Flávio José Bortolotto
A nosso ver, o estudo do Departamento de Pesquisa do Fundo Monetário Internacional não contradiz a necessidade da redução do tamanho do Estado brasileiro que atualmente custa 41% do PIB, da diminuição de seu déficit fiscal nominal de 7% do PIB, com objetivo de em breve criar um superávit primário de 1,6% do PIB para estancar o crescimento da dívida pública que atualmente em 80% do PIB e gera o maior custo no Orçamento Federal (cerca de R$ 350 bilhões por ano).
Só para comparar, toda a folha de pagamentos do governo federal é de aproximadamente R$ 330 bi/ano), isso com taxa básica Selic de 6,5% ao ano e juro real de 2% ao ano.
DOSAGEM – O que o estudo do FMI aponta é que a “dosagem” das medidas de austeridade não deve ser radical, e a abertura para fluxos de capitais de curto prazo precisa ser rigorosamente controlada, pois gera muita volatilidade e incertezas.
Observaram os especialistas do FMI que o radicalismo – principalmente nesses dois itens – causa grande disparidade na distribuição da renda, concentrando-a, o que gera forte efeito negativo de arrasto no crescimento econômico.
Mas o básico das demais medidas continua válido, para recuperarmos no futuro o grau de investimento, uma espécie de selo de aprovação internacional do governo.
REFORMAS BÁSICAS – Dentro desses critérios, as reformas da Previdência, tributária, administrativa etc. – dialogadas e votadas pelo Congresso, que tem excelente corpo de analistas – necessitam ser aprovadas, e quanto mais rápido, melhor.
Quanto à mudança de modelo econômico, que atualmente é de caráter nacional desenvolvimentista semiestatal, com viés para o privatista nacional, que vem vigorando no Brasil desde 1930 e que industrializou o Brasil, passa-lo agora para um modelo neoliberal no estilo da ditadura chilena do general Pinochet, isso não é a melhor solução para nosso país.
NÃO DEU CERTO – Adotamos o modelo liberal laissez-faire durante todo o Século XIX e até 1930 no Século XX, e nunca saímos do subdesenvolvimento/pobreza.
Mas é necessário, sim, corrigir os excessos e erros cometidos ao longo do tempo no modelo industrializador nacional desenvolvimentista, através das reformas institucionais.
Quanto a uma auditoria política da dívida pública no Congresso, no momento seria bem mais prejudicial do que benéfica, pois “espantaria o necessário capital” para a “rolagem da dívida” que não necessita ser paga, mas rolada.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como sempre, os artigos de Flávio José Bortolotto são primorosos, verdadeiras aulas de economia e bom senso. Concordando com basicamente toda a explanação, o editor da TI pede licença para discordar apenas a respeito da oportunidade de se fazer agora a auditoria. Na verdade, só é necessário fazê-la porque o ministro Paulo Guedes se recusa a discutir a dívida e os fatores que incidem sobre ela, inclusive o “overnight” que remunera a sobra diária de depósitos dos bancos que é repassada ao Banco Central. O mestre Bortolotto infelizmente não tocou no assunto, que tem sido discutido no site “Auditoria Cidadã da Dívida”, criado por Maria Lúcia Fattorelli. Seria importante saber a opinião de todos a respeito desse “overnight”, que Fattorelli considera ilegal. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como sempre, os artigos de Flávio José Bortolotto são primorosos, verdadeiras aulas de economia e bom senso. Concordando com basicamente toda a explanação, o editor da TI pede licença para discordar apenas a respeito da oportunidade de se fazer agora a auditoria. Na verdade, só é necessário fazê-la porque o ministro Paulo Guedes se recusa a discutir a dívida e os fatores que incidem sobre ela, inclusive o “overnight” que remunera a sobra diária de depósitos dos bancos que é repassada ao Banco Central. O mestre Bortolotto infelizmente não tocou no assunto, que tem sido discutido no site “Auditoria Cidadã da Dívida”, criado por Maria Lúcia Fattorelli. Seria importante saber a opinião de todos a respeito desse “overnight”, que Fattorelli considera ilegal. (C.N.)