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terça-feira, setembro 26, 2023

Organizadores do 08/01 sabiam do veto do Exército, mas deixaram os militantes se danarem

Publicado em 26 de setembro de 2023 por Tribuna da Internet

Charge dp Seri (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Os organizadores, financiadores e os idealizadores do 8 de janeiro, um ato de desespero contra a democracia, deixaram que  os integrantes das caravanas que invadiram Brasília se danassem em meio às depredações que praticaram, pois a tentativa de golpe contra Lula havia sido vetada pelo comando do Exército, como revelou Andréia Sadi, em matéria publicada no O Globo deste domingo.

A reportagem resultou de uma entrevista com o general Tomás Paiva, atual comandante do Exército e o texto deixou claro que a cúpula de golpistas sabia do veto, já que numa reunião no Palácio do Planalto o general Freire Gomes, a quem Tomás Paiva sucedeu no comando, havia vetado frontalmente o projeto de golpe exposto por Jair Bolsonaro, ameaçando-o até de prisão.

ATENTADO – Mas, os subversivos, extremistas da direita, mesmo assim, armaram um atentado à bomba para o aeroporto de Brasília e invadiram a cidade com multidões irresponsáveis, no dia 8 de janeiro. Os invasores e depredadores foram, portanto, os robôs humanos de um desespero fanático. Os que financiaram e organizaram as caravanas estavam, no fundo, pouco se importando com o destino dos que passaram da teoria à prática. Hoje, respondem às penas da lei e os principais protagonistas estão sendo condenados à prisão.

Por aí se vê o desprezo dos que estruturaram os movimentos em relação ao futuro de todos os que se lançaram na rota da subversão. Os incentivadores e financiadores nesta altura estão longe dos fatos. Mais uma vez, a história se repete. Aqueles que mandaram milhares de pessoas para a frente da invasão, hoje não atendem sequer os telefonemas.

ANISTIA – Luiza Marzullo e Marlen Couto, O Globo desta segunda-feira, revelam que a maioria das deputadas federais estão apoiando o projeto constitucional de anistia aos partidos, texto no qual foi incluído um dispositivo flexibilizando o preenchimento de cotas reservadas às candidaturas de mulheres. Supresa? Sem dúvida. Mas existe uma explicação.

Como o eleitorado aumenta de ano para ano, se o número de candidatas permanecer, as atuais deputadas ganham mais possibilidade de reeleição, levantando a bandeira legítima do feminismo na política e na administração pública. Assim, o voto de eleitoras vai se dirigir, como é natural, em grande parte para mulheres que já estão desempenhando os seus mandatos. Política é assim. A reportagem acentua que uma pesquisa assinala o apoio à emenda por parte de 76% das deputadas.

ESQUERDA –  Numa excelente matéria publicada na Folha de S. Paulo de domingo, Ângela Pinho fala sobre a esquerda no mundo e suas várias fases. Ela lembra que o termo surgiu no final do século XVIII com a Revolução Francesa. Mas houve uma série de mudanças que foram registradas nos séculos XIX, XX e agora no XXI.

Já foi uma posição radical, como a União Soviética de 1917. Anti-religiosa também. Mas deixou de ser. A extrema esquerda não existe mais. E nem a ideia do fim da propriedade privada. Hoje, a meu ver, ser de esquerda é se basear no humanismo cristão e de valorização do ser humano pelo trabalho e ser favorável a uma efetiva redistribuição de renda que só pode ser alcançada por intermédio do trabalho e dos salários.

RENDA – Os salários, conforme sempre digo, não podem perder para a inflação. Enquanto isso não ocorrer, a redistribuição de renda não sai do papel e do discurso. A inflação gera lucros. Se não gerasse, ela não teria se mantido através de vários séculos. A posição, aliás, mudou de esquerda para centro-esquerda. A extrema-esquerda desabou com a queda do muro de Berlim em 1989.

No Brasil, a esquerda democrática, adversária do Partido Comunista, surgiu na redemocratização de 1945 como uma sub-legenda da UDN. Em 1950, se transformou no Partido Socialista Brasileiro, tendo como candidato à Presidência, João Mangabeira. As eleições de 1950 foram vencidas por Getúlio Vargas.


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