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domingo, outubro 27, 2019

INSS paga apenas um salário mínimo a 66% dos aposentados e pensionistas


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Charge do Cicero (cicero.art.br)
Pedro do Coutto
Os números agora divulgados derrubam qualquer tese de que a Previdência Social no Brasil é feita para privilegiados, que são a causa do déficit anual de 240 bilhões de reais. Como é possível afirmar-se isso quando exatamente 2/3 dos aposentados e pensionistas recebem apenas um salário mínimo por mês. Os aposentados e pensionistas são 32 milhões de homens e mulheres. Se 2/3 recebem o piso, essa corrente reúne praticamente 20 milhões de homens e mulheres.
Essa verdade foi exposta pela repórter Idiana Tomazelli, em O Estado de São Paulo de sábado.
REAJUSTE – A matéria focaliza um projeto do Ministério da Economia que tem como alvo reajustar o salário mínimo pela inflação anual. Mas com relação a 1/3 dos aposentados e pensionistas, cairia a vinculação do reajuste que se encontra com vencimentos que ultrapassam 998 reais.
A lei em vigor determina que as aposentadorias e pensões pagas pelo INSS sejam reajustadas no mesmo percentual aplicado ao piso. A lei acrescenta que o aumento do mínimo se baseie no crescimento do PIB mais a inflação encontrada pelo IBGE. Como o PIB não apresenta crescimento a atualização da folha segue a mudança estabelecida para o salário mínimo.
MALDADE DE GUEDES – O que o ministro Paulo Guedes deseja fazer é não aplicar a 1/3 dos segurados o mesmo percentual destinado àqueles que estão no piso.
Tal congelamento, está claro, elevaria através do tempo o número dos que recebem o piso. Sim, porque se um grupo tem um reajuste anual e outro não, a tendência concreta através do tempo é de fazer com que vá se reduzindo a diferença entre o maior e o menor valor dos benefícios do INSS, aumentando progressivamente o percentual dos que se encontram na menor faixa, que hoje já está ocupada por 21 milhões de aposentados e pensionistas.
O projeto faz parte de uma nova emenda constitucional que a equipe do ministério espera concluir rapidamente, mas será difícil o Congresso aprovar uma perversidade desse tipo.
ARGENTINA NAS URNAS – Neste domingo os argentinos estão indo às urnas para escolher o novo presidente da República. As pesquisas indicam vitória de Alberto Fernández, peronista. Sob este aspecto deve se acentuar que o movimento populista em torno do mito Juan Domingo Perón ainda não se esgotou. Na minha opinião trata-se do único movimento político que resistiu à passagem do tempo. Vale acentuar que Perón morreu em 1974, após vencer as eleições presidenciais com 63% dos votos.
Na trajetória política da Argentina, em 3 de outubro de 1955, quando nós brasileiros elegíamos Juscelino Kubitschek, Perón foi derrubado pelas forças armadas e conseguiu escapar a tempo ao atravessar o Rio da Prata num navio paraguaio. Ficou vivendo na Espanha até seu retorno a Argentina em 1973. Sua influência elegeu Frondizi em 58, Arturo Ilia em 63, Hector Campora em 72. Ele próprio, ao retornar venceu as eleições de 73.
O mito de Perón não se esgotou na estrada do tempo.

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