Alice Cravo
O Globo
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta sexta-feira que “percebeu que muita gente não desejava sair do poder”, ao ser questionado sobre a postura ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos. O tenente-coronel Mauro Cid afirmou em delação premiada, segundo a colunista do Globo, Bela Megale, que o ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniu com representantes do Alto Comando para discutir detalhes de uma minuta que abriria possibilidade de intervenção militar.
DISSE MÚCIO — “Na realidade a gente percebia que muita gente não desejava sair do poder, largar o poder. Mas dia 1º de janeiro as Forças Armadas garantiram a posse do presidente e estamos vivendo a nossa plenitude democrática.
Nesta quinta-feira, Múcio tinha afirmado que as Forças Armadas estavam “100% ao lado da lei”, mas que o ex-comandante da Marinha não estava.
O tenente-coronel Mauro Cid contou aos investigadores que o comando do Exército afirmou ao então presidente que não abraçaria a iniciativa golpista. Já o chefe da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a seu chamado.
ELE PASSOU… — É uma coisa pessoal. Sabia, mas ele passou. Olha, ele não me recebeu para conversar, depois, nós nos encontramos, eu conversei. Mas era uma posição pessoal, havia um presidente eleito, havia um presidente empossado, a justiça promulgou, de maneira que nós estávamos 100% do lado da lei, e ele não — afirmou nesta quinta-feira.
“Ele não me recebeu, eu percebia. Os outros comandantes me receberam. Não sei se ele tinha aspirações golpistas, mas a gente via, os jornais falavam, era outro governo, outros comandantes, outro presidente da República — afirmou, completando que “percebia que muita gente não desejava sair do poder”.
Múcio também afirmou que ainda não conversou com o presidente Lula sobre as declarações de Cid para a PF e reforçou que espera os esclarecimentos para “deixar de suspeitar de todo mundo e punir os culpados”.
DIZ A MARINHA – O atual comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, afirmou nesta quinta-feira ao Globo que o possível apoio do ex-comandante Almir Garnier Santos a um golpe de Estado não representa a posição da Força.
O comandante afirmou que a Marinha está à disposição da Justiça para contribuir com as investigações, caso seja chamada a depor no processo.
“Definitivamente essa não é a posição da Marinha. O interesse da Força é que seja o quanto antes esclarecido (o fato) e que se procure individualizar as condutas e se retire esse manto de suspeição da Força. Naturalmente que a exposição de um ex-comandante da Marinha em alguma medida implica a Força — disse ao Globo o atual comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Antigamente, os militares golpistas eram chamados de “gorilas”. Mas o visual do almirante Almir Garnier mostra que ele não tem nada de gorila, ele parece ser apenas um bobalhão, mesmo. Agora, o ministro da Defesa quer “fulanizar” os militares golpistas. Ou seja, pretende puni-los. Será que vai conseguir? (C.N.)