Lílian Machado
Em sua última passagem pela Bahia como chefe de Estado, o presidente Lula além de agradecer ao eleitorado baiano a votação na “companheira”, a presidente eleita Dilma Rousseff (PT), e exaltar realizações de seu governo, a exemplo da estabilidade econômica, o programa Luz Para Todos e o Minha Casa, Minha Vida, fez rasgados elogios ao governador Jaques Wagner (PT), “galego” como carinhosamente gosta de chamar.
Em visita a Ilhéus, no sul do Estado, durante cerimônia, onde foi assinada a ordem de serviço para a construção do trecho Ilhéus-Caetité, da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, o presidente enalteceu a figura de Wagner e disse ter certeza que o segundo mandato do governador será melhor do que o primeiro. “Pode ter um governador igual a ele, mas melhor do que ele eu duvido que exista no país.
Esse galego é 90% de alma e 10% racionalidade, e é isso que muitos políticos precisam neste país”, declarou. Ao falar da ferrovia, o chefe executivo também lembrou a construção do Porto Sul e anunciou que esse será um compromisso da nova presidente. Segundo ele, as obras devem caminhar juntas. “Ainda está se discutindo o melhor local e eu penso que, se tudo der certo, a companheira Dilma estará aqui em março ou abril para assinar a ordem de serviço”, afirmou.
Lula enfatizou também a importância dele e Wagner terem se empenhado no primeiro passo para a construção da ferrovia que tem investimentos de cerca de R$ 6 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento. “Tinha muita gente que não acreditava que essa ferrovia ia sair do papel. Mas nós trabalhamos com o Ministério do Meio Ambiente de forma extraordinária.
Estamos acordando um sonho que começou a se tornar realidade”, afirmou.Lula deixou claro mais uma vez sua ligação com Wagner. “O Wagner tem uma coisa diferente de vários políticos. Sabe dizer não quando é pra dizer não e fica feliz quando pode dizer sim. Ele não aprendeu a mentir. Essa é uma relação que vem do sindicato, do governo”, disse.
Ainda ao falar do governador, o presidente destacou o compromisso dos três (ele, Wagner e Dilma) em melhorar a área social do país. Segundo ele, esse é um caminho que tem sido seguido por Wagner na Bahia.
“Se tem uma coisa que deixa esse companheiro feliz é voltar para casa e sentir que atendeu alguém. Toda vez que tem uma formatura, ele liga e fala pra mim: – Presidente, o senhor precisava ver a cara de felicidade do Seu Francisco, da Dona Carolina...”.
O governador também retribuiu o carinho do presidente. “JK fez 50 anos em cinco. Você fez 800 anos em oito anos, porque não há nada mais importante para um povo que mexer na autoestima. Esse elemento é mais importante do que construir qualquer estrada”, empolgou-se. Wagner, ao elogiar e destacar sua relação com o presidente, também se referiu à ordem de serviço da Oeste–Leste. “A ferrovia levei a você em 2004, que agora vira realidade, era chacota”, citou.
Ricos não precisam do Estado
Durante o discurso na solenidade, no Auditório Jorge Amado, no Centro de Convenções Luís Eduardo Magalhães, em Ilhéus, o presidente criticou aqueles que falam que “o Lula só pensa nos pobres.
Bolsa Família é só pobre, pobre, pobre… Primeiro, porque o Estado é para cuidar de pobre. Os ricos não precisam do Estado", disse, enfatizando as mudanças que seu governo promoveu no comportamento da classe mais carente.
Ao se referir à crise mundial, Lula exaltou o poder de consumo dos mais pobres.
“Quem sustentou o crescimento da economia (na crise) foi a classe C e D. Dê a um pobre 10 reais que ele vira um consumidor. Dê a outro cidadão R$ 1 milhão e ele vira um especulador. Na mão do pobre se transforma em um produto de crescimento econômico. A pessoa não vai comprar dólar, mas comprar feijão, farinha" , e aquilo retorna diretamente para o comércio”, destacou.
Fonte: Tribuna da Bahia