Pedro do Coutto
Sem dúvida, é legitimo o direito dos eleitores em cobrar dos eleitos os compromissos assumidos nas campanhas políticas. É decepcionante o resultado do confronto entre plataformas dos candidatos com a execução do que prometeram e prometem seguidamente. Agora, por exemplo, verifica-se que na pesquisa do Datafolha, publicada domingo na Folha de São Paulo e em O Globo, a péssima avaliação do prefeito Marcelo Crivella.
Quando buscava o voto dizia que sua meta era cuidar das pessoas. Foi o que menos fez no período em que desgoverna a cidade do Rio de Janeiro, embora tenha assumido uma Prefeitura quebrada pela administração anterior de Eduardo Paes.
CONTRADIÇÃO – Na campanha de 2016 apresentava-se como um candidato capaz de ir ao encontro dos interesses coletivos. Hoje verifica-se a suprema contradição entre a promessa e seu cumprimento. Se o eleitor pudesse, certamente pediria de volta seu voto decisivo. Mas esta é outra questão.
O fato essencial é que deve ser realizada, principalmente nas capitais dos estados, uma pesquisa entre o que foi dito no caminho das urnas e o que foi deixado para trás. Quase tudo é esquecido logo após a conquista do poder.
Não tem sentido, na minha opinião, o candidato prometer milagres quando pedia voto e depois fixar uma distância absurda entre o eleito e o eleitor que votou confiando na promessa.
ESTELIONATO – Já se defendeu o direito popular de poder opinar e, mais do que isso, afastar de cena os autores desse tipo de estelionato eleitoral.
A questão é extremamente grave, sobretudo porque a população ainda cresce na velocidade de 1% ao ano e com isso verifica-se a necessidade permanente de se flexibilizar as obras públicas de forma a atender, não só os desafios que se eternizam, mas também o acréscimo da responsabilidade expressa na taxa demográfica.
A comparação pode basear-se no critério adotado para a renda per capita. O crescimento do Produto Interno Bruto tem de avançar no minimo 1% para empatar a renda per capita. Menos do que isso significará sempre um recuo. E somente quando ultrapassar 1%, será a prova de êxito na construção do PIB.
DESIGUALDADE – Evidentemente, a renda per capita não exprime nada em matéria de redistribuição de renda, que é um problema essencial no caso de nosso país. Por uma coincidência a renda per capita e a renda média atualmente se encontram revelando que a concentração de receita agrava-se a cada ano.
É preciso enfrentar o problema, não com corte de salários e aposentadorias, mas sim com uma política capaz de fortalecer o consumo interno. Sem isso nada feito.