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Mundo chega à marca de 8 bilhões de habitantes, diz ONU
Pedro do Coutto
A ONU revelou na tarde de segunda-feira que a população mundial atingiu oito bilhões de habitantes, crescimento que, sem dúvida, exige tanto o aumento da produção do planeta, sobretudo no setor de alimentos, e uma rápida desconcentração de renda para enfrentar as carências que atingem atualmente grandes camadas populacionais, a exemplo do Brasil, e também políticas de saneamento urgentes que não progrediram até hoje com rapidez indispensável.
Na Folha de S. Paulo desta terça-feira, reportagem de Mayara Paixão, Tatiana Harada, Gustavo Queirolo e Pedro Labigalini focalizam o tema que constitui um desafio para a humanidade. O crescimento demográfico é cada vez mais rápido e de acordo com a ONU, em 15 anos poderá acrescentar mais um bilhão de homens e mulheres na face do planeta. Torna-se indispensável, portanto, que existam alimentos e serviços públicos para esse crescimento.
ELIMINAÇÃO DO DÉFICIT – Caso contrário, os preços dos produtos essenciais prosseguirão disparando, como acontece hoje no Brasil, e os serviços, principalmente de Saúde pública, terão que se modernizar e ampliar numa proporção ainda maior do que o crescimento do número de habitantes. Isso porque é fundamental eliminar o déficit permanente de atendimento e acrescentar postos capazes de suprir a demanda em consequência do avanço do índice demográfico.
Como até hoje o déficit de tais serviços se acumula é preciso um rompimento urgente com a inércia e com a omissão, e um novo compromisso com a realidade social e com a população mundial. O desafio é gigantesco e o crescimento do produto mundial hoje em cerca de US$ 90 trilhões tem que se expandir na mesma razão do crescimento potencial do mercado a atingir.
O caso do emprego, por exemplo, o caso do saneamento, o da habitação e o do transporte, já que me referi à produção de alimentos. Será uma batalha contra o tempo e cujo êxito depende a vida de bilhões de vidas humanas.
BOLSONARISTAS EM NY – Ao participar de uma conferência organizada por líderes empresariais em Nova York, o ministro Alexandre de Moraes foi alvo de vaias ao ingressar no local do evento. As vaias se estenderam também ao ministro Ricardo Lewandowski, que também participava da reunião. Incrível, acentuo, que alguém seja vaiado por ter defendido a democracia e a legitimidade das eleições que se realizaram em outubro.
O que desejam os manifestantes? O absurdo de uma ditadura militar que, aliás, permanecem em reivindicar. Em sua palestra, Moraes afirmou: “a democracia foi atacada, mas sobreviveu”, conforme focaliza matéria de Malu Mões e Fernanda Alves, O Globo. Na Folha de S. Paulo, a reportagem é de Igor Gielow.
NAVIO FANTASMA – No início da noite de segunda-feira, um navio cargueiro de nome São Luís chocou-se violentamente, impulsionado pelo vento, com a ponte Rio-Niterói. Excelente reportagem da GloboNews, imediatamente destacou o desastre e acentuou que o São Luís era um navio que estava abandonado há seis anos na Baía de Guanabara e cuja âncora desprendeu-se em consequência do desgaste causado pelo tempo.
Ventava muito e o navio fantasma deslizou à deriva nas águas que tocavam a ponte. Ele se chocou com ela, a consequência foi a paralisação do transporte rodoviário no Rio de Janeiro e as causas além do tempo encontram-se, como o navio, adormecidas pela omissão, desídia e inoperância. Como é possível um navio fantasma permanecer abandonado há seis anos nas águas da Baía de Guanabara? O Departamento de Portos não agiu e a Marinha não exigiu uma solução para o navio, objeto de ação judicial.
Acrescentando gravidade à situação, muitos navios, revelou a Globo News, encontram-se na mesma situação, consequências de demandas judiciais não resolvidas através dos anos. O navio fantasma, como na ópera famosa, tornou-se um símbolo do descaso e da omissão.
EMENDA CONSTITUCIONAL – A equipe do presidente eleito, Lula da Silva, está negociando a aprovação de emenda constitucional que assegure os recursos para a sequência do auxílio de R$ 600 a vinte e um milhões de famílias carentes e também a concessão mensal de R$ 150 por filho ou filha menor de seis anos.
Natália Portinari e Jussara Soares, O Globo de ontem, publicaram ampla reportagem sobre o assunto que agora inclui uma resistência do Centrão na Câmara dos Deputados. O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, já se pronunciou a favor da emenda, mas surgiram resistências quanto ao valor de R$ 175 bilhões acima do teto de gastos e a extensão da despesa equivalente ao longo de quatro anos.
PREVISÃO – Dois pontos são apontados; o orçamento enviado por Bolsonaro ao Congresso prevê – vejam só – o benefício de R$ 400 por mês. Com base nisso, Ciro Nogueira considera necessária apenas a diferença entre R$ 400 e R$ 600, uma vez que a previsão de R$ 400 exige somente um acréscimo de R$ 200. Além disso, há a despesa com o pagamento de R$ 150 por filho ou filha com menos de seis anos de idade.
Francamente não vejo maior problema. Em primeiro lugar, não há necessidade da extensão orçamentária por quatro anos, uma vez que o orçamento para 2024 já será elaborado pelo governo Lula da Silva. A dúvida reside sobre a parcela de R$ 150 por criança menor de seis anos; diferença a ser coberta por crédito suplementar. Não há razão para tempestade ou fator de crise política.