.
Na cidade de Netiv HaAsara, 15 residentes foram mortos a tiros por militantes do Hamas.
Já em Sderot, um morador chamado Shlomi descreveu ter visto um “mar de corpos ao longo da estrada”.
Gradualmente, os militares israelenses começaram a retomar o controle sobre a maior parte das comunidades do sul.
Reféns mantidos em uma sala de jantar em Be'eri foram libertados após 18 horas de cárcere, informou a mídia israelense.
Pouco depois, novos relatórios afirmaram que as tropas também libertaram reféns na cidade de Ofakim e que os agressores foram mortos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou do apoio "sólido e inabalável" do país a Israel, que estava "sob ataque orquestrado por uma organização terrorista".
Segundo as últimas informações, mais de 2,2 mil pessoas haviam sido feridas em Gaza e mais 2 mil em Israel, disseram autoridades.
O Exército israelense disse que o nível de violência sem precedentes do Hamas seria recebido com uma resposta também sem precedentes.
Dezenas de milhares de reservistas foram mobilizados e espera-se em breve uma operação terrestre na Faixa de Gaza.
No sábado (7/10), os ataques israelenses destruíram a Torre Palestina, de 11 andares, no centro da cidade de Gaza, que abrigava estações de rádio do Hamas no telhado.
A força aérea israelense disse que atingiu a "infraestrutura militar em dois edifícios de vários andares usados por importantes agentes do Hamas para realizar atividades terroristas" e que alertou os ocupantes para evacuarem o local antes do ataque.
Também houve violência em vários locais da Cisjordânia no sábado. Médicos relataram que seis palestinos foram mortos a tiros durante confrontos com as forças israelenses.
O comandante militar do Hamas, Mohammed Deif, apelou aos palestinos de todo o mundo para se juntarem à operação.
“Decidimos colocar um fim a estas ofensas israelenses, com a ajuda de Deus, para que o inimigo entenda que o tempo de causar estragos sem ser responsabilizado acabou”, declarou ele.
Ismail Haniyeh, o líder do Hamas no exílio, afirmou que as facções palestinas pretendem expandir a escalada de violência para Cisjordânia e Jerusalém.
Enquanto isso, Ghazi Hamad, porta-voz do Hamas, disse à BBC que o grupo tinha apoio direto do Irã para realizar o ataque.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas — um rival político do Hamas — disse que o povo tem o direito de se defender contra o “terror dos colonos e das tropas de ocupação”.
Houve uma forte condenação internacional dos ataques do Hamas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou estar "horrorizado com relatos de que civis foram atacados e sequestrados em suas próprias casas", enquanto o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, disse que "condena inequivocamente os horríveis ataques do Hamas a civis israelenses".
No entanto, a Arábia Saudita apelou à suspensão imediata da escalada de violência, afirmando ter alertado repetidamente sobre os perigos decorrentes da "ocupação contínua" e da "privação do povo palestino dos seus direitos legítimos".
BBC Brasil