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sexta-feira, junho 10, 2011

Juros do cartão: 155% ao ano

Alessandra Nascimento

A taxa de juros do cheque especial subiu para 8,12% ao mês (155,20% ao ano) em maio, atingindo o maior patamar desde abril de 2006, de acordo com dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). No mês anterior, a taxa de juros do cheque especial havia sido de 7,97% ao mês (150,98% ao ano).

Já os juros do empréstimo pessoal em bancos avançaram de 4,70% para 4,75% ao mês entre abril e maio. Ao ano, a taxa dessa modalidade de financiamento subiu de 73,52% para 74,52%. A Anefac atribuiu a alta às medidas que veem sendo implementadas pelo Banco Central para frear o consumo interno e reduzir a inflação, como a elevação dos depósitos compulsórios em dezembro de 2010.

Ela informou que a elevação se deu também em função de outras situações. “Majoração do requerimento de capital para operação de crédito a pessoas físicas com prazos superiores a 24 meses, elevação da taxa básica de juros Selic em janeiro/2011, março/2011 e abril/2011 (1,25 ponto percentual no total); elevação da alíquota de IOF para captações externas; e elevação da alíquota do IOF para operações de crédito de 1,5% ao ano para 3,00% ao ano”.

Segundo o presidente do Sindicato dos Lojistas de Salvador, Sindilojas, Paulo Motta, os efeitos das elevações das operações de crédito caem diretamente no mercado consumidor. “Isso traz um enorme comprometimento da renda do consumidor. Quanto mais a taxa de juros sobe, mais compromete a renda.

As políticas monetárias adotadas desta forma não trazem benefícios para as camadas mais pobres da população que teve nos últimos anos mais acessos a bens por conta de facilidades ao crédito. Por outro lado observamos que o lojista adota uma postura cautelar e toma cuidados na hora de conceder o crédito por recear a inadimplência, diminuindo o prazo de pagamento das prestações dos produtos”, avalia.

O presidente da Federação do Comércio do Estado da Bahia, Fecomércio, Carlos Fernando Amaral, disse que as medidas do governo adotadas para conter a inflação são consideradas louváveis, no entanto ele não considera o remédio adequado. “A elevação da taxa de juros não é bom para a atividade empresarial. O governo também acaba tendo um desembolso financeiro maior por pagar juros da dívida pública.

A intenção é evitar a inflação, mas as consequências são perigosas. A intenção é boa para abortar a inflação, só não sei se o remédio é adequado. Salvador e todo o Brasil estão registrando, por conta das medidas implementadas, esfriamento no consumo”, diz.
Fonte: Tribuna da Bahia

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