Publicado em 20 de novembro de 2022 por Tribuna da Internet
Costa Neto desfaz o sonho de Bolsonaro em anular eleição
Carlos Newton
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que seu partido não pedirá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a anulação das eleições, que era a medida ansiada pelo presidente Jair Bolsonaro para justificar o golpe e evitar a posse do candidato eleito Lula da Silva, do PT.
Em sua mensagem, Costa Neto informa que o PL decidiu pedir ao TSE apenas que revise a apuração das urnas eletrônicas mais antigas, que entraram em funcionamento antes de 2020.
SEM NOVA ELEIÇÃO – A solicitação se baseia no relatório do Instituto Voto Legal, contratado pelo PL, e deve ser apresentada até a próxima terça-feira (dia 22).
Para desespero de Bolsonaro e Braga Netto, o presidente do PL reafirmou no vídeo sua declaração anterior, de que o partido não pedirá que o resultado das eleições seja anulado.
“Nada de ter nova eleição, não vamos propor nada disso, não queremos tumultuar a vida do país. Mas há umas urnas que têm que ser revistas e nós vamos propor para o Tribunal Superior Eleitoral até a próxima terça-feira essa nova proposta“, afirmou, dizendo que a solicitação é de recontagem dos votos das urnas mencionadas e investigação de supostas irregularidades.
MESMO NÚMERO? – Segundo a gravação de Costa Neto, que é confusa, a fiscalização do Instituto Voto Legal indicaria que cerca de 250 mil urnas teriam “o mesmo número”.
“Pelo estudo que fizemos, têm várias urnas que não podem ser consideradas. É no Brasil inteiro, de 2020 para baixo. Todas elas têm o mesmo número, não tem como controlar. Temos a prova e vamos mostrar que essas urnas não podem ser consideradas. Vamos ver o que o TSE vai resolver”, disse Costa Neto.
Costa Neto finaliza o vídeo reafirmando que o partido deverá exigir uma definição. “Agora, vamos ver o que o TSE vai resolver, vai decidir. Nós não queremos propor nova eleição, mas tem que decidir”.
O QUE DIZ O RELATÓRIO – Costa Neto quer atender, ao mesmo tempo, os interesses de Bolsonaro (anular as eleições) e dos parlamentares e governadores eleitos pelo PL (confirmar as eleições).
O que o Instituto Voto Legal diz é o seguinte: “Todos os Logs de Urna das urnas eletrônicas de modelos de fabricação diferentes do modelo UE2020, ou seja, modelos 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015, exibem um valor espúrio no lugar do valor correto do código de identificação da urna eletrônica, tornando impossível vincular cada arquivo Log de Urna com a respectiva urna física“.
Esta era a cartada decisiva de Jair Bolsonaro e Braga Netto para pedir a anulação das eleições, com base nesse instituto montado pelo veterano engenheiro Carlos Rocha, que foi um dos chefes da equipe do Tribunal Superior Eleitoral que criou a urna eletrônica brasileira.
Justamente com base nesse relatório, que custou muito caro ao PL, Bolsonaro e Braga Netto pretendiam exigir a anulação das eleições e o cancelamento da posse de Lula. Mas o próprio partido agora decidiu que não vai contestar o resultado e apenas pedir recontagem. Com isso, desfaz-se o sonho de Bolsonaro e de Braga Netto, que agora não têm mais cartas na manga para o golpe.
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P.S. – Hoje, Bolsonaro e Braga Netto se reúnem para decidir o que fazer. Mas os dois conspiradores têm um encontro marcado com o fracasso. Como exigir a anulação das eleições, se o próprio PL não acha necessário? Portanto, o clima no eixo Planalto/Alvorada é de pós-velório, porque já houve missa de sétimo dia e daqui a pouco vem a de trigésimo dia, e ainda não surgiu nada, absolutamente nada que possa justificar o ansiado golpe militar. E assim Bolsonaro e Braga Netto procuram a saída, onde está a saída?, como na peça do americano Frederick Cock, que João das Neves dirigiu magistralmente no Teatro de Arena, no início do regime militar, num passado sombrio que os candidatos derrotados agora tentam reviver. (C.N.)
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